Buscar

Resumo - Bleger

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

1 
A Psicologia Institucional de José Bleger 
1. A Psicologia Institucional; 
2. A estrutura e dinâmica da instituição: 
a) Indivíduo, grupo e instituição; 
b) A sociabilidade por interação e a sociabilidade sincrética; 
c) Grupo primário, estereotipado e secundário; 
d) O conflito e o grau de maturidade institucional. 
 
Bibliografia: 
Bleger, J. Psico-Higiene e Psicologia Institucional, Porto Alegre, Editora Artes Médicas 1984. 
Bleger, J. Temas de Psicologia, São Paulo, Martins Fontes, 1984. 
 
 
No seu estudo a respeito da Psicologia nas Instituições, Bleger• (1984) considera como 
importante três características fundamentais: a estrutura e dinâmica da Instituição; o estudo da 
Psicologia Institucional e a estratégia da Psicologia Institucional. A propósito desta apresentação 
abordarei os dois primeiros itens. 
O termo Psicologia Institucional foi criado por Bleger e segundo ele, este ramo da Psicologia 
deve recorrer ao que já foi acumulado pela Psicologia: teoria, método, técnicas. Especificamente irá 
utilizar as contribuições da Psicologia Social e da Psicanálise. 
Por Psicologia Institucional Bleger (1984) entende um campo que “abarca um conjunto de 
organismos de existência física e concreta que têm um certo grau de permanência em algum campo 
ou setor específico da atividade ou vida humana, para estudar neles todos os fenômenos humanos 
que se dão em relação com a estrutura , a dinâmica, funções e objetivos da Instituição”. Assim, 
dada uma Instituição, o psicólogo deve centrar sua atenção no cotidiano institucional, nas relações 
interpessoais que nela se tecem e no efeito nos que dela participam. 
O papel do psicólogo deve ser o de investigador das relações interpessoais, ele deve 
conhecer e buscar a compreensão das variáveis manifestas e latentes que determinam o 
comportamento humano nessas relações. O objetivo mais geral do psicólogo no campo institucional, 
segundo Bleger, é o da psico-higiene, ou seja, conseguir a partir de sua intervenção uma melhor 
organização no ambiente de trabalho e promover maior bem-estar para os integrantes da Instituição. 
Significa capacitar os que nela participam a enfrentar as situações de conflitos, promovendo o 
 
• José Bleger (1922-1972) – psiquiatra e psicanalista argentino, marxista e militante comunista 
 
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Definição de Psico Institucional para Bleger
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Definição de Psico-higiene
 2 
desenvolvimento dinâmico do ser humano. Prevê “o ser humano na sua saúde, integração e 
plenitude” (Bleger ,1984). 
Para Bleger (1984), os vínculos humanos são portadores de ambigüidades e ambivalências, 
nem sempre explicitadas por estarem fora do alcance da consciência do sujeito. Os conflitos não 
adequadamente elaborados num ambiente de trabalho podem ocasionar grande perda de energia e 
desgaste pessoal. Requerendo a necessidade da ajuda de um profissional, cabe a este facilitar as 
relações, explicitando o que está implícito, para favorecer uma maior aprendizagem e consciência. 
 Para que o psicólogo possa enfrentar esta tarefa, alguns aspectos devem ser 
observados. A Instituição deve ser considerada enquanto totalidade, nela as partes mantêm uma 
relação de interdependência. Mesmo que o profissional no seu trabalho se ocupe de uma parte da 
Instituição, esta deve ser reconhecida como uma unidade que, por estar em relação com o todo, o 
representa. A realidade institucional deve ser compreendida e avaliada na perspectiva da totalidade. 
Bleger diferencia o psicólogo que trabalha na Instituição do psicólogo institucional. O primeiro 
atua como empregado, recebe ordens, sua função é preestabelecida pelos diretores. Já o psicólogo 
institucional deve deduzir sua tarefa a partir de um estudo diagnóstico. Para que isto seja viável o 
psicólogo deve manter, rigorosamente, o papel de consultor ou assessor, o que lhe proporcionará 
um certo grau de distância, evitando a dependência econômica e profissional e o ajudará assim a 
manter as condições básicas para um bom manejo técnico. É possível afirmar que o motivo em que 
a Instituição se fundamenta para contratar o psicólogo, deve ser considerado como um sintoma. O 
psicólogo acolherá este dado como uma primeira informação. Somente após um período de coleta 
de dados, um estudo diagnóstico permitirá uma melhor configuração da queixa inicial e a elaboração 
da proposta de trabalho. A queixa inicial apresentada pela Instituição geralmente é reelaborada, visto 
que os reais conflitos (conteúdos latentes) ainda estão implícitos no momento em que a Instituição 
busca a ajuda do profissional. 
É importante ressaltar que, para Bleger (1984), somente quando a Instituição chega a um 
certo nível de maturidade, que permite o insight de seus problemas e de sua situação conflituosa, é 
que esta percebe a possibilidade de ajuda de um profissional. A “ausência” de conflitos e problemas 
pode ser considerada geralmente um mau prognóstico, pois, para este autor, o critério de saúde de 
uma Instituição é justamente sua capacidade para explicitar os problemas e utilizar recursos para 
resolvê-los adequadamente. Quando a Instituição ainda não atingiu a percepção de suas reais 
dificuldades, cabe ao psicólogo conduzi-la a tomar consciência de seus conflitos. 
 
 Estrutura e dinâmica da Instituição 
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Principais aspectos a serem considerados pelo psicólogo para dar consciência a resistências implícitas nas relações institucionais - TOTALIDADE
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
 3 
O termo estrutura é utilizado por Bleger para apresentar a base que sustenta a sociedade, as 
organizações, as instituições, os grupos e os indivíduos. No que se refere à “estrutura psíquica” há 
uma relação de interdependência entre as instâncias acima citadas. 
Segundo o autor, muitas das teorias e categorias conceituais tendem a contrapor indivíduo e 
grupo, grupo e organização, como se fossem realidades independentes. Ao contrário, para ele “o ser 
humano antes de ser pessoa é sempre um grupo, mas não no sentido de que pertence a um grupo, 
e sim que sua personalidade é grupo” “(...) A partir desta concepção, os grupos e os sistemas 
sociais também constituem “partes das personalidades dos indivíduos e, às vezes, toda a 
personalidade que eles possuem” (1989). 
 Para Bleger (1984), a sociedade como um todo, na sua forma objetiva apresenta em sua 
estrutura uma alienação fundamental onde o que é produzido socialmente (bens de consumo, 
cultura) é distribuído de forma desigual entre seus membros. Este modelo de organização foi se 
estruturando num processo histórico, possuindo um padrão de valores e funções sociais bem 
definido. Esta estrutura, apesar de inadequada e insatisfatória por força da própria alienação, é 
ambivalente: ao mesmo tempo que “reconhece” a inadequação, não deseja mudança e resiste. Para 
tanto, a sociedade possui seus esquemas de proteção de qualquer agente que venha a perturbar a 
“ordem”. Assim, aqueles que perturbam o sistema com seus comportamentos desviantes são 
tratados como “sintomas” que devem ser erradicados, ou na melhor das hipóteses, “curados”, e para 
isso precisam ser segregados como se não tivessem relação com a sociedade como um todo. 
Na sociedade capitalista, os “grupos desviantes” são geralmente o doente, o velho, a criança em 
situação de abandono, a prostitutae o marginal, ou seja os elementos não produtivos ou não 
integrados nos valores do sistema. Com o propósito de curá-los, são segregados. Este recurso 
defensivo cria e alimenta um forte circuito de alienação, um esvaziamento do ser humano que passa 
a ser marginalizado, privado dos vínculos que garantem a segurança, a gratificação e a reparação. 
Neste contexto surgem as instituições sociais como uma instância. Sua “grande missão” é a 
de curar esses indivíduos, ou “reeducá-los” para que possam ser novamente integrados na 
sociedade. A tarefa, assim como é proposta é impraticável, pois “curar” esses indivíduos supõe uma 
revisão dos esquemas alienantes que estão presentes na sociedade que os produziu. As instituições 
sociais aceitando essa “missão” mostram o caráter ingênuo e a perspectiva “onipotente” de sua 
tarefa. 
A partir do momento em que as instituições aceitam explicitamente que vão atender os 
segregados sociais, implicitamente há uma pressão por parte da sociedade para que as instituições 
a protejam da sensação de culpa que provoca o contato com o alienado. Bem como da ameaça que 
o próprio alienado apresenta em termos sociais. Estas circunstâncias tornam-na impotente frente sua 
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Relação direta entre estrutura institucional e estrutura psíquica
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Relação intrínseca da personalidade do sujeito e do grupo
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Estrutura - influenciada pelas relações de poder
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Função da instituição: manter a ordem e "reeducar" quem se afasta dela.
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
 4 
“missão”. Em decorrência disto, a Instituição potencialmente segregará tanto quanto a sociedade. 
Esta contradição, quando não explicitada e equacionada, faz com que a falsa identidade da 
Instituição se manifeste numa indiferenciação quanto aos objetivos, que a tornam também alienada, 
obrigando-a a viver sempre sob pressão, buscando de forma quixotesca, curar o sintoma, sem atingir 
as causas. 
 Segundo Bleger (1984), se as instituições tomam consciência de sua tarefa de resgatar a 
dignidade humana dos indivíduos segregados, necessariamente sua existência, por si só, será uma 
fonte de denúncia para a sociedade que cria os alienados. Ao obter um insight dos problemas e 
conflitos que surgem nesse contexto, a Instituição deixa de manter a sua estrutura alienada, e recusa 
servir de alvo de projeção ou de depositária da personalidade sincrética da sociedade (por 
personalidade sincrética, Bleger entende a parte da personalidade indiferenciada e não organizada, 
que precisa ser controlada, para que a personalidade organizada possa subsistir). A mudança numa 
estrutura ocorre quando há consciência nos indivíduos e grupos que a integram. Existe contudo uma 
forte tendência na Instituição para manter a ordem estabelecida, impedindo o processo de 
conscientização. O meio utilizado para isso é a burocratização das instituições e, conseqüentemente, 
um contínuo empobrecimento das relações sociais por meio de estereótipos. 
 Para explicar o fenômeno social da alienação na relação do indivíduo com o grupo, e do 
grupo com a Instituição, Bleger (1989) postula alguns “princípios”: 
1) Tanto o grupo quanto o indivíduo apresentam uma estrutura básica que lhe garante uma 
identidade, uma relação adequada com a realidade, uma direção, um significado e uma lógica que 
permitem a comunicação e a sua sobrevivência e manutenção, enfim, um certo grau de organização 
que torna a existência possível. A concepção da estruturação e organização da identidade, 
conforme apresentada, supõe um processo interativo de organização da personalidade, individual e 
grupal, que envolve o inconsciente com suas forças ambivalentes. Neste processo emergem dois 
níveis de Ego, um sincrético e o outro organizado. São duas estruturas paradoxalmente mantidas 
no indivíduo ou grupo, uma organizada e a outra caótica. Porém, é necessário que haja uma certa 
imobilização da parte da personalidade que é sincrética, para que a parte organizada possa interagir 
com a realidade. Bleger denomina o meio utilizado para essa imobilização de clivagem; esta deve 
impedir que um estado entre em relação com o outro.. A imobilização do estado sincrético permite a 
organização dos aspectos mais integrados da personalidade, seja individual ou grupal, necessários 
para que a relação com a realidade possa ser mantida adequadamente. 
2) Bleger (1987) partindo desta concepção , apresenta dois níveis de sociabilidade que 
favorecem ou não a comunicação interpessoal: sociabilidade por interação e a sociabilidade 
sincrética. A primeira supõe uma personalidade organizada, estruturada no tempo e no espaço e 
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Curar o sintoma neste casso: eliminar as diferenças que explicitam a alienação do grupo
SAMSUNG
Caixa de texto
Insight: dar consciência à alienação
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Caixa de texto
Personalidade sincrética: aonde a alienação atua!
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Princípios para entender o fenômeno da alienaçãopara Bleger
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Definição de clivagem
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
 5 
com energia para enfrentar as contradições e dificuldades no contato com a realidade. Este tipo de 
personalidade tem habilidade para comunicar, possui grau de independência , no entanto se afilia e 
coopera nas relações interpessoais. Contrapondo a esse modelo, existiria, segundo o autor, uma 
segunda forma de socialização, a sincrética, que tem por característica, paradoxalmente, uma 
natureza predisposta à não relação. É sub-clínica e difícil de se detectar e caracterizar 
conceitualmente. As pessoas que ainda não alcançaram um certo grau de individualização procuram 
sua identidade no estabelecimento simbiótico de dependência e pertença através de uma identidade 
grupal. Segundo Bleger (1987): “é uma identidade muito particular e que podemos chamar de 
identidade grupal sincrética (...). Sua identidade reside na sua pertença ao grupo”. 
3) Bleger assinala três tipos de grupos ou três tipos de indivíduos que podem integrar 
diferentes grupos ou um mesmo grupo: 
a) O grupo cuja organização se dá por interação sincrética. Este grupo se caracteriza 
por forte dependência entre os membros do grupo e necessidade de estabilidade, 
onde a identidade pessoal será estabilizada por intermédio da estabilidade do grupo. 
Há necessidade de grande investimento de energia para que o grupo seja mantido 
através de regras e valores rígidos. Enquanto grupo é débil, a interação é superficial 
e apresenta dificuldades de promover mudança. 
b) Um segundo tipo de grupo é o que tem como participantes os considerados 
neuróticos ou normais. Na medida em que estes membros alcançam um nível de 
relação em que os contornos entre o eu e o tu são definidos, através do 
desenvolvimento dos aspectos mais maduros da personalidade, há uma tendência 
em mover-se para a sociabilidade de interação que configura um grupo ativo, 
motivado na direção de concretizar os seus objetivo. 
c) Um terceiro grupo corresponde àqueles que nunca tiveram uma relação simbiótica e 
que também não irão estabelecê-la no grupo. Se inserem neste grupo as 
personalidades psicopáticas, perversas. Neste caso, o grupo parece desempenhar 
um papel muito subsidiário, quase irrelevante, com grande dificuldade de 
comunicação. 
 Bleger (1987) ocupou-se do estudo com grupos para entender o papeldestes nas 
instituições. Para ele o grupo é uma Instituição complexa que tende a estabilizar-se como uma 
organização com padrões fixos e próprios. Este fenômeno se fundamenta na necessidade do grupo 
de manter o controle sobre a clivagem. Neste sentido, abstrai uma lei geral para as organizações e 
instituições, ou seja, estas necessitam se manter por um sistema rígido de controle: a energia que o 
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
 6 
grupo deveria investir no objetivo inicialmente proposto e pelo qual o grupo foi criado, “corre 
sempre o risco de passar a um segundo plano, passando ao primeiro plano a perpetuação da 
organização como tal”. Neste caso o grupo deixa de ser processo para estabilizar-se. O que justifica 
a tendência dos grupos para se burocratizarem, evitando assim a clivagem e que tende a bloquear 
os níveis simbióticos ou sincréticos. Já o grupo que funciona com uma estrutura mais dinâmica pode 
romper com estereótipos sem que isso provoque uma desintegração do grupo. 
Outra análise feita por Bleger (1987) diz respeito à tendência à identificação do grupo com 
aquilo que ele se propõe realizar. “Toda organização tende a ter a mesma estrutura que o problema 
que deve enfrentar e para o qual ela foi criada”. No caso da Instituição criada como um instrumento 
da sociedade para resolver o problema do segregado social, ela passa a apresentar as mesmas 
características do segregado, do “doente” social. A Instituição se compromete estruturalmente com 
esta clivagem social alienante, quando a sociedade deposita nela uma carga que ela mesma não 
quer carregar. Sofre uma dupla pressão: por um lado tem que responder pela missão a ela confiada 
pela sociedade, por outro, está tão paralisada quanto a população marginalizada que a solicita, por 
se identificar com esta. Trata-se de um anti-processo em que a Instituição investe toda a sua 
energia, já que o nível de pressão chega a níveis stressantes. 
 Quanto aos grupos, outros aspectos podem ser reconhecidos no âmbito institucional. 
Como já foi assinalado, os grupos e as organizações tendem a assumir a organização da 
personalidade de quem deles participa. Sobre esse aspecto, Bleger (1984, p. 55) escreve: 
“O ser humano encontra nas distintas Instituições um suporte e um apoio, um elemento 
de segurança,de identidade e de inserção social ou pertença. A partir do ponto de vista 
psicológico, a Instituição forma parte de sua personalidade e na medida em que isso ocorre, 
tanto como a forma em que isso se dá, configuram distintos significados e valores da 
Instituição para os distintos indivíduos ou grupos que a ela pertencem. Quanto mais integrada 
a personalidade, menos dependente de suporte que lhe presta uma dada Instituição; quanto 
mais imatura, mais dependente é a relação com a Instituição e tanto mais difícil toda a 
mudança da mesma ou toda separação dela. Desta maneira , toda Instituição não é só um 
instrumento de organização, regulação e controle social, mas também e ao mesmo tempo é 
um instrumento de regulação e equilíbrio da personalidade e, da mesma maneira que a 
personalidade tem organizado dinamicamente suas defesas, parte destas se acham 
cristalizadas nas Instituições; nas mesmas se dão os processos de reparação tanto como os 
de defesa contra as ansiedades psicóticas ( no sentido que M. Klein dá a este termo) 
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Caixa de texto
Claramente as políticas públicas de assistência
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce
 7 
 Na concepção de Bleger, portanto, é a Instituição que media a relação do indivíduo 
com a sociedade, tornando-se um espaço concreto onde se dão as tensões e os conflitos. Por sua 
vez, a dinâmica psicológica das instituições sociais reflete a própria personalidade dos indivíduos 
que dela participam. Bleger (1984) vê nesta questão um grande problema, pois “a Instituição pode se 
ver enormemente limitada em sua capacidade em oferecer segurança, gratificação, possibilidade de 
reparação e desenvolvimento eficiente da personalidade”. Por sua vez, a estrutura alienada da 
Instituição como já foi discutido, está relacionada com a mesma estrutura alienada do sistema 
social de produção e distribuição de riqueza. 
 A estrutura psicológica que permeia a relação indivíduo-Instituição pode se tornar 
esvaziada e pobre, visto que toda Instituição tende a reter e formalizar seus membros numa 
contagiosa estereotipia. Quando, porém, adquire uma forma positiva, desta relação podem decorrer 
mudanças satisfatórias na consciência dos indivíduos que dela participam. A intervenção do 
psicólogo institucional torna-se determinante justamente para intervir na dinâmica desta relação, 
fazendo de um processo estereotipado e negativo, um processo criativo. É neste sentido que deve 
ser estudado o conceito de dinâmica relacionado à estrutura institucional. 
 A dinâmica institucional tem para Bleger (1984) um significado dialético. Neste processo 
dialético o momento do conflito deve ser reconhecido e valorizado. É a partir deste que haverá a 
promoção de um salto qualitativo na antiga estrutura. O conflito, portanto, precede às mudanças. Em 
oposição a esse conceito, o autor utiliza o termo estereótipo para designar uma estrutura anti-
processo e resistente às mudanças. 
 No campo institucional, Bleger (1984) admite que o melhor “grau de dinâmica” não é 
dado pela ausência de conflito, mas pela disponibilidade que os atores institucionais têm para 
explicitá-lo, manejá-lo de acordo com os recursos disponíveis e resolvê-los dentro do limite 
institucional. O grau em que os membros que integram a Instituição assumem e manejam os 
conflitos normalmente presentes nas suas tarefas é índice de bom ou mau prognóstico para a tarefa 
do psicólogo. 
 Bleger (1984), a partir de sua experiência e estudos, apresenta algumas características 
presentes nas estruturas grupais (intra e inter-grupal) que ocorrem no espaço institucional. Estas 
características devem ser conhecidas, pois nos ajudam a compreender o grau de dinâmica presente 
nos grupos. Devemos esclarecer que Bleger não apresenta uma divisão estática do modo de se 
estruturar e funcionar dos grupos. A categorização destes grupos tem efeito didático, pois estas 
características estão em maior ou menor quantidade em toda organização e grupo. 
a) Grupo primário. O grupo que se organiza de acordo com este modelo sofre 
grande influência do grupo familiar. Seus participantes convivem continuamente 
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
 8 
em situações conflituosas e fortemente emocionais. A Instituição torna-se a 
continuação de suas famílias. Os papéis desempenhados no grupo bem como o 
“status” na Instituição são confusos, ambíguos, apresentando um déficit na 
diferenciação. Conseqüentemente a identidade é pouco definida, favorecendo 
uma intensa necessidade de pertença e dependência. A comunicação é pré-
verbal. Este tipo de grupo é considerado de tarefa débil, pois a energia que 
deveria ser canalizada para atingir seus objetivos é pulverizada nos conflitos 
criados e não resolvidos dentro do grupo. A estratégia neste grupo deverá ser a 
de transformá-lo em grupo secundário. 
b) Grupo formalizado ou estereotipado. Neste tipo de grupo, tal qual nos grupos 
primários,existem ambigüidades que, no entanto, são fortemente reprimidas. 
Como reação defensiva, reativante, o grupo estereotipado torna-se 
extremamente formal. Para isso ele recorre à burocratização, à rigidez, ou seja, 
formas estereotipadas de conduta frente à tarefa. A falta de comunicação neste 
grupo compromete uma interação dinâmica e afetiva. Neste caso a estratégia é 
transcender a rigidez e criar condições para aprendizagem e elaboração das 
dificuldades encobertas pela interação estereotipada. 
c) Grupo secundário. Está classificado como o melhor em termos de dinâmica. Os 
papéis são definidos e respeitados. A comunicação é realizada 
predominantemente em nível verbal e por interação. Geralmente os conflitos são 
reconhecidos e enfrentados criativamente mediante recursos existentes no 
próprio grupo. Os objetivos propostos são compreendidos como parte do 
processo do grupo. 
 
Para Bleger a relação do indivíduo com o grupo não é estática. É conflituosa e as causas são 
tanto internas quanto presentes no meio, na sociedade. A crise entre homem e grupo gera 
desestruturas para que mudanças qualitativas sejam efetivadas. Este processo dinâmico se faz 
necessário para que haja alteração dos antigos padrões , implicando rupturas com os esquemas 
anteriores. Uma estrutura não-dinâmica, rígida, que evita confronto, torna-se anti-processo, 
estancando a aprendizagem, o desenvolvimento do ser humano, bem como da sociedade. 
 Sabemos que os motivos que levam o homem a evitar o dinamismo e o processo são 
devidos à sua dificuldade de suportar tensões, angústias e ansiedades. Isto demanda uma estrutura 
interna e externa “continente” à crise, que é vista como um momento do processo. 
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
 9 
Normalmente a Instituição patologiza o conflito, evitando-o. Bleger (1984), partindo de uma 
concepção dinâmica da realidade, concebe “o conflito como um elemento normal e imprescindível no 
desenvolvimento em qualquer manifestação humana: a patologia do conflito se relaciona, mais do 
que com a existência do próprio conflito, com a ausência dos recursos necessários para resolvê-los” 
. 
 Bleger (1984) define o conflito como uma manifestação de forças controvertidas em 
interjogo. Em sua forma dilemática, no entanto, o conflito encobre tensões reais que se apresentam 
sob forma de opções irreconciliáveis, deixando de estar dinamicamente em interjogo, como uma 
força tentando eliminar a outra. 
 Os grupos formais ou estereotipados, em que os dilemas estão encobertos sob uma 
suposta estabilidade, representam, na opinião de Bleger (1984), um índice de mau prognóstico ou de 
uma tarefa muito árdua que o psicólogo terá que enfrentar. Nestas situações ficam encobertas muita 
confusão e ambigüidade. Bleger alerta: “O fator mais perturbador e mais difícil de manejar não é o 
conflito e sim a ambigüidade que age como um amortizador ou des-desenhador dos conflitos (...) 
[Estes] recaem sobre objetos muito personificados individualmente ou se os tende a referir como 
estritos conflitos individuais, da mesma forma quando se tende reiteradamente a resolver um conflito 
com a segregação ou eliminação de um ou vários indivíduos”. 
 Quando uma situação dilemática for reconhecida, se faz necessário equacioná-la como 
problema, tornando assim possível uma solução. Esta solução será naturalmente geradora de novos 
problemas, formando assim um processo dialético. Nas instituições geralmente os conflitos não se 
tornam problema, mas dilemas. Opções irreconciliáveis como forças desintegradas assumem 
diversas direções, no sentido de se anularem, estagnando o desenvolvimento. 
 O grau de dinâmica na Instituição deverá ser um fator orientador do trabalho do 
psicólogo institucional. É necessário conhecer a estrutura e o funcionamento dos grupos na 
Instituição para traçar o diagnóstico e as estratégias de ação. Isto possibilitará mais um espaço para 
que a Psicologia possa desenvolver seu potencial modificador no âmbito social. 
 
 
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Realce
SAMSUNG
Sublinhado
SAMSUNG
Realce

Outros materiais