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P á g i n a | 1 Isquemia Intestinal Introdução A maioria dos pacientes com isquemia intestinal que chegam na emergência são avaliados por cirurgiões gerais ou direto para a UTI, porque a evolução é intensa e o melhor a se fazer são medidas de conforto para o paciente. Causas de dor Abdominal Abdômen agudo: 1. Inflamatório: Doenças inflamatórias (ites) – apendicite, diverticulite, colecistite... 2. Obstrutivo: tumores e volvo de sigmoide 3. Perfurativo: doença ulcerosa péptica (abdome em tábua, dor a descompressão súbita e peritonite) 4. Hemorrágico: hemorragia digestiva, aneurismas, ou sangramento por angiodisplasia no colo distal 5. Vascular: trombose venosa, causas não ocusivas. Exemplos: colelitíase, nefrolitíase, DIP, aneurismas, GEA, Tumores, dissecções aórticas, pancreatite, ITU, dispepsia, doença diverticular, doenças inflamatórias intestinais, etc... Doenças extra-abdominais e da parede abdominal Causas vasculares (isquêmicas)! Isquemia intestinal crônica Incidência: • Incidência de 1 em 100.000 habitantes por ano. • < 2% das causas de problemas GI. • Fator predisponente para isquemia intestinal aguda com alta morbidade e mortalidade Definição: Doença aterosclerótica das artérias do TGI em 90-95% Tronco celíaco, AMS e AMI requisitam 10-20% do débito cardíaco. Essas 3 artérias tem uma grande circulação colateral, que vai proteger o intestino nas situações de oclusão intestinal. • No período pós prandial há aumento desta exigência para até 35%. • Há claudicação abdominal quando tem aumento de demanda de oxigênio (pós-prandial). • Dor súbita por embolização do intestino. Revisão da anatomia: Arcada Duodenopancreática: via colateral entre o tronco celíaco e a AMS, formada pelas artérias pancreatoduodenal superior (ramo da artéria hepática) e inferior (ramo da AMS). Isabela Terra Raupp P á g i n a | 2 Arcada de Riolan: via colateral entre a AMI e a AMS é formada pela artéria cólica esquerda (ramo da AMI) e cólica média (ramo da AMS). Geralmente, até 2 artérias ocluídas são bem toleradas. Características dos pacientes: Idade média: 59 anos Gênero: feminino (76% dos casos) 20% da população têm estenose ou oclusão < 2% das causas de dor abdominal 2/3 tem doença aterosclerótica em outras artérias – Geralmente confundido com outras causas de dor abdominal – retardo no diagnóstico Sintomas: Dor abdominal epigástrica → “angina intestinal” “Medo de comer” → pela dor toda vez que come. Geralmente são quadros mais avançados. Perda de peso Vômitos casuais Ausência de alteração do hábito intestinal, até que o quadro esteja avançado. Relacionado ao medo de comer. Se apresenta como diarreia persistente ou ausência de evacuações. Má absorção Ausência de sinais específicos ao exame físico Assintomáticos geralmente. Diagnóstico: o USG doppler • Sensibilidade 92%, Especificidade 96% • Avalia a origem dos troncos aórticos: TC, AMS, AMI • Exclui os pacientes com suspeita de isquemia intestinal crônica • DD com outras doenças • Distensão abdominal e presença de gases prejudicam exame. o Angiotomografia computadorizada • Sensibilidade 96%, Especificidade 94% • Melhor resolução espacial, menor tempo de aquisição • Exame de escolha em alguns serviços • Planejamento cirúrgico o Arteriografia • Padrão-ouro (ainda). • Avalia vasos colaterais (arcada pancreatoduodenal e gastroduodenal) • Avalia a possibilidade de tratamento endovascular X cirúrgico • Exame no transoperatório – identifica lesões da TC. Tratamento: o Manejo inicial – pouco efetivo Quando chega um paciente referindo dor epigástrica pós alimentar e perde a fome/vontade de comer e perda de peso a longo prazo, esse paciente pode ter desde uma isquemia intestinal até um íleo biliar. O que mais diferencia um do outro são os fatores de risco presentes nos pacientes e a presença de doença aterosclerótica em outros territórios (IAM, claudicação, sem pulso nos MMII). P á g i n a | 3 Dieta pouco volumosa e fracionada Medicação antiespasmódica e vasodilatadora (cilostazol ou nitrato) – não tem benefício comprovado Manejo conservador em pacientes com sintomatologia leve o Manejo cirúrgico Na falha do tratamento conservador Nos casos de dor intensa Precedido de NPT – evitar a translocação bacteriana quando o paciente voltar a se alimentar. Depois vai trocando aos poucos a alimentação (NÃO pode fazer abruptamente). Endovascular x Cirúrgico – sem estudos comparativos Complicações: úlceras Tratamento endovascular: Geralmente se inicial pela incisão no MMSS, pela emergência da AMS e tronco celíaco serem mais angulares na direção para baixo. O acesso por MMII dificulta a manobra de inserção do fio para dentro. Opções de tratamento cirúrgico: Angioplastia, derivação anatômica, derivação extra-anatômica. A Aorta pode apresentar calcificações, e elas são importantes de ser identificadas porque a doença aterosclerótica geralmente inicia na aorta. Dificilmente se tem estenose no terço distal da artéria, geralmente a estenose é devido a uma placa presente na aorta. Quando se faz uma derivação cirúrgica, pode se fazer uma derivação extra- anatômica (por exemplo, puxando um by-pass da artéria ilíaca comum para a AMI). Facilita a dissecção e as anastomoses. O grande problema é que a prótese fica solta na cavidade abdominal e essas próteses costumam aderir ao intestino e fazer ulceração e infectar a prótese. A prótese acaba sendo fagocitada pelo intestino. Por isso, preferivelmente se faz angioplastia ou derivação anatômica. Ou pode ser feito um by-pass anatômico: A. Controle de sangramento na aorta. B. Clampeamento da aorta C. Bypass direto da aorta direto na própria artéria, como um reimplante da artéria. Isquemia intestinal aguda Objetivo do TTO: Alívio da dor + Prevenção do infarto intestinal P á g i n a | 4 • Chegam no hospital com quadro de abdômen agudo. • Responsável por 1/1.000 internações hospitalares • Alta mortalidade (70%) – porque geralmente o paciente chega com tratamento vascular inviável. • > 60% são mulheres na 7ª década de vida • Sobreviventes geralmente ficam com síndrome do intestino curto, deficiência de absorção (precisam fazer suplementação vitamínica ou até manter nutrição parenteral). • Principal artéria acometida→ ARTÉRIA MESENTÉRICA SUPERIOR → isquemia do intestino delgado (poupa estomago, duodeno e porção distal do cólon). • Porque ela é mais calibrosa que a AMI e tão calibrosa quanto o tronco celíaco, mas o tronco celíaco tem uma emergência mais perpendicular. Etiologia: Trombose arterial Embolia arterial – mais comum Trombose venosa mesentérica Causas não oclusivas TROMBOSE ARTERIAL • Geralmente vai para o gastroenterologista, faz endoscopia, faz TC e outros métodos de investigação e um dia complica com muita dor e é encaminhado para o cirurgião vascular. • Sintomatologia progressiva (como se fosse a isquemia crítica de MMII). Quadros iniciais sem alterações importantes e conforme se torna mais agudo/intenso ele vai ter dor abdominal sem estar se alimentando. • Responsável por 25-30% dos casos de IIA • Angina intestinal prévia/ dor abdominal crônica • Vasculopata • Cirurgia vascular prévia em 50% • Desencadeado por: oclusão do trombo, baixo débito cardíaco, uso de medicamentos (derivados da ergotamina, cocaína, diuréticos) EMBOLIA ARTERIAL • Paciente já chega no hospital com mais emergência. • Sintomatologia presente antes do quadro de isquemia intestinal aguda (como uma oclusão arterial aguda). • Responsável por 40-50% dos casos de IIA • Origem cardíaca (FA) – 80% 5% dos êmbolos do coração irão acometer vasos mesentéricos • Embolização pós procedimentos endovasculares • Dois achados na laparotomia:P á g i n a | 5 1- Necrose de alça intestinal – não tem muito o que fazer. Pode tentar fazer enterectomia e reanastomose em alguns casos, mas vai causar síndrome do intestino curto (desabsorção). 2- Hiperemia e distensão abdominal. Apresenta alguns sinais de isquemia mais aguda, vai ter alteração dos movimentos peristálticos. Tem mais chances de ser salvo (embolectomia ou revascularização com by-pass ou stent). TROMBOSE VENOSA MESENTÉRICA Rara → 1/10.000 laparotomias por dor Sintomas mínimos (relacionados a rapidez da oclusão) • Varizes gástricas, hemorragia digestiva, edema intestinal em casos de oclusão da veia esplênica • Ascite aguda: trombose venosa mesentérica superior Relacionada a causas secundárias → tumores, hipertensão porta (cirrose), peritonite, estados de hipercoagulação, exames diagnósticos ou terapêuticos. Achados: leucocitose, USG, TC com contraste EV Diagnóstico: TC com contraste é o principal exame (identifica a presença e gravidade da TVM) Tratamento: anticoagulação sistêmica (antagonista da vitamina K - Varfarina). Geralmente melhoram. Complicações: dor, peritonite, diarreia sanguinolenta → Importante identificar se tem algum sinal precoce de laparotomia. ISQUEMIA NÃO OCLUSIVA Pacientes graves (UTI) – ICC, Sepse, Hipovolemia Geralmente devido ao tratamento do paciente (drogas vasopressoras em alto volume, mal estado geral, adrenalina, vasoespasmo). Vasoespasmo induzido por drogas (adrenalina e noradrenalina) Redução da perfusão sistêmica + mesentérica Tratar a doença de base, manejo do choque. Quadro clínico o Forte dor abdominal o Exame físico desproporcional o Rápida evolução para sepse (taquicardia, hipotensão, peritonite, febre) o Diarreia transitória (33%), N/V (50%) o Sangue oculto (gástrico ou retal): 25% o Alteração no ritmo cardíaco: Fibrilação atrial (embolia atrial). Diagnóstico o Exames laboratoriais Leucocitose com desvio Amilasemia (50%) Acidose metabólica Elevação de Lactato/LDH/FAL (sinal de necrose intestinal) P á g i n a | 6 Elevação de D-Dímeros. o Exames de imagem USG doppler →prejudicado pela interposição de gazes e distensão abdominal. Angiotomografia → TC com contraste em cortes finos Arteriografia Tratamento INTESTINO VIÁVEL OU INVIÁVEL ??? Inviável Laparotomia Colectomia/ enterectomia Viável Fibrinólise angioplastia Aspirção de embolos Laparo + embolec. Revasc. Medidas de conforto para o paciente + Avisar familiares sobre gravidade do QC (evolução para óbito) Stent retrógrado (depois da oclusão) Bypass P á g i n a | 7
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