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Ação de Exigir Contas - Introdução Quando confiar a administração de bens, valores ou interesses de uma pessoa é confiada a outrem, haverá necessidade de prestação de contas, ou seja, relacionar de maneira pormenorizada as receitas e as despesas havidas no desenvolvimento da administração. • Receitas: Entrada de recursos que ocorrem na empresa. o Nem toda entrada é receita, já que esta está vinculada a atividade fim. • Despesas: Saída dos recursos que ocorrem na empresa. o Nem toda saída é despesa, como por exemplo, adquirir equipamento, mesmo que saia recurso, ela é considerada investimento e será recuperado em determinado prazo. - Ação de exigir contas surgirá sempre que existir um conflito entre os sujeitos que participam daquela relação jurídica de direito material * Prestação de contas envolve duas situações: 1) A solicitação da realização da prestação de contas – apresentar a receita e despesa - Condenação à prestação de contas (obrigação de fazer) 2) Verificar se há restituição e pagamento a ser realizado - Condenação ao pagamento do saldo residual (obrigação de pagar) - Por conta dessa segunda característica da ação de exigir contas, ela é considerada uma ação de natureza condenatória. - Legitimidade CPC 1973 x CPC 2015 - CPC/73 – Ação de exigir contas e ação de dar contas • Qualquer dos sujeitos da relação jurídica tinha legitimidade para propor o Autor seria aquele que primeiro buscasse o Poder Judiciário diante do conflito ▪ Sujeito que realizou a administração – Ação de dar contas ▪ Sujeito que teve seus bens administrados – Ação de exigir contas - CPC/15 – Ação de exigir contas • Legitimidade ativa – Aquele que afirma que teve seus bens, valores e interesses administrados (Art. 550/NCPC) o Antes de discutir a validade das contas apresentadas, deverá comprovar que o réu tem o dever de prestá-las o Deverá demonstrar que houve recusa na prestação extrajudicial das contas ▪ Testemunha, documentos. Ex: Prova documental – Envio um telegrama para a pessoa solicitando a prestação de contas e ela permanece inerte no prazo estabelecido – Demonstração de que não houve a prestação - Lei pode exigir a prestação de contas em juízo? R: Sim. Inventariante, tutor, curador – Há naturalmente um interesse de agir presumido. • Portanto, naqueles casos em que não houver exigência na prestação de contas, tenho que suprir a presunção com a efetiva comprovação da necessidade de prestar contas - Como funciona em sociedades? Condomínios? Cooperativas? R: Aqueles sócios, condôminos, cooperados que não estão na administração da sociedade têm legitimidade ativa para propor ação de prestação de contas em face do gerente. • Exceção: Caso tenha havido a aprovação de contas por órgão interno – assembleia geral – não será admitida a demanda judicial • Não adianta querer exigir contas se órgão interno já aprovou. Carece de objeto - Art. 550 – Aquele que afirma que teve seus bens, valores ou interesses administrados. * Deverá comprovar que o réu tem o dever de prestá-las * Tenho direito de exigir contas por conta do interesse em relação aos bens, interesses e valores administrados por terceiros - Natureza Dúplice 1) Prestação de contas 2) Condenação em pagar saldo devedor apurado * O bem da vida – dinheiro resultante do saldo devedor – irá obrigatoriamente ficar com uma das partes • Autor: Caso o réu seja condenado a pagar • Réu: Caso o autor seja condenado a pagar - Se verificado que, além da obrigação de fazer [prestar contas], houver um saldo residual, ou seja, um valor remanescente a pagar, o réu será condenado a esse pagamento • Só que pode ocorrer o inverso. As contas são prestadas e verifica-se que não há saldo residual em favor do autor, mas sim em favor do réu, necessitando o autor complementar os valores repassados ao Réu, que foi inferior àquele realmente devido • Inverte-se o jogo – Quem vira credor [por conta da natureza dúplice] será o Réu - Entendimento majoritário da doutrina e jurisprudência é que não cabe reconvenção, já que a simples defesa do réu é suficiente para lhe entregar o bem da vida em disputa - Competência 1) Competência Relativa: Art. 53, IV, b – Foro competente o lugar do ato ou fato da ação em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios • Admissível a prorrogação do foro em razão da não contestação do ajuizamento da ação em lugar diverso desse; • Admissível em virtude da eleição de um foro competente no momento que atribuo a administração dos meus bens a alguém 2) Competência Absoluta: Juízo que tiver nomeador – inventariante, tutor, curador ou depositário – para julgar ações de prestação de contas proposta contra eles – Art. 553 • Art. 61 do CPC – Processamento da ação acessória – Juízo competente para julgar ação principal • Processar em apenso aos autos onde forem nomeados • Caso não preste e tenha valor a receber pelo serviço realizado ele sofrerá sanções estabelecidas no parágrafo único do art. 553 • A competência absoluta perpetuará mesmo após o encerramento do processo principal, no qual o administrador foi nomeado pelo juízo - Procedimento - São duas fases procedimentais 1) Petição Inicial: Dois pedidos 1.1) Condenação do réu a prestar contas 1.2) Condenar o réu ao pagamento do saldo devedor a ser apurado - Especificação detalhada das razões pelas quais deve o réu prestar contas Primeira fase – Decisão sobre o dever de prestar contas • Mérito será decidido em dois momentos distintos • Art. 1.015, II – Mérito do processo – Agravo de Instrumento - Apesar de definir o mérito, ela tem natureza de decisão interlocutória por ausência do seu caráter terminativo • Decido, mas não encerro a fase cognitiva do processo de conhecimento Pergunta: E se eu recorrer por apelação? R: Entendo – Daniel Assumpção e Elpídio Donizetti – que deve ser aplicado o princípio da fungibilidade recursal até pacificação do tema. - Prazo de resposta: 15 dias 1) Apresentar contas e não contestar: Reconhece o dever jurídico de prestar contas (primeira fase) – Passe-se a analisar a segunda fase do processo – Ver se tem saldo devedor a ser pago 2) Apresentar contas e contestar: Aqui não há divergência em relação à obrigatoriedade de prestar contas – Há divergência em relação ao conteúdo o Ex: Sou sócio de uma empresa de transportes e ela pertence a um grupo econômico que tem várias empresas. Na ação de exigir contas, peço que ele preste contas da empresa de transportes, mas também exijo saber as contas em relação à fábrica de pneus e cachaça. o Empresa apresentará as contas em relação à empresa de transportes, mas contestará o pedido em relação às outras 3) Contestar e não apresentar contas: Alega a inexistência de dever de prestar contas. Poderá alegar todas as matérias admitidas em direito. 4) Não contestar e não apresentar contas: Será considerado revel. Mesmo assim, o juiz poderá determinar ao autor especificar provas para demonstrar a veracidade das alegações dos fatos constitutivos de seu direito. ➔ Resultados possíveis: o 1) Decisão que extingue sem resolução ou julga improcedente o dever de prestar contas – Decisão de mérito terminativa – Caberá apelação o 2) Decisão que acolhe pedido do autor - Segunda fase procedimental – Acolhimento do pedido do autor • Apuração de ter ou não saldo a ser aferido nas contas apresentadas e julgadas Procedimento: 1) Réu apresentar as contas: Autor manifestará em 15 dias sobre elas, devendo impugnar – se houver – de maneira fundamentada e específica a. Poderá produzir prova pericial, se necessário b. Havendo impugnação específica, o Réu poderá apresentar documentos que justifiquem os lançamentos especificamente impugnados 2) Réu não apresentar as contas: Autor manifestará [prestará as contas] em 15 dias, não podendo o réu manifestar sobre elas, sofrendo uma punição– sanção Art. 550 – parágrafo 6º a. Entretanto, isso não significa que o juiz não possa determinar a produção das provas que entender necessárias para o esclarecimento da questão b. Observe que o juiz pode determinar sim a realização de perícia, mas aqui, ainda que não esteja claro, já há um peso: o réu descumpriu uma ordem judicial, portanto, poderá influenciar na própria decisão do magistrado o não atendimento a ordem judicial - Joga-se a responsabilidade ao Réu, dizendo a ele que, se não participar da formação e análise das contas, indicando as suas, ele também não poderá discutir aquelas que o autor apresentar - Sentença será título executivo - Contas de inventariante, tutor, curador ou qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo.
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