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EBOOK - DIREITO PROCESSUAL PENAL

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E-book de 
DIREITO PROCESSUAL PENAL
 
 
 
 
Organizado por CP Iuris 
ISBN 978-85-5805-026-5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CP Iuris 
Brasília 
2019
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................... 5 
2. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL ....................................................................................................... 9 
3. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO .......................................................................... 28 
4. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO ........................................................................... 29 
5. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL .................................................................................... 30 
6. INQUÉRITO POLICIAL ........................................................................................................................ 32 
7. AÇÃO PENAL .................................................................................................................................... 53 
8. AÇÃO CIVIL EX DELICT. ...................................................................................................................... 73 
9. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA ............................................................................................................ 94 
10. QUESTÕES PREJUDICIAIS............................................................................................................... 113 
11. INCIDENTAIS ................................................................................................................................. 116 
12. EXCEÇÕES ..................................................................................................................................... 121 
13. RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS ........................................................................................ 132 
14. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS ......................................................................................................... 133 
15. PROVAS........................................................................................................................................ 137 
16. PROVAS........................................................................................................................................ 147 
17. SUJEITOS PROCESSUAIS ............................................................................................................... 161 
18. PRISÃO ......................................................................................................................................... 170 
19. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA ............................................................................................................. 187 
20. LIBERDADE PROVISÓRIA ............................................................................................................... 193 
21. MEDIDAS CAUTELARES ................................................................................................................. 194 
 
 
 
22. CITAÇÃO....................................................................................................................................... 202 
23. INTIMAÇÃO .................................................................................................................................. 208 
24. SENTENÇA .................................................................................................................................... 211 
25. PROCESSO EM ESPÉCIE ................................................................................................................. 217 
26. PROCEDIMENTOS ......................................................................................................................... 226 
27. PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI ........................................................................................ 253 
28. NULIDADES .................................................................................................................................. 272 
29. RECURSOS CRIMINAIS ................................................................................................................... 287 
30. HABEAS CORPUS........................................................................................................................... 320 
31. REVISÃO CRIMINAL....................................................................................................................... 332 
 
 
5 
 
1. INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
❖ Conceito de direito processual penal 
a) Visão clássica: 
- “Conjunto de atos cronologicamente concatenados (procedimentos), submetido a princípios e regras 
jurídicas destinadas a compor as lides de caráter penal. Sua finalidade é, assim, a aplicação do direito penal 
objetivo”. 
- Estado possui o dever de punir (poder-dever de punir – jus puniendi). 
- O processo penal é o instrumento para a aplicação do direito penal. 
- Persecução penal (persecutio criminis) – 2 momentos. 
1º momento: fase de investigação, na qual colhe-se os indícios de materialidade (de que o crime 
existiu) e de autoria (quem foi o autor do crime?). Uma das formas de investigação é o inquérito policial que 
tem o seu regramento a partir do art. 4º, do CPP. 
2º momento: a partir da formação da opinio delicti, terá início a fase da ação penal, do processo 
criminal, por meio do oferecimento da denúncia ou queixa-crime (será abordado em momento oportuno). 
Tem-se, portanto, vários atos concatenados em procedimentos diversos, que serão estudados ao 
longo do curso, a fim de se destinar à composição da lide penal, que é o deve de punir. 
Deve se atentar também a outra visão atual: 
b) Visão constitucional-garantista do processo (processo penal constitucional). 
- Fala-se então em processo penal justo. 
- O processo deve ser entendido não só como meio de aplicação do direito penal no caso concreto, mas 
também como uma forma de proteção dos direitos fundamentais do indivíduo contra a força do Estado na 
persecução penal. 
- Afinal, o Estado investiga (Polícia judiciária), acusa (Ministério Público), julga (Juiz), enquanto o réu apenas 
se defende. 
- Observância de direitos fundamentais e princípios constitucionais atinentes à matéria, como a presunção 
de inocência, o sistema acusatório, o convencimento motivado, a proibição de provas ilícitas, o 
 
6 
 
fortalecimento do Ministério Público e etc., a fim de que não haja descumprimento ou infringência tendente 
a punir o indivíduo indevidamente. 
❖ Finalidade do direito processual penal 
a) Finalidade imediata ou direta: visão clássica – direito de punir do Estado –, aliada a uma visão 
atual de tutela dos direitos fundamentais do cidadão contra a força do estado. 
b) Finalidade mediata ou indireta: confunde-se com a própria finalidade do direito penal – proteção 
da sociedade, paz social, defesa dos interesses jurídicos, convivência harmônica das pessoas no território da 
nação. 
❖ Fontes do direito processual penal 
a) Fonte de produção ou material: 
- Legislar sobre direito processual penal – privativa da União – art. 22, inciso I, da CF. 
- Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas dessa matéria – art. 22, 
parágrafo único, CF. 
- Legislar sobre direito penitenciário e procedimentos – concorrente da União, estados, DF art. 24, incisos I 
e XI, da CF. 
- Legislar sobre organização judiciária nos estados e sobre custas dos serviços forenses – art. 24, inciso IV, da 
CF. 
- Indulto: via decreto do Presidente da República (ex.: indulto natalino) – art. 84, inciso XII, CF. 
ATENÇÃO: 
Informativo 939-STF: O Decreto nº 9.246/2017, que concedeu indulto natalino, é constitucional. 
O indulto é um mecanismode freios e contrapesos exercido pelo Poder Executivo sobre o 
Judiciário, sendo consentâneo com a teoria da separação dos poderes. O indulto não faz parte 
da doutrina penal, não é instrumento consentâneo à política criminal. Trata-se, como já 
explicado, de legítimo mecanismo de freios e contrapesos para coibir excessos e permitir maior 
equilíbrio na Justiça criminal. 
O indulto é considerado um ato discricionário e privativo do Presidente da República. O decreto 
de indulto não é imune ao controle jurisdicional, no entanto, suas limitações se encontram no 
texto constitucional (art. 5º, XLIII, da CF/88). É possível a concessão de indulto para crimes de 
corrupção (em sentido amplo) e lavagem de dinheiro. Isso porque não há vedação na 
Constituição Federal. O parecer oferecido pelo Conselho Nacional de Política Criminal e 
Penitenciária (CNPCP) acerca dos critérios de concessão do indulto não vincula o Presidente da 
República. STF. Plenário. ADI 5874/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 9/5/2019. 
 
7 
 
- Direito processual penal/direito penal: vedada a edição de medida provisória – art. 62, § 2º, I, Alínea b, CF 
 
b) Fonte formal ou de cognição: 
Subdivide-se em fontes primárias/imediatas/diretas ou fontes secundárias/mediatas/indiretas/supletivas. 
(i) Fontes primárias ou imediatas ou diretas: 
Aplicadas imediatamente. 
São elas: Lei; CF; Tratados, convenções e regras de direito internacional. 
Lembrar: tratados e convenções internacionais de direitos humanos: aprovados em cada casa do 
CN em dois turnos por 3/5 serão equivalentes a emendas constitucionais. Se, entretanto, esses diplomas não 
preencherem esses requisitos terão caráter de supralegalidade. Ou seja, superior à lei mas deve respeito ao 
texto constitucional (STF, Informativo 531). 
(ii) Fontes secundárias ou mediatas ou indiretas ou supletivas: 
Costumes: “são regras de condutas praticadas de modo geral, constante e uniforme (elemento 
interno), com a consciência de sua obrigatoriedade (elemento externo)” (Mirabete). É de se ressaltar que os 
costumes não têm o condão de revogar normas. 
Princípios gerais do direito: “são premissas éticas extraídas da legislação e do ordenamento jurídico 
em geral” (Mirabete). Permitida expressamente no art. 3º, CPP. 
Analogia: “forma de autointegração da lei. Na lacuna involuntária da lei aplica-se ao fato não 
regulado expressamente um dispositivo que disciplina hipótese semelhante”. Aplicação autorizada pelo art. 
3º, CPP (apesar de dizer aplicação analógica, é sinônimo de analogia). 
Analogia 
Analogia legis: aplica-se a uma situação já prevista em lei. 
Analogia juris: aplica-se a uma situação prevista pelos princípios jurídicos extraídos das normas 
particulares. 
Analogia in bonam partem: em beneficio do agente. 
 
8 
 
Art. 3º, CPP: “a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o 
suplemento dos princípios gerais do direito”. 
Analogia se confunde com interpretação analógica??? 
Analogia Interpretação analógica 
É forma de autointegração da norma. É forma de interpretação da norma. 
 
Aplica-se o regramento jurídico de uma 
determinada situação a outra. 
A própria lei autoriza o seu complemento, 
já prevendo hipótese de preenchimento. 
Normalmente, a norma utiliza uma expressão 
genérica ao final. 
Pode ser feita in malam partem no 
processo penal (não no direito penal). 
Pode ser feita in malam partem tanto no 
processo penal como no direito penal. 
Exemplo: Homicídio qualificado; art. 121, § 2º, inciso I, CP - mediante paga ou promessa de recompensa, ou 
por outro motivo torpe. 
A lei não consegue prever todos os casos e, por essa razão, a norma utiliza uma expressão mais genérica para 
que em cada situação em concreto seja possível realizar uma interpretação. 
PERGUNTA: E a doutrina e a jurisprudência? São fontes do direito processual penal? 
Regra para a doutrina majoritária: São formas de interpretação do direito. 
Analogia in malam partem: em prejuízo do agente. 
Aplicação da analogia no direito penal: só é admitida a analogia in bonam partem. 
Aplicação da analogia no direito processual penal: admitida qualquer forma de analogia 
 
9 
 
Exceção: atenção apenas às súmulas vinculantes do STF e às decisões proferidas em controle 
concentrado de constitucionalidade – possuem força obrigatória e, portanto, são consideradas fontes do 
direito. 
2. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
 
 
 
Princípios constitucionais expressos: dispostos na Constituição Federal. 
Princípios constitucionais implícitos: o fundamento advém da Constituição, mas se apresenta de forma 
expressa. 
Princípios do processo penal propriamente ditos: dispostos no Código de Processo Penal. 
 
10 
 
 
a) Presunção de inocência – art. 5º, LVII, CF/** 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 
É um dever de tratamento; se a pessoa ainda não foi condenada definitivamente, persiste o dever 
de tratá-la como inocente e não como culpada, o que repercutirá em consequências para o processo penal 
referentes a visões de como tratar a pessoa considerada inocente. Duas são as dimensões: 
a) Interna: 
Princípios constitucionais expressos 
Presunção de inocência 
Igualdade processual 
Ampla defesa 
Plenitude de defesa 
Favor rei – in dubio pro réu 
Contraditório 
Juiz natural 
Publicidade 
Vedação das provas ilícitas 
Economia processual, celeridade processual, duração razoável do processo 
Devido processo legal 
Intranscendência ou pessoalidade 
 
11 
 
- É dever da acusação demonstrar os elementos que comprovem que o acusado é culpado. 
Ex.: Se o MP oferece denúncia contra João, que praticou o crime de roubo, durante o processo João é 
considerado inocente. Ressalte-se que não é João que comprova a sua inocência, mas é a acusação que deve 
comprovar que o roubo existiu e que foi praticado por ele. Se a acusação assim não faz, João deverá ser 
absolvido. 
- A dúvida conduz à absolvição do réu (in dubio pro reo). Se durante todo o processo o MP não conseguiu 
provar de forma cabal que João praticou o roubo, e o juiz está na dúvida, deverá absolver. 
- Não se pode abusar da utilização de prisões cautelares (é exceção). Se pode deve prender em qualquer 
caso, alguns regras estão estabelecidas no CPP. Mesmo diante da necessidade de aplicar a prisão, medidas 
cautelares pessoais diversas desse meio coercitivo podem ser preferíveis, visto que a prisão é a última ratio. 
- Toda medida constritiva de direitos individuais só pode ser decretada excepcionalmente, tais como a quebra 
de sigilo; mandado de busca e apreensão, interceptação telefônica. 
b) Externa: 
A mídia não pode fazer um julgamento sobre o processo. Apesar disso, acaba realizando um papel 
contraditório ao princípio da presunção de inocência, porque há uma exposição de determinado indivíduo, 
fazendo com que a sociedade já crie um pré-conceito acerca aquela situação. 
OBS.: A execução provisória da pena de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação (2ª 
instância), ainda que sujeito a REsp. ou RE., não ofende o princípio da presunção de inocência/não 
culpabilidade. 
A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a 
recurso especial ou extraordinário, não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência. 
Exemplos: STF. Plenário. HC 126.292/SP – Informativo 814; STF. Plenário. ADC 43 e 44 MC-DF – Informativo 
842). 
 STJ acompanha o entendimento do STF. (STJ. 6ª Turma. Edcl no Resp 1.484.415-DF – Informativo 
581; STJ. Corte Especial. QO na APn 675-GO – Informativo 582). 
Esta matéria foi analisada novamente pelo Supremo que, em 5/4/2018, não concedeu o HC 152.752 ao ex-
presidente Lula, cujo objetivo era que o paciente respondesse em liberdade pelo processo do tríplex no 
Guarujá. Destaca-se que a prisão de Lulapossui a natureza de execução provisória da pena. 
 
12 
 
- Não é possível a execução provisória da pena se forem opostos embargos de declaração contra o acórdão 
condenatório proferido pelo Tribunal de 2ª instância e este recurso ainda não foi julgado. (STJ. 6ª Turma. HC 
366.907-PR, Rel. Min. Rogério Schietti Crus, julgado em 06/12/2016 (Informativo 595). 
- Se ainda não houve a intimação da Defensoria Pública acerca do acórdão condenatório, mostra-se ilegal a 
imediata expedição de mandado de prisão em desfavor do condenado. Como a Defensoria Pública ainda não 
foi intimada, não se encerrou a jurisdição em 2ª instância, considerando que é possível que interponha 
embargos de declaração. STJ. 5ª Turma. HC 371.870-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 13/12/2016 
(Informativo 597). 
- A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar embargos de divergência, decidiu pela 
impossibilidade de execução provisória das penas restritivas de direitos (art. 44, CP). No caso sub judice, o 
réu foi condenado a 9 meses de detenção por infração ao art. 2º, II, da Lei 8.137/90 (“Define crimes contra a 
ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo”), e essa pena foi substituída por uma restritiva 
de direitos. O Colegiado destacou que o recente entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre execução 
provisória após decisão de Segunda Instância não versou especificamente sobre a pena restritiva de direitos, 
limitando-se à pena privativa de liberdade. 
Os Ministros consideraram, ainda, que a restrição de direitos, conforme disposto no art. 147 da Lei de 
Execução Penal, somente pode ser imposta ao condenado após o trânsito em julgado da sentença. No 
posicionamento minoritário, concluiu-se pela remessa dos autos ao juízo de origem para a execução da pena, 
independentemente do trânsito em julgado. 
REsp 201602089490/SC, Relator para o acórdão Ministro Jorge Mussi, Terceira Seção, maioria, data de 
publicação: 24/8/2017. 
- Execução provisória da pena no Tribunal do Júri. Possibilidade. Adoção da nova orientação do Supremo 
Tribunal Federal. Desaforamento (art. 427 e 428, CPP). Competência do juízo da comarca em que o feito foi 
desaforado. Deslocamento do foro tão somente para a realização do tribunal popular. (HC 374.713-RS, Rel. 
Min. Antônio Saldanha Palheiro, por unanimidade, julgado em 6/6/2017, DJe 13/6/2017 – Informativo 605, 
STJ) 
https://correio.tjdft.jus.br/owa/redir.aspx?SURL=cqjmhRKZ_dk0i00BshoZ-tuU4zP-n-akhOZ3aolpWZ3Yo1NK9_nUCGgAdAB0AHAAcwA6AC8ALwB3AHcAMgAuAHMAdABqAC4AagB1AHMALgBiAHIALwBwAHIAbwBjAGUAcwBzAG8ALwByAGUAdgBpAHMAdABhAC8AZABvAGMAdQBtAGUAbgB0AG8ALwBtAGUAZABpAGEAZABvAC8APwBjAG8AbQBwAG8AbgBlAG4AdABlAD0ASQBUAEEAJgBzAGUAcQB1AGUAbgBjAGkAYQBsAD0AMQA2ADEAMwA1ADcANgAmAG4AdQBtAF8AcgBlAGcAaQBzAHQAcgBvAD0AMgAwADEANgAwADIAMAA4ADkANAA5ADAAJgBkAGEAdABhAD0AMgAwADEANwAwADgAMgA0ACYAZgBvAHIAbQBhAHQAbwA9AFAARABGAA..&URL=https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente%3dITA%26sequencial%3d1613576%26num_registro%3d201602089490%26data%3d20170824%26formato%3dPDF
https://correio.tjdft.jus.br/owa/redir.aspx?SURL=cqjmhRKZ_dk0i00BshoZ-tuU4zP-n-akhOZ3aolpWZ3Yo1NK9_nUCGgAdAB0AHAAcwA6AC8ALwB3AHcAMgAuAHMAdABqAC4AagB1AHMALgBiAHIALwBwAHIAbwBjAGUAcwBzAG8ALwByAGUAdgBpAHMAdABhAC8AZABvAGMAdQBtAGUAbgB0AG8ALwBtAGUAZABpAGEAZABvAC8APwBjAG8AbQBwAG8AbgBlAG4AdABlAD0ASQBUAEEAJgBzAGUAcQB1AGUAbgBjAGkAYQBsAD0AMQA2ADEAMwA1ADcANgAmAG4AdQBtAF8AcgBlAGcAaQBzAHQAcgBvAD0AMgAwADEANgAwADIAMAA4ADkANAA5ADAAJgBkAGEAdABhAD0AMgAwADEANwAwADgAMgA0ACYAZgBvAHIAbQBhAHQAbwA9AFAARABGAA..&URL=https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente%3dITA%26sequencial%3d1613576%26num_registro%3d201602089490%26data%3d20170824%26formato%3dPDF
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=HC374713
 
13 
 
Quem determina a execução provisória da pena na hipótese de desaforamento é o juiz que possuiu 
competência originária do feito, uma vez que o desaforamento é apenas para a realização do plenário e não 
para a execução da pena. 
 
b) Igualdade processual ou paridade de armas – art. 5º, caput, CF/88 
- As partes devem ter as mesmas oportunidades, devendo ter assegurados os mesmos direitos, com idênticas 
possibilidades de alegação, prova, impugnação. 
- Consequência direta do princípio: o réu não pode se defender sozinho (a não ser que ele seja seu próprio 
advogado), consoante art. 263, CPP. 
c) Ampla defesa – art. 5º LV, CF/88 
DEFESA TÉCNICA X AUTODEFESA; 
• Defesa técnica: 
▪ Necessária, indisponível, irrenunciável; não existe a possibilidade de um réu ser julgado sem 
defesa técnica: art. 261 e 263, CPP; 
Informativo 922-STF (14/11/2018 – Dizer o Direito 
Em caso de condenação pelo Tribunal do Júri, é possível a execução provisória da pena mesmo antes 
de o Tribunal julgar a apelação interposta pela defesa? 
 
1ª corrente: SIM. 
É possível a execução da condenação pelo Juiz Presidente do Tribunal do Júri, independentemente do 
julgamento da apelação ou de qualquer outro recurso, em face do princípio da soberania dos 
veredictos. 
Assim, nas condenações pelo Tribunal do Júri não é necessário aguardar julgamento de recurso em 
segundo grau de jurisdição para a execução da pena. 
STF. 1ª Turma. HC 140449/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado 
em 6/11/2018 (Info 922). 
STF. 1ª Turma. HC 118770 ED, Redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 04/06/2018. 
 
2ª corrente: NÃO 
Não é possível a execução provisória da pena em face de decisão do júri sem que haja o exaurimento 
em grau recursal das instâncias ordinárias, sob pena de macular o princípio constitucional da 
presunção de inocência. 
A execução provisória da pena somente é admitida se o recurso pendente de julgamento não tiver 
efeito suspensivo. 
STF. 2ª Turma. HC 136223, Rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, julgado em 25/04/2017. 
STJ. 5ª Turma. HC 438088, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/05/2018. 
STJ. Presidente Min. Laurita Vaz, em decisão monocrática no HC 458.249, julgado em 12/07/2018. 
 
14 
 
▪ O acusado pode a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação (autodefesa); 
▪ Direito de escolha do defensor; 
Em síntese, o acusado pode atuar em sua própria defesa ou constituir advogado por meio de 
procuração, devendo apresentar resposta à acusação. Se o acusado, citado, não constituir advogado, ser-lhe-
á nomeado um defensor, que apresentará a resposta à acusação. 
▪ Súmulas 707 e 708, STF; 
Súm. 707: apresentada a denúncia, o juiz a rejeitou, o MP recorreu (citação do réu ainda não acabou). O juiz, 
por sua vez, deverá comunicar o réu para constituir a sua defesa e apresentar contrarrazões ao recurso, não 
o fazendo, o juiz nomeará defensor. 
Sùm. 708: se o réu encontrar-se sem defesa, a apelação não poderá ser julgada. O réu deverá ser intimado 
para regularizar a sua representação processual. 
▪ Deficiência x falta de defesa: 
Súmula 523, STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o 
anulará se houver prova de prejuízo para o réu. (SUMÚLA RECORRENTE EM PROVA OBJETIVA). 
 
• Autodefesa: 
▪ Exercida pelo próprio réu; 
▪ Renunciável, disponível; 
▪ Direito de audiência; 
▪ Direito de presença; 
▪ Art. 217, CPP – “Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, 
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade 
do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa 
forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu 
defensor.” O ideal é que, diante das hipóteses do artigo supracitado, o depoimento se dê por 
videoconferência; na impossibilidade, o réu deverá se ausentar da sala de audiência no 
momento da oitiva da vítima, mas a defesa técnica (advogado do réu) permanece na sala. 
Trata-se, portanto, de uma relativizaçãoda autodefesa. 
 
15 
 
▪ Súmula 522, STJ – “A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é 
típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.” Tal conduta é considerada crime, os 
termos do art. 307, CP. 
▪ Capacidade postulatória autônoma do acusado. O próprio réu, sem possuir capacidade 
postulatória poderá postular em seu favor. Ex.: Habeas Corpus, Agravo de Execução, na 
própria execução penal. 
• Ampla defesa na execução penal: Súmula Vinculante 5 e Súmula 533, STJ – no caso de procedimento 
administrativo na esfera execução penal não se aplica a Súmula Vinculante 5, sendo imprescindível 
a existência de defesa técnica, nos termos da Súmula 533, STJ. 
 
d) Plenitude de defesa – art. 5º, XXXVIII, CF 
A diferença advém da Constituição Federal. Trata-se de princípio aplicável ao tribunal do júri. 
e) Princípio da prevalência do interesse do réu ou favor rei, in dubio pro réu – art. 5º, LVII, CF 
• Decorre do princípio da presunção da inocência. 
• Em havendo dúvida na interpretação de um determinado artigo de lei, deve-se privilegiar a 
interpretação que beneficie o réu. 
ATENÇÃO: Segundo o STJ, esse princípio não tem aplicação nas fases de oferecimento de denúncia e na 
prolação da decisão de pronúncia pelo tribunal do júri, pois prevalece o in dúbio pro societate. 
f) Contraditório – art. 5º, LV, CF 
• Contraditório é o direito de participação, estando apto a reagir (direito de reação), ou seja, de manter 
uma contraposição em relação à acusação e de estar informado de todos os atos do processo 
Direito de Participação: o réu é intimado para a audiência; fala no momento do interrogatório, etc. 
Direito de Reação: no procedimento ordinário, o réu é citado para apresentar resposta à acusação, 
memoriais; é uma espécie de reação contra o processo. 
 Direito de Informação: ao ser proferida determinada decisão, o réu deve ser intimado. 
• Direito de ser informado sobre os fatos e provas. 
 
16 
 
• Direito de se manifestar sobre os fatos e provas. 
• Direito de interferir efetivamente no pronunciamento do juiz. 
ATENÇÃO: Contraditório imediato/direto/real X Contraditório mediato/diferido/postergado 
No primeiro caso tem-se que o contraditório está sendo exercido no momento da produção prova. Ex.: 
colheita do testemunho. Em contrapartida, na hipótese do contraditório mediato, tem-se o seu exercício em 
momento posterior, visto que no momento em que a prova estava sendo produzida não foi possível a 
presença da parte. Ex.: interceptação telefônica – durante a diligência nem o réu, nem a sua defesa têm o 
conhecimento de sua realização, sob pena de frustrar o seu objetivo, mas a partir do momento em que a 
prova é acostada aos autos, poderá ser impugnada. 
 
g) Juiz Natural – art. 5º, LIII, CF 
• O julgador a atuar em um determinado feito deve ser aquele previamente escolhido por lei ou pela 
CF. Veda-se, com isso, o tribunal ou juiz de exceção, que seria aquele escolhido após a ocorrência de 
um crime e para determinado caso concreto. 
• Garantir um juiz imparcial, isento, impedindo julgamento arbitrário ou de exceção. 
ATENÇÃO – Jurisprudência: 
- a redistribuição de feitos decorrente da criação de vara com idêntica competência com a finalidade de 
igualar os acervos dos juízos e dentro da estrita norma legal, não viola o princípio do juiz natural (HC 
102.193/SP – STJ). 
- a convocação excepcional de juízes de primeiro grau para integrar câmaras julgadoras em tribunais 
não ofende o princípio do juiz natural (HC 101473 STF). 
h) Publicidade – art. 5º, LX, CF 
• Art. 5º, LX, CF – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem; 
• Art. 93, IX, CF – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às 
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito 
à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
 
17 
 
• Art. 792, CF – As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão 
nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que 
servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados. 
§ 1o Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, 
inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, 
poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja 
realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes. 
§ 2o As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade, poderão realizar-se na 
residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente designada. 
• Publicidade ampla/geral/popular/plena: é a regra 
• Publicidade restrita/específica: exceção à publicidade. Ex.: a audiência é pública, mas o acesso 
poderá ser restringido quando ser tratar de crime de estupro de vulnerável, a fim de garantir a 
intimidade da vítima menor. 
Súmula Vinculante 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos 
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de 
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.” (Será melhor analisada na aula de 
Inquérito Policial) 
i) Vedação das provas ilícitas – art. 5º, LVI, CF 
• art. 5º, LVI, CF – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
• Art. 157, CPP – são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim 
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo 
de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte 
independente das primeiras. 
§ 2o Considera-se descoberta inevitável aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, 
próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. 
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada 
por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 
 
• Prova ilegal/proibida/vedada/inadmissível é gênero, do qual são espécies: 
 
18 
 
– Prova Ilegítima: relaciona-se com o fato de infringir normas de direito processual; 
– Prova Ilícita: fere um comando constitucional, de direito material; 
Esta divisão é feita pela doutrina. 
• Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada: se uma determinada prova deriva de uma prova ilícita, ela 
também será considerada ilícita. 
• Teoria da Fonte Independente e da Descoberta Inevitável : excepcionalmente, a prova considerada 
ilícita poderá ser utilizada por derivar de uma fonte independente ou da descoberta inevitável, 
traduz-se nos parágrafos do art. 157, CPP. 
 
j) Economia processual, celeridade processual, duração razoável do processo – art. 5º, LXXVIII, CF 
“A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os 
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.” 
O processo deve ter uma duração razoável, bem como uma economia processual, além de ser 
célere. 
k) Devido processo legal – art. 5º, LIV, CF 
Os princípios e regras estabelecidos na legislação, de modo geral, devem ser seguidos da forma 
devida. 
l) Intranscendência ou pessoalidade 
• O processo penal é instaurado apenas em face de quem efetivamente cometeu o crime. Não é 
possível que o responsável civil pelo ato figure como réu. 
• Assim como, eventualmente condenada aquela pessoa, somente ela cumpre a pena. 
 
Princípiosconstitucionais implícitos no processo penal 
Não autoincriminação (Nemo tenetur se detegere) 
 
19 
 
a) Não autoincriminação (Nemo tenetur se detegere) 
• O Estado é infinitamente superior ao réu no processo penal e, assim, não necessita da ajuda do 
próprio réu para a atividade persecutória, sob pena de se decretar a falência de seus órgãos. 
• Expressamente previsto no Pacto de São Jose da Costa Rica. 
b) Iniciativa das partes / correlação entre a acusação e sentença 
• Veda que o juiz inicie a atividade de ofício, exigindo-se para tanto a iniciativa do titular da ação (art. 
26, CPP – tacitamente revogado). 
• Correlação entre a acusação e a sentença: o fato imputado ao réu na peça inicial acusatória tem que 
guardar perfeita correspondência com o fato reconhecido pelo juiz na sentença. O fato que foi 
imputa ao réu na peça acusatória deve possuir correlação com a sentença. 
• Se defende dos fatos e não da capitulação. 
• Emendatio libelli (art. 383, CPP) – a capitulação pode ser alterada, mas os fatos não. 
Iniciativa das partes / correlação entre a acusação e sentença 
Duplo grau de jurisdição 
Juiz imparcial 
Promotor natural 
Obrigatoriedade da ação penal pública e indisponibilidade da ação penal pública 
Oficialidade 
Oficiosidade 
Autoritariedade 
Ne bis in idem 
 
20 
 
• Mutatio Libelli (art. 384, CPP) – (estes temas serão aprofundados na aula de sentença). 
c) Duplo grau de jurisdição 
• Reexame da causa; decorre da própria estrutura do Poder Judiciário; decorre também da 
irresignação natural da parte sobre a decisão. 
• Apesar de não estar assegurado de modo expresso na Constituição Federal, parte da doutrina 
entende que o direito ao duplo grau de jurisdição encontra-se inserido de maneira IMPLÍCITA na 
garantia do devido processo legal (art. 5º, inciso LIV, CF) e no direito à ampla defesa (art. 5º, inciso 
LV, CF), 
• Encontra sua garantia absoluta estampada na referida legislação internacional (como exemplo o art. 
8º, n. 2, letra h, da Convenção Interamericana de Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa 
Rica). 
d) Juiz imparcial 
• Decorre do princípio do juiz natural (complementa). 
• Mesmo o magistrado estando previamente investido na jurisdição, pode não ser imparcial, motivo 
pelo qual poderá ser declaro suspeito (art. 254, CPP) ou impedido (ar. 252, CPP). 
e) Promotor natural 
• O agente deve ser acusado por órgão imparcial do Estado, previamente designado por lei, vedada a 
indicação de acusar para atuar em casos específicos. 
Suspeição: 
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes. 
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre 
cujo caráter criminoso haja controvérsia; 
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda 
ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; 
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. 
Impedimento: 
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: 
 
21 
 
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro 
grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da 
justiça ou perito; 
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; 
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; 
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro 
grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. 
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, 
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. 
 
f) Obrigatoriedade e indisponibilidade da ação penal púbica 
• Dever imposto à polícia judiciária e ao Ministério Público de respectivamente, investigar e processar 
crimes (de ação penal pública). 
• Indisponibilidade: não pode desistir – artigos 42 e 576, CPP. 
• Condicionada à representação 
• Discricionariedade regrada – relativizações aos princípios em comento (abordado em aula específica) 
• Ação penal privada – aqui não se aplica a obrigatoriedade, mas a conveniência e oportunidade, a 
disponibilidade da ação penal. 
g) Oficialidade 
• A atividade persecutória é realizada por órgãos oficiais do Estado, não sendo possível a particulares. 
h) Oficiosidade 
• As autoridades públicas incumbidas da persecução penal devem agir de ofício, sem necessidade de 
provocação ou assentimento de outrem. A polícia, o MP, podem realizar investigações e 
diligenciarem para que o processo criminal seja instaurado, o juiz não, visto que deve ser provocado. 
Informativo 940-STF (22/05/2019) – Dizer o Direito 
A participação de magistrado em julgamento de caso em que seu pai já havia atuado é causa de nulidade 
absoluta, prevista no art. 252, I, do CPP. STF. 2ª Turma. HC 136015/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 14/5/2019. 
 
22 
 
• E na condicionada à representação? 
i) Autoritariedade 
• Os órgãos investigantes e processantes (Delegado e MP) devem ser autoridades públicas. 
• Não se aplica à ação penal privada, tendo em vista que é o advogado que propõe a queixa-crime. 
j) Vedação da dupla punição – ne bis in idem 
• Impede que a pessoa seja processada e condenada duas vezes pelo mesmo fato. Implica, ainda, na 
proibição de o agente ser processado novamente pelo mesmo fato se já foi absolvido com sentença 
transitada em julgado. 
 
 
Princípios do processo penal propriamente ditos 
Busca da verdade real 
Oralidade (concentração, imediatidade, identidade física do juiz) 
Indivisibilidade da ação penal privada 
Comunhão de provas 
Impulso oficial 
Livre convencimento motivado 
Lealdade processual 
a) Verdade real 
• Prevalece direitos indisponíveis, portanto, há a busca da verdade real ou material dos fatos, a 
verdade do mundo real, a verdade objetiva, uma vez que a consequência (condenação) é grave. 
 
23 
 
• Não é absoluto. Essa busca da verdade no processo penal está sujeita a algumas restrições, dentre 
as quais a própria CF/88 diz que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos (art. 5º, LVI, CF). 
b) Oralidade (concentração, imediatidade, identidade física do juiz) 
• Oralidade (após a Lei 11.719/08) toda instrução é produzida em uma única audiência; alegações 
finais, em regra, orais; atos processuais registrados em sistema audiovisual. 
• Concentração: toda colheita de prova e julgamento, em regra, deve ocorrer em uma audiência. 
• Imediatidade: o magistrado tem contato direto com a colheita da prova. 
• Identidade física do juiz: art. 399, § 2º, CPP. Quem processou, julga. Comporta exceções. Ex.: Quando 
juiz titular da vara entra em período de férias, é o seu substituto que sentenciará os processos, ainda 
que já instruídos. 
c) Indivisibilidade da ação penal privada 
• Apenas na ação penal privada (jurisprudência); o ofendido não pode escolher contra quem processar 
senão pode se tornar uma vingança privada. 
d) Comunhão de provas 
• Uma vez produzida, pertence ao juízo e pode ser utilizada por todas as partes. Há uma espécie de 
comunhão, todos pode conhecer e se manifestar sobre as provas. 
e) Impulso oficial 
• Uma vez iniciada a ação penal, o juiz tem o dever de promover o seu andamento até a sua etapa 
final, de acordo com o procedimento previsto em lei, desde que provocado, nos termos do art. 251, 
CPP. 
f) Livre convencimento motivado – persuasão racional 
• O juizforma o seu convencimento de forma livre, mas deve fundamentar no momento em que 
prolatar uma determinada decisão (art. 155, CPP; art. 93, IX, CF) 
• Exceção: tribunal do júri – conselho de sentença composto por 7 jurados – íntima convicção. 
ATENÇÃO: 
 
24 
 
Atividade instrutória do juiz: 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes 
e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir 
dúvida sobre ponto relevante. 
Exceções ao princípio da motivação das decisões judiciais (art. 93, IX, CF): 
1- Decisões do conselho de sentença no júri (sigilo das votações, sistema da íntima convicção); 
2- Recebimento da denúncia nos procedimentos que não preveem defesa preliminar (mero "juízo de 
prelibação", exceção à motivação, cabível recebimento tácito se o juiz se omitir sobre o recebimento, mas 
determinar prosseguimento do feito. STF, AgR no HC 107066/SP; STJ, Ag no REsp 1450363, 2017); 
3- Despachos de mero expediente (não têm cunho decisório). 
 
25 
 
Sistema inquisitivo - Características 
Concentração de poderes – acusar e julgar nas mãos de um único órgão do Estado 
A confissão do réu é tida como a rainha das provas (inclusive se for mediante tortura) 
Predominância de procedimentos escritos 
Os julgadores não estão sujeitos à recusa (não há impedimento/suspeição) 
Procedimento sigiloso 
Sem contraditório e ampla defesa 
Impulso oficial e liberdade processual 
Sistema acusatório - Características 
Nítida separação entre o órgão de acusação e o julgador, sendo este imparcial 
Liberdade de acusação 
Oralidade nos procedimentos 
Liberdade de defesa e isonomia entre as partes 
Publicidade no procedimento 
Contraditório presente 
Possibilidade de recusa do julgador 
Livre sistema de produção de provas 
 
26 
 
 
g) Lealdade processual 
• Dever de verdade, vedando-se o emprego de meios fraudulentos (art. 347, CP – fraude processual). 
h) Identidade física do juiz 
• Art. 399, § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. 
 
❖ Sistemas do processo penal 
• Na atividade de persecução criminal (investigação, processamento e julgamento) o Estado pode 
atuar de três formas – três sistemas diferentes. 
• Sistema inquisitivo 
• Sistema acusatório: é a regra! 
• Sistema misto 
 
Maior participação popular na justiça penal 
Liberdade do réu é a regra 
 
27 
 
 
 
• Sistema misto: 
Mescla os dois anteriores. 
Existe uma fase de instrução preliminar (com as características do sistema inquisitivo) e a fase de julgamento 
com a predominância das características do sistema acusatório. 
 
 
Sistema inquisitivo - Características 
Concentração de poderes – acusar e julgar nas mãos de um único órgão do Estado 
A confissão do réu é tida como a rainha das provas (inclusive se for mediante tortura) 
Predominância de procedimentos escritos 
Os julgadores não estão sujeitos à recusa (não há impedimento/suspeição) 
Procedimento sigiloso 
Sem contraditório e ampla defesa 
Impulso oficial e liberdade processual 
Sistema acusatório - Características 
Nítida separação entre o órgão de acusação e o julgador, sendo este imparcial 
Liberdade de acusação 
Oralidade nos procedimentos 
Liberdade de defesa e isonomia entre as partes 
Publicidade no procedimento 
Contraditório presente 
Possibilidade de recusa do julgador 
Livre sistema de produção de provas 
Maior participação popular na justiça penal 
Liberdade do réu é a regra 
 
28 
 
• Opção do sistema brasileiro: 
A doutrina majoritária entende que o Brasil optou pelo sistema acusatório, embora haja 
posicionamento isolado em sentido contrário (a exemplo de Nucci que defende o sistema misto). 
 
3. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 
• REGRA: princípio da territorialidade (locus regit actum) 
• Art. 1º, CPP: “o processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este código, 
ressalvados”. 
• É aplicada a lei processual penal brasileira a todo crime ocorrido em território nacional. 
• Lei processual penal brasileira = CPP 
Obs.: a lei penal brasileira é também aplicada para os casos de extraterritorialidade previstos no artigo 7º do 
Código Penal (crimes praticados fora do território nacional, mas para os quais há a aplicação da lei brasileira). 
Entretanto, a lei processual penal brasileira não possui extraterritorialidade. 
Salvo nas seguintes hipóteses: 
a) aplicação da lei processual penal brasileira em território nullius; 
b) se houver autorização de um determinado país, para que o ato processual seja praticado em seu 
território de acordo com a lei processual penal brasileira; 
c) se houver território ocupado em tempo de guerra. 
• Exceções à regra da territorialidade: 
Em verdade, são situação em que não haverá a aplicação do CPP, mas outras normas próprias. 
1. Tratados, convenções e regras de direito internacional 
2. Jurisdição política 
3. Justiça militar 
4. Tribunal de Segurança Nacional 
5. Crimes de imprensa 
 
29 
 
6. Legislação especial 
 
4. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
 
• SISTEMAS: unidade processual; fases processuais; do isolamento dos atos processuais; 
Art. 2º, CPP: “A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob 
a vigência da lei anterior.” Perceba que os efeitos são imediatos; os atos praticados anteriormente são 
válidos. 
• Não se aplica ao processo penal os institutos do direito material, por exemplo, não se analisa quando 
a norma foi produzida, se antes ou depois do fato, ou se norma é mais benéfica ou não ao acusado. 
 
• O processo penal é uma série de pequenos atos concatenados que formam todo o procedimento. É 
exatamente por essa razão que, como o advento de uma nova lei, a sua incidência é imediata. 
Ressalte-se que o sistema adotado é o do isolamento dos atos processuais e não o da unidade 
processual ou fases processuais. 
 
 
• E no caso das normas processuais penais materiais, mistas ou híbridas? 
- Norma híbrida é aquela em que há a mistura de norma penal e de uma norma processual penal. Ex.: Extinção 
da punibilidade. 
- Havendo alteração legislativa da norma híbrida, entende parcela da doutrina (Nestor Távora – corrente 
minoritária) que a norma deveria ser cindida, à parte penal aplica-se os princípios penais e à parte processual 
penal, aplica-se de imediato. Por sua vez, a doutrina majoritária entende que a norma híbrida deve ser vista 
como uma só, mas o critério que irá prevalecer será o do direito penal. 
Art. 3º, LICPP: “O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será regulado pela 
lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do que o fixado no Código de Processo Penal.” EXCEÇÃO. 
 
 
30 
 
5. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
Interpretação da lei processual penal 
Art. 3º, CPP: a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como 
suplemento dos princípios gerais de direito. 
• Atividade inerente a todo operador do direito; 
• Não se tratar de processo de criação de norma; 
• Extração do real conteúdo da norma; 
❖ Espécies de interpretação da lei processual penal 
• Quanto ao sujeito que realiza a interpretação: 
Autêntica ou 
legislativa 
Procede da mesma origem da lei e tem força obrigatória. 
Exemplo: hipóteses de flagrante do artigo 302, CPP – pode vir lei posterior criada 
para esclarecer algum ponto controverso da lei anterior. 
Jurisprudencial ou 
judicial 
Orientação que os juízos ou tribunais vêm dando à norma, sem força obrigatória. 
As que possuem força obrigatória (súmulas vinculantes e decisões em controle 
concentrado de constitucionalidade) são verdadeirasfontes do direito. 
Doutrinária ou 
científica 
Entendimento dado aos dispositivos leais pelos escritores ou comentadores do 
direito. 
• Quanto aos meios empregados ou modo: 
Gramatical ou literal ou 
sintática: 
Letra fria da lei. 
O exato significado das palavras do legislador. 
Sistemática: Sendo a interpretação gramatical insuficiente, deve-se fazer um confronto 
lógico entre os dispositivos da lei. 
Exemplo: o parágrafo único da norma somente deve ser entendido de acordo 
com o seu caput. 
Exemplo: artigo 10, parágrafos do CPP “autoridade” deve ser entendida como 
autoridade policial. 
 
 
31 
 
Lógica: Raciocínio para retirar o espírito da lei. 
Histórica: Analisa o contexto histórico em que foi aprovada aquela “lei”. Contexto da 
votação, dos debates, das emendas e etc. 
Teleológica: Procura o sentido e alcance da norma. A finalidade da norma. “aos fins sociais a 
que ela se dirige e às exigências do bem comum”. 
Teleológica-sistemática: “compor o sentido de determinada norma em comparação com as demais que 
compõem o sistema jurídico no qual está inserida” (Guilherme Nucci). Mescla 
interpretação teleológica e sistemática. 
• Quanto aos resultados: 
 
 
32 
 
6. INQUÉRITO POLICIAL 
• CONCEITO 
É uma investigação conduzida pela polícia judiciária, em que se investiga determinado fato para a 
colheita de elementos que demonstrem a existência do crime, que é a materialidade, e os indícios suficientes 
de que determinada pessoa praticou aquele crime. 
Tais elementos propiciarão que o órgão acusatório (MP na ação penal pública OU Querelante na 
ação penal privada) ofereça a peça inicial acusatória (denúncia ou queixa-crime, respectivamente). 
• NATUREZA JURÍDICA 
É um procedimento administrativo. 
• VALOR PROBATÓRIO 
É relativo. Nem tudo o que for colhido durante a fase de investigação irá preponderar, 
necessariamente, na ação penal. 
Art. 155, CPP – O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório 
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Os elementos de prova produzidos durante a investigação, em tese, devem ser confirmados em 
sede de contraditório judicial. 
Não se pode condenar alguém na fase da sentença com base, exclusivamente, em um elemento 
que foi colhido na investigação. Não significa que os elementos de prova do inquérito não serão utilizados, 
mas que a condenação não baseada exclusivamente nesses elementos. 
O art. 155, do CPP, ressalva três espécies de prova que, em tese, não poderiam ser produzidas 
novamente. Dessa forma, essas provas poderão servir de fundamento para a condenação. 
▪ Cautelares? 
Devem cumprir os requisitos da necessidade, da urgência, além dos requisitos da Lei de 
Interceptação Telefônica (Lei 9.296/96). 
Devem ser produzidas mediante autorização judicial, de acordo com os requisitos legais, na fase do 
inquérito policial. 
 
33 
 
Nesta hipótese, vige o princípio do contraditório diferido (as partes não estão presentes para 
contraditar as provas produzidas, mas no momento em que a prova for juntada ao processo, as partes pode 
impugná-la). 
Exemplo: Interceptação telefônica; mandado de busca e apreensão. 
▪ Não repetíves? 
Em regra, o exame de corpo de delito independe de autorização judicial. 
Aplica-se, também, o princípio do contraditório diferido. 
Exemplo: exame de corpo de delito. 
▪ Prova antecipada? 
Exemplo: Informação que determinada testemunha, primordial ao deslinde do caso, está em fase terminal 
e, portanto, deve-se colher antecipadamente o seu depoimento. 
• CARACTERÍSTICAS 
• INÍCIO E CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL; 
• DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS (ART. 6º, CPP); 
• ATRIBUIÇÕES (ART. 13, CPP E OUTROS); 
• PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL; 
• ARQUIVAMENTO E DESARQUIVAMENTO; 
• JURISPRUDÊNCIA. 
• O Inquérito Policial (espécie) não é a única forma de investigação (gênero). Há outras formas de 
investigação, distintas do IP, presididas por outras autoridades (como administrativas), desde que 
previstas em lei. 
Exemplos: 
▪ Inquérito parlamentar presidido por CPI (art. 58, § 3º, CF); 
▪ Inquérito policial militar é presidido por polícia judiciária militar (art. 8º, CPM); 
▪ Investigação feita pelo MP em sede de inquérito civil público (art. 8º, § 1º, da Lei nº 7.347/85); 
 
34 
 
▪ Inquérito por crime praticado por Juiz ou Promotor de Justiça é presidido pelo respectivo órgão de 
cúpula - Tribunal de Justiça ou Procuradoria de Justiça (art. 33, parágrafo único, da Lei Complementar 
nº 33/79 - Lei Orgânica da Magistratura Nacional - e art. 41, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93 - Lei 
Orgânica do Ministério Público dos estados). 
❖ CARACTERÍSTICAS 
• Inquisitivo - exceção com contraditório: IP para decretação de expulsão de estrangeiro; 
• Inexistência de nulidades (regra): eventual irregularidade ou vício ocorrido durante o inquérito não 
irá macular a fase da ação penal. 
ATENÇÃO: Os vícios ocorridos no curso do inquérito policial, em regra, não repercutem na futura ação penal, 
ensejando, apenas, a nulidade da peça informativa, salvo quando houver violações de garantias 
constitucionais e legais expressas e nos casos em que o órgão ministerial, na formação da opinio delicti, não 
consiga afastar os elementos informativos maculados para persecução penal em juízo, ocorrendo, desse 
modo, a extensão da nulidade à eventual ação penal. 
 
• Escrito (Art. 9º, CPP) 
Todas as peças do inquérito serão reduzidas a escrito e rubricadas pela autoridade. 
• Sigiloso (Art. 20, CPP) – SÚMULA VINCULANTE 14 
O IP, como regra, segue em sigilo (externo). Destaca-se, por oportuno, que o sigilo interno não 
ocorre. 
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos 
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de 
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
• Oficialidade e Autoritariedade 
O IP é conduzido e presidido por órgãos oficiais do Estado. É o delegado de polícia (autoridade 
pública), vinculado a um órgão oficial do Estado. 
• Oficiosidade 
Aplica-se na instauração e na tramitação do inquérito policial. 
 
35 
 
Em regra, a instauração do IP ocorre de ofício, salvo algumas exceções a seguir analisadas. No que 
tange à tramitação, esta desenvolve-se de ofício, pelo delegado de polícia. 
• Indisponibilidade (Art. 17, CPP) 
O IP não pode ser arquivado pela autoridade policial. 
Se a autoridade policial verifica uma causa ensejadora de arquivamento do IP, deverá, após 
investigação e relatório, remeter os autos ao juízo competente. 
No caso de ação penal pública incondicionada, o MP requer o arquivamento e o juiz homologa, 
trata-se, portanto, de ato complexo. 
• Dispensabilidade 
É possível que haja ação penal sem prévio inquérito policial, uma vez que existem outras formas 
de investigar a existência do crime. 
Art. 39, § 5, CPP: o órgão do MP dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos 
que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. 
Contudo, se o IP for a base para a propositura da ação, este vai acompanhar a inicial acusatória 
apresentada, conforme art. 12, do CPP. 
ATENÇÃO: Sigilo da investigação criminal envolvendo organização criminosa (art. 23 da Lei nº 12.850/2013) 
Em se tratando de investigação criminal que envolva organização criminosa, o seu sigilo poderá ser 
decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e eficácia das diligências 
investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos 
elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de 
autorização judicial, ressalvado os referentesàs diligências em andamento (art. 23, caput). 
Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos autos, 
ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que antecedem o ato, podendo 
ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação (art. 23, parágrafo único). 
❖ Instauração do Inquérito Policial 
 Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
 I - de ofício; 
 
36 
 
 II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a 
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
• De oficio; 
• Por requisição do Ministério Público; 
• Por requerimento do ofendido ou seu representante legal (art. 5º, § 2º - do despacho que indeferir 
o requerimento de abertura do inquérito caberá recurso para o chefe de polícia); 
• Por requisição do Ministro da Justiça (na hipótese de ação penal pública condicionada a requisição 
do Ministro da Justiça) 
• Por notícia-crime; 
• Pela prisão em flagrante – forma coercitiva. O próprio APF é a peça de instauração da investigação. 
ATENÇÃO: 
§ 2º - do despacho que indeferir o requerimento de abertura do inquérito caberá recurso para o chefe 
de polícia 
§ 4º - O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela 
ser iniciado. 
§ 5º - Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a 
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 
Casos de ação penal condicionada à representação ou ação penal privada (art. 5º) – interferência da espécie 
de ação penal na instauração do IP. 
OBSERVAÇÕES: 
• Doutrina e jurisprudência são uniformes em afirmar que a representação prescinde de qualquer 
formalidade, sendo suficiente a demonstração do interesse da vítima em autorizar a persecução 
criminal. (REsp 1472027/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 
24/10/2017, DJe 06/11/2017). 
• Apenas após autorização formal do STF pode ser instaurado inquérito policial para investigar 
autoridade com foro por prerrogativa nessa corte. HC nº 93.767, Segunda Turma, Relator o Ministro 
Celso de Mello, DJe de 1º/4/14). 5. Agravo regimental não provido. Inq 3387 AgR, Relator(a): Min. 
DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 15/12/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-036 DIVULG 25-
02-2016 PUBLIC 26-02-2016. 
 
37 
 
• O inquérito policial instaurado por delegado de polícia para investigar determinado crime PODERÁ 
SER AVOCADO OU REDISTRIBUÍDO por SUPERIOR HIERÁRQUICO, mediante DESPACHO 
FUNDAMENTADO, por MOTIVO DE INTERESSE PÚBLICO ou nas hipóteses de INOBSERVÂNCIA DOS 
PROCEDIMENTOS previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da 
investigação (art. 2º, § 4º, Lei nº. 12.830/2013). 
 
❖ A instauração de inquérito policial não interrompe a prescrição. 
` Causas interruptivas da prescrição: 
 Art. 117, CP - O curso da prescrição interrompe-se: 
 I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; 
 II - pela pronúncia; 
 III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
 IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; 
 V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
 VI - pela reincidência. 
 
❖ Notitia Criminis 
• Cognição direta/imediata/espontânea: quando o delegado está nas atividades rotineiras e, 
espontaneamente, toma conhecimento da prática de um crime. 
• Cognição Indireta/mediata: delegado toma conhecimento do crime por meio de provocação, do MP, 
do Ministro da Justiça, do ofendido. Em outras palavras, um terceiro comunica a prática do crime. 
• Cognição coercitiva: na hipótese de prisão em flagrante. 
• Cognição inqualificada: denúncia anônima – delação apócrifa – delatio criminis anônima – notitia 
criminis inqualificada. 
 
ATENÇÃO – DENÚNCIA ANÔNIMA: 
 
38 
 
• As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal 
ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, 
como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de 
informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder 
Judiciário. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1) 
Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo 
confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se 
inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de 
prova que não a interceptação telefônica (esta é a última ratio). Se houver indícios concretos contra 
os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser 
requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa 
Weber, julgado em 29/3/2016 (Informativo 819). 
 
❖ Conclusão do inquérito policial 
A conclusão ocorre por meio de relatório realizado pela autoridade policial. 
Artigo 10 – ação penal pública 
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. 
§ 2º. No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiveram sido inquiridas, mencionando 
o lugar onde possam ser encontradas. 
§ 3º. Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz 
a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
 
Artigo 11 - Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os 
autos do inquérito. 
 
Art. 16 - O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para 
novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. 
 
Inquérito policial – Juiz – Ministério Público 
 
Cabe ao Ministério Público: solicitar novas diligências, requerer o arquivamento ou oferecer denúncia. É 
proibido ficar inerte. 
 
39 
 
 
• Há uma hipótese em que o Delegado deverá emitir seu juízo de valor, que é aquela prevista na Lei 
de Drogas. 
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os 
autos do inquérito ao juízo: I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a 
levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto 
apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação 
• Artigo 10 – ação penal pública 
No caso de ação penal privada: 
Não é o MP que promoverá a ação penal, mas sim o ofendido, por meio do oferecimento da 
queixa-crime. 
Artigo 19, CPP – Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo 
competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues 
ao requerente, se o pedir, mediante traslado. 
Artigo 38, CPP - Prazo decadencial – Não há arquivamento do IP nos crimes de iniciativa privada. Se a vítima 
não deseja oferecer a ação, basta ficar inerte (extinção da punibilidade pela decadência). 
❖ Prazo para término do inquérito policial 
• Artigo 10, CPP: o inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em 
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que 
se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem 
ela. 
• Artigo 51, Lei 11.343/06: o inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado 
estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. 
Parágrafo único: os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o 
Ministério Público, mediante pedidojustificado da autoridade de polícia judiciária. 
• Art. 66, Lei 5.010/66: o prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o 
indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente 
fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo juiz a que competir o conhecimento do 
processo. 
 
40 
 
 
ATENÇÃO: O prazo para conclusão do IP começa a contar a partir do dia em que, efetivamente, iniciou o 
cumprimento da ordem de prisão (PRAZO PARA PRESO). 
O prazo de 30 dias pode ser prorrogado, já o prazo de 10 dias é fixo. 
É o delegado que solicita a prorrogação. O Ministério Público se manifesta e o juiz defere ou não a 
prorrogação. 
 
Obs.: No caso de crimes hediondos, caso tenha sido decretada a prisão temporária, o prazo para a conclusão 
do IP passa a ser de 60 dias. Isso porque a prisão temporária em caso de crime hediondo tem o prazo de 30 
dias, prorrogáveis por mais 30 dias. Como a prisão temporária só tem cabimento durante a fase de 
investigação, isso faz com que o prazo para a c7uonclusão do IP acompanhe o prazo da prisão temporária. 
 
❖ Diligências investigatórias – art. 6º CPP 
Art. 6º, CPP – rol exemplificativo e não obrigatório, não exclusivo, da autoridade policial. 
PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL (EM DIAS) 
 
PRESO SOLTO 
REGRA GERAL 
(ART. 10 DO CPP) 
10 30 
LEI DE DROGAS 
(ART. 51, LEI 
11.343/06) 
30 + 30 90 + 90 
IP MILITAR 20 40 + 20 
IP FEDERAL 15 + 15 30 
CRIMES CONTRA 
ECONOMIA POPULAR 
10 10 
Informativo 933-STF (20/03/2019) – Dizer o Direito 
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos 
orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não 
ocorra. O inquérito policial é um procedimento informativo, de natureza inquisitorial, destinado 
precipuamente à formação da opinio delicti do órgão acusatório. Logo, no inquérito há uma regular 
mitigação das garantias do contraditório e da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se porque os 
elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a fundamentar uma 
condenação criminal. A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, 
sem, contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e tempestiva do calendário 
de inquirições a ser definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 12/03/2019. 
 
41 
 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos 
peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo 
III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas 
testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a 
quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, 
e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar 
e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do 
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a 
apreciação do seu temperamento e caráter. 
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem 
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados 
dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
Exemplos: No IP, se o delegado visualizar contradição, por exemplo, poderá realizar acareação na fase da 
investigação. A autoridade policial também pode determinar o exame de corpo de delito. Atenção ao inciso 
X (colheita de informações pessoais), a fim de prestar maior cuidado às crianças (incluído pela Lei da Primeira 
Infância). 
Além dessas iniciativas/diligências pela autoridade policial, o ofendido e o indiciados poderão 
requerer diligências: 
Artigo 14 - O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que 
será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 Ainda que o ofendido requeira novas diligências, quem decide sobre a viabilidade de produção 
de provas é a autoridade policial. Trata-se, portanto, de um juízo de discricionariedade do delegado. 
Art. 13, CPP - Incumbirá ainda à autoridade policial (CUIDADO COM OS VERBOS) 
“I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos”; 
“II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público”; 
 
42 
 
“III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias”; 
 “IV - representar acerca da prisão preventiva”. 
 
REPRESENTAR PRISÃO PREVENTIVA. (QUEM DECRETA É O JUIZ) 
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva 
decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do 
querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. 
SUSPEIÇÃO: Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, MAS deverão elas 
se declarar suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
Art. 254, CPP: hipóteses de suspeição. 
Art. 107, CPP: “Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão 
elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal”. 
REPRESENTAR PELA PRISÃO TEMPORÁRIA (QUEM DECRETA É O JUIZ) 
Lei 7960/89. Art. 2° - A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade 
policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual 
período em caso de extrema e comprovada necessidade. 
ARBITRAR FIANÇA – art. 322, CPP: 
A pena máxima em abstrato não pode ser superior a 4 (quatro) anos. A exceção encontra previsão no art. 24-
A, da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), em que pese a pena máxima ser inferior a 4 (quatro) anos (a pena 
máxima é de 2 anos), o artigo veda qualquer possibilidade da autoridade policial arbitrar fiança. 
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de 
infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) 
anos. Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que 
decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. 
 
REPRESENTAR PELO EXAME DE Insanidade mental (art. 149, §1º) – (QUEM ORDENA O EXAME É O JUIZ) 
Art. 149, §º, CPP: Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício 
ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou 
cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. 
 
43 
 
§1º: O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade 
policial ao juiz competente. 
Obs.: A autoridade policial requer o exame de insanidade mental e juiz ordena. 
 
RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS 
Art. 120, CPP: A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante 
termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante. 
❖ ARQUIVAMENTO E DESARQUIVAMENTO 
Concluído o inquérito policial, a autoridade policial encaminha para o juiz, este envia ao titular da 
ação penal, que é o Ministério Público. Este, por sua vez, verificará se vai ou não oferecer denúncia, requerer 
diligências ou o arquivamento.• Ato complexo: MP + Juiz. Ex.: Arquivamento. Depende de requerimento do MP, ao passo que a 
autoridade judicial homologará o pedido 
• Discordância do juiz sobre o arquivamento (art. 28, CPP) 
• Irretratabilidade do pedido de arquivamento; 
Tendo o parquet expressamente se manifestado pela ausência de elementos para 
denunciar o ora recorrido por crime contra os costumes, restou superada a 
possibilidade de que outro membro do MP, com base nos mesmos elementos de 
prova, propusesse ação penal, sob pena de afronta aos princípios institucionais 
mencionados. De acordo com o entendimento manifestado por este STJ e pelo STF, 
o pedido de arquivamento de IP não é passível de revisão ou reconsideração sem 
que comprovada a existência de novos elementos probatórios, sendo vedado o 
reconhecimento de retratação em virtude do oferecimento da denúncia. 
Divergindo da primeira manifestação do parquet, caberia ao juiz de primeiro grau 
remeter os autos ao procurador geral, conforme art. 28, CPP (STJ - Resp 
1543202/SC – 16/11/2015) 
Requerido o arquivamento, o MP não pode voltar atrás. 
 
• Arquivamento e coisa julgada formal e material 
• Desarquivamento: art. 18, CPP; Súmula 524, STF 
• Arquivamento implícito. 
Coisa julgada formal: 
Art. 18, CPP: “Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base 
para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia”. 
 
44 
 
Súmula 524, STF: “arquivado o inquérito policial por despacho do juiz, a requerimento do promotor de 
Justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”. 
 
Havendo coisa julgada material, o inquérito policial não será desarquivado. 
• Motivos do arquivamento (artigos 395 e 397, CPP) – coisa julgada formal (motivos fracos) 
▪ Insuficiências de provas 
▪ Ausência de pressuposto processual 
▪ Ausência de condições da ação 
▪ Falta de justa causa para a ação penal 
• Motivos do arquivamento (artigos 395 e 397, CPP) – coisa julgada material (motivos fortes) 
▪ Atipicidade 
▪ Existência manifesta de excludente de punibilidade (atenção certidão de óbito falsa) 
▪ Existência manifesta de causas de excludente de culpabilidade (doutrina) 
Divergência jurisprudencial: COISA JULGADA FORMAL E MATERIAL 
Para o STJ, o arquivamento do inquérito policial com base na existência de causa excludente da 
ilicitude faz coisa julgada material e impede a rediscussão do caso penal. O mencionado art. 18 do CPP e a 
Súmula 524 do STF realmente permitem o desarquivamento do inquérito caso surjam provas novas. No 
entanto, essa possibilidade só existe na hipótese em que o arquivamento ocorreu por outras circunstância, 
quando gera apenas a coisa julgada formal (Informativo 554). 
Para o STF, o arquivamento de inquérito policial em razão do reconhecimento de excludente de 
ilicitude não faz coisa julgada material. Logo, surgindo novas provas seria possível reabrir o inquérito policial, 
com base no art. 18 do CPP e na Súmula 524 do STF. STF. 1ª Turma. HC 95211, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado 
em 10/03/2009. STF. 2ª Turma. HC 125101/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Dias 
Toffoli, julgado em 25/8/2015 (Info 796). STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado 
em 23/3/2017 (Informativo 858). 
• Arquivamento implícito (objetivo e/ou subjetivo) 
 
45 
 
O MP não está obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, NÃO se 
podendo falar em arquivamento implícito em relação a quem não foi denunciado. Isso porque o parquet é 
livre para formar sua convicção, incluindo na denúncia as pessoas eu ele entenda terem praticado o crime, 
mediante a constatação de indícios de autoria e materialidade (STJ. 6 turma, RHC 34.223-SP, julgado em 
06/05/2014). 
Prevalece o entendimento de que, enquanto não prescrever o delito, não havendo manifestação, 
o MP poderá oferecer a denúncia. 
• Recurso contra decisão judicial de arquivamento? 
Em regra, não há recursos. 
Exceções: 
▪ Nos crimes contra economia popular ou contra a saúde pública, haverá recursos de ofício. Nos 
termos do art. 7º, Lei 1.521/51 - Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados 
em processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando 
determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial. 
▪ Art. 6º, parágrafo único, da Lei 1.508/51 - prevê o oferecimento de recurso em sentido estrito contra 
a decisão de arquivamento da representação dirigida por qualquer do povo ao MP nas contravenções 
penais do jogo do bicho e de aposta de corrida de cavalos fora do hipódromo (art. 58 e 60 do Decreto 
–lei 6259/44), embora a doutrina afirme que tal dispositivo não foi recepcionado pela CF, já que, em 
sendo a ação privativa do MP, requerendo o membro do MP o arquivamento, não haveria 
possibilidade de que terceira pessoa recorresse. 
A vítima de crime de ação penal pública incondicionada não tem direito líquido e 
certo de impedir o arquivamento do inquérito ou peças de informação. 
Em regra, não há ilegalidade, teratologia ou abuso de poder, passível de correção 
via mandado de segurança, na decisão judicial que, acolhendo promoção do 
Ministério Público, determina o arquivamento de inquérito policial. 
A norma inserta no art. 28 do Código de Processo Penal concede ao Juiz a 
prerrogativa de, considerando os elementos trazidos nos autos de inquérito ou nas 
peças de informações, anuir ou discordar do pedido de arquivamento formulado 
pelo órgão ministerial, não sendo cabível, em caso de concordância, a prévia 
submissão do pedido ao Procurador-Geral. 
 
46 
 
Segurança denegada. MS 21.081/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, 
julgado em 17/06/2015, DJe 04/08/2015. 
 
 
Informativo 912-STF (30/08/2018) – Dizer o Direito 
STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido feitas diligências 
de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do inquérito, não foram reunidos 
indícios mínimos de autoria ou materialidade (art. 231, § 4º, “e”, do RISTF). 
A pendência de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita contundente, ofende o 
direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a dignidade da pessoa humana (art. 
1º, III, da CF/88). 
Caso concreto: tramitava, no STF, um inquérito para apurar suposto delito praticado por Deputado 
Federal. O Ministro Relator já havia autorizado a realização de diversas diligências investigatórias, além 
de ter aceitado a prorrogação do prazo de conclusão das investigações. Apesar disso, não foram 
reunidos indícios mínimos de autoria e materialidade. Com o fim do foro por prerrogativa de função 
para este Deputado, a PGR requereu a remessa dos autos à 1ª instância. O STF, contudo, negou o pedido 
e arquivou o inquérito, de ofício, alegando que já foram tentadas diversas diligências investigatórias e, 
mesmo assim, sem êxito. Logo, a declinação de competência para a 1ª instância a fim de que lá sejam 
continuadas as investigações seria uma medida fadada ao insucesso e representaria apenas protelar o 
inevitável. 
STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018. 
 
No mesmo sentido: STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. Min. Roberto Barroso, Dje 12/06/2018. 
Informativo 920-STF (25/10/2018) – Dizer o Direito 
Com a decisão proferida pelo STF, em 03/05/2018, na AP 937 QO/RJ, todos os inquéritos e processos 
criminais que estavam tramitando no Supremo envolvendo crimes não relacionados com o cargo ou 
com a função desempenhada pela autoridade, foram remetidos para serem julgados em 1ª instância. 
Isso porque o STF definiu, como 1ª tese, que “o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos 
crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas”. 
O entendimento acima não se aplica caso a instrução já tenha se encerrado. Em

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