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PARECER JURÍDICO
Referência: Consulta sobre a prisão do depositário infiel
Ementa: O Supremo Tribunal Federal consolidou através da súmula vinculante n° 25, entendimento sobre a prisão civil do depositário infiel, baseando-se pelo Princípio Simetria, uma vez ter sido o Brasil signatário da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica que proibiu essa modalidade de prisão. Com isso veremos uma grande mudança de entendimento doutrinário e principalmente jurisprudencial sobre o tema.
Parecer: 
 O assunto em julgamento nos traz a admissibilidade ou a inadmissibilidade de haver a prisão civil do depositário infiel, assunto bem discutido na doutrina e na jurisprudência brasileira. Uma vez previsto na Carta Magna de 1988, em seu Art. 5° inciso LXVII “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”, traz a tona um conflito entre um Tratado em que o Brasil se tornou signatário, o Pacto San José da Costa Rica de 1969, e uma norma infraconstitucional previsto anteriormente no Decreto Lei 911/1969.
 Após a ratificação do Brasil em 1992 ao ingresso do Pacto de San José da Costa Rica, que trata sobre Direitos Humanos, especificamente em Art. 7° inciso VII que nos traz “Ninguém deve ser detido por dívidas.  Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar”. Inicialmente a grande discussão era em torno da eficácia desse Tratado Internacional, qual status suas normas teriam? A resposta veio através do Supremo Tribunal Federal, que nos informou que Tratados Internacionais que versarem sobre Direitos Humanos e aprovados pelo rito ordinário teriam status supralegal, ou seja, abaixo da CRFB/88 e acima das normas infraconstitucionais.
 E para não deixar dúvidas sobre a prisão do depositário infiel foi editada a Súmula Vinculante n° 25, que nos informa o seguinte “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito”. Apesar do Brasil ser signatário do Pacto de Direitos Humanos, o art.5° LXVII não foi revogado, apenas naquela parte específica perdeu sua eficácia no ordenamento jurídico. A Súmula n° 25 do STF também revogou a Súmula n° 619 do próprio STF que nos informava “a prisão do depositário judicial pode ser decretada no próprio processo em que se constituiu o encargo, independentemente da propositura de ação de depósito”.
 Porém, este Princípio não limita a prisão de mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. Vale salientar que a prisão dever ser a “ultima racio” , ou seja, a exceção e não uma regra, uma vez previsto no próprio texto constitucional em seu Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. 
 Portanto, se existia muita confusão sobre a admissibilidade ou não dessa espécie de prisão ficamos sabendo que após o Brasil ser signatário da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica- e pelo entendimento de nossa Suprema Corte através da Súmula Vinculante n° 25, e o respeito a nossa Constituição em seus § 2° e 3°, fica claro que tal prisão é ilícita no Brasil, não restando dúvidas sobre qual caminho deve ser seguido.
 É O PARECER
ADVOGADO
OAB- RJ

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