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Sociedade e Sociabilidade Segundo Georg Simmel

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Sociedade e Sociabilidade 
Segundo Georg Simmel 
Publicado por ​Glauber Queiroz 
A sociedade, conforme Georg Simmel​ ​se manifesta a partir 
da formação de uma complexa rede de interação entre indivíduo​, 
impulsionada por diversas ​motivações como paixão e desejo​, que 
são 
exemplos do que esse berlinense atribui como constituintes das 
matérias e 
conteúdos da vida social. Portanto,​ na essência, a sociedade se 
decorre de 
um emaranhado ​(conjunto de coisas misturadas de forma confusa) 
de ​ações e reações​, desenvolvidas no cotidiano das 
diversas formas e conteúdos das relações 
sociais. 
Logo, ​a sociedade é estabelecida como o produto das manifestações 
de 
contato social​, na medida em que “os indivíduos estão ligados uns 
aos 
 
outros pela influência mútua que exercem entre si pela determinação 
recíproca que exercem uns sobre os outros” (SIMMEL, 2006, 
p.17). 
Segundo o pensamento de​ Simmel, “o mundo social pode ser 
considerado 
a partir de diversos ângulos e enfoques​(e pontos de vistas)​à medida 
que envolve um 
encadeamento ​(ligações)​ de ações que se relacionam”​ , em 
virtude das inúmeras formas e conteúdos que constituem os 
elementos da 
vida social. 
Instintos eróticos, interesses objetivos, impulsos religiosos, objetivos 
de 
defesa, ataque, jogo, conquista, ajuda, doutrinação e inúmeros outras 
situações fazem com que o ser humano entre, com os outros, em 
uma 
relação de convívio​, de atuação com referência ao outro, com o outro 
e 
contra o outro, em um estado de correlação​(semelhanças)​ com os 
outros. Isso quer dizer 
que ele exerce efeito sobre os demais e também sofre efeitos por 
parte 
deles.​ ​Não obstante​(impedindo/contudo)​muitas dessas 
manifestações relacionais possuírem conteúdo 
 
de caráter conflituoso, em razão da colisão de interesses individuais, 
Simmel interpreta a disputa como fator positivo para todo o corpo 
social, 
na proporção em que tal situação seja dirimida​(impedida) 
mediante​(perante)​acordo, pois 
significaria a sofisticação​(modernidade)​da consciência do indivíduo 
como parte 
integrante de uma unidade 
coletiva. 
Sendo o interagir​(diálogo)​social entre indivíduos um processo que 
marca o ponto 
fundamental de uma sociedade, são as mútuas​(recíproca)​ações e 
reações entre os seres 
humanos em decorrência​(consequência)​ de sua existência física em 
determinado momento 
e território que permitem afirmar que há a plena configuração de uma 
sociedade. 
Assim, pode-se dizer que ​“sempre que houver indivíduos que se 
encontrem 
em reciprocidade de ação – seja ela permanente ou passageira, seja 
ela com, 
contra ou pelos outros, pode-se falar em sociedade” 
Desse modo, a intensidade da interação​(diálogo)​ entre os indivíduos 
 
que compõem 
o grupo é diretamente proporcional à caracterização de uma unidade 
social, 
ou seja, ​quanto mais vigorosa a interação entre o grupo, mais ele se 
constitui 
em uma sociedade. 
Para o pensamento simmeliano, ​as manifestações sociais 
reciprocamente 
estabelecidas compreendem a essência de uma sociedade, em um 
processo 
de constante construção, desconstrução e reconstrução 
 Seguindo essa premissa, o​ termo sociação é estabelecido por 
Simmel para definir um processo que começa a existir a partir do 
momento 
em que os indivíduos passam a interagir e a adotar sistemas de 
cooperação 
e colaboração, mesmo que seu conteúdo careça​(exigir)​ de um 
caráter social caso 
considerado 
isoladamente. 
A sociação ​é, portanto, ​a forma​ (que se realiza de inúmeras maneiras 
distintas) ​na qual os indivíduos, em razão de seus interesses – 
sensoriais, 
ideais, momentâneos, duradouros, conscientes, inconscientes​, ​Esses 
 
interesses sejam eles sensoriais, ideais, momentâneos, 
duradouros, conscientes, inconscientes, causais ou teleológicos, 
formam a 
base da sociedade humana​. ​(Simmel, 2006, p. 
60). 
Enquanto processo fundamental da ​constituição ​de uma sociedade, a 
sociação pode ser compreendida como aquilo que tem a capacidade 
de 
propiciar a emissão​(produção)​ ou recepção​(receber)​, tanto de uma 
ação física quanto da 
influência exercida por outro indivíduo. Para Simmel, a sociação 
comporta 
uma distinção​(é uma ação de separação)​ entre forma e conteúdo, 
sendo que este é constituído dos 
elementos intrínsecos​(essenciais)​aos seres humanos que os tornam 
capazes de se 
relacionar com seus semelhantes por interesse ou motivação. Em 
outras 
palavras, conteúdo e matéria da sociação é “tudo o que existe nos 
indivíduos e nos lugares concretos de toda realidade histórica (...) 
tudo o 
que está presente nele de modo a engendrar​(exista)​ ou 
mediatizar​(divulgar)​ os efeitos sobre 
os outros, ou a receber esses efeitos dos outros” (Simmel, 2006, 
p.60). 
Esses elementos fundados em interesses e motivações dos 
 
indivíduos, 
assim como já dito, se considerados isoladamente não possuem 
caráter 
social, pois que apenas se estabelecem como elementos da sociação 
a partir 
do momento em que podem ser definidos como meio de interação 
que 
estabelece um elo entre ambos os agentes da relação 
social. 
Mas as motivações, impulsos e interesses, só constituem os 
elementos do 
fenômeno da sociação quando idôneo a ensejar​(possibilitar)​a 
formação de uma 
sociedade, no instante em que torna possível a interação entre os 
indivíduos 
e oportuniza a transformação de um aglomerado de pessoas isoladas 
em 
“formas de estar com o outro e de ser para o outro”, nas quais os 
indivíduos 
vão se vincular e influir uns sobre os outros. (PERES, 2011, p. 
102). 
No entanto, Simmel verifica que os conteúdos da vida social se 
tornam 
autônomos e indissociáveis do “objeto que formaram exclusivamente 
 
para 
seu próprio funcionamento e realização” (2006, p. 61). Ocorre que as 
formas do material que tomamos do mundo são elaboradas com 
arrimo em 
condições e necessidades práticas. A partir daí, em virtude de 
determinados 
propósitos, é dado a este material determinada forma que por sua 
vez é 
utilizada como elementos da vida 
social. 
Porém, certos conteúdos da vida social perdem seu uso prático 
habitual e 
se libertam, em determinada medida, do serviço à vida que 
originariamente 
estava vinculado, passando então a se tornar autônomo e a possuir 
um valor 
em si mesmo “e não em função da legitimação de outra instância 
superior 
e extrínseca que ditaria como se deve formar a matéria da vida” 
(SIMMEL, 
2006, p. 62). 
O que é autenticamente “social” nessa existência é aquele ser com, 
para e 
contra os quais os conteúdos ou interesses materiais experimentam 
 
uma 
forma ou um fomento por meio de impulsos ou finalidades. Essas 
formas 
adquirem então, puramente por si mesmas e por esse estímulo que 
delas 
irradia a partir dessa liberação, uma vida própria, um exercício livre 
de 
todos os conteúdos materiais; esse é justamente o fenômeno da 
sociabilidade. ​(SIMMEL, 2006, p. 64). 
Definida por Simmel como sendo a “forma lúdica da sociação”, a 
sociabilidade​(comunidade)​ por sua vez é a forma pela qual os 
indivíduos constituem​(formam)​ uma 
unidade no intuito de satisfazer seus interesses, onde forma e 
conteúdo são 
na experiência concreta processos indissociáveis​(unidos)​ ​(Simmel, 
2006, p. 65). 
Enquanto que no processo que constitui a sociação as formas 
assumidas 
pelos elementos constitutivos da vida social acarretam na 
determinação da 
forma em razão do conteúdo, no fenômeno da sociabilidade a forma 
constitui seu próprio conteúdo, com finalidade em si 
mesmo. 
O ponto fundamental não é o objetivo pelo qual o grupo se forma, 
 
mas o 
interesse e o prazer embutido na própria união social dos indivíduos; 
o 
sentimento de pertencimento a determinado grupo, não importa o 
objetivo 
de seu agrupamento. 
Presente em situações tão diversas quanto “reuniões econômicas,irmandades de sangue, comunidades religiosas, bandos de 
bandidos”, que 
apesar de motivações e interesses distintos, bem como conteúdos 
específicos, guardam a semelhança fundamental da sociabilidade, 
pois 
“​todas essas formas de sociação são acompanhadas por um 
sentimento e 
por uma satisfação​ de estar justamente socializado, pelo valor da 
sociedade 
enquanto tal” (SIMMEL, 2006, p.64). 
Determinadas experiências da vida cotidiana podem ser apontadas 
como 
exemplos por excelência do que Simmel descreve por sociabilidade: 
“Sair, 
jogar conversa fora, namorar, encontrar com os amigos, em geral, 
não têm 
outro fim principal senão o prazer e o sentimento de estar junto e de 
 
‘praticar’ a própria sociação” (PERES, 2011, p. 
105). 
Wacquant (2002) desvela um exemplo sobre uma das maneiras em 
que a 
sociabilidade se expressa no interior de um centro de treinamento de 
boxeadores localizado na Cidade estadunidense de Chicago nos 
anos 1980, 
ao longo de sua busca pela compreensão do emaranhado das 
relações 
sociais e construções simbólicas lá 
surgidas: 
Escudo protetor contra as tentações e os riscos da rua, a academia 
de boxe 
não apenas é o local de um exercício rigoroso do corpo; ela também 
é 
suporte do que Georg Simmel chamou de “sociabilidade” 
(Geselligkeit), 
esses processos puros de associação que têm seu fim neles mesmo, 
essas 
formas de interação social no limite desprovidas de conteúdo ou 
dotadas 
de conteúdos socialmente anódinos. (...). Tudo se passa, de fato, 
como se 
um pacto de não agressão governasse as relações interpessoais e 
 
excluísse 
da conversa todo o tema “sério”, capaz de atentar contra essa “forma 
lúdica de socialização” (...). ​(WACQUANT, 2002, p. 
56). 
O jogo erótico presente na coqueteria é exposto por Simmel como 
“realização mais leve, lúdica, e também a mais ampla” da 
sociabilidade 
(2006, p. 72). Coquete é a pessoa que empreende esforços para 
despertar a 
admiração e o interesse alheios, que se utiliza de excessivo cuidado 
quanto 
a sua forma física, estética e demais apetrechos ornamentais. O 
exercício 
de seu poder de atração erótico não guarda a verdadeira pretensão 
de 
consumar o ato insinuado, oscilando seu comportamento entre o sim 
e o 
não, sem uma definição quanto a seu real 
interesse. 
A coqueteria é explicada por Simmel como “o jogo da ironia e do 
gracejo​(dizer coisas engraçadas) 
com o qual o elemento erótico ao mesmo tempo desata os puros 
esquemas 
de suas interações de seu conteúdo material ou totalmente 
individual” 
 
(2006, p. 74). Há alternância entre indícios de atração e repúdio nas 
encenações que constituem os atos típicos de sedução, sem chegar 
a uma 
decisão definitiva, que mantem presentes as condições pró e contra 
a 
consumação das expectativas produzidas no agente 
seduzido. 
Segundo Simmel, “assim como a sociabilidade joga com as formas 
da 
sociedade, a coqueteria joga com as formas do erotismo – uma 
afinidade de 
essências que de certa maneira predestina a coqueteria a ser um 
elemento 
da sociabilidade” (SIMMEL, 2006, p. 74). 
Na sociabilidade há um processo que a torna um fim em si mesmo. 
Forma 
e conteúdo se fundem e se definem, constituindo um fenômeno 
social que 
prescinde de uma razão, interesse ou motivação extrínseca para sua 
ocorrência no interagir entre os 
indivíduos. 
NOTAS: 
 
[1] PERES et al (2011, p. 94) destaca que apesar de não ser 
atribuído a 
Simmel o mesmo prestígio dado a seus contemporâneos Marx, 
Durkheim e 
Weber, sua obra “a filosofia do dinheiro”, de 1900, merece 
reconhecimento 
como uma das principais obras que deram base ao pensamento 
sociológico. 
[2] Em alemão “Vergesellschaftung” tradicionalmente traduzido para 
o 
idioma português como “sociação” (PERES, 2011, p. 
98). 
REERÊNCIAS: 
PERES, Fabio de Faria et al. ​A ‘sensibilidade’ de Simmel​: notas e 
contribuições ao estudo das emoções. RBSE 10 (28): 93-120, ISSN 
1676- 
8965, abril de 2011. 
SIMMEL, Georg. (2006). ​Questões fundamentais de sociologia: 
individuo 
e sociedade. Tradutor Pedro Caldas. Rio de Janeiro: 
Zahar. 
WACQUANT, Loic. (2002). ​Corpo e alma​: notas etnográficas de um 
aprendiz de boxe. Trad. Angela Ramalho. Rio de Janeiro: Relume 
Dumará.] 
 
Glalber Queiroz é Mestre em Segurança Pública, Especialista em 
Direito 
Público e Graduado em Direito. E-mail: 
glalberqueiroz@gmail.com

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