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DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA ANNE BISPO DEFINIÇÃO ● DPOC é uma doença prevenível e tratável, caracterizada por obstrução persistente e progressiva ao fluxo aéreo, não reversível, e associada a resposta inflamatória crônica das vias aéreas a gases e partículas nocivas. Exacerbações são comuns e contribuem para a gravidade da doença. ● É um quadro inflamatório sistêmico que pode cursar com perda de peso e redução da massa muscular em casos avançados. ● As duas entidades nosológicas que compõem a doença são os pacientes com enfisema pulmonar e com bronquite crônica ● Apresenta também manifestações sistêmicas, como doenças cardiovasculares, osteoporose, desnutrição, anemia e depressão EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA ● Tabagismo: principal causa - ativo: carga tabágica de pelo menos 40 maços- ano (incomum abaixo de 20 maços-ano) - passivo: 3x mais chance de desenvolver ● Exposição a poluição, produtos químicos e gases de combustíveis - ocupacional: minas de carvão, ouro, fábricas - intra e extradomiciliar: fogão a lenha - poeiras orgânicas ● Hereditária - crescimento pulmonar reduzido: ocorre em filhos de mães tabagistas (inclusive na gestação) que produz uma menor percentual do volume expiratório forçado no 1º minuto (VEF1) - deficiência de alfa 1 antipripsina FATORES DE RISCO ASMA x DPOC ASMA DPOC ● início na infância ● sintomas variam dia a dia ● sintomas aumentam a noite e na madrugada ● reversível ● atopia: rinite, eczema e alergias ● linfócitos T CD4 ● eosinófilos + basófilos + mastócitos ● pouca ou nenhuma fibrose ● início na meia idade ● sintomas sempre presentes ● pioram nas exacerbações ● progressiva ● irreversível ● exposição a tabaco e gases poluentes ● linfócitos T CD8 citotóxicos ● macrófagos + neutrófilos ● estímulo de fibrose das V.A FENÓTIPO MISTO DE ASMA E DPOC: ● Se define como uma obstrução não completamente reversível ao fluxo aéreo acompanhada de sinais ou sintomas de reversibilidade aumentada da obstrução. ● Dentro do espectro da obstrução brônquica ao fluxo aéreo, existem indivíduos asmáticos fumantes, asmáticos que desenvolvem obstrução não completamente reversível ao fluxo aéreo e não fumantes que desenvolvem obstrução crônica ao fluxo aéreo. ● Os fumantes com asma têm traços que se assemelham aos da DPOC com menor resposta aos corticosteroides e uma menor frequência de inflamação eosinofílica. ● Adicionalmente, apresentam maior probabilidade de neutrofilia nas vias aéreas. ● Os obesos com esse fenótipo possuem pior prognóstico e maior risco de mortalidade por comorbidades cardíacas. 2 critérios maiores ou 1 critério maior + 2 critérios menores = diagnóstico FISIOPATOLOGIA Mecanismo histológico Bronquite Obstrutiva Crônica: ● hipertrofia e hiperplasia das glândulas submucosas secretoras de muco + aumento no número de células caliciformes da mucosa ● redução do lúmen das vias aéreas distais devido ao espessamento da parede brônquica por edema e fibrose (bronquiolite obliterante). Enfisema Pulmonar: ● alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos ● destruição progressiva dos septos alveolares Mecanismo de obstrução das vias aéreas ● ocorre por redução da elasticidade pulmonar e aumento da resistência do lúmen das vias aéreas que compromete apenas a expiração obs: na inspiração a força geradora do fluxo provém dos músculos respiratórios, não havendo limitação QUADRO CLÍNICO 1- Tosse: ● é um sintoma muito frequente ● pode ser diária ou intermitente e pode preceder a dispnéia ou aparecer simultaneamente a ela. ● muitos pacientes não a percebem como sintomas de doença, considerando-a como o “pigarro do fumante”. ● A tosse com expectoração ocorre em aproximadamente 50% dos fumantes. A dispnéia é o principal sintoma associado à incapacidade, redução da qualidade de vida e pior prognóstico. É geralmente progressiva com a evolução da doença. Muitos pacientes só referem a dispnéia numa fase mais avançada da doença, pois atribuem parte da incapacidade física ao envelhecimento e à falta de condicionamento físico 2- Dispnéia: ● é o principal sintoma associado à incapacidade, redução da qualidade de vida e pior prognóstico - marcador principal do prognóstico ● geralmente é insidiosa e progressiva com a evolução da doença ● Muitos pacientes só referem a dispnéia numa fase mais avançada da doença, pois atribuem parte da incapacidade física ao envelhecimento e à falta de condicionamento físico. ● é caracterizada por haver pioras agudas desencadeadas por alguns fatores como por exemplo o esforço físico, as infecções respiratórias ● pode evoluir para dispnéias aos mínimos esforços e até em repouso Avaliação da dispnéia e da qualidade de vida: ● A dispneia pode ser estimada em várias escalas validadas para a língua e cultura brasileiras, entretanto é recomendado que a avaliação seja realizada pela escala Medical Research Council Modificado (mMRC) ● Esta escala permite que a dispneia seja classificada de forma simples em cinco níveis de intensidade de dispneia, na qual quanto maior a pontuação, maior a gravidade da dispneia. 3- Ruídos adventícios ● Sibilos, roncos, estertores crepitantes e subcrepitantes + redução do murmúrio vesicular - presentes nos pacientes com o fenótipo de bronquite crônica ● O pacientes com o fenótipo de enfisema apresentam apenas redução nos murmúrios vesiculares sem ruídos adventícios DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO ● Esteriótipos : pink puffers ( sopradores róseos) e blue bloaters (inchados e azulados) PINK PUFFERS BLUE BLOATERS ● Enfisematosos ● pletora + tórax em tonel ● síndrome consuptiva (magros) ● dispnéia expiratória (sopradores) ● sem cor pulmonale e hipoxemia ● diminuição dos MV sem ruídos adventícios ● bronquítico grave ● corpo inchado ● obesos + apnéia do sono ● hipoxemia grave ● cor pulmonale + congestão sistêmica ● ruídos adventícios muito presentes ATENÇÃO: A maioria dos pacientes apresentam o fenótipo MISTO com ambas as características. ● Ausculta pulmonar com presença dos ruídos adventícios nos pacientes com bronquite obstrutiva crônica e com redução do murmúrio nos enfisematosos. ● respiração com prolongamento da fase expiratória (respiração em sopro) ● Paciente pletórico: com tom de pele avermelhado ( ● tórax em tonel: aumento do diâmetro AP por hiperinsuflação pulmonar ● cor pulmonale + edema de MMII + turgência jugular Cor pulmonale: muito presente na DPOC e significa a presença de insuficiência cardíaca (ventrículo direito) devido à hipóxia pulmonar crônica. A hipoxemia crônica leva a uma vasoconstrição generalizada que causa hipertensão arterial pulmonar . Quando a HAP é > 50 mmHg (normal é 20) ocorre insuficiência ventricular direita que tem como consequências a congestão sistêmica e o baixo débito cardíaco o que explica a dispnéia. OBS: se houver baqueteamento digital deve-se pensar em câncer de pulmão e não em DPOC. EXAMES INESPECÍFICOS COMPLEMENTARES ● Hemograma: pode revelar 00000000 (aumento do hematócrito > 55%) devido ao estímulocausado pela hipoxemia. Esta estimula a produção de eritropoietina pelos rins. ● Dosagem de alfa-1-antitripsina : Está indicada em pacientes que desenvolvem DPOC em idade jovem (< 45 anos), que apresentam enfisema pulmonar sem fator de risco conhecido, enfisema predominante em região basal, doença hepática inexplicada e história familiar de enfisema, doença hepática, paniculite ou bronquiectasia ● Avaliação da oxigenação: - Deve-se feita, inicialmente, de maneira não invasiva pela oximetria de pulso. - Se for identificada uma saturação periférica de oxigênio (SpO2 ) igual ou inferior a 90%= realizar gasometria arterial para avaliação da PaO2 e da PaCO2 . - A oximetria deve ser repetida periodicamente e sempre que houver exacerbação. ● Gasometria arterial: - Geralmente está alterada cronicamente nos casos mais graves - hipoxemia é o dado mais encontrado - hipercapnia + acidose respiratória + aumento compensatório do HCO3 = casos graves - pH discretamente baixo Gasometria arterial: O termo gasometria arterial refere-se a um tipo de exame de sangue colhido de uma artéria e que possui por objetivo a avaliação de gases (oxigênio e gás carbônico) distribuídos no sangue, do pH (se a informação for somente para avaliar o pH pode-se fazer gasometria venosa) e do equilíbrio ácido-básico. Podem ser dosados também alguns eletrólitos como o sódio, potássio, cálcio iônico e cloreto, a depender do aparelho. Parâmetros: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sangue https://pt.wikipedia.org/wiki/Art%C3%A9ria https://pt.wikipedia.org/wiki/Oxig%C3%AAnio https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_carb%C3%B4nico https://pt.wikipedia.org/wiki/PH https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3dio https://pt.wikipedia.org/wiki/Pot%C3%A1ssio https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1lcio https://pt.wikipedia.org/wiki/Cloro ◆ pH 7,35 a 7,45 ◆ pO2 (pressão parcial de oxigênio) 80 a 100 mmHg ◆ pCO2 (pressão parcial de gás carbônico) 35 a 45 mmHg ◆ HCO3 (equilíbrio ácido-básico sanguíneo) 22 a 26 mEq/L ◆ SaO2 Saturação de oxigênio (arterial) maior que 95% Resultados ● Se a PaCO2 < 35 mmHg= o paciente está hiperventilando, e se o pH > 7,45= Alcalose Respiratória. ● Se a PaCO2 >45 mmHg, o paciente está hipoventilando, e se o pH < 7,35, ele está em Acidose Respiratória. ● Se o HCO3- > 26 mEq/L com desvio do pH > 7,45, o paciente está em Alcalose Metabólica. ● Se o HCO3- < 22 mEq/L com desvio do pH < 7,35, o paciente está em Acidose Metabólica. ● Raio X de tórax: ➔ Deve-se solicitar, rotineiramente nas posições PA e perfil, não para definição da doença, mas para afastar outras doenças pulmonares, principalmente a neoplasia pulmonar ➔ sensibilidade de 50% nos casos mais avançados ➔ retificação das hemicúpulas diafragmáticas ➔ hiperinsuflação pulmonar - aumento no numero de costelas ➔ aumento dos espaços intercostais ➔ redução do diâmetro cardíaco - coração em gota ➔ aumento do espaço aéreo retroesternal no perfil ➔ espessamento brônquico ➔ pode-se buscar por pneumonias, tumor e pneumotórax ➔ se forem encontradas bolhas há indicação de cirurgia ● TC de tórax ➔ é o exame definitivo para estabelecer presença ou não de enfisema nos pacientes DPOC, determinando ainda sua extensão e localização. ➔ Está indicada, porém, somente em casos especiais, como suspeita da presença de bronquiectasias ou bolhas, indicação de correção cirúrgica destas ou programação de cirurgia redutora de volume (indica quanto de parênquima deve ser ressecado) PROVA DE FUNÇÃO PULMONAR - ESPIROMETRIA ● Exame fundamental para o diagnóstico ATENÇÃO: No que se refere a classificação da doença esse parâmetro é apenas um complementar pois outros índices definem a gravidade da doença, como o padrão de sintomas e a história de exacerbações. ● Os parâmetros mais utilizados são o VEF1, o índice de Tiffenau (VEF1/CVF) e o FEF pois mostram menor variabilidade inter e intra-individual. ● VEF1: - quantifica o grau de obstrução pulmonar - marcador de prognóstico: quanto menor o índice maior o risco de mortalidade - marcador de risco cirúrgico: risco de complicações respiratórias (<1L = risco alto) - não prediz a intensidade dos sintomas atuais,uma vez que muitos pacientes com obstrução grave podem ser oligo ou mesmo assintomáticos, ao passo que outros apresentam relativamente pouca obstrução e muitos sintomas. ● ÍNDICE DE TIFFENAU: - relação VEF1/CVF < 70% do previsto, sem alteração significativa após a prova broncodilatadora = CRITÉRIO DIAGNÓSTICO ● FEF (Fluxo expiratório forçado máximo) ou pico de fluxo expiratório (PFE). - representa o fluxo máximo de ar durante a manobra de capacidade vital forçada. - é o primeiro exame a ser alterado na doença = tem maior sensibilidade - Há muitos equipamentos portáteis disponíveis para medir o fluxo máximo durante uma expiração forçada ESTADIAMENTO GOLD: ● Tal sistema conjuga dados como a intensidade dos sintomas e o grau de obstrução das vias aéreas, com o risco de exacerbações e presença de comorbidades = avaliação integral dos riscos ● Objetiva montar uma estratégia terapêutica individualizada ● Engloba 2 escores de avaliação de sintomas simples e fáceis de aplicar: e mMRC (Modified Medical Research Council Questionnaire) e do CAT (COPD Assessment Test) ● O mMRC é o questionário da dispnéia apenas e o CAT fornece uma avaliação sintomática mais abrangente, refletindo impacto da dispnéia e de outras manifestações da doença na vida do paciente ATENÇÃO! Na prática clínica, devemos selecionar apenas um desses escores (é desnecessário fazer os dois ao mesmo tempo). O ideal é calcular o CAT, por ser este o mais “abrangente, porém na ausência dele, o mMRC é igualmente válido. Escore espirométrico: Escore CAT - escore de avaliação de sintomas GRUPO A – “baixo risco de exacerbações e pouco sintomático GRUPO B – “baixo risco e muito sintomático”; GRUPO C – “alto risco e pouco sintomático”; GRUPO D – “alto risco e muito sintomático Exemplo: Imagine dois pacientes com VEF1 < 30% após a prova broncodilatadora (GOLD IV) e muito sintomáticos (escore CAT = 20). Esses pacientes só podem ser grupo B ou grupo D... Agora, imagine que um deles nunca exacerbou a doença, ao passo que o outro apresentou três exacerbações no último ano. O primeiro, portanto, será classificado como DPOC GOLD IV – grupo B –, e o segundo DPOC GOLD IV – grupo D. Exacerbações: ● Definida como a piora aguda dos sintomas respiratórios (além da variação circadiana esperada) que requer mudanças igualmente agudas no esquema terapêutico. ● O diagnóstico de uma exacerbação é essencialmente clínico, feito pelo reconhecimento de piora da dispneia, da tosse e/ou da expectoração (em particular quando um escarro previamente claro se torna purulento,além de ser produzido em maior quantidade ● Na maioria das vezes as exacerbações são desencadeadas por infecções respiratórias (bacterianas e/ou virais) e Exposição a elevados níveis de poluição ambiental também parecem ser desencadeadoresfrequentes ● O maior fator de risco para exacerbações futuras da DPOC é a história de exacerbações prévias, particularmente quando estas motivaram uma internação hospitalar. COMORBIDADES ASSOCIADAS ● Podem ser consequências diretas da DPOC ou de fatores de risco “compartilhados”, Osteoporose ● A osteoporose é prevalente nos pacientes portadores de DPOC e independe do estágio da doença ou do sexo. ● Fraturas com compressão vertebral são relativamente comuns e o resultado é o aumento da cifose que pode reduzir ainda mais a função pulmonar ● A osteoporose nestes pacientes é de origem multifatorial, associada à inflamação sistêmica, a idade avançada, a mobilidade reduzida, o tabagismo, a nutrição prejudicada, o IMC baixo e a altas doses de corticoide inalatório assim como cursos de corticoides orais(3). ● A DMO deve ser avaliada em todos pacientes, principalmente em pacientes com diminuição de massa magra. ● A recomendação de consensos atuais para tratamento de osteoporose em pacientes com DPOC que não apresentarem contra indicações devem receber suplementação de cálcio e bifosfonados. Depressão ● Devido à capacidade física prejudicada, os pacientes com DPOC são frequentemente isolados e não conseguem participar de muitas atividades sociais. ● A presença de ansiedade e depressão são frequentes (19% a 42%)(3) e parece ser mais prevalente em relação à outras doenças crônicas. ● Além disso, como os sintomas de ansiedade e/ou de depressão podem ser confundidos com sintomas da DPOC, são frequentemente negligenciados na prática clínica. ● Geralmente acontece devido a fator genético, o envelhecimento, a hipoxemia na função cerebral, a inflamação sistêmica e também o fato que o tabagismo é mais frequente na população com sintomas de ansiedade e depressão(3). ● A depressão não tratada aumenta a frequência e tempo da hospitalização e também causa piora da qualidade de vida e morte prematura. ● A literatura ainda não mostra conclusivamente o benefício do tratamento com antidepressivos nestes pacientes. ● Por outro lado, a reabilitação pulmonar associada ou não a psicoterapia pode melhorar os sintomas de ansiedade e depressão Doenças cardiovasculares ● A DPOC e doenças arteriais coronarianas são muito prevalentes e dividem os mesmos fatores de risco, como a exposição à fumaça do cigarro, inflamação sistêmica, idade avançada e sedentarismo. ● Dados da literatura mostram que pacientes com DPOC apresentam maior fator de risco de morrer por IAM, independentemente da idade, sexo ou história de tabagismo. ● Os pacientes portadores de DPOC leve têm maior chance de morrer por causa cardiovascular em relação à insuficiência respiratória. ● A inflamação sistêmica da DPOC está associada na patogênese da doença isquêmica cardíaca e aterosclerose. Portanto, evidências sugerem que os pacientes com DPOC devam ser investigados quanto à presença de aterosclerose concomitante. TRATAMENTO ● A terapia farmacológica responde melhor do que nos casos de asma ● Objetivos: ➔ abstinência ao tabagismo; (reduz mortalidade) ➔ tratamento farmacológico das exacerbações; ➔ tratamento farmacológico crônico; ➔ programas de reabilitação cardiopulmonar; ➔ oxigenoterapia nos pacientes francamente hipoxêmicos; (reduz mortalidade) ➔ transplante pulmonar ou cirurgia pneumorredutora (reduz mortalidade) 1. Abstinência ao tabagismo ● Programas de aconselhamento + Terapia farmacológica combinada ● O aconselhamento mesmo que breve é comprovadamente capaz de aumentar a taxa de abstinência ao tabaco. quanto mais o médico se dedicar a convencer e ajudar o paciente a parar de fumar, mais sucesso ele terá. ● Fármacos: - reposição de nicotina (goma de mascar, administração inalatória ou intranasal, adesivo transdérmico); - bupropiona (antidepressivo inibidor da recaptação de serotonina) 150 mg VO 12/12h; - vareniclina 1 mg VO 12/12h. (risco de suicídio) ● Taxa de sucesso = 20 a 30% 2. Oxigenoterapia domiciliar ● O uso contínuo de oxigênio domiciliar em pacientes hipoxêmicos com DPOC melhorou a sobrevida e a qualidade de vida desses indivíduos. ● O aumento da sobrevida é proporcional ao número de horas diárias de oxigenioterapia. Indicações ● PaO2 ≤ 55 mmHg ou uma SaO2 ≤ 88% são indicações precisas (por mais de 15h). ● Quando a PaO2 está entre 55 e 60 mmHg (ou a SaO2 entre 88 e 90%), devemos verificar se existem critérios para o diagnóstico de cor pulmonale ou eritrocitose. ● Oxigenioterapia contínua = na presença de sinais de falência crônica do ventrículo direito (ex.: edema de membros inferiores devido à congestão sistêmica, alterações na onda P no ECG compatíveis com onda “P pulmonale”), ou hematócrito acima de 55% Tratamento das exacerbações ● antibioticoterapia - indicações: 1) aumento do volume do escarro; (2) alteração do seu aspecto para purulento; (3) aumento da intensidade da dispneia - não se faz como prevenção apenas como tratamento, aquela se faz apenas com a vacinação contra a gripe (influenza anual) e contra pneumococo (polivalente) - realizada de acordo com a tabela de classificação de gravidade específico para cada patógeno - Na maioria dos casos, as bactérias implicadas são o Haemophilus influenzae, o Streptococcus pneumoniae e a Moraxella catarrhalis. - nas exacerbações graves há a presença de micro-organismos Gram-negativos entéricos, como a Pseudomonas aeruginosa. ● broncodilatadores: - beta-2-agonista de curta duração + anticolinérgico brometo de ipratrópio - via inalatória (nebulização ou spray de aerossol, melhor a 1ª) - beta 2 agonista: salbutamol, fenoterol ou terbutalina; efeito rápido - anticolinérgico: efeito duradouro ● corticosteroides sistêmicos - Benefícios: redução da duração da internação, melhora mais rápida do quadro clínico e diminuição da chance de nova exacerbação futura). - Atualmente são drogas indicadas de rotina, por um período de 7-10 dias ● Teofilina ou Aminofilina (opcional): - Apresentam aumento da contratilidade diafragmática, efeito broncodilatador moderado e ativador do movimento ciliar. - São usados em casos graves, consideradas drogas de segunda linha - Efeitos: grande potencial de toxicidade, convulsões e arritmias. - O ideal é que seja feito o acompanhamento do nível sérico dessas drogas com dosagens sanguíneas seriadas. ● Oxigenoterapia: todos os pacientes devem receber suplemento de oxigênio para manter a SaO2 entre 88-92%. ● Ventilação não invasiva - Indicações: (1)dispneia moderada a grave, com uso dos músculos acessórios e movimento abdominal paradoxal; (2) acidose moderada a grave (pH entre 7,30-7,35) com hipercapnia entre 45-60 mmHg; (3) frequência respiratória > 25 ipm. - Métodos: (1) CPAP: máscara é acoplada a uma fonte de ar enriquecida com O2 cujo fluxo contínuo mantém uma pressão positiva inspiratória; (2) BiPAP: difere do CPAP por ter uma pressão inspiratória maior do que a pressãoexpiratória (dois níveis de pressão). ● Ventilação invasiva TRATAMENTO DOS PACIENTES CRÔNICOS ATENÇÃO: O GOLD 2018 traz como destaque: ● Alguns estudos, colocam resultados melhores com LAMA em relação ao LABA, quando em monoterapia. Essa foi a base da recomendação de uso do LAMA como primeira opção no grupo C. ● No grupo D os autores preferem o início já com a associação LAMA + LABA e não a monoterapia, apesar que a evidência não é muito robusta ainda. ● O corticoide inalatório (ICS) pode ser uma faca de dois gumes: em alguns doentes reduz exacerbações, em outros aumenta o risco de pneumonia. O ponto central está em identificar quais doentes se beneficiam. Estudos sugerem que pacientes com componente alérgico ou asmático (DPOC-asma) e aqueles com eosinofilia são os candidatos ideias ao ICS ● Beta-2-Agonistas Inalatórios: - LABA: Beta-2-agonistas de longa ação (salmeterol e formoterol) são broncodilatadores de primeira linha no tratamento crônico da DPOC! Os beta-2-agonistas de ação curta (salbutamol, fenoterol e terbutalina) geralmente são reservados para terapia de resgate nos pacientes em crise. ● Anticolinérgicos Inalatórios ou antimuscarínicos de longa duração: - LAMA: Glicopirrónio e Tiotrópio - O principal agente é o brometo de tiotrópio (Spiriva), sendo considerado por alguns autores como o broncodilatador de escolha nos pacientes apesar de seu custo mais elevado - associação com os beta-2-agonistas inalatórios ou de maneira isolada. - ● Corticoides Inalatórios: - Na atualidade, são genericamente prescritos para todos os pacientes nos grupos C e D da classificação da DPOC em associação com LABA ● Corticoides Sistêmicos: não estão indicados no tratamento crônico só no tratamento das exacerbações. ● Inibidores da Fosfodiesterase-4 (PDE-4): - Roflumilast é um novo fármaco no armamentário contra a DPOC. - Tem ação predominantemente anti-inflamatória, e não broncodilatadora. Por este motivo, é particularmente indicado em portadores de bronquite crônica obstrutiva. - Útil em reduzir o número de exacerbações em pacientes de alto risco (ex.: duas ou mais exacerbações prévias). REABILITAÇÃO CARDIOPULMONAR ● fundamental na terapia da DPOC - aumento da sobrevida ● indicada para todos os pacientes. ● Os estudos mostraram um aumento significativo da capacidade funcional após a realização de exercícios físicos controlados por fisioterapeutas. VACINAS ● vacinas anti-influenza: anual, composta por vírus vivo inativado ou vírus morto) ● anti-pneumocócica: uma dose com reforço após cinco anos
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