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P á g i n a | 1 Etiopatogenia 1- Aterosclerose 90% dos casos É um processo inflamatório crônico Fatores associados incluem hipercolesterolemia (LDL), tabagismo, HAS, DM o O tabagismo causa um edema subintimal. o HAS causa lesão da camada intima da artéria o DM favorece a aterosclerose Morfologia: o 60% envolvendo toda a artéria o 20% segmentar (canal do adutores – quando a a. femoral superficial passa a ser posterior e se chama a. poplítea). o 20% intermediária (artéria femoral superficial e poplítea) Depende também da condição do paciente, por exemplo: Fisiopatologia: Inicialmente há uma resposta vascular a placa com dilatação do seu diâmetro (até que a placa oclua 40% da luz do vaso) para compensar a falta de fluxo. Acontece até o momento que a placa começa a atrapalhar o fluxo arterial e as manifestações clínicas começam a aparecer (identificável nos exames de imagem quando >50% de oclusão). Toda a artéria 60% canal dos adutores 20% A. femoral superficial e poplítea 20% Isabela Terra Raupp Pacientes diabético → terço distal (abaixo do joelho). Pacientes idosos → eixo femoro-poplíteo (entre a região inguinal e o joelho). Pacientes mais jovens → as aa. Ilíacas e aorta. Obstrução Dilatação vascular compensação da vascularização maior oclusão sintomas P á g i n a | 2 2- Outras causas de doença arterial oclusiva Doenças inflamatórias: Tromboangeiite obliterante (Sd Buerger): o Doença infamatória dos pequenos vasos com acometimento em jovens, homens, obesos/sedentários, do leito distal, ocorre em tabagistas pesado, pode haver tromboflebite migratória, não tem oclusão arterial. o Dx por AP. o Apresentado como necrose no dedo, cianose no dedo, dor na perna. o Caracterizada por acometimento do terço distal do MMII – oclusão das artérias distais. Arterite de Takayasu: o Doença inflamatória de etiologia desconhecida, mais em mulheres jovens (< 50 a) Arterite Temporal: o arterite de células gigantes, doença inflamatória, forma mais comum de vasculite, pode acometer qualquer artéria. o Apresentada como cefaleia. o Diagnóstico por biópsia. Fenômeno de Raynaud: Vasoconstrição exacerbada por exposição ao frio. Acomete mais mulheres. Oclusão arterial aguda 3- Síndrome Compartimental Reperfusão pós revascularização, desencadeado por TVP, fraturas úmero distal, grande queimado. P á g i n a | 3 Fatores de Risco > em negros (prevalência 7,8% x 4,4% em hispânicos) Gênero: mais frequente em homens Idade: mais em idosos Hipertensão Estados de hiperviscosidade sanguínea Insuficiência Renal: relação causal ? Tabagismo** DM** Hiperhomocisteinemia: mutação genética/deficiência de ácido fólico ou vitaminas B6 e B12 Relação entre DAP, Doença coronariana e AVE Pacientes com DAP tem elevação do risco anual de IAM (2-3%), angina (RR 2-3) O desfecho cardiovascular (40-60%) é a principal causa de morte em pacientes com DAP, estando relacionado ao ITB. Pacientes com ITB < 0,5 tem uma mortalidade 2 vezes maior que indivíduos com ITB > 0,5. Cada queda de 0,1 no ITB aumenta em 10% o Risco relativo a eventos vasculares O paciente com DAP não vai morrer pelas complicações da cirurgia, mas vai morrer de IAM ou AVE. Sempre que tem um paciente com claudicação tem que descartar esses outros riscos. Apresentação clínica Quadro clínico inicial Claudicação Típica 10-35% evolução em 5 anos Isquemia Crítica 1-3% Amputação (30%) Mortalidade (25%) Evolução para isquemia de 2 pernas (45%) Assintomático 20-50% Apresenta sintomas em 5 anos Dor na Perna 30-40% evolução em 5 anos Em 5 anos evolui para mortalidade por doença cardiovascular ou perda do membro (isquemia (5- 10%), claudicação intermitente (70%), piora na claudicação e amputação). Isquemia crítica: Urgência vascular! Dor em repouso ou lesão trófica. Oclusão arterial aguda de origem trombótica. Necrose no dedo ou úlcera na perna. Geralmente já tem doença em outras partes do corpo. Revascularizar P á g i n a | 4 Pacientes com claudicação intermitente tem mortalidade muito menor em 15 anos que aqueles com isquemia crítica. Pacientes com isquemia crítica, que internam no hospital com dor súbita na perna ou dor ao repouso na perna, em 5 anos tem chance de amputação de quase 50%, mesmo que faça revascularização. Claudicação intermitente Sintoma mais comum. Principal manifestação da DAP femoro-poplítea Dor, desconforto, falta de força, peso, câimbras no membro inferior (podendo atingir glúteo, coxa, perna) Desencadeados por esforço físico Melhoram ao repouso (em até 10 minutos) ITB 0,5 – 0,7 Progressão da doença - ITB < 0,5 – determinando a necessidade de amputação ou revascularização do membro. Isquemia crítica Dor ao repouso ou presença de lesões tróficas (úlcera/gangrena) – por > 2 semanas. Dor é desencadeada por PS < 50mmHg no tornozelo ou PS < 70mmHg em caso de lesões tróficas. Incidência: 500-1000/1.000.000 na Europa e EUA Diagnóstico: ITB < 0,5 (ou ≤ 0,4), oximetria transcutânea diferente entre membro não isquêmico e isquêmico. 50% dos pacientes irão ser submetidos a algum tipo de revascularização. Muitos pacientes não vão ser submetidos a revascularização por um problema cardiovascular ou porque o único tratamento é amputação primária (ex.: paciente com tudo ocluído na artéria). Em pacientes com isquemia critica inoperáveis ou com falha no tratamento prévio, 40% terão o membro amputado e 20% irão a óbito – num período de observação de 6 meses A prevenção da isquemia crítica passa pelo controle dos fatores de risco: DM: 4X – tratar DM Tabagismo: 3x – parar de fumar Idade > 65 anos: 2x dislipidemia: 2x - dislipimiantes ITB< 0,7: 2X ou <0,5: 2,5X P á g i n a | 5 Desfecho: Classificação DAP Diagnóstico Identificar o nível da obstrução arterial Palpação de pulsos, verificação de distribuição de pelos, observação das unhas, temperatura, alterações na coloração da pele, presença de telangiectasias/varizes, ausculta arterial ITB: Índice Tornozelo-Braquial o Normal: > 1,0/1,2 (0,9 – 1,4) o Claudicantes: 0,5 – 0,7 o Isquemia Crítica: ≤ 0,4 o Atenção para diabéticos e IRC (presença de calcificações vasculares). o Usado na avaliação pré-operatória e seguimento pós operatório o Correlação com a gravidade da anormalidade da perfusão o Não define a altura/localização exata da obstrução o Útil em pacientes assintomáticos. Exames complementares INDICAÇÕES: Pacientes sintomáticos Assintomáticos com >75 anos Assintomáticos com comorbidades associadas P á g i n a | 6 USG Doppler Inicial: para diagnóstico e individualização do tratamento. Localiza, quantifica e define morfologia (aguda ou crônica). Avalia a possibilidade de angioplastia ou revascularização do membro. Útil principalmente na bifurcação das carótidas, artérias renal e femoral Grande importância na avaliação de enxertos venosos de membros inferiores no período pós operatório sendo identificadas alterações antes do exame físico e ITB. Avalia estenose na região da anastomose no pós-operatório. Vantagens: rápido de ser feito, baixo custo. Desvantagens: examinador dependente, tempo de exame em todo o membro inferior. Arteriografia Usada para planejamento cirúrgico. Permite a localização anatômica e correlação com os sintomas Desvantagens: método invasivo, uso de contraste, complicações, caro. Passível de complicações relacionadas ao procedimento: o Ateroembolização: deslocamento de placas, podendo causar isquemia mesentérica, IRA, “síndrome dos dedos azuis” o Sangramento:em pacientes anticoagulados, dificuldade técnica o Pseudoaneurisma: em pacientes anticoagulados, dificuldade técnica. Principalmente em pacientes obesos, com dor, com dupla agregação plaquetária. o Fistula A-V: passagem da guia inadvertidamente através da veia adjacente a artéria o Toxicidade renal: IRC (Cr > 1,5), nefropatia diabética, desidratação, > 60 anos, grande dose de contraste o Síndrome compartimental: rompimento da artéria. Angiotomografia Usada para planejamento cirúrgico. Comparativamente a arteriografia apresenta menos complicações devido a menor invasividade. Menos risco de complicações. Permite visualização de múltiplos ângulos, avalia anatomia e presença de estenose significativa, seleciona pacientes candidatos a cirurgia Sensibilidade e especificidade > 95% Desvantagem: radiação ionizante e necessidade de contraste, limitado em pacientes com IRC. Também é caro. Angiorressonância Permite visualização de pequenos vasos, anatomia e presença de estenose significativa Ajuda a selecionar pacientes candidatos a cirurgia Quase não usado mais Desvantagens: Superestima a obstrução P á g i n a | 7 Sensibilidade de 90% e especificidade de 97% Tratamento Abandono ao tabagismo: uso de bupropiona e nicotina. Exercícios físicos: aumentam a distância percorrida e reduzem a mortalidade cardiovascular. Controle da dislipidemia: LDL < 100 mg/dL, dieta, exercícios, uso de Sinvastatina 40 mg/dia reduziu a mortalidade vascular (17%), eventos DAC (24%), necessidade de revascularização de membros (16%) Controle da Hipertensão: uso de IECA, beta-bloqueadores, objetivando < 140 x 90 (130 x 90) Controle do diabetes: HbA1c < 7,0 % Controle com antiplaquetários: AAS, Clopidogrel. o Preferência AAS 8-100mg/dia o Dupla agregação só se o paciente vai fazer (5 dias antes) ou já fez uma angioplastia manter por 6 meses (indicação formal). Ou se o paciente já fez 2 cirurgias prévias com by-pass, está piorando e se recomenda os dois. Medicamentoso: o Cilostazol (inibidor da fosfodiesterase 3, inibindo a agregação plaquetária e produzindo vasodilatação – ação de vasodilatador). Aumenta a distância caminhada. Contra indicado em ICC ou pacientes com FE < 40%. Não reduz a mortalidade. Suspendido quando o paciente não claudica mais. Tratamento da isquemia crítica 1º Aliviar a dor, curar úlceras, prevenir amputação, melhorar qualidade de vida e funcionalidade – opioide, anti-inflamatório, analgésico. Manejo das úlceras (posição, ATB, curativo) Farmacoterapia (alprostadil) – vasodilatador. Revascularização Amputação (primária, secundária): o Primária: antes de tentar fazer angioplastia ou secundária quando se tenta angioplastia. o Indicações DAP com gangrena extensa, comprometendo a sustentação do pé. Ausência de artéria receptora adequada para ponte. Pacientes sem perspectiva de deambulação. Pacientes idosos com flexão patológica do membro Tratamento invasivo Indicações: o Dor isquêmica em repouso o Úlceras isquêmicas ou gangrena o Claudicação que interfira no estilo de vida (<50 m) o Falha no tratamento clínico/medicamentoso P á g i n a | 8 Caso Clínico João da Silva tem 65 anos, tabagista 40 maços-ano, refere dor em panturrilha esquerda ao deambular 100 metros que melhora ao repouso. É hipertenso, faz uso de IECA. Dor se iniciou há 3 anos e vem piorando progressivamente. Histórico médico: IAM aos 59 anos, motorista, IMC 42kg/m2 EF: o MID aquecido, bem perfundido, sem lesões tróficas o MIE aquecido, perfusão pouco lentificada, rarificação de pelos e pouco aquecido o Pulsos: D 2202 E 2000 Femoral, poplíteo, tibial anterior e tibial posterior 0- ausente 1- diminuído 2 - normal QUADRO CLÁSSICO: Claudicação intermitente + Várias comorbidades BY-PASS ARTERIAL Realiza-se anastomose artéria-veia ou artéria enxerto É importante realizar avaliação intraoperatória da revascularização, seja com arteriografia ou dupplex scan (US). Veia x Prótese o Patência em 5 anos 60% com veia – preferível, especialmente abaixo do joelho. 35% com prótese As principais complicações são oclusão, infecção do enxerto, isquemia crítica pós infecção. Duração da veia é maior que artéria e fica mais pérvio. ANGIOPLASTIA TRANSLUMINAL PERCUTÂNEA/STENTS Sucesso da ATP em estenoses de artérias femoropoplíteas em todas as séries excede 95% Resultados no sistema femoropoplíteo são inferiores ao da revascularização Reestenose pode ocorrer por retração elástica, por hiperplasia da íntima, erro técnico. Menos tempo internado – anestesia local. Usa contraste, é invasivo Abaixo do joelho, só faz angioplastia se tiver isquemia crítica Stent tem durabilidade menor que by-pass.
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