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07-Cristologia

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Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé!” 
www.institutodeteologialogos.com.br | contato@institutodeteologialogos.com.br 
 
 
 
CRISTOLOGIA 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
1 - CRISTOLOGIA – O ESTUDO DA PESSOA DE CRISTO ................................................................ 6 
1.1. UMA RELAÇÃO ENTRE ANTROPOLOGIA E CRISTOLOGIA ..................................................................... 6 
1.2. ANTES DO CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA ............................................................................................ 7 
1.3. APÓS O CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA ............................................................................................... 9 
1.4. DA REFORMA ATÉ O SÉCULO XIX ............................................................................................... 10 
1.5. NO SÉCULO XIX ...................................................................................................................... 11 
2 - CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO” ...................................................................................... 14 
2.1. A OBJEÇÃO DA IGREJA CRISTÃ AO CHAMADO “JESUS HISTÓRICO” .................................................... 14 
2.2. A PESQUISA EM BUSCA DO “JESUS HISTÓRICO” E O FRACASSO DA INVESTIGAÇÃO ................................ 16 
3 - A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS ............................................................................... 23 
3.1. CONCEITOS DE CRISTIFICAÇÃO ................................................................................................... 23 
3.2. O TIPO DE FECUNDAÇÃO QUE FORMOU O CORPO DO SENHOR JESUS CRISTO ...................................... 25 
3.3. TÍTULOS DADOS IGUALMENTE A DEUS PAI E A JESUS CRISTO ............................................................ 27 
3.4. OBRAS ATRIBUÍDAS IGUALMENTE A DEUS PAI E A JESUS CRISTO ....................................................... 28 
4 - OS NOMES E TÍTULOS DE CRISTO........................................................................................ 31 
4.1. O NOME JESUS ....................................................................................................................... 31 
4.2. O NOME CRISTO ..................................................................................................................... 31 
4.3. O NOME FILHO DO HOMEM...................................................................................................... 32 
4.4. O NOME FILHO DE DEUS .......................................................................................................... 33 
4.5. O NOME SENHOR (KYRIOS) ....................................................................................................... 34 
5 - AS NATUREZAS DE CRISTO ................................................................................................. 36 
5.1. PROVAS BÍBLICAS DA DIVINDADE DE CRISTO ................................................................................. 37 
5.2. PROVAS BÍBLICAS DA VERDADEIRA HUMANIDADE DE CRISTO ........................................................... 38 
5.3. PROVAS BÍBLICAS DA IMPECABILIDADE DA HUMANIDADE DE CRISTO .................................................. 39 
5.4. A NECESSIDADE DAS DUAS NATUREZAS DE CRISTO ........................................................................ 40 
5.5. A UNIPERSONALIDADE DE CRISTO ............................................................................................... 41 
5.6. EXPOSIÇÃO DO CONCEITO DA IGREJA A RESPEITO DA PESSOA DE CRISTO ............................................ 41 
5.7. PROVA BÍBLICA DA UNIPERSONALIDADE DE CRISTO ........................................................................ 43 
5.8. OS EFEITOS DA UNIÃO DAS DUAS NATUREZAS EM CRISTO ............................................................... 43 
5.9. O MISTÉRIO DA UNIPERSONALIDADE DE CRISTO ............................................................................ 45 
5.10. A DOUTRINA DA “KÉNOSIS” EM SUAS VÁRIAS FORMAS .................................................................. 46 
5.11. A TEORIA DA ENCARNAÇÃO GRADUAL ......................................................................................... 47 
6 - O ESTADO DE HUMILHAÇÃO DE CRISTO ............................................................................. 50 
6.1. DISTINÇÃO ENTRE ESTADO E CONDIÇÃO ...................................................................................... 50 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
3 
6.2. A DOUTRINA DOS ESTADOS DE CRISTO NA HISTÓRIA ...................................................................... 50 
6.3. NÚMERO DOS ESTADOS DE CRISTO ............................................................................................. 51 
6.4. O ESTADO DE HUMILHAÇÃO ...................................................................................................... 51 
6.5. PONTOS DE ATENÇÃO SOBRE A ENCARNAÇÃO E NASCIMENTO DE CRISTO ........................................... 52 
6.6. OS SOFRIMENTOS DE JESUS CRISTO ............................................................................................ 56 
6.7. A MORTE DE JESUS CRISTO ....................................................................................................... 58 
6.8. O SEPULTAMENTO DE JESUS CRISTO ........................................................................................... 60 
6.9. A DESCIDA DE JESUS CRISTO AO HADES ....................................................................................... 60 
7 - O ESTADO DE EXALTAÇÃO DE CRISTO ................................................................................. 65 
7.1. PROVAS ESCRITURÍSTICAS E RACIOANAIS DA EXALTAÇÃO DE CRISTO .................................................. 65 
7.2. O ESTADO DE EXALTAÇÃO NA TEOLOGIA LIBERAL MODERNISTA ....................................................... 66 
7.3. ESTÁGIOS DO ESTADO DE EXALTAÇÃO – A RESSURREIÇÃO ............................................................... 66 
7.4. OBJEÇÕES À DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO ................................................................................... 68 
7.5. O SUPORTE DOUTRINÁRIO DA RESSURREIÇÃO ............................................................................... 70 
7.6. A ASCENÇÃO DE CRISTO ........................................................................................................... 71 
7.7. A SESSÃO À DESTRA DE DEUS .................................................................................................... 73 
7.8. O REGRESSO FÍSICO DE CRISTO .................................................................................................. 75 
8 - JESUS CRISTO, O PROFETA .................................................................................................. 78 
8.1. A IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO ENTRE OS TRÊS OFÍCIOS ................................................................. 79 
8.2. O OFÍCIO PROFÉTICO ............................................................................................................... 79 
8.3. O DEVER DOS PROFETAS ........................................................................................................... 80 
8.4. PROVAS BÍBLICAS DO OFÍCIO PROFÉTICO DE CRISTO ....................................................................... 81 
8.5. IDEIA MODERNISTA RELACIONADA AO OFÍCIO PROFÉTICO DE CRISTO ................................................ 81 
9 - JESUS CRISTO, O SACERDOTE ............................................................................................. 84 
9.1. DISTINGUINDO PROFETA E SACERDOTE ........................................................................................ 84 
9.2. PROVAS DO OFÍCIO SACERDOTAL DE CRISTO .................................................................................84 
9.3. A OBRA SACRIFICIAL DE CRISTO.................................................................................................. 85 
9.4. PROVAS BÍBLICAS DA OBRA SACRIFICIAL DE CRISTO ........................................................................ 89 
9.5. A OBRA SACERDOTAL DE CRISTO E A TEOLOGIA MODERNISTA .......................................................... 90 
10 - JESUS CRISTO, O REI ....................................................................................................... 92 
10.1. O REINADO ESPIRITUAL DE CRISTO ............................................................................................. 92 
10.2. CARACTERÍSTICAS DO REINO DE CRISTO ....................................................................................... 93 
10.3. A DURAÇÃO DO REINO DE JESUS CRISTO ...................................................................................... 95 
10.4. O REINADO DE CRISTO SOBRE O UNIVERSO .................................................................................. 96 
11 - PANORAMA GERAL SOBRE A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS CRISTO ....................................... 99 
11.1. ASPECTOS MÉDICOS DA CRUCIFICAÇÃO DE JESUS CRISTO ................................................................ 99 
11.2. ASPECTOS ILEGAIS DO JULGAMENTO DE JESUS ............................................................................. 101 
11.3. A INTRODUÇÃO DAS TESTEMUNHAS .......................................................................................... 101 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
4 
11.4. O VEREDICTO DE PILATOS ....................................................................................................... 102 
11.5. SOLDADOS ROMANOS ESCARNECEM E BATEM EM JESUS ............................................................... 103 
11.6. A COROA DE ESPINHOS E O MANTO .......................................................................................... 104 
11.7. A SEVERIDADE DO ESPANCAMENTO .......................................................................................... 104 
11.8. SOFRIMENTO NA CRUZ ........................................................................................................... 105 
11.9. SOFRIMENTO FÍSICO NA CRUZ .................................................................................................. 107 
11.10. MORTE POR CRUCIFICAÇÃO – LENTA SUFOCAÇÃO ................................................................... 107 
11.11. UMA ÚLTIMA BEBIDA DO VINAGRE ....................................................................................... 108 
11.12. CELEBRAÇÃO DA OPOSIÇÃO GUERRA ESPIRITUAL ..................................................................... 109 
11.13. JESUS DEU SUA VIDA .......................................................................................................... 110 
11.14. MORTE POR CRUCIFICAÇÃO ................................................................................................. 110 
11.15. APARÊNCIA NO CÉU ........................................................................................................... 111 
12 - A OBRA INTERCESSÓRIA DE JESUS CRISTO .................................................................... 113 
12.1. PROVA BÍBLICA DA OBRA INTERCESSÓRIA DE CRISTO .................................................................... 113 
12.2. NATUREZA DA OBRA INTERCESSÓRIA DE CRISTO .......................................................................... 114 
12.3. AS PESSOAS POR QUEM CRISTO INTERCEDE ............................................................................... 117 
12.4. AS COISAS PELAS QUAIS CRISTO INTERCEDE ............................................................................... 117 
12.5. CARACTERÍSTICAS DA SUA INTERCESSÃO .................................................................................... 118 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 
01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
6 
1 - CRISTOLOGIA – O ESTUDO DA PESSOA DE 
CRISTO 
Cristologia refere-se ao estudo referente a Jesus Cristo – sua pessoa e sua obra. 
Tratar-se-á as temáticas da teologia sistemática bem como passagens bíblicas essenciais 
referentes à temática, bem como o dilema do porquê da morte de Jesus na cruz. 
Lemos em Jo.1:14 que o Verbo se fez carne. Não devemos entender com isso que o 
Verbo foi transformado em carne ou misturado com carne, e sim que escolheu para Si 
mesmo um templo formado pelo ventre de uma virgem, no qual habitar; e que Aquele que 
era o Filho de Deus ficou sendo o Filho do Homem, não pela confusão da substância, mas 
sim pela unidade de pessoa. 
1.1. Uma Relação Entre Antropologia e Cristologia 
Há uma relação muito estreita entre a doutrina do homem e a de Cristo. A primeira 
trata do homem, criado à imagem de Deus e dotado de verdadeiro conhecimento, justiça e 
santidade, mas que, pela voluntária transgressão da lei de Deus, despojou-se da sua 
verdadeira humanidade e se transformou em pecador. Ela mostra o homem como uma 
criatura de Deus altamente privilegiada, trazendo ainda alguns traços da sua glória original, 
mas, todavia, uma criatura que perdeu os seus direitos de nascimento, sua verdadeira 
liberdade e justiça originais. Significa que a doutrina dirige a atenção não apenas, nem 
primeiramente, à condição do homem como criatura, mas, sim, à sua pecaminosidade. 
Salienta a distância ética que há entre Deus e o homem, distância resultante da queda do 
homem e que, nem o homem nem os anjos podem cobrir, e, como tal, é virtualmente um 
grito pelo socorro divino. 
A cristologia é em parte a resposta a esse grito. Ela nos põe a par da obra objetiva de 
Deus em Cristo construindo uma ponto sobre o abismo e eliminando a distância. A 
doutrina nos mostra Deus vindo ao homem para afastar as barreiras entre Deus e o 
homem pela satisfação das condições da lei em Cristo, e para restabelecer o homem em 
Sua bendita comunhão. A antropologia já dirige a atenção à provisão da graça de Deus 
para uma aliança de companheirismo com o homem que provê uma vida de bem-
aventurada comunhão com Deus; mas a aliança só é eficiente em Cristo e por meio de 
Cristo. E, portanto, a doutrina de Cristo como Mediador da aliança deve vir 
necessariamente em seguida. Cristo, tipificado e prenunciado no Velho Testamento como 
o Redentor do homem, veio na plenitude do tempo, para tabernacular entre os homens e 
levar a efeito uma reconciliação eterna. 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
7 
1.2. Antes do Concílio de Calcedônia 
Na literatura cristã primitiva Cristo sobressai como humano e divino, como o Filho do 
homem, mas também como o Filho de Deus. Seu caráter sem pecado é defendido, e Ele é 
considerado como legítimo objeto de culto. Naturalmente, o problema suscitado por 
Cristo, como ao mesmo tempo Deus e homem, e as dificuldades envolvidas em tal 
concepção, não foram plenamente sentidos pela mente cristã dos primeiros tempos, e só 
assomaram a ela à luz da controvérsia. Era simplesmente natural que o judaísmo, com a 
sua forte ênfase ao monoteísmo, exercesse considerável influência sobre os primeiros 
cristãos, de extração judaica. Os ebionistas (ou parte deles) sentiram-se constrangidos, no 
interesse domonoteísmo, a negar a divindade de Cristo. Eles O consideravam como 
simples homem, filho de José e Maria, qualificado em Seu batismo para ser o Messias, pela 
descida do Espírito Santo sobre Ele. Havia outros na Igreja primitiva cuja doutrina sobre 
Cristo foi elaborada sobre linhas semelhantes. Os alogi (álogos ou alogianos), que 
rejeitavam os escritos de João por que entendiam que a sua doutrina do Logos está em 
conflito, com o restante do Novo testamento, também viam em Jesus apenas um homem, 
conquanto miraculosamente nascido de uma viagem, e ensinavam que Cristo desceu sobre 
Ele no batismo, conferindo-lhe poderes sobrenaturais. No essencial, esta era também a 
posição dos monarquistas dinâmicos. Paulo de Samosata, seu principal representante, 
distinguia entre Jesus e o Logos. Ele considerava Aquele como um homem igual a todos os 
demais, nascido de Maria, e Este como razão impessoal divina, que fez Sua habitação em 
Cristo num sentido preeminente, desde a ocasião do Seu batismo, e assim O qualificou 
para a Sua grande tarefa. Em vista dessa negação, fazia parte da função dos primitivos 
apologetas a defesa da doutrina da divindade de Cristo. 
Se havia alguns que sacrificavam a divindade pela defesa da humanidade de Cristo, 
havia outros que invertiam a ordem. Os gnósticos foram profundamente influenciados pela 
concepção dualista dos gregos, em que a matéria, entendida como inerentemente má, é 
descrita como completamente oposta ao espírito; e por uma tendência mística para 
considerar as coisas terrenas como representações alegóricas dos grandes processos 
redentores cósmicos. Rejeitavam a idéia de uma encarnação, de uma manifestação de 
Deus em forma visível, visto que isto envolveria um contato direto do espírito com a 
matéria. Diz Harnack que a maioria deles considerava Cristo como um Espírito 
consubstancial com o Pai. Conforme alguns, Ele desceu sobre o homem Jesus quando do 
Seu batismo, mas O deixou de novo antes da Sua crucificação; ao passo que, segundo 
outros, Ele assumiu um corpo meramente fantasmagórico. Os monarquistas modalistas 
também negavam a humanidade de Cristo, em parte no interesse da Sua divindade, e em 
parte para preservar a unidade do Ser Divino. Viam nele apenas um modo ou uma 
manifestação do Deus único, em quem não reconheciam nenhuma distinção de pessoas. 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
8 
Os chamados pais alexandrinos e antignósticos empreenderam a defesa da divindade de 
Cristo, mas em seu trabalho de defesa não evitaram inteiramente o erro de descrevê-lo 
como subordinado ao Pai. Mesmo Tertuliano ensinava uma espécie de subordinação, mas 
especialmente Orígenes, que não hesitava em falar de uma subordinação quanto à 
essência. Isto veio a ser um ponto de partida para o arianismo, no qual se faz distinção 
entre Cristo e o Logos como a razão divina, e Cristo é apresentado como uma criatura pré-
temporal, super-humana, a primeira das criaturas, não Deus e, todavia, mais que homem. 
Atanásio contestou a Ário e defendeu vigorosamente a posição de que o Filho é 
consubstancial com o Pai e da mesma essência do Pai, posição que foi oficialmente 
adotada pelo Concilio de Nicéia, em 325. O semi-arianismo propôs uma via media, 
declarando que a essência do Filho é semelhante à do Pai. 
Quando a doutrina da divindade do Filho foi estabelecida oficialmente, surgiu, como 
é natural, a questão quanto à relação mutua das duas naturezas de Cristo. Apolinário 
ofereceu uma solução ao problema. Aceitando a concepção tricotomia o homem como 
consistindo de corpo, alma e espírito, ele tomou a posição de que o Logos assumiu o lugar 
do espírito (pneuma) no homem, que ele considerava a sede do pecado. Seu principal 
interesse era assegurar a unidade da pessoa de Cristo, sem sacrificar a sua real divindade; 
e também resguardar a impecabilidade de Cristo. Mas o fez em detrimento da completa 
humanidade do Salvador e, conseqüentemente, a sua posição foi explicitamente 
condenada pelo Concilio de Constantinopla, em 381. Uma das coisas pelas quais Apolinário 
lutava era a unidade da pessoa de Cristo. Que isso realmente corria perigo viu-se 
claramente na posição assumida pela escola de Antioquia, que exagerava a distinção das 
duas naturezas de Cristo. Theodoro de Mopsuéstia e Nestório acentuavam a completa 
humanidade de Cristo e entendiam que a habitação do Logos nele era apenas uma 
habitação moral, como a que os crentes também gozam, embora não no mesmo grau. Eles 
viam em Cristo um homem lado a lado com Deus, em aliança com Deus, compartindo o 
propósito de Deus, mas não unido a Ele numa unidade de vida pessoal única – viam nele 
um Mediador que consistia de duas pessoas. Em oposição a eles, Cirilo de Alexandria 
salientava fortemente a unidade da pessoa de Cristo e, na opinião dos seus oponentes, 
negava as duas naturezas. Conquanto com toda a probabilidade esses oponentes o 
tenham entendido mal, Eutico e os seus seguidores certamente recorrem a ele quando 
assumiram a posição de que a natureza humana de Cristo foi absorvida pela divina, ou que 
as duas se fundiram resultando numa só natureza, posição que envolvia a negação das 
duas naturezas de Cristo. O Concílio de Calcedônia, em 451, condenou esses dois conceitos 
e manteve a crença na unidade da pessoa, como também na dualidade das naturezas. 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
9 
1.3. Após o Concílio de Calcedônia 
Por algum tempo o erro eutiquiano continuou com os monofisitas e monotelitas, mas 
finalmente foi dominado pela igreja. E o perigo de que a natureza humana de Cristo fosse 
considerada como inteiramente impessoal foi afastado por Leôncio de Bizâncio, quando 
demonstrou que ela não é impessoal, mas in-pessoal, tendo a sua subsistência pessoal na 
pessoa do Filho de Deus. João de Damasco, com quem a cristologia do Oriente alcançou o 
seu desenvolvimento máximo, acrescentou a idéia de que há uma circumincessão do 
divino e do humano em Cristo, uma comunicação dos atributos divinos à natureza 
humana, de modo que esta é deificada e também podemos dizer que Deus sofreu na 
carne. Ele mostra a tendência de reduzir a natureza humana à posição de mero órgão ou 
instrumento do Logos, se bem que admite que há cooperação das duas naturezas, e que a 
pessoa única exerce ação e vontade em cada natureza, embora a natureza humana esteja 
sempre sujeita à divina. 
Na igreja ocidental, Felix, bispo de Urgel, defendeu o adocionismo. Ele considerava 
Cristo, quanto à Sua natureza divina, isto é, o Logos, como o unigênito Filho de Deus no 
sentido natural, mas considerava Cristo, em Seu lado humano, como um Filho de Deus 
meramente por adoção. Feliz procurou preservar a unidade da pessoa salientando o fato 
de que, desde o momento da Sua concepção, o Filho do homem foi absorvido na unidade 
da pessoa do Filho de Deus. Fez-se, assim, distinção entre a filiação natural e a adotiva, e 
esta não começou com o nascimento natural de Cristo, mas teve início por ocasião do Seu 
batismo e se consumou em Sua ressurreição. Foi um nascimento espiritual que fez de 
Cristo o Filho adotivo de Deus. Mais uma vez a igreja viu a crença na unidade da pessoa de 
Cristo ameaçada por esse conceito e, portanto, ele foi condenado pelo Sínodo de 
Franckfurt, em 794. 
A Idade Média acrescentou muito pouca coisa à doutrina da pessoa de Cristo. Devido 
a várias influências, como as de ênfase à imitação de Cristo, das teorias sobre a expiação, e 
do desenvolvimento da doutrina da missa, a igreja se apegou fortemente à plena 
humanidade de Cristo. “A divindade de Cristo”, diz Mackintosh, “passou a ser vista mais 
como o coeficiente infinito elevandoa ação e a paixão humanas a um valor infinito”. E, 
contudo, alguns dos escolásticos expuseram em sua cristologia um conceito docético de 
Cristo. Pedro Lombardo não hesitava em dizer que, com relação à Sua humanidade, Cristo 
não era absolutamente nada. Mas este niilismo foi condenado pela igreja. Alguns novos 
pontos foram salientados por Tomaz de Aquino. Segundo ele, a pessoa do Logos tornou-se 
composta na encarnação, e Sua união com a natureza humana “impediu” esta ultima de 
chegar a ter uma personalidade independente. A natureza humana de Cristo recebeu 
dupla graça em virtude de sua união com o Logos, (a) a gratia unionis (graça da união), que 
lhe comunicou uma dignidade especial, de modo que até se tornou objeto de culto, e (b) a 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
10 
gratia habitualis (graça habitual), que a mantinha em sua relação com Deus. O 
conhecimento humano de Cristo era duplo a saber, um conhecimento infuso e um 
conhecimento adquirido. Há duas vontades em Cristo, mas a causalidade última pertence à 
vontade divina, à qual a vontade humana está sempre sujeita. 
1.4. Da Reforma Até o Século XIX 
A Reforma não trouxe grandes mudanças à doutrina da pessoa de Cristo. Tanto a 
Igreja Romana como as igrejas da reforma subscreveram a doutrina de Cristo nos termos 
de sua formulação pelo Concílio de Calcedônia. Suas diferenças importantes e profundas 
estão noutras áreas. Há uma peculiaridade da cristologia luterana que merece atenção. A 
doutrina de Lutero sobre a presença física de Cristo na ceia do Senhor levou ao conceito 
caracteristicamente luterano da communicatio idiomatum (comunicação de propriedades), 
com o sentido de “que cada uma das naturezas de Cristo permeia a outra (perichoresis), e 
que a Sua humanidade participa dos atributos da Sua divindade”. Afirma-se que os 
atributos de onipotência , onisciência e onipresença foram comunicados à natureza 
humana de Cristo ao tempo da encarnação. Suscitou-se naturalmente a questão sobre 
como isto poderia harmonizar-se com o que sabemos da vida terrena de Jesus. Esta 
questão levou a uma diferença de opinião entre os teólogos luteranos. Alguns afirmam 
que Cristo pôs de lado os atributos divinos recebidos na encarnação, ou os usava só 
ocasionalmente, enquanto outros diziam que Ele continuou de posse deles durante toda a 
sua vida terrena, mas os manteve ocultos ou só os usava secretamente. 
Alguns luteranos atualmente parecem inclinados a rejeitar esta doutrina. 
Os teólogos reformados (calvinistas) viam nessa doutrina luterana uma espécie de 
eutiquianismo ou de fusão das duas naturezas de Cristo. A teologia reformada também 
ensina uma comunicação de atributos, mas a concebe de maneira diferente. Ela crê que, 
depois da encarnação, as propriedades de ambas as naturezas podem ser atribuídas à 
pessoa única de Cristo. Pode-se dizer que a pessoa de Cristo é onisciente, mas também, 
que tem conhecimento limitado; pode se considerada onipresente, mas também limitada, 
em qualquer tempo particular, a um único lugar. Daí, lemos na Segunda Confissão 
Helvética: “reconhecemos, pois, que há no único e mesmo Jesus, nosso Senhor, duas 
naturezas – a natureza divina e a humana; e dizemos que estas são ligadas ou unidas de 
modo tal, que não são absorvidas, confundidas ou misturadas, mas, antes, são unidas ou 
conjugadas numa pessoa (sendo que as propriedades de cada uma delas permanecem a 
salvo e intactas), de modo que podemos cultuar a um Cristo, nosso Senhor, e não a dois. 
Portanto, não pensamos nem ensinamos que a natureza divina em Cristo sofreu, ou que 
Cristo, de acordo com a Sua natureza humana, ainda está no mundo e, assim, em todo 
lugar”. 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
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1.5. No Século XIX 
No início do século dezenove deu-se grande mudança no estudo da pessoa de Cristo. 
Até àquele tempo, o ponto de partida fora predominantemente teológico, e a cristologia 
resultante era teocêntrica; mas durante a última parte do século dezoito houve crescente 
convicção de que se alcançariam melhores resultados partindo de algo mais próximo, a 
saber do estudo do Jesus histórico. Assim foi introduzido o “segundo período cristológico”, 
assim chamado. O novo ponto de vista era antropológico, e o resultado foi 
antropocêntrico. Isto evidenciou-se destrutivo para a fé cristã. Uma distinção de maior 
alcance e perniciosa foi feita entre o Jesus histórico, delineado pelos escritores dos 
evangelhos, e o Cristo teológico, fruto da fértil imaginação dos pensadores teológicos, e 
cuja imagem reflete-se agora nos credos da igreja. O Cristo sobrenatural abriu alas para 
um Jesus humano; e a doutrina das duas naturezas abriu alas para a doutrina de um 
homem divino. 
Scheleiermacher esteve à testa do novo desenvolvimento. Ele considerava Cristo 
como uma nova criação, na qual a natureza humana é elevada ao nível da perfeição ideal. 
Todavia, dificilmente se pode dizer que o seu Cristo se eleva acima do nível humano. A 
singularidade da Sua pessoa consiste do fato de que Ele possui um perfeito e vívido senso 
de união com o divino, e também realiza com plenitude o destino do homem em Seu 
caráter de perfeição impecável. A sua suprema dignidade encontra a sua explicação numa 
presença especial de Deus nele, em Sua consciência singular de Deus. O conceito que 
Hegel tinha de Cristo é parte integrante do seu sistema panteísta de pensamento. O verbo 
se fez carne significa para ele que Deus se encarnou na humanidade, de modo que a 
encarnação expressa realmente a unidade de Deus e o homem. Ao que parece, a 
encarnação foi meramente o auge de um processo racial. Enquanto a humanidade em 
geral considera Jesus unicamente como um mestre humano, a fé O reconhece como divino 
e vê que, por Sua vinda ao mundo, a transcendência de Deus torna-se imanência. 
Encontramos aqui uma identificação panteísta do humano e do divino na doutrina de 
Cristo. 
Algo disto se vê nas teorias quenósticas, que representam uma notável tentativa de 
melhorar a elaboração da doutrina da pessoa de Cristo. O termo kénosis é derivado de Fp 
2.7, que ensina que Cristo “se esvaziou (ekenosen), assumindo a forma de servo”. Os 
quenosicistas tomam isso no sentido de que o Logos tornou-se, isto é, transformou-se 
literalmente num homem, reduzindo-se total ou parcialmente às dimensões de um 
homem, e depois cresceu em sabedoria e poder, até que afinal se tornou Deus de novo. 
Essa teoria apareceu em várias formas, das quais a mais categórica é a de Gess, e por 
algum tempo gozou considerável popularidade. Propunha-se manter a realidade e a 
 
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integridade da humanidade de Cristo, e dar vivo relevo à grandiosidade da Sua 
humilhação, na qual Ele, sendo rico, fez-se pobre por nós. Contudo, ela envolve uma 
obliteração panteísta da linha de demarcação entre Deus e o homem. Dorner, que foi o 
maior representante da Escola Mediadora, opôs-se fortemente a esse conceito e o 
substituiu pela doutrina de uma encarnação progressiva. Ele via na humanidade de Cristo 
uma nova humanidade com especial receptividade para com o divino. O Logos, o princípio 
de auto-concessão de Deus, juntou-se a essa humanidade; a medida em que o fez foi 
determinada em cada estágio pela sempre crescente receptividade da natureza humana 
para com o divino, e não alcançou o seu estágio final até à ressurreição. Mas isto não passa 
de uma nova e sutil forma de heresia nestoriana. Resulta num Cristo que consiste de duas 
pessoas.Com a exceção de Schleiermacher, ninguém exerceu maior influencia sobre a teologia 
contemporânea do que Albrecht Ritschl. Sua cristologia tem seu ponto de partida na obra 
de Cristo, e não em Sua pessoa. A obra de Cristo determina a dignidade de Sua pessoa. Ele 
era mero homem, mas em vista da obra que realizou e do serviço que prestou, 
acertadamente Lhe atribuímos os predicados da Divindade. Ritschl rejeita a preexistência, 
a encarnação e a concepção virginal de Cristo, visto que isso não acha nenhum ponto de 
contato na consciência crente da comunidade cristã. Cristo foi o fundador do reino de 
Deus, e agora, de algum modo, induz os homens a ingressarem na comunidade cristã e a 
terem uma vida motivada pelo amor. Ele redime o homem por Seu ensino, por Seu 
exemplo e por Sua única, e, portanto, é digno de ser chamado Deus. Este conceito é 
virtualmente um restabelecimento da doutrina de Paulo de Samosata. 
Com base na idéia panteísta moderna da imanência de Deus, a doutrina de Cristo 
hoje em dia é muitas vezes exposta de maneira completamente naturalista. As exposições 
podem variar muito, mas geralmente a idéia fundamental é a mesma, a saber, a idéia de 
uma unidade essencial de Deus e o homem. A doutrina das duas naturezas de Cristo 
desapareceu da teologia moderna e em seu lugar temos uma identificação panteísta de 
Deus e o homem. Essencialmente, todos os homens são divinos, desde que todos têm em 
si um elemento divino; e todos são filhos de Deus, diferindo de Cristo somente em grau. O 
ensino moderno acerca de Cristo está baseado na doutrina da continuidade de Deus e o 
homem. E é exatamente contra essa doutrina que Barth e os que pensam como ele 
ergueram sua voz. Nalguns círculos atuais há sinais de um retorno à doutrina das duas 
naturezas. Em sua obra intitulada, What Is the Faith? (Que é Fé?), Mickelm confessa que 
durante muitos anos afirmou confiantemente que atribuição a Cristo de duas naturezas 
numa pessoa tinha que ser abandonada, mas agora Vê que isto se firmava num mal 
entendido. 
 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
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2 - CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO” 
No período compreendido entre 1774 a 1778, foi iniciada a procura do Jesus 
Histórico. Lessing publicou pós morte as anotações de Hermann Samuel Reimarus. Esse 
estudioso questionava a tradicional forma de apresentar Jesus na Igreja e no Novo 
Testamento. Para ele Jesus nunca fizera uma reivindicação messiânica, nunca institui 
qualquer sacramento, nunca predisse a sua morte e nem ressuscitou dentre os mortos. 
Dizia que Jesus era um engodo. Essa atitude instigou a busca do Jesus “verdadeiro”. A 
metodologia racionalista foi a predominante como método de pesquisa dessa busca, 
peculiar a primeira parte do século XIX. A polêmica desses estudos foi um terreno fértil 
para nascerem obras pró e contra Jesus. 
O interregno entre a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial foi a ocasião em 
que a busca do Jesus histórico foi abandonada, em função da falta de interesse pela 
procura e pelas dúvidas quanto a sua possibilidade. Entretanto, três fatores foram 
fundamentais para essa desistência: primeiro - a obra de Albert Schweitzer que revelou a 
idéia de que o Jesus liberal nunca existiu, pois ele foi criado e baseado nos desejos de 
liberais, não em fatos verídicos; segundo - a partir da obra de William Wrede e dos críticos 
da forma, houve o reconhecimento de que os evangelhos não eram meramente biografias 
objetivas que facilmente poderiam ser pesquisadas à procura de informações historicistas; 
por fim - Martin Kähler influenciou os estudiosos a reconhecerem que o objeto da fé da 
igreja no decurso de todos os séculos nunca tinha sido o Jesus histórico do liberalismo 
teológico, mas o cristo da fé, ou seja, o Cristo sobrenatural proclamado nas Sagradas 
Letras. 
Ernst käsemann, em 1953, reacendeu as chamas da busca do Jesus da história, 
propalando seu receio de que a lacuna entre o Jesus da história e o Cristo da fé era muito 
semelhante à heresia docética, que negava a humanidade do Filho de Deus. Como era de 
se esperar Käsemann decepcionou-se em seus intentos. 
O avanço da ciência histórica não tem modificado a opinião universal a cerca do 
Senhor Jesus. Prova disso é que, desde o mundo antigo à contemporaneidade, 
encontramos mesmo que em forma diversificada a historicidade da pessoa bendita de 
Jesus de Nazaré. 
2.1. A Objeção da Igreja Cristã ao Chamado “Jesus Histórico” 
A igreja cristã ri do fascínio dos liberais pela busca do que eles chamam de “Jesus 
Histórico”. Isso se justifica pelo fato de que o Cristianismo é o que é através da afirmação 
de que o homem Jesus de Nazaré, que foi chamado “o Cristo”, é de fato o Cristo, a saber, o 
 
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Messias, o Ungido. Toda vez que é sustentada a asserção de que Jesus é o Cristo, ali existe 
a mensagem cristã; onde quer que essa asserção seja negada, é negada igualmente a 
mensagem cristã. 
A religião cristã nasceu não quando nasceu o homem chamado “Jesus”, mas sim, no 
momento que um de seus seguidores foi levado a dizer-lhe: “Tu és o Cristo”. E o 
Cristianismo ficará vivo enquanto existirem pessoas que repitam essa afirmação. Isso 
porque o evento sobre o qual o Cristianismo se baseia apresenta dois lados: o fato que é 
chamado “Jesus de Nazaré” e a recepção deste fato por aqueles que O receberam como o 
Cristo. Interessante que no momento que os discípulos O aceitam como o Cristo é também 
o momento que Ele é rejeitado pelos poderes da história. Então, Aquele que é o Cristo 
deve morrer por haver aceito o título de “Cristo”. 
Jesus como o Cristo é tanto um fato histórico quanto um objeto de recepção pela fé. 
Não se pode afirmar a verdade sobre o evento no qual se baseia o Cristianismo sem 
afirmar ambos esses lados. Se Jesus não tivesse impactado os seus discípulos com o fato de 
ser o Cristo, e eles tivessem crido, bem como através deles a todas as gerações 
posteriores, o homem que é chamado Jesus de Nazaré talvez fosse recordado apenas 
como uma pessoa histórica e religiosamente importante. Mas se ele foi crido e provou de 
fato ser o Cristo. 
Nesse sentido, quem é o “Jesus Histórico”? Russel Norman Champlin responde tal 
questionamento em sua obra Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Para ele o Jesus 
histórico é igualmente o Jesus a quem adoramos e servimos. É o Jesus teológico 
naturalmente, podemos ter algumas noções falsas a cerca d’Ele, mas há tal identificação 
de pessoa. Jesus é uma figura cósmica, dotada de importância universal. Não foi 
meramente um homem bom, um excelente mestre. Ele é também o Senhor da Glória, no 
sentido mais literal possível. 
James Moffatt, em sua obra Jesus Christ The Same assevera: 
“Nada é mais provável do que aquele que viveu à face da Terra, por alguns poucos 
anos, seja o mesmo Cristo, a quem seus seguidores adoram como Senhor; nenhum novo 
Jesus foi criado por algum movimento sincretista do primeiro século cristão. Há certa 
unidade no ministério insolúvel de sua pessoa, que é, não apenas real, mas também é, a 
causa real que subjaz às diversas interpretações de sua vida e de sua obra, e as 
experiências posteriores Igreja subentendem, repetida e continuadamente, que deve 
haver comunhão com ele, como algo mais profundo que qualquer modificação interna ou 
externa da fé”. 
 
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CRISTOLOGIA 
 
 
 
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2.2. A Pesquisa em Busca do “Jesus Histórico” e o Fracasso da 
Investigação 
Paul Tilllych, em sua obra Teologia Sistemática expõe o insucesso da capturação do 
chamado “Jesus Histórico”. Pude dividir a opinião de Tillych em cinco pontos, a saber: 
1. Foi falsa a idéia de a crítica histórica ter destruído a própria fé. 
2. Esse fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa. 
3. O Cristianismo se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de 
Jesus e não em uma novela histórica. 
4. Os ensinos e as mensagens de Jesus não têm relação com a situação concreta na 
qual foram pronunciadas. 
5. Uma confusão em torno do termo “Jesus Histórico”. 
Vejamos esses cinco aspectos do pensamento Tillychano. 
A. A Crítica Histórica Parecia Haver Destruído a Própria Fé. Desde o momento em que 
foi aplicado o método científico de pesquisa histórica à literatura bíblica, problemas 
teológicos que nunca estiveram completamente ausentes ficaram de tal forma 
aumentados, como nunca o estiveram em períodos anteriores da história da igreja. O 
método histórico une elementos analítico-críticos e construtivo-conjeturais. Para a 
consciência cristã normal, moldada pela doutrina ortodoxa da inspiração verbal, o primeiro 
elemento impressionou muito mais do que o segundo. Só foi sentido o elemento negativo 
no termo “crítica”, e esse empreendimento todo foi chamado de “crítica histórica” ou “alta 
crítica”` ou, com referência a um método recente, “critica da forma”. Em si mesmo, o 
termo “crítica histórica” significa nada mais do que pesquisa histórica. Toda pesquisa 
histórica crítica suas fontes, separando aquilo que apresenta mais probabilidade daquilo 
que apresenta menos ou é totalmente improvável. Ninguém duvida da validez desse 
método, já que ele é confirmado continuamente por seu sucesso; e ninguém protesta com 
seriedade se ele destrói belas lendas e preconceitos profundamente enraizados. Mas a 
pesquisa bíblica se tornou suspeita desde seu próprio começo. Ela parecia criticar não só as 
fontes históricas, mas também a revelação contida nessas fontes. Pesquisa histórica e 
rejeição da autoridade bíblica foram consideradas idênticas. Revelação, supunha-se, 
abarcava não só o conteúdo revelatório, mas também a forma histórica na qual apareceu. 
Isso parecia ser verdade especialmente com relação aos fatos referentes ao “Jesus 
histórico”. Já que a revelação bíblica é essencialmente histórica, parecia impossível separar 
o conteúdo revelatório dos relatos históricos tais quais apresentados nos registros bíblicos. 
A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé. 
 
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Mas a parte crítica da pesquisa histórica na literatura bíblica é a parte menos 
importante. Mais importante é a parte construtivo-conjetural, que foi a força motora em 
todo esse empreendimento. Os fatos que estão por três dos registros, foram buscados; 
especialmente se buscaram os fatos sobre Jesus. Havia um desejo urgente de descobrir a 
realidade desse homem, Jesus de Nazaré, por trás das tradições coloridas e ao mesmo 
tempo, camufladoras dessa realidade, que são tão antigas quanto ela própria. Desse 
modo, a pesquisa pelo assim chamado “Jesus histórico” teve início. Seus motivos eram ao 
mesmo tempo religiosos e científicos. Essa tentativa era corajosa, nobre e extremamente 
significativa em muitos aspectos. Suas conseqüências teológicas são inúmeras e bastante 
importantes. Mas, vista à luz de sua intenção básica, a tentativa da crítica histórica de 
encontrar a verdade empírica sobre Jesus de Nazaré foi um fracasso. O Jesus histórico, a 
saber, o Jesus que está por trás dos símbolos de sua recepção como o Cristo, não só não 
apareceram, quanto se distanciavam cada vez mais g medida que se dava um novo passo. 
A história das tentativas de se escrever uma “vida de Jesus”, elaborada por Albert 
Schweitzer em sua primeira obra, “A busca do Jesus Histórico” ainda é válida. Sua própria 
tentativa construtiva foi corrigida. Eruditos, tanto conservadores quanto radicais, se 
tornaram mais cautelosos, mas a situação metodológica não mudou. Isso se tornou 
manifesto quando o programa ousado de “desmitologização do Novo Testamento”, feito 
por Bultmann, levantou uma tempestade em todos os campos teológicos, e a lentidão com 
que a escola de Barth considerava o problema histórico foi seguida por um impressionante 
despertamento. Mas o resultado do questionamento novo (e muito antigo) não é uma 
imagem do assim chamado Jesus histórico, mas o “insight” de que não existe uma imagem 
por trás da imagem bíblica que pudesse se tornar cientificamente provável. 
B. O Fracasso foi Motivado Pela Natureza das Fontes de Pesquisa. A situação exposta 
acima não é questão de um defeito passageiro da pesquisa histórica que um dia seja 
superado. Ela é causada pela própria natureza das fontes. Os registros sobre Jesus de 
Nazaré são os de Jesus como o Cristo, dados por pessoas que o receberam como o Cristo. 
Portanto, se tentamos encontrar o Jesus real que está por trás da imagem de Jesus como o 
Cristo, é necessário separar criticamente os elementos que pertencem ao lado factual do 
evento, daqueles elementos que pertencem ao lado receptivo. Ao fazer isso, esboça-se 
uma “Vida de Jesus”; muitos desses esboços foram elaborados. Em muitos deles atuaram 
juntos: honestidade científica, devoção amorosa e interesse teológico. Em outros são 
visíveis o distanciamento crítico e até mesmo a rejeição malévola. Mas nenhum pode 
reivindicar ser uma imagem provável, que seja o resultado de um labor científico 
tremendo dedicado à essa tarefa durante duzentos anos. No máximo, eles são resultados 
mais ou menos prováveis, incapazes seja de fornecer uma base para a aceitação da fé 
cristã, seja para rejeitá-la. 
 
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Tendo em vista essa situação, houve tentativas de reduzir a imagem do Jesus 
histórico aos seus traços “essenciais”; a elaborar uma Gestalt, ao mesmo tempo em que 
deixando abertos g dúvida seus traços particulares. Mas esse não é o processo correto. A 
pesquisa histórica não pode pintar uma imagem essencial depois de eliminar todos os 
traços particulares porque eles são questionáveis. Ela permanece dependente dos traços 
particulares. 
Conseqüentemente, as imagens do Jesus histórico nas quais é amplamente evitada 
uma “Vida de Jesus” diferem tanto umas das outras, quanto aquelas nas quais não é 
aplicada tal auto-restrição. 
A dependência da Gestalt na valoração dos traços particulares é evidente num 
exemplo tomado do complexo daquilo que Jesus ensinou sobre si mesmo. Para elaborar 
esse ponto, deve-se saber, além de muitas outras coisas, se ele aplicou o título “Filho do 
Homem” a si mesmo, e caso sim, em que sentido. Toda resposta dada a essa questão é 
uma hipótese mais ou menos provável, mas o caráter do quadro “essencial” do Jesus 
histórico depende decisivamente dessa hipótese. Esse exemplo mostra claramente a 
impossibilidade de substituir a tentativa de esboçar uma “Vida de Jesus” tentando pintar a 
“Gestalt de Jesus” 
Esse exemplo mostra ao mesmo tempo outro ponto importante. Pessoas que não 
estão familiarizadas com o aspecto metodológico da pesquisa histórica temem suas 
conseqüências para a doutrina cristã e por isso gostam de atacar a pesquisa histórica em 
geral e a pesquisa na literatura bíblica em especial, acusando-as de preconceitos 
teológicos. Se elas forem consistentes, negarão que sua própria interpretaçãotambém é 
preconcebida ou, como elas diriam, dependente da verdade de sua fé. Mas elas negam 
que o método histórico tenha critérios científicos objetivos. Contudo, essa afirmação não 
pode ser sustentada em vista do imenso material histórico que foi descoberto e 
freqüentemente verificado de forma empírica por um método de pesquisa usado 
universalmente. E característico desse método que ele tenta manter uma auto-crítica 
permanente para libertar-se de preconceitos conscientes ou inconscientes. Isso nunca é 
plenamente bem sucedido, mas é uma arma poderosa e necessária para se obter 
conhecimento histórico. 
Um dos exemplos aludidos freqüentemente neste contexto é o tratamento dos 
milagres do Novo Testamento. O método histórico não aborda as histórias de milagres 
nem com o pressuposto de que aconteceram porque foram atribuídos aquele que é 
chamado o Cristo, nem com o pressuposto de que eles não aconteceram porque esses 
eventos contradiriam as leis da natureza. O método histórico pergunta, quão fidedignos 
são os relatos em cada caso particular, quão dependentes são eles de fontes mais antigas, 
como poderiam ter sido influenciados pela credulidade de um período, como são bem 
 
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confirmados por outras fontes independentes, em que estilo são escritos, e para que 
finalmente são usados no contexto todo. Todas essas questões podem ser respondidas de 
forma “objetiva” sem a interferência desnecessária de preconceitos positivos ou negativos. 
O historiador nunca pode conseguir uma certeza dessa forma, mas pode chegar a um alto 
grau de probabilidade. Contudo, seria um salto a outro nível se ele transformasse a 
probabilidade histórica em uma certeza histórica positiva ou negativa mediante um juízo 
de fé (como será mostrado mais adiante). Essa distinção clara freqüentemente é 
confundida pelo fato óbvio de que a compreensão do sentido de um texto é parcialmente 
dependente das categorias de compreensão usadas no encontro com textos e registros. 
Mas não é totalmente dependente delas, já que existem aspectos filológicos e outros que 
estão abertos à uma abordagem objetiva. Compreensão exige participação do sujeito 
naquilo que compreende, e só podemos participar em termos daquilo que somos, 
incluindo nossas próprias categorias de compreensão. Mas essa compreensão “existencial” 
nunca deveria perverter o juízo do historiador com respeito aos fatos e relações. A pessoa 
cuja preocupação última é o conteúdo da mensagem bíblica está na mesma posição que 
aquela cujo conteúdo t indiferente, se discutem questões como as do desenvolvimento da 
tradição sinótica, ou os elementos mitológicos e lendários do Novo Testamento. Ambas 
têm os mesmos critérios de probabilidade histórica e devem usá-los com o mesmo rigor, 
embora ao fazer isso possam afetar suas próprias convicções religiosas ou filosóficas. 
Nesse processo pode acontecer que preconceitos que fecham os olhos para fatos 
particulares abrem-nos para outros. Mas esse “abrir os olhos” é uma experiência pessoal 
que não pode ser convertida num princípio metodológico. Só existe um procedimento 
metodológico, e esse consiste em olhar o objeto a ser investigado e não nossa maneira de 
olhar o objeto, já que nossa atitude se acha realmente determinada por muitos fatores 
psicológicos, sociológicos e históricos. Esses aspectos devem ser desconsiderados 
intencionalmente por quem quer que aborde um fato objetivamente. Não se deve 
formular um juízo sobre a auto-consciência de Jesus a partir do fato de que se é um cristão 
- ou anti-cristão. O juízo deve ser inferido de um certo grau de plausibilidade, baseado em 
registros e em sua provável validez histórica. Isso, sem dúvida, pressupõe que o conteúdo 
da fé cristã seja dependente desse juízo. 
C. O Cristianismo se Baseia no Testemunho a Respeito do Caráter Messiânico de 
Jesus. A religião cristã se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus 
de Nazaré e não em uma novela histórica, eis aí o fracasso da caça pelo Jesus Histórico. A 
busca do Jesus histórico foi uma tentativa de descobrir um mínimo de fatos confiáveis 
sobre o homem Jesus de Nazaré, para se obter um fundamento seguro à fé cristã. Essa 
tentativa foi um fracasso. A pesquisa histórica forneceu probabilidades sobre Jesus, em 
grau maior ou menor. A base dessas probabilidades, ela esboçou “Vidas de Jesus”. Mas 
essas se pareciam mais a novelas do que a biografias; elas com certeza não poderiam 
 
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fornecer uma base segura para a fé cristã. O cristianismo não se baseia na aceitação de 
uma novela histórica; ele se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de 
Jesus por pessoas que não estavam absolutamente interessadas numa biografia do 
Messias. 
A intuição dessa situação induziu alguns teólogos a desistirem de qualquer tentativa 
de construir uma “vida” ou uma Gestalt do Jesus histórico e restringir-se a uma 
interpretação das “palavras” de Jesus. A maior parte dessas palavras (embora não todas) 
não se referem a ele mesmo e podem ser separadas de qualquer contexto biográfico. 
Portanto, seu sentido é independente do fato de que possam ou não ter sido ditas por ele. 
Nessa base o problema biográfico insolúvel não guarda a menor relação com a verdade das 
palavras correta ou erradamente registradas como palavras de Jesus. O fato de que a 
maioria das palavras de Jesus tem um paralelo na literatura judaica contemporânea não é 
um argumento contra sua validez. Esse também não é um argumento contra sua unicidade 
e poder, tais como aparecem em coleções como o Sermão da Montanha, as parábolas e as 
discussões com inimigos, bem como com seus seguidores. 
D. Os Ensinos e as Mensagens de Jesus Cristo. Uma teologia que tenta fazer das 
palavras de Jesus um fundamento histórico da fé cristã pode fazê-lo de duas maneiras. 
Pode tratar as palavras de Jesus como “ensinos de Jesus” ou como “mensagem de Jesus”. 
Como ensinos de Jesus, elas são entendidas como interpretações refinadas da lei natural 
ou como intuições originais da natureza do homem. Elas não tem relação com a situação 
concreta na qual foram pronunciadas. Como tal, pertencem à lei, profecia ou literatura 
sapiencial, da mesma maneira como no Antigo Testamento. Elas podem transcender todas 
essas três categorias em termos de profundidade e poder; mas não os transcendem em 
termos de caráter. Contudo, restringir a investigação histórica aos “ensinos de Jesus” é 
reduzir Jesus ao nível do Antigo Testamento e implicitamente negar sua reivindicação de 
superar o contexto Vetero-Testamentário. 
A segunda forma pela qual a pesquisa histórica se restringe às palavras de Jesus C 
mais profunda que a primeira. Ele nega que as palavras de Jesus sejam regras gerais de 
comportamento humano, que elas sejam regras às quais a gente deva se sujeitar, ou que 
elas sejam universais e possam portanto ser abstraídas da situação na qual foram ditas. Em 
vez disso, enfatizam a mensagem de Jesus de que o Reino de Deus está “à mão” e que 
portanto aqueles que querem entrar nele devem se decidir a favor ou contra o Reino. 
Essas palavras de Jesus não são regras gerais, mas exigências concretas. Essa interpretação 
do Jesus histórico, sugerida especialmente por Rudolf Bultmann, identifica o sentido de 
Jesus com o sentido de sua mensagem. Ele exige uma decisão, a saber, a decisão por Deus. 
E essa decisão inclui a aceitação da Cruz, porque ele mesmo aceitou a sua. Aquilo que é 
historicamente impossível, a saber, o esboço de uma “vida” ou uma Gestalt de Jesus, é 
 
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engenhosamente evitado usando aquilo que está imediatamente dado - a saber, sua 
mensagem sobre o Reino de Deus e suas condições e apegando-se cada vez mais ao 
“paradoxo da Cruz de Cristo” Mas até mesmo esse método de juízo histórico restrito não 
pode oferecer um fundamento à fé cristã. Ele não mostra como pode ser cumprida a 
exigência de decidir-se pelo Reino de Deus. A situação de ter que se decidir permanece 
sendo aquela sob a lei. Não transcende a situação do Antigo Testamento, a situação da 
busca por Cristo. Pode-se chamar a essa teologia de “liberalismo existencialista” em 
contraste com o “liberalismo legalista” do primeiro. Mas nenhum desses métodos 
responde à pergunta de onde reside o poder de obedecer aos ensinos de Jesus ou de 
decidir-se pelo Reino de Deus. Isso esses métodos não podem fazer porque a resposta 
deve vir de uma nova realidade que, de acordo com a mensagem cristã, é o Novo Ser em 
Jesus como o Cristo. A Cruz é o símbolo de um dom antes de ser o símbolo de uma 
exigência. Mas, se isso for aceito, é impossível retirar-se do ser de Cristo para refugiar-se 
em suas palavras. A via de acesso última da pesquisa e busca do Jesus histórico está 
barrada, e manifesta o fracasso da tentativa de apresentar um fundamento à fé cristã 
através da investigação histórica. 
E. A Confusão Semântica em Torno da Expressão “Jesus Histórico”. Esse resultado 
teria sido reconhecido com mais facilidade se não fosse pela confusão semântica a 
respeito do sentido do termo “Jesus histórico”. Esse termo foi usado predominantemente 
para os resultados da pesquisa histórica referente ao caráter e vida da pessoa que está por 
trás dos registros do Evangelho. Como todo conhecimento histórico, nosso conhecimento 
dessa pessoa é fragmentário e hipotético. A investigação histórica sujeita esse 
conhecimento ao ceticismo metodológico e à mudança contínua que ocorre nos traços 
particulares, bem como nos essenciais. Ela tem como alvo ideal atingir um alto grau de 
probabilidade, mas em muitos casos isso é impossível. 
O termo “Jesus histórico” também é usado para significar o evento “Jesus como 
Cristo” como um elemento factual. O termo nesse sentido levanta a questão da fé e não a 
questão da pesquisa histórica. Se o elemento factual no evento cristão fosse negado, seria 
negado também o fundamento do cristianismo. Ceticismo metodológico sobre o labor da 
pesquisa histórica não nega esse elemento. A fé não pode nem mesmo garantir o nome 
“Jesus” com respeito àquele que foi o Cristo. Ela deve deixar isso às incertezas de nosso 
conhecimento histórico. Mas a fé garante a transformação factual da realidade naquela 
vida pessoal que o Novo Testamento expressa em sua imagem de Jesus como o Cristo. Se 
não se distinguirem esses dois sentidos do termo “Jesus histórico”, não é possível haver 
nenhuma discussão honesta e frutífera. 
 
 
 
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3 - A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS 
3.1. Conceitos de Cristificação 
Christos em grego é “ungido”, de epichriô, “ungir, “untar”. A ilustração utilizada pelo 
Educador em Teologia Expedito Nogueira Marinho bem se adeqúa a essa etimologia: 
quando cai sobre uma folha de papel uma gota de azeite, esse papel ou qualquer outra 
substância porosa fica ungida ou permeada pelo óleo ao ponto de parecer ambos a mesma 
coisa, porque tanto o azeite está no papel como o papel está no azeite, de forma que 
ambos não podem serem vistos separadamente. 
Por “cristificação”, entende-se o ato ou efeito de o homem Jesus de Nazaré (de fato, 
pessoa humana) ser permeado pelo “Cristo”. Para isso ocorrer Jesus teve que ser 
efetivamente homem. Entretanto, é preciso ponderar que apesar de Jesus ter nascido, 
crescido, trabalhado, sofrido como ser humano, não viveu como todo indivíduo. O nosso 
Senhor não era o tipo de homem como os outros homens. Essa análise deve ser feita para 
não se cair nos extremismos: uns elevam Jesus, a tal ponto de perder a sua humanidade 
como faziam os docéticos do passado; outros diminuem Jesus a tal ponto de confundi-lo 
com um mero ser humano qualquer. 
A. Ser Filho do Homem: Requisito Para Ser Cristificado. O primeiro requisito para 
Jesus de Nazaré ser cristificado foi o fato de ele não ser um homem do tipo que toda a raça 
humana é. Ele foi o único homem 100% humano, enquanto o restante dos seres humanos 
são apenas semi-humanos. Por isso mesmo, enquanto Se manifestou em carne aos 
homens, Ele preferia Se auto-entitular “O Filho do Homem”. Nosso Senhor não se 
denominou como filho de homem, mas sim Filho do homem, o que significa ser ele filho de 
uma geração 100% hominal. Ele foi gerado de modo diferente do restante da humanidade. 
O título Filho do Homem freqüentemente é aplicado à pessoa de Cristo, lembra sua 
humanidade (Jo 1.14). Cerca de 79 vezes esta expressão ocorre somente no NT e com 
exclusividade, nos Evangelhos, e vinte e duas vezes no livro do Apocalipse. Em Ezequiel 
(por toda a extensão do livro), a frase é empregada por Deus 91 vezes. Segundo o Dr. 
Allmen, em seu Vocabulário Bíblico citado por Tasker a expressão “Filho do Homem” (Jo 
3.13) havia se tornado uma figura messiânica mais corrente. Esse é o motivo porque um 
exame dos textos evangélicos permite, quase sem possibilidade de erro, preferir que ao 
designar-se “Filho do homem” o Senhor Jesus escolheu esse título, evidentemente, menos 
comprometido pelo nacionalismo judaico e pelas esperanças bélicas. Havia também uma 
esperança judaica do “Homem dos últimos tempos”, conforme lemos em Rm 5.12-21; 1 Co 
15.22, 45, 47; e 2. 5-11). R.V.G. Tasker Professor Emérito de Exegese do Novo Testamento 
na Universidade de Londres em sua obra Mateus - Introdução e Comentário, defende a 
idéia de que Cristo apartou para si o título em foco porque o termo expressava melhor do 
 
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que qualquer outro vocábulo os dois lados da sua natureza. Por um lado, chamava a 
atenção para as limitações e sofrimentos a que ele estava por necessidade sujeito durante 
a sua existência terrena; como homem real (sendo que o hebraico, “filho do homem” 
equivale a “homem”) esteve abaixo dos anjos, conforme Hb 2.6,7. Por outro lado. Também 
sugeria a sua transcendência, que se veria em toda a sua glória quando os homens vissem 
o Filho do homem vindo para juízo nas nuvens do céu e reivindicando os seus direitos de 
propriedade sobre todos os reinos de acordo com o vaticínio do profeta Daniel (Dn 
7.13,14). 
B. Jesus de Nazaré Pôde ser Cristificado Porque Também é o Filho de Deus. Para os 
teólogos católicos Juan Mateos e Juan Barreto, na obra Vocabulário Teológico do 
Evangelho de São João, a terminologia “Filho do homem” indica a condição humana 
realizada nele com excelência, plenitude e unicidade que o constitui em modelo de 
homem, o vértice da humanidade. Em outro momento da obra, apesar de os autores 
recomendarem cautela ao interpretar essa expressão. Admitem que “Homem” 
acompanhado do artigo definido “o” no Evangelho segundo escreveu João, ou seja, “O 
homem” (o Filho do homem) aparece no texto joanino doze vezes: 1.51; 3.13,14; 
6.27,53,62; 8.28; 9.35; 12.12,34; 13.31. A passagem mais destacável é Jo 6.27: “Trabalhai, 
não pela comida queperece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o 
Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo” (grifo nosso). Aqui 
o Filho do homem, distingui-se dos outros homens por estar marcado com o selo de Deus. 
Este selo é O Espírito, que recebeu em plenitude, conforme Jo 1.32,33. 
Ora, a visão de João Batista que descreve a descida do Espírito Santo é a explicação 
em forma de narrativa da afirmação teológica de Jo 1.14: “E o Verbo se fez carne, e 
habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do 
unigênito do Pai”. A glória identifica-se com o Espírito e sua comunicação se realiza e 
caracteriza o projeto de Deus feito homem (vemos que em Jo 1.1c “um” Deus era o 
projeto. O filho do Homem significa pois nos lábios de Jesus, sua própria humanidade que 
possui a plenitude do espírito, o projeto divino sobre o homem realizado nele, o modelo 
de homem, o ‘vértice humano. É a realidade de Jesus vista desde baixo, desde sua raiz 
humanam, que se ergue até à absoluta realização pela comunicação do Espírito. O seu 
correlativo é o título “o Filho de Deus”, que significa a mesma realidade vista de cima, 
desde de Deus, designado o que é totalmente semelhante a ele e possui a condição divina. 
Nessa linha de análise, a expressão “o Filho de Deus” designa Jesus como o que 
possui a plenitude do Espírito de Deus, denotando a relação particular e exclusiva que 
Jesus tem com o Pai. a expressão encontra-se pela primeira vez nos lábios de João Batista, 
expressando o efeito da descida do Espírito sobre Jesus, conforme Jo 1.32-34. A esta 
consagração com o Espírito o próprio Jesus associa a sua qualidade de Filho de Deus, 
 
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consoante Jo 10.36. A condição de Filho de Deus, unidade à de Messias, constitui a 
profissão de fé da comunidade cristã. Logo, Jesus de Nazaré pôde ser cristificado porque 
também é o Filho de Deus. 
3.2. O Tipo de Fecundação que Formou o Corpo do Senhor 
Jesus Cristo 
Como já discorri anteriormente Jesus de Nazaré não se auto-intitulou como filho de 
homem, mas sim Filho do homem, o que denota ser ele filho de uma geração 100% 
hominal. Para se entender isso é preciso distinguir a forma comum com que a espécie 
humana é gerada e o modo sobrenatural pelo qual “o Verbo se fez carne”. 
A. Geração Natural. Fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado 
- a penetração de um espermatozóide em um óvulo. Nesse sentido, fecundar é comunicar 
a (um germe) o princípio, a causa imediata do seu desenvolvimento; é conceber, gerar 
alguém. Poucas maravilhas da natureza podem ser comparadas ao mágico instante da 
concepção da vida humana. O encontro entre o óvulo e o espermatozóide e marcado na 
Trompa de Falópio. Lá o óvulo, em repouso, espera pacientemente a chegada de um 
espermatozóide para ser fecundado e posteriormente tornar-se um bebê. 
O milagre da criação natural deve ocorrer dentro de 24 horas, caso contrário como 
declara a escritora Déborah Fonseca “tudo se resumirá a um rio de sangue”, com a 
chegada da menstruação. De outro lado, bem próximo, no momento do orgasmo 
masculino cerca de 400 milhões de espermatozóides são liberados e partem em ritmo 
alucinado para fazer cumprir sua missão de criar um novo ser humano,. Alguns podem 
levar horas até percorrerem os 18 centímetros entre a vagina e as trompas. Os mais 
afoitos, porém, conseguem chegar em questão de segundos. Há ainda outros, sem a 
mesma sorte, que acabam ficando pelo caminho presos nas cavidades do útero. Apenas 
um pequeno grupo vence todos os obstáculos e chega próximo ao óvulo. Sem hesitar um 
só instante, um dos espermatozóides se adianta aos outros e penetra o óvulo. 
Imediatamente, a composição química do óvulo se altera e impede a passagem de outros. 
É o fim desta incrível jornada e o início de uma nova vida. Glória ao Criador! 
A forma pela qual a raça humana é fecundada é a hiloplasmática. O prefixo “hilo” 
vem do vocábulo “hily” que significa matéria; e “plasmática” origina-se de “plasmar” que 
quer dizer “formar”. Essa análise etimológica nos leva a concluir que um corpo “hilo-
gerado” é um corpo gerado pela matéria. Entende-se por matéria nesse contexto 
substância física, ou com mais aprofundamento, pelo ponto de vista filosófico da 
expressão, o que dá realidade concreta a uma coisa individual, que é o objeto de intuição 
no espaço e dotado de uma massa mecânica. Como vimos acima a forma com que uma 
 
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pessoa é gerada é um estupendo milagre. Mas, por mais maravilhoso (e não deixa de ser 
um milagre) que seja nosso Senhor Jesus teve uma geração muito mais maravilhosa que 
essa, como veremos adiante. 
B. Geração Sobrenatural. Se a produção de um ser humano natural já é estupenda e 
miraculosa, muito mais nos deixa estupefatos a forma com que “o Verbo se fez carne e 
habitou entre nós”. É o chamado milagre da regressão, que o Apóstolo Paulo bem 
descreveu de um modo até poético aos crentes em Filipos, quando expôs a profunda 
doutrina da necessidade de o cristão manter-se humildade em seu coração à semelhança 
de “Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus 
coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, 
tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si 
mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”. (Fp 2.5-8). 
Como expus anteriormente a fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano 
é gerado - no caso natural ocorre com a penetração de um espermatozóide em um óvulo, 
comunicando-lhe a causa imediata do seu desenvolvimento. Mas o nosso Senhor Jesus não 
foi fecundado pelo modo hiloplasmático como comentei anteriormente. Sua geração foi 
bioplasmática. Analisemos a etimologia do termo “bioplasmática”. A palavra “bios” em 
grego é “vida” e relembrando o sufixo “plasmática” vem de “plasmar” que quer dizer 
“formar”. Significa dizer que um corpo “bioplasmático” é um corpo formado pela vida. 
Logo, Jesus foi gerado pela vida. 
A geração bioplasmática por certo fora a maneira com qual Deus planejara a 
procriação da espécie humana a partir de Adão, entretanto, tal plano foi frustrado pelo 
fato de o primeiro homem não ser aprovado no teste de fidelidade aplicado pelo Senhor. O 
pecado interrompeu o projeto de procriação pela vida planejado pelo Criador. Em contra 
partida, Jeová pôde executar o seu plano de geração do ser através da encarnação do 
Verbo divino. O Filho de Deus não foi gerado pela matéria, por isso, pôde se auto-entitular 
de Filho do Homem. Jesus de Nazaré foi o maior homem que já pisou a face da Terra. 
Talvez a idéia acima fique estranha ao leitor apressado da Bíblia que lendo o Santo 
Evangelho de Jesus Cristo segundo escreveu São Lucas vê a própria declaração de Jesus 
acerca de um profeta “... entre os nascidos de mulher, não há maior profeta do que João 
Batista” (Lc 7.28). Jesus sabia que Ele próprio era o maior ser humano da face da terra (o 
único 100% homem), mas também tinha consciência que não tinha provindo a carne de 
Maria e muito menos de José. Conforme vemos em Lucas 1.35: “Respondeu-lhe o anjo: 
Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso 
o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus”. Falando de modo reverente, 
Gabriel diz que o Espírito Santo descerá sobre Maria e que o poder do Altíssimo a 
envolvera. 
 
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Alguns exegetas esclarecem essa passagem bíblica de modo peculiar. Leon Morris 
ensina que esta expressão delicada exclui idéias grosseiras de uma “união” entre o Espírito 
Santo com Maria. Gabriel deixa claro que a concepção de Maria será o resultado de uma 
atividade divina. Por causa disso, o filho a ser nascido seria “santo... o Filho de Deus”. A 
nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém esclarece que a expressão “o poder do Altíssimo te 
cobrirá com a sua sombra” evoca, seja nuvem luminosa de Jeová, conforme Ex 13.22, 
19.16, 24.16), seja as asas do pássaro que simbolizam o poder protetor (Sl 17.8; 57.2; 
140.8) e criador (Gn 1.2) de Deus. Merril Tenney assevera que em contraste com as lendas 
pagãs da antigüidade relacionadas com reputada descendência de deuses homens, não 
houve nenhuma intervenção física. O Espírito Santo, por meio de uma ato criador no corpo 
de Maria, providenciou os meios físicos para a encarnação. O teólogo E. F. Kevan ensina 
que o Espírito Santo desceu sobre a virgem Maria em Sua capacidade como poder criativo 
de Deus, conforme Gn 1.2, a encarnação foi o começo de uma nova criação. O “poder do 
Altíssimo” cobriu-a livre de toda a mancha do pecado. Ainda que verdadeiramente da raça 
de Adão, Jesus no entanto nasceu como Cabeça, sem pecado, de uma nova raça. As 
palavras de Gabriel: “Será chamado Filho de Deus”, dão base à filiação divina do filho de 
Maria quando de Sua concepção pelo Espírito divino. Isso não implica, nem tão pouco 
exclui a sua preexistência. Seu resultado é visto na consciência da paternidade de Deus que 
Jesus possuía desde Seus anos primordiais. Portanto, o homem Jesus não fora gerado pela 
matéria, mas sim, pela vida. Não foi contaminado com o elemento pecaminoso que havia 
em Maria. 
Por outro lado, os homens naturais são “gerados pela carne e pelo sangue”, por isso 
são mortais como todo animal, mas, o Senhor Jesus possuía em si a imortalidade. Prova 
disso foi o que Ele mesmo revelou acerca dessa verdade: “...dou a minha vida para a 
retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a 
dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo 
10.17,18). Somente tem legitimidade para falar dessa maneira quem possui em si a 
imortalidade. Isso corrobora a verdade de que Jesus foi gerado de um modo 100% humano 
e 0% animal, em função disso, ele intitula a si mesmo de “O filho do Homem”. 
3.3. Títulos Dados Igualmente a Deus Pai e a Jesus Cristo 
1. Deus: Deus Pai (Dt.4:39; IISm.7:22; IRs.8:60; IIRs.19:15; ICr.17:20; Sl.86:10; 
Is.45:6;46:9; Mc.12:32), Jesus Cristo (Compare Is.40:3 com Jo.1:23 e 3:28; Sl.45:6,7 
com Hb.1:8,9; Jo.1:1; Rm.9:5; Tt.2:13; IJo.5:20). 
2. Único Deus Verdadeiro: Deus Pai (Jo.17:3), Jesus Cristo (IJo.5:20). 
3. Deus Forte: Deus Pai (Ne.9:32), Jesus Cristo (Is.9:6). 
 
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4. Deus Salvador: Deus Pai (Is.45:15,21; Lc.1:47: Tt.3:4), Jesus Cristo (IIPe.1:1; 
Tt.2:13; Jd.25). 
5. Jeová: Deus Pai (Ex.3:15), Jesus Cristo (Compare Is.40:3 com Mt.3:3 e Jo.1:23). 
6. Jeová dos Exércitos: (ICr.17:24; Sl.84:3; Is.51:15; Jr.32:18;46:18), Jesus Cristo 
(Compare Sl.24:10 e Is.6:1-5 com Jo.12:41; Is.54:5). 
7. Senhor: Deus Pai (Mt.11:25;21:9;22:37; Mc.11:9;12:29; Rm.10:12; Ap.11:15), 
Jesus Cristo (Lc.2:11; Jo.20:28; At.10:36; ICo.2:8;8:6;12:3,5; Fp.2:11; Ef.4:5). 
8. Único Senhor: Deus Pai (Mc.12:29; Dt.6:4), Jesus Cristo (ICo.8:6; Ef.4:5). 
9. Jeová e Salvador, Senhor e Salvador: Deus Pai (Is.43:11;60:16; Os.13:4), Jesus 
Cristo (IIPe.1:11;2:20;3:18). 
10. Salvador: Deus Pai (Is.43:3,11;60:16; ITm.1:1;2:3; Tt.1:3;2:10;3:4; Jd.25), Jesus 
Cristo (Lc.1:69;2:11; At.5:31; Ef.5:23; Fp.3:20; IITm.1:10; Tt.1:4;3:6). 
11. Único Salvador: Deus Pai (Is.43:11; Os.13:4), Jesus Cristo (At.4:12; ITm.2:5,6). 
12. Salvador de todos os homens e do mundo: Deus Pai (ITm.4:10), Jesus Cristo 
(IJo.4:14). 
13. O Santo de Israel: Deus Pai (Sl.71:22;89:18; Is.1:4; Is.45:11), Jesus Cristo 
(Is.41:14;43:3;47:4;54:5). 
14. Rei dos reis, Senhor dos senhores: Deus Pai (Dt.10:17; ITm.6:15,16), Jesus Cristo 
(Ap.17:14;19:16). 
15. Eu Sou: Deus Pai (Ex.3:14), Jesus Cristo (Jo.8:58). 
16. O Primeiro e O Último: Deus Pai (Is.41:4;44:6;48:12) Jesus Cristo 
(Ap.1:11,17;2:8;22:13). 
17. O Esposo de Israel e da Igreja: Deus Pai (Is.54:5;62:5; Jr.3:14; Os.2:16), Jesus Cristo 
(Jo.3:9; IICo.11:2;; Ap.19:7;21:9). 
18. O Pastor: Deus Pai (Sl.23:1), Jesus Cristo (Jo.10:11,14; Hb.13:20). 
3.4. Obras Atribuídas Igualmente a Deus Pai e a Jesus Cristo 
1. Criou o mundo e todas as coisas: Deus Pai (Ne.9:6; Sl.146:6; Is.44:24; Jr.27:5; 
At.14:15;17:24), Jesus Cristo (Sl.33:6; Jo.1:3,10; ICo.8:6; Ef.3:9; Cl.1:16; Hb.1:2,10). 
2. Sustenta e preserva todas as coisas: Deus Pai (Sl.104:5-9; Jr.5:22;31:35), Jesus 
Cristo (Cl.1:17; Hb.1:3; Jd.1) 
3. Ressuscitou Cristo: Deus Pai (At.2:24; Ef.1:20), Jesus Cristo (Jo.2:19;10:18). 
 
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4. Ressuscitou mortos: Deus Pai (Rm.4:17; ICo.6:14; IICo.1:9;4:14), Jesus Cristo 
5. (Jo.5:21,28,29;6:39,40,44,54;11:25; Fp.3:20,21). 
6. É o Autor da regeneração: Deus Pai (IJo.5:18), Jesus Cristo (IJo.2:29). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 - OS NOMES E TÍTULOS DE CRISTO 
Há especialmente cinco nomes que requerem breve consideração neste ponto. 
Descrevem em parte Suas naturezas, em parte Sua posição oficial, e em parte a obra para a 
qual Ele veio ao mundo. 
4.1. O Nome Jesus 
O NOME JESUS. O nome Jesus é a forma grega do hebraico Jehoshua, Joshua, Js. 1.1; 
Zc 3.1, ou Jeshua (forma normalmente usada nos livros históricos pós-exílicos), Ed 2.2. A 
derivação deste nome tão comum do Salvador oculta-se na obscuridade. A opinião 
geralmente aceita é que deriva da raiz yasha’, hiphil hostia’, salvar, mas não é fácil explicar 
como foi que Jehoshua’ tornou-se Jeshua’. Provavelmente Hoshea’, derivado do infinitivo, 
foi a forma original (cf. Nm 13.8, 16; Dt 32.44), expressando meramente a idéia de 
redenção. O yod, que é o sinal do imperfeito, pode ter sido acrescentado para expressar a 
certeza da redenção. Isto se harmonizaria melhor com a interpretação do nome dado em 
Mt 1.21. Quanto a uma outra derivação, de Jeho (Jehovah) e shua, socorro (Gotthilf), cf. 
Kuyper, Dict. Dogm. O nome foi dado a dois bem conhecidos tipos de Jesus do Velho 
Testamento. 
4.2. O Nome Cristo 
Se Jesus é o nome pessoal, Cristo é o nome oficial do Messias. É o equivalente de 
Mashiach do Velho Testamento, (de maschach, ungir) e, assim, significa “o ungido”. 
Normalmente os reis e os sacerdotes eram ungidos, durante a antiga dispensação, Ex 29.7; 
Lv 4.3; Jz 9.8; 1 Sm 9.16; 10.1; 2 Sm 19.10. O rei era chamado “o ungido de Jeová”, 1 Sm 
24.10. Somente um exemplo de unção de profeta está registrado, 1 Rs 19.16, mas 
provavelmente há referências a isto em Sl 105.15 e Is 61.1. O óleo usado na unção desses 
oficiais simbolizava o Espírito de Deus, Is 61.1; Zc 4.1-6, e a unção representava a 
transferência do Espírito para a pessoa consagrada, 1 Sm 10.1, 6, 10; 16.13, 14. A unção 
era sinal visível de (a) designação para um ofício;

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