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Curso de 
Odontologia Veterinária em 
Cães e Gatos 
 
 
 
 
 
MÓDULO III: ORTODONTIA 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
102 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
MÓDULO III 
 
ORTODONTIA 
 
A Ortodontia é o ramo da odontologia que trabalha com o reposicionamento 
dos dentes visando conforto e prevenção de doenças. Cães e gatos podem 
apresentar lesões na cavidade oral ou fraturas dentais em decorrência de um mau 
posicionamento de um ou mais dentes, levando à formação de abscessos, infecção, 
dor, excesso de salivação e anorexia. Por esta razão, a correção das maloclusões 
em animais, pouco tem a ver com uma questão puramente estética e sim, uma 
alternativa na melhoria da qualidade de vida desses pacientes. As causas mais 
freqüentes estão relacionadas à persistência de dentes de leite, hábitos 
mastigatórios inadequados, vícios de roer objetos duros (ossos, pedras, coco, etc.), 
traumas, iatrogenias e alterações adquiridas, congênitas ou genéticas. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Ortodontia é o ramo da odontologia responsável pelo estudo do 
posicionamento, movimentação dental e sua repercussão nas estruturas anatômicas 
adjacentes de forma funcional e harmônica durante o processo de oclusão. Assim 
como uma lesão na pele ou dores articulares, os distúrbios no posicionamento dental 
podem causar desconforto ou levar a problemas periodontais, perda de dentes e 
lacerações dos tecidos bucais em cães e gatos. 
A ortodontia tem como objetivo corrigir as alterações de oclusão e relações 
interdentais adjacentes e antagônicas. Estas alterações podem surgir durante o 
desenvolvimento e apresentam diferentes etiologias, tais como comprimento maxilar 
e mandibular, a relação entre os ramos maxilomandibulares, desenvolvimento 
muscular, dentições temporárias atrasadas e persistentes, polidontias, oligodontias, 
peças inclusas, traumatismos, hábitos, etc. Todas estas causas produzem 
alterações estéticas e funcionais como desgaste de dentes, dificuldades na 
 
 
 
 
 
103 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
mastigação e suas conseqüentes alterações periodontais secundárias ao acúmulo 
de alimentos e placa nas áreas de contato interdentais, alterações na articulação 
temporomandibular (ATM), falta de espaço resultando em apinhamento e 
deslocamento dental. Nos cães e gatos, em relação aos seres humanos, os 
parâmetros fisiológicos de modificação oclusal podem variar dramaticamente de uma 
raça para outra. Um dos fatores será definido de acordo com o formato do tipo de 
crânio. 
 
 
Tabela 1. Resumo dos tipos craniais de acordo com seu formato nas diferentes 
espécies e raças de cães e gatos. 
 
Tipo de Crânio Descrição Cães Gatos 
 
Dolicocefálicos ou 
Dolicocéfalos 
Diâmetro ântero-posterior 
da cabeça é longo, dentes 
pré-molares estão 
bastante espaçados. 
Doberman 
Greyhounds 
Saluki 
Siamês 
Braquicefálicos ou 
Braquicéfalos 
Diâmetro ântero-posterior 
da cabeça é curto, “face 
achatada”, dentes pré-
molares apinhados e/ou 
giro-vertidos. 
Shih-tzu 
Bulldog 
Pequinês 
Persa 
Mesocefálicos ou 
Mesocéfalos 
Maioria das raças, são 
diâmetros intermediários 
entre os dois primeiros. 
Poodle 
Spaniels 
Labrador 
SRD 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
104 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2008.  
 
 
 
 
2. DIAGNÓSTICO 
 
Os defeitos de mordida são comuns na prática clínica de pequenos animais, 
principalmente em cães. Para diagnosticar defeitos na oclusão e formular um 
planejamento do tratamento ideal para cada caso, é fundamental que o veterinário 
reconheça o posicionamento correto dos dentes nas espécies domésticas. Existe 
uma série de fatores nos quais devemos nos concentrar no momento em que 
avaliamos a oclusão de nossos pacientes, embora existam particularidades 
anatômicas com fenótipo diferente, dependendo da raça do cão ou gato que 
estamos estudando. Além disso, existem conjuntos de alterações que podem ser 
admitidos por alguns padrões raciais. Por isso, devemos ter conhecimento das 
generalidades e especificações raciais estabelecidas pelas correspondentes 
federações caninas e felinas. 
As alterações no posicionamento dentário podem ser subdivididas em três 
categorias; maloclusões tipo I, II e III. As do tipo I são mais freqüentemente 
observadas; dentre elas podemos citar a mordida cruzada anterior, mordida em 
Figura 1. Normoclusão. Incisivos ocluindo em tesoura, posicionamento 
das cúspides de pré-molares superiores entre os espaços interdentais 
dos inferiores, 4º pré-molar superior cobrindo parcialmente 1º molar 
inferior e contato oclusal na relação entre os últimos molares. 
 
 
 
 
 
105 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
pinça, rotações e apinhamento dental, deslocamento lingual de caninos inferiores, e 
dentes retidos ou impactados. 
 
 Tabela 2. Sistema de classificação oclusal em cães e gatos. 
 
 
 
 
2.1 Persistência de Dentes Decíduos 
 
Sabe-se que a queda dos dentes de leite é feita pela estimulação do 
permanente na região apical das raízes. Se os botões germinativos dos dentes 
permanentes encontrarem-se deslocados, conseqüentemente, não estarão na 
posição para induzir ação reabsortiva (risólize) na raiz do canino de leite, resultando 
em retenção deste decíduo. 
A persistência dos dentes decíduos é rara nos gatos. Nos cães, é vista 
ocasionalmente em animais de médio e grande porte e comum nos cães de raças 
pequenas. Esta condição deve ser evitada ao máximo, ou seja, deve-se extraí-los no 
momento em que os permanentes começarem a eclodir para que distúrbios de 
oclusão sejam evitados. Por isso, a extração do decíduo persistente deve ocorrer o 
mais cedo possível, favorecendo a oclusão normal. 
 
 
Ortoclusão 
 
Tipo 0 
Maloclusão 
Tipo I 
Maloclusão 
Tipo II 
Maloclusão 
Tipo III 
Relação 
oclusal normal 
ou 
normoclusão 
Mordida cruzada anterior 
Mordida cruzada posterior 
Apinhamento dental 
Caninos de base estreita 
Persistência de decíduos 
Outros 
Braquignatismo 
Mandibular ou 
Maxilar 
Prognatismo 
Mandibular ou 
Maxilar 
 
 
 
 
 
106 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2006. 
 apical. 
 
 
 
 
2.2 Caninos de Base Estreita 
 
O desvio lingual de caninos inferiores é um problema ortodôntico 
relativamente comum em cães jovens de várias raças. Este tipo de maloclusão é 
normalmente observado em animais com persistência de dentes decíduos podendo 
ser decorrente de uma anormalidade dental, óssea oudental e óssea. Estas más 
oclusões acarretam em desconforto e dor para os pacientes, podendo levar a 
traumatismo do palato duro, problemas periodontais, fístulas oronasais, sialorréia e 
dificuldade ou incapacidade de abrir e fechar a boca. 
O desvio lingual de dentes caninos inferiores ocorre freqüentemente em 
cães que tiveram retenção de dentes decíduos. Há uma discussão se os caninos de 
base estreita representam uma anomalia no desenvolvimento ou se são resultados 
dos dentes decíduos retidos. Alguns autores afirmam que este tipo de alteração 
ocorre, principalmente, pela suspeita genética e que sua correção é de fácil técnica. 
O tratamento ortodôntico indicado para casos de caninos mandibulares deslocados 
lingualmente é o aparelho de plano inclinado. 
Figura 1. Persistência de caninos inferiores e 
incisivos decíduos (setas amarelas) em cão.
 
 
 
 
 
107 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2004. 
 apical. 
 
 
 
2.3 Mordida Cruzada Anterior 
 
É uma alteração relativamente comum em cães. Acontece quando um ou 
mais incisivos superiores ou inferiores então deslocados à frente da linha de oclusão 
em relação aos seus antagonistas. A mordida cruzada anterior pode ser um reflexo 
de uma alteração genética como prognatismo ou braquignatismo mandibular ou 
maxilar, mas em geral estão relacionados a problemas adquiridos, como hábitos de 
morder objetos muito duros. Esta distinção pode ser constatada analisando-se a 
oclusão lateral entre pré-molares e molares. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Caninos de base estreita 
evidenciados pela radiografia periapical intra-
oral em um cão. Relação paralela entre os 
dentes e seu próprio eixo.
 
 
 
 
 
108 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
 
 
 
 
Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2006. 
 
 Figura 4. Mordida cruzada anterior de um mesmo cão em diferentes ângulos. 
 A, Aspecto frontal com distalização de incisivos superiores. 
 B, Ausência de espaço entre incisivo lateral e canino inferior. 
 C, Vista lateral mostrando oclusão normal na relação entre pré-molares superiores 
 e inferiores, caracterizando a maloclusão tipo I. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
109 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
2.4 Mordida Cruzada Posterior 
 
Ocorre quando a linha de oclusão entre pré-molares e molares está 
desviada bucolingualmente, ou seja, os dentes pré-molares e molares superiores 
estão posicionados lingualmente em relação aos pré-molares e molares inferiores. 
Esta é uma condição pouco freqüente, encontrada especialmente em raças 
dolicocefálicas, podendo ser uma alteração congênita relacionada ao teto palatino 
muito estreito nessas raças ou pode estar associada a traumatismos com desvio de 
peças dentários. 
 
 
2.5 Apinhamento Dental 
 
Incisivos apinhados são comuns em algumas raças de cães com mandíbulas 
pequenas e estreitas e é uma condição congênita. Nas raças braquicefálicas os 
dentes mais freqüentemente envolvidos nesta condição são os pré-molares e 
molares. Estes dentes têm uma anatomia normal, mas o espaço restrito leva à 
giroversão ou rotação em seu eixo ao longo da maxila ou mandíbula, levando a um 
enfileiramento, aglomeração ou apinhamento destes elementos. 
Na maioria das raças os dentes estão posicionados lado a lado. Isto 
favorece o mecanismo de autolimpeza bucal onde o alimento é empurrado dos 
dentes para a gengiva. Se os dentes não estiverem alinhados corretamente haverá 
uma retenção maior de resíduos alimentares na região afetada, levando ao acúmulo 
de placa bacteriana, inflamação e instalação da doença periodontal precocemente. 
 
 
 
 
 
 
110 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2006. 
 apical. 
 
 
 
2.6 Prognatismo e Braquignatismo 
 
Quando falamos em prognatismo, automaticamente pensamos em animais 
com mandíbulas longas, mas nem sempre isto está correto. O termo refere-se à 
protrusão ou adiantamento e pode estar relacionado à mandíbula, maxila ou ambos. 
O desenvolvimento dos ossos da face, tanto em mandíbula como maxila, é 
independente e se estabiliza por volta dos dois anos de idade. Por isso, alterações 
no comprimento podem acontecer separada ou concomitantemente. Em virtude 
disto, o posicionamento dental poderá ser alterado em conseqüência da falta de 
espaço pelo encurtamento das estruturas. 
 Devemos examinar a angulação e a posição da articulação 
temporomandibular, assim como a relação entre os pré-molares e molares, para 
determinar qual das estruturas, maxila ou mandíbula, está mais desenvolvida ou 
alongada em relação à outra. Geralmente observa-se um espaçamento maior que o 
normal entre os elementos dentários pertencentes à mandíbula ou maxila protrusa. 
O diagnóstico das maloclusões tipo II e III devem ser feitos considerando-se o 
posicionamento de todos os dentes, não só incisivos e caninos como nas 
maloclusões tipo I. Portanto, o animal poderá ser prognata mandibular, se esta 
Figura 5. Dentes pré-molares superiores 
girovertidos e apinhados em cão braquicefálico.
 
 
 
 
 
111 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
estrutura apresentar-se com um comprimento maior que o normal, em relação à 
maxila, para sua espécie e raça, ou ainda, será prognata maxilar se a mesma 
encontrar-se mais proeminente que o padrão esperado em relação à mandíbula. 
No braquignatismo, a idéia é a mesma só que a alteração será pelo 
encurtamento excessivo da mandíbula, maxila ou ambas. A maioria dos animais 
braquicefálicos é erroneamente considerada prognata, por possuir “mandíbulas 
longas”, ex. boxer, buldog. Porém, na verdade, são em sua maioria braquignatas 
maxilares fisiológicos, sua mandíbula tem o tamanho normal, porém a maxila é muito 
curta; basta observar a correlação entre pré-molares e molares antagonistas, com 
muitos dentes superiores girovertidos pela falta de espaço característica da 
condição. 
 
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2006.  
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6. Mordida cruzada anterior (setas verdes) 
associada ao encurtamento da maxila ou braquignatismo 
superior, demonstrado pelo desvio de pré-molares e 
molares do seu eixo oclusal padrão (setas vermelhas). 
 
 
 
 
 
112 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
3. TRATAMENTO 
 
A prevenção é sempre melhor que o tratamento. O reconhecimento precoce 
do problema é essencial para minimizar o desconforto e a dor que podem estar 
envolvidos, além da prevenção no agravamento da condiçãopatológica. Nos casos 
onde maloclusões afetam a dentição primária, pode-se optar pela ortodontia 
interceptiva, onde a redução da coroa clínica, seguida de pulpotomia ou mesmo a 
extração dental são aplicadas. Quando os dentes permanentes estão envolvidos, 
nem sempre há necessidade de tratamento ortodôntico se o problema não reflete em 
desconforto ou prejuízos para a saúde do animal. O princípio de qualquer tratamento 
ortodôntico deve ter como base fundamental o conforto do paciente; questões 
estéticas devem ser colocadas em segundo plano. 
O planejamento do tratamento ortodôntico inclui a escolha da técnica mais 
indicada para cada caso, de acordo com o tipo de alteração, temperamento do 
animal, disponibilidade do proprietário e custos operacionais, visto que a anestesia 
geral é necessária em pelo menos dois tempos: colocação e retirada do aparelho. 
Diferentemente dos seres humanos, a movimentação ortodôntica no cão ocorre de 
forma mais rápida. Assim podemos concluir um tratamento em até 90 dias, 
dependendo da idade do animal e tipo de alteração. 
A escolha do paciente deve ser bem avaliada, para que não haja nenhuma 
interferência durante o tratamento, visto que alguns animais não toleram o aparelho 
na cavidade oral. Existe uma gama de materiais usados na confecção de moldes e 
aparelhos ortodônticos que variam em custo e tipo de movimento dental desejado; 
os mais comuns são os expansores (confeccionados pelo protético), plano inclinado 
(resina acrílica), brackets e botões com elástico. 
A cooperação do proprietário é fundamental, tanto no uso de técnicas onde 
são necessárias ativações do aparelho em casa ou mesmo nos cuidados com a 
higienização e, principalmente, em executar medidas para evitar que o animal 
danifique a peça, o que impossibilita o sucesso do tratamento. 
 
 
 
 
 
113 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 Para a correção ortodôntica devem ser considerados fatores como a ética 
profissional e a possível transmissão genética de características indesejáveis, o que 
pode, eventualmente, colocar o profissional numa situação delicada frente a colegas 
e proprietários. Desta forma, o veterinário dentista deve diagnosticar a possível 
origem da maloclusão e orientar o proprietário quanto à melhor alternativa para cada 
caso. 
As radiografias dentais ajudam na detecção de determinadas condições que 
devem ser bem avaliadas e, se for o caso, corrigidas, antes de se iniciar o 
tratamento ortodôntico, pois podem interferir diretamente no resultado e 
planejamento desejado, como, por exemplo, reabsorções, abscessos, dentes 
inclusos, anormalidades radiculares, etc. 
As fotografias são recursos importantes no acompanhamento dos casos. De 
maneira prática e fácil de arquivar junto ao histórico e registro da evolução de cada 
caso, servem ainda como forma de estudo do diagnóstico e planejamento do 
tratamento indicado. Faça projeções frontais e laterais direito e esquerdo. Dê 
preferência por câmeras com lentes e resoluções apropriadas para uso em 
odontologia. Os cursos de fotografia odontológica são aconselhados e aplicados em 
todas as áreas da odontologia; podem ser oferecidos por Universidades, 
SEBRAE/SENAC, cursos de pós-graduação, clínicas particulares, etc. 
Existem basicamente três tipos de classificação quanto aos tratamentos: 
Ortodontia preventiva – cuja finalidade é eliminar condições que 
determinam irregularidades no desenvolvimento ou no complexo de maturação da 
oclusão enquanto os ossos e dentes ainda estiverem em crescimento. 
Ortodontia Interceptiva – consiste em eliminar problemas ou defeitos de 
oclusão já instalados, por meio de técnicas cirúrgicas de exodontia ou redução de 
coroa clínica seguida de pulpotomia. 
Ortodontia Corretiva – estabelece o princípio da movimentação dental por 
meio da ação de forças diretas provindas, geralmente, da utilização de aparelhos 
fixados sobre os elementos dentários. Apresenta-se em dois estágios fundamentais: 
tratamento ativo e retenção. Durante o tratamento ativo são aplicadas forças que 
 
 
 
 
 
114 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
irão atuar remodelando as estruturas de suporte periodontais, causando episódios 
de reabsorção e deposição óssea aceleradas, levando aquele dente à posição ideal. 
Após esta etapa é necessário que o periodonto de adapte a esta nova condição 
(reposicionamento dental), para permitir um estágio de desenvolvimento 
harmonioso, chamado estágio de retenção. 
 
3.1 Movimento Ortodôntico 
 
O movimento ortodôntico pode ser definido como a aplicação prolongada de 
uma pressão controlada sobre o elemento dentário, resultando em movimento do 
dente e remodelação do osso alveolar. Para a movimentação do dente são 
necessários espaço suficiente, pressão adequada e ancoragem. O osso em contato 
com a compressão sofre uma reabsorção resultante do processo inflamatório 
produzido pela força aplicada, e no lado da tensão ocorre uma deposição óssea 
fazendo com que aquele dente permaneça na nova posição. Numa situação ideal os 
processos de reabsorção e deposição óssea permanecem em equilíbrio e até a 
completa maturação óssea neoformada é necessário um período de retenção no 
posicionamento ideal atingido. 
A força ortodôntica ótima é aquela que realiza o movimento rápido sem 
resultar em danos às estruturas de suporte com mínimo desconforto ao paciente. As 
forças aplicadas nos dentes são transmitidas através do ligamento periodontal. 
Existem vários tipos de forças: 
- Inclinação - movimento da coroa, sem a troca de posição com o ápice da 
raiz. 
- Giroversão ou movimento de corpo - todas as partes do dente devem 
movimentar-se em conjunto, ou seja, a raiz do dente é movimentada ao longo do 
mesmo nível da coroa. 
- Rotação – o dente é movimentado em conjunto no seu próprio eixo. 
 
 
 
 
 
115 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
- Intrusão – movimento do dente para dentro do alvéolo. 
- Extrusão – movimento para fora do alvéolo. 
Fatores que devem ser considerados são relativos à dimensão da força e à 
distribuição dessas forças sobre os tecidos e seu tempo de duração. Distinguem-se 
três tipos de duração: 
- Contínua – a força aplicada no aparelho decresce gradualmente entre os 
ajustes e um novo aparelho ou fio ortodôntico deve ser instalado; ex. aros ou 
eláticos com brackets. 
- Interrompida – a força diminui até zero entre os ajustes e quando isso 
ocorre, o aparelho é novamente ativado; ex. expansores. 
- Intermitente – a força anula-se quando se remove o aparelho e volta a ser 
exercida quando de coloca novamente; ex. aparelhos móveis. 
A força ideal deve ser suave e contínua. Se a pressão for demasiada, além 
de muita dor poderão ocorrer danos periodontais, necrose, anquilose, fraturas 
dentais, lesões endodônticas e perda do dente envolvido. Possíveis complicações 
do tratamento ortodôntico incluem pulpites, reabsorções radiculares, mobilidade 
dental e desconforto. Em resumo, os tratamentos em ortodontia devem incluir um 
programa prévio de acompanhamento do caso tanto clinicamente como, se 
necessário, radiograficamente. 
 
 
 
 
 
 
116 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2008. 
 
 
 
A ortodontiaoferece inúmeras vantagens quando comparada à extração e 
pulpotomia, que são formas alternativas de aliviar o trauma palatal; porém, as 
pulpotomias vitais podem falhar, tendo por resultado a terapia endodôntica. Técnicas 
ortodônticas além de assegurarem a funcionalidade e vitalidade endodôntica são 
uma alternativa prática e eficaz para corrigir maloclusões em cães e gatos. 
 
3.2 Aparelho de Plano Inclinado 
 
O princípio básico deste método é que, a cúspide “toca” as áreas de 
deslizamento criadas no aparelho, desviando o dente para a posição desejada. O 
plano inclinado construído de resina acrílica é aplicado, direta ou indiretamente, no 
palato duro, de forma a provocar uma área de inclinação no momento de contato 
entre o canino inferior e o plano, levando, pelas forças mastigatórias, os caninos 
inferiores a deslocarem- se para a face vestibular. A finalidade principal do 
tratamento ortodôntico é aliviar a dor e o desconforto causados pelas maloclusões, 
restabelecendo ao paciente uma oclusão satisfatória, além da preservação 
anatomofisiológica das estruturas dentais e de suporte. 
Figura 7. Esquema ilustrativo demonstrando aplicação de força ortodôntica 
ideal e excessiva e suas conseqüências sobre as estruturas periodontais 
adjacentes. 
 
 
 
 
 
117 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Na maioria das vezes o aparelho é confeccionado na própria cavidade oral, 
mas algumas vezes é necessário processá-lo em laboratório de forma indireta, por 
meio da confecção de modelos em gesso, das arcadas do animal. A ação da 
correção ortodôntica dá-se de forma passiva pela força de mastigação do canino 
inferior diretamente no plano inclinado. As possíveis complicações estão 
relacionadas à recusa do animal em ocluir ou pressionar os dentes sobre o aparelho, 
levando à persistência do problema. Neste caso deve-se optar pela técnica ativa, de 
expansores. 
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2003. 
Figura 8. Confecção de aparelho de plano inclinado 
em resina acrílica, aplicado diretamente sobre a 
maxila em paciente canino. 
 
 
 
3.3 Aparelho Expansor 
 
Esta é uma técnica ativa, ou seja, a força exercida na movimentação dental 
provém da ativação de um mini parafuso metálico inserido em placa de resina e 
fixado sobre os dentes. Por não depender da oclusão para movimentação dental, é 
mais confiável em termos de resultados. Para realização desta técnica serão 
necessários, mo mínimo, três procedimentos distintos: moldagem, colocação e 
 
 
 
 
 
118 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
retirada do aparelho. Em todas estas ocasiões o animal deve ser submetido à 
anestesia geral. 
A moldagem é o primeiro passo na confecção do modelo de estudos em 
gesso; para isso é necessário tirar a impressão das arcadas superiores e inferiores 
com uma mistura à base de alginato. Uma moldeira deve ser usada, proporcional ao 
tamanho da boca do animal, com delicadeza para que os relevos não deformem; por 
isso a importância desta etapa ser realizada com o animal anestesiado, para que 
este não realize movimentos bruscos o que inviabilizaria todo o processo. 
 Em seguida, envie o material o mais rápido possível ao protético para 
confecção do aparelho. 
 
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2007. 
 
 
 
Figura 9. Confecção de modelos em gesso das arcadas dentárias superiores e 
inferiores, logo após moldagem, para estudo e planejamento ortodôntico em 
paciente canino. 
 
 
 
 
 
119 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2007. 
 
 
 
 
A etapa de colocação do aparelho deve ser marcada tão logo ele seja 
entregue pelo protético. Novamente sob anestesia geral, o aparelho deve ser 
posicionado na arcada onde se espera um encaixe perfeito. Os dentes devem ser 
preparados para fixação, após limpeza e polimento; são condicionados com ataque 
ácido. A fixação do aparelho pode ser feita com resina fotopolimerizável ou acrílica, 
aplicada sobre as bandagens e fios metálicos que envolvem os dentes. 
O proprietário deve ser instruído quanto aos cuidados em casa, evitando ao 
máximo alimento ou objetos duros (comedouros, grades, ossos, etc.). O aparelho 
deve ser ativado em ¼ de volta no sentido indicado, em dias alternados, por um 
período inicial de 30 dias. O acompanhamento e monitorização da movimentação 
dental devem ser constantes pelo veterinário dentista. A resposta ao tratamento é 
individual, podendo alguns animais responderem mais rápido que outros, e claro, se 
não houver intercorrências, como quebra do aparelho. 
 
Figura 10. Confecção de aparelho expansor em 
resina acrílica, sobre modelo em gesso de 
paciente canino.
 
 
 
 
 
120 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2005. 
 apical. 
 
 
Ao definir que a movimentação ortodôntica foi concluída, ou seja, os dentes 
atingiram a posição ideal, o aparelho deve ser mantido na cavidade oral por, no 
mínimo, período igual ao tempo necessário da correção para que ocorra a 
estabilização periodontal dos dentes que sofreram o movimento. O tratamento é 
somente concluído com a retirada do aparelho, em nova anestesia, com auxílio de 
brocas de alta rotação e de acabamento. 
 
3.4 Brackets e botões com elástico 
 
São peças metálicas fixadas nos dentes com resina composta 
fotopolimerizável. É necessário que haja um preparo na superfície dental, ou seja, 
após a remoção da placa bacteriana e polimento, aplica-se ataque ácido, lava-se e 
seca-se bem com a seringa tríplice, e só então, o bracket ou botão é colado com 
resina. Só após a fixação das peças são colocadas as correntes elásticas para 
obterem-se forças adequadas que consigam o deslocamento dos dentes envolvidos. 
São indicados para pequenos deslocamentos em incisivos inferiores e para atrair 
caninos divergentes. 
 
Figura 11. Aparelho expansor fixado em palato com 
ancoragem em caninos superiores em um cão.
 
 
 
 
 
121 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 Fonte: Mariana Ramos da Silva, 2007. 
 apical. 
 
 
 
 
 
------------FIM DO MÓDULO III------------- 
 
 
 
Figura 12. Aparelho de brackets com corrente 
de elástico em incisivos inferiores com 
ancoragem em caninos, associado ao expansor 
palatino em um cão.

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