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Caso 1. JGT, 56 anos, procura atendimento médico com queixa de dores abdominais em faixa e perda de peso progressiva no último ano. O paciente nega febre, diarreia, relata história de etilismo diário e esteatorreia. Na anamnese, o médico percebe aumento do volume abdominal com edema até a coxa, eritema palmar e presença de circulação colateral no abdome. O médico solicita tomografia computadorizada e exames laboratoriais. O paciente realiza tomografia de abdome que demonstrou calcificações no pâncreas. Além do exame de imagem, o médico solicitou dosagem de algumas enzimas: Amilase, Lipase, GGT, TGP e TGO, estando todas elevadas. Além disso, constatou-se albumina sérica elevada, sumário de urina no qual foi detectado presença de cálcio, e exame parasitológico confirmando apenas a esteatorreia, eliminando as parasitoses. a. Qual o diagnóstico mais provável e por quê? Cirrose hepática. Devido as manifestações clínicas comuns em caso de cirrose, como: Perda de peso progressiva, aumento do volume abdominal com edema até a coxa, eritema palmar e presença se circulação colateral no abdome. Além dos achados laboratoriais como: Níveis elevados das enzimas hepáticas (TGO, TGP e GGT). Pancreatite crônica, devido a presença de calcificações no pâncreas, como demonstrado na tomografia, aumento da amilase lipase e presença de esteatorreia nas fezes. b. Explique os resultados laboratoriais. Amilase e lipase são enzimas produzidas pelo pâncreas, seus níveis elevados podem sugerir disfunção pancreática. Os níveis elevados de GGT, TGO E TGP estão relacionadas com lesões hepáticas associadas ao alcoolismo. No sumário de urina observa-se presença de carbonato de cálcio precipitado, produto da calcificação causada pela pancreatite crônica associada ao alcoolismo. No desenvolvimento da pancreatite crônica, as proteínas podem estar aumentadas no suco pancreático que se aderem aos ductos e formam esses cálculos. A esteatorreia é causada por uma má absorção no pâncreas, em que a lipase não é secretada adequadamente devido a insuficiência pancreática. A Albumina é a principal proteína circulante no organismo humano, o fígado é o único órgão responsável pela sua produção. Como a meia vida da albumina é relativamente alta (cerca de 20 dias), a redução da síntese pelo fígado pode demorar vários dias para se manifestar laboratorialmente (albumina sérica). Podendo justificar os níveis elevados de albumina sérica nos achados laboratoriais. c. Você faria algum exame complementar? Quais. Sim. Dosagem de LDH e isoenzimas LDH (LDH-4, encontrado no pâncreas e LDH-5, encontrado no fígado), Fatores de coagulação, Atividade de protrombina, Glicemia, Fosfatase alcalina, Bilirrubina direta e indireta, Dosagem de Tripsina e Ultrassonografia abdominal. d. Explique os sinais e sintomas da paciente. O edema de membros inferiores é causado pela diminuição dos níveis de albumina, que não está sendo produzida pelo fígado, devido à lesão. A albumina tem função na pressão oncótica, à medida que os níveis vão reduzindo ocorre diminuição da pressão oncótica e a pressão hidrostática supera o gradiente, levando a um extravasamento de liquido dos vasos para o espaço intersticial. O aumento abdominal, se dá pelo mesmo mecanismo, porém, ocorre também aumento da pressão hidrostática devido a obstrução de vasos, que é causada pelo hipofluxo no fígado cirrótico. Esse mesmo mecanismo gera a circulação colateral no abdome. A esteatorreia (gordura nas fezes) presente é causada por uma má absorção no pâncreas, em que a lipase não é secretada adequadamente devido a insuficiência pancreática. Os depósitos de proteína e cálcio no interior dos ductos pancreáticos causam um aumento da pressão no interior do órgão, intensificado pelo estímulo secretório, com consequente isquemia de áreas do parênquima. Pode haver uma inflamação das terminações nervosas do órgão, lesando suas bainhas e permitindo a ação de mediadores locais que estimulam a dor. A perda de peso desses pacientes é influenciada por diversos fatores, como o medo de se alimentar, por ser a alimentação um desencadeante da dor abdominal, a má absorção de nutrientes.
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