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Ideias para redação nota 1000

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1 
 
 
IDEIAS PARA A REDAÇÃO 
NOTA 1000 
 
Um passo a passo didático para descomplicar 
a construção da Redação 
 
 
PEDRO MAROT 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
PRIMEIRA PARTE – NOÇÕES GERAIS .................................................................... 3 
1. A IDEIA GLOBAL 
2. MACROESTRUTURA 
3. AS COMPETÊNCIAS DIALOGAM 
SEGUNDA PARTE – ORGANIZANDO AS IDEIAS ................................................. 10 
4. BRAINSTORM 
5. ESQUELETO DA REDAÇÃO 
6. RESUMO DO MÓDULO 
TERCEIRA PARTE – MICROESTRUTURA ............................................................ 28 
7. INTRODUÇÃO 
8. ARGUMENTAÇÃO 
9. CONCLUSÃO 
10. SELEÇÃO VOCABULAR 
11. RESUMO DO MÓDULO 
QUARTA PARTE – PENSANDO FORA DA CAIXA ................................................ 49 
12. IDEIAS PARA INOVAR NA ABORDAGEM 
13. INTERDISCIPLINARIDADE 
14. RESUMO DO MÓDULO 
QUINTA PARTE – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ........................................ 55 
15. ERRE DIFERENTE! 
16. LEIA REDAÇÕES! 
17. TEMA-EXTRA 
18. TABELA E GRÁFICO DE DESEMPENHO 
SEXTA PARTE – ENCERRAMENTO ........................................................................ 59 
19. CONTATO 
 
 
3 
 
PRIMERIRA PARTE – NOÇÕES GERAIS 
 
1. A IDEIA GLOBAL: 
O primeiro contato com uma redação no estilo de vestibular pode parecer, de início, um 
grande desafio. Constantemente, é discutida argumentação, tese, temática, proposta de 
intervenção e tantos outros termos que inundam nosso raciocínio durante a formulação do 
texto, propriamente dito. Pensando nessa dificuldade, esse material foi realizado. O objetivo 
não é, simplesmente, criar uma fórmula mágica para uma redação de excelência, mas – como 
o título já destaca – conferir ideias e dicas para que você seja capaz de construir um texto 
melhor. 
Portanto, vamos começar com o básico: o que é uma redação? 
Ora, uma redação é uma ideia. Simples assim. A complexidade está em como essa ideia será 
desenvolvida. A ideia da redação de vestibular dialoga com uma temática que será oferecida 
pela prova. O trabalho do candidato é fazer com que, a partir do contexto que lhe é dado, uma 
discussão seja realizada. Para isso, a banca de correção esperará que sejam seguidas algumas 
regras quanto à estrutura, ortografia, encadeamento de ideias, lógica, pertinência do assunto, 
etc. 
Por enquanto, não se apegue a mais nada, só a essa simples definição: a redação é uma ideia 
e, para que seja bem avaliada, suas diferentes partes devem estar de acordo, se 
sustentando e criando harmonia. 
 
2. MACROESTRUTURA: 
Como acabou de ser mencionada no capítulo anterior, a redação é composta por partes, que, 
quando harmonicamente ajustadas, conferem uma visão clara e coerente da ideia que se quer 
passar. São elas as seguintes estruturas: introdução, argumentação e conclusão. Elas serão 
abordadas, em breve, separadamente e com uma análise bem mais aprofundada, mas, para 
agora, vamos conferir uma rápida visão sobre as mesmas: 
 
4 
 
Introdução: sua responsabilidade é ser o ‘cartão de visitas’ do texto. Nesse momento, a 
função do candidato será de situar o leitor acerca do que será abordado. As palavras-chave da 
introdução são: tema, contextualização, posicionamento, problematização. 
Argumentação: sua responsabilidade é dar suporte às ideias apresentadas na tese. É nesse 
espaço onde o candidato deverá apresentar a razão pela qual o seu posicionamento foi 
escolhido. Além disso, ele deverá estruturar uma sequência de ideias de forma lógica e 
coerente, que, quando lidas, serão compreendidas e pertinentes com a temática abordada. As 
palavras-chave da argumentação são: tópico frasal, coesão/coerência, encadeamento lógico. 
Conclusão: sua responsabilidade é dar fechamento às ideias que, inicialmente, foram 
apresentadas na tese e, posteriormente, foram discutidas na argumentação. Nesse momento, 
particularmente para o ENEM, há a necessidade de formular uma proposta de intervenção: 
uma forma de amenizar o problema identificado ao longo do texto. As palavras-chave da 
conclusão são: resumo das ideias, texto circuito, proposta de intervenção. 
 
3. AS COMPETÊNCIAS DIALOGAM: 
A prova de redação do ENEM foi projetada de modo a preencher 5 grandes quesitos de 
avaliação, que são chamadas de competências. Individualmente, elas valem 200 pontos que, 
quando somadas, totalizam 1000 pontos. Cada competência possui o objetivo de avaliar de 
algum modo a redação, além de servirem para padronizar a forma como o corretor irá pontuar 
o texto do candidato (Já pensou que confusão seria se cada corretor tivesse sua forma de 
avaliar uma redação?). Desse modo, podemos destacar cada uma de suas particularidades e o 
que, na prática, elas significam: 
Competência 01: “Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua 
portuguesa”. Ela aborda sobre a atenção do candidato quanto às regras gramaticais, 
ortografia, fluidez da leitura e modalidade correta escolhida. Na prática, essa competência irá 
verificar se a norma culta está sendo ou não utilizada, se o candidato sabe acentuar, pontuar, 
clarificar suas ideias com palavras pertinentes, escolha de vocabulário, uso correto de 
expressões, citações, aspas, etc. De qualquer forma, podemos nos preparar para mandar muito 
bem nessa competência que é relativamente tranquila. Uma dica que ajuda muito é realizar 
uma leitura dinâmica do seu texto depois de ter terminado. Com uma olhada rápida, mas 
 
5 
 
atenta, você tem que ser capaz de reconhecer acentos que faltam, palavras que te deixam na 
dúvida, se a crase está bem aplicada e outros pontos. Segue abaixo como o INEP pontua as 
diferentes apresentações dessa competência no texto do candidato. 
 
FONTE: Redação no ENEM 2017, Cartilha do Participante – Página 14. 
 
Competência 02: “Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias 
áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto 
dissertativo-argumentativo em prosa”. Essa competência vai tratar da parte argumentativa 
do texto, na qual será avaliada a pertinência da abordagem escolhida pelo candidato. Nela, sua 
argumentação poderá ser classificada como: 
(a) pertinente – quando você acerta na escolha de abordagem, sendo coerente com o que a 
proposta apresenta, desenvolvendo ideias que embasam o seu ponto de vista. Por exemplo, 
vamos pegar como referência o tema da prova de 2017: “Os desafios para a formação 
educacional dos surdos no Brasil”. Supondo que o tema fosse esse, uma abordagem 
considerada pertinente seria falar sobre os obstáculos enfrentados por esse grupo, a 
dificuldade do acesso a conteúdos de qualidade, as dificuldades pedagógicas que existem, etc. 
(b) tangente ao tema – quando o candidato se detém sobre uma abordagem que apenas toca 
levemente a temática sem que uma discussão profunda seja, de fato, realizada. Nesses casos, a 
pontuação do texto será afetada. Por exemplo, utilizando a mesma temática de 2017, uma 
abordagem considerada parcial ou tangente seria tratar de problemas na educação – de modo 
 
6 
 
geral - e argumentar as razões pelas quais eles existem. Repare que o tema é direcionado à 
educação de surdos e não, simplesmente, à educação. Portanto, fique atento para não limitar 
sua discussão e não ter uma abordagem parcial. A penalidade pra esse erro é a redução 
drástica dos pontos. Geralmente a nota máxima possível, quando ocorrem esses casos, fica em 
torna de 500-600. 
(c) fuga total ao tema – ocorre em casos nos quais a abordagem selecionada pelo candidato 
não atende ao pedido da banca, nem quanto ao tema mais amplo. Temos como exemplo o 
famoso caso no qual o candidato do ENEM escreveu, no meio da redação, o hino do 
Palmeiras e uma receita de Miojo. Esses casos, obviamente, não seguem em nenhum sentido o 
pedido da banca, desrespeitando completamente o tema, o modelo de redação e muitas outras 
regras. A nota para a fuga total ao tema é ZERO. Outro pontoimportante que essa 
competência aborda se chama INTERDISCIPLINARIDADE . Ela é a capacidade de 
relacionar o tema com diversas áreas do conhecimento. Em outras palavras, o corretor ou 
corretora vai verificar se existem referências à literatura, ciências, matemática, se o candidato 
conhece figuras de autoridade no tema tratado e muitas outras estratégias que mostrem que ele 
domina completamente aquele assunto. Dependendo de como esses recursos são utilizados, a 
nota do candidato pode aumentar consideravelmente. Segue abaixo como o INEP pontua as 
diferentes apresentações dessa competência no texto do candidato. 
 
FONTE: Redação no ENEM 2017, Cartilha do Participante – Página 19. 
 
 
7 
 
Competência 03: “Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, 
opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”. Essa competência irá cobrar do 
candidato que seja coerente no encadeamento de ideias. Ela vai observar se, no texto, a 
escolha do vocabulário é boa, se os argumentos são encaixados com a lógica a qual pertence o 
texto, etc. De modo geral, o entendimento que nós podemos ter é que a exigência dessa 
competência se relaciona com COERÊNCIA. Essas são características muito importantes da 
argumentação. Seu argumento tem que se conectar com o texto, criando harmonia, não 
podendo parecer algo solto ou sem sentido. Muitas vezes, os alunos realizam argumentações 
que não tem relação com a ideia que defendem. De qualquer forma, nós vamos aprofundar 
esses pontos mais para frente no curso. Segue abaixo como o INEP pontua as diferentes 
apresentações dessa competência no texto do candidato. 
 
FONTE: Redação no ENEM 2017, Cartilha do Participante – Página 21. 
 
Competência 04: “Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários 
para a construção da argumentação”. Essa competência abordará sobre como o candidato 
escolhe a estruturação de suas frases. O grande ator dessa competência é o conector (ex: 
além disso, dessa forma, embora, consequentemente...). Esse ponto é de extrema 
importância, uma vez que, para o leitor, o uso desse recurso torna mais claro a lógica da 
argumentação. Pense que os conectores são como indicativos ou setas mostrando para onde 
seu posicionamento está indo. Sugerem ao leitor por onde devem pensar, quais fatores devem 
 
8 
 
concordar, quais ideias têm mais força e quais são mais fracas. Segue abaixo como o INEP 
pontua as diferentes apresentações dessa competência no texto do candidato. 
 
FONTE: Redação no ENEM 2017, Cartilha do Participante – Página 24. 
 
Competência 05: “Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, 
respeitando os direitos humanos”. Essa última competência aborda, exclusivamente, a 
criação de uma proposta de intervenção para a problemática que foi levantada no texto. Como 
o próprio INEP destaca, as seguintes perguntas devem nortear sua proposta: Quem deve 
executá-la? Como viabilizar essa proposta? Qual efeito ela pode alcançar? Vamos tratar mais 
profundamente desse assunto no módulo de conclusão, detalhando tipos e exemplos de 
propostas, além de orientar sobre qual é a melhor forma de prepará-la. Segue abaixo como o 
INEP pontua as diferentes apresentações dessa competência no texto do candidato. 
 
9 
 
 
FONTE: Redação no ENEM 2017, Cartilha do Participante – Página 25. 
 
 
 
 
 
 
10 
 
SEGUNDA PARTE – ORGANIZANDO AS IDEIAS 
 
4. BRAINSTORM: 
Depois dessa abordagem inicial, onde você se familiarizou com os conceitos básicos, com as 
demandas da banca de correção e com a pontuação de cada competência, podemos seguir em 
frente. Nesse módulo, iremos discutir uma parte fundamental do processo de realizar uma 
redação, que é a organização das ideias. 
Muitos alunos têm uma dificuldade extremamente grande para realizar essa parte, atribuindo, 
muitas vezes, a uma barreira entre o que eles pensam e o que escrevem. Por conta disso, 
vamos dividir esse processo em duas etapas. Nessa primeira parte, vamos tratar da “ideia 
bruta”, das diferentes possibilidades de tese, de argumentos, de propostas. Em um módulo 
mais a diante, iremos nos aprofundar particularmente em introdução, argumentação e 
conclusão, fazendo a “ideia bruta” assumir um aspecto mais “refinado”. Portanto, esse 
primeiro momento que iremos falar agora é aquele que você encontrará ao abrir o caderno de 
questões do ENEM, deparando-se com o tema da prova. 
A reação mais comum é de aflição, de certa forma justificada. Ora, há uma redação inteira 
pela frente, sem contar 90 questões que precisam ser resolvidas. Nesse ponto, o candidato, 
que não se preparou, quer iniciar logo a redação, julgando qualquer parada para ele próprio 
raciocinar como uma perda de tempo (“O tempo está correndo”; “Tenho que começar logo o 
texto”, “Não vai dar tempo de passar a limpo”, etc). Provavelmente, você já ouviu – ou até 
mesmo disse – alguma dessas frases. Embora de certa forma seja um momento de aflição, já 
que o tempo do ENEM não é favorável ao candidato, esse sentimento deve ser substituído 
pela segurança da sua organização. 
A organização das ideias, dos pensamentos, das hipóteses são fatores que diminuem a 
ansiedade, uma vez que te confortam que o tempo gasto para pensar suas ideias é um processo 
natural de uma redação bem feita. Isso é de grande importância, pois ter a certeza de que suas 
ideias levam tempo para serem formadas, diminui o grau de ansiedade, prevenindo que 
eventuais ‘brancos’ ou falhas de raciocínio venham a acontecer. 
O primeiro passo para que essa organização aconteça é o desenvolvimento de uma estratégia 
de raciocínio chamada Brainstorm. Traduzindo literalmente, ela seria uma “tempestade de 
 
11 
 
ideias”, na qual diversos pontos relacionados à temática surgirão em sua mente. Esse costuma 
ser o primeiro momento do candidato em relação à temática e, como já discutimos, uma 
ansiedade natural pode inundar sua cabeça de ideias, deixando-o perdido sobre qual caminho 
seguir. O Brainstorm é utilizado exatamente nesse momento e sua principal característica é a 
seguinte: não há julgamento de ‘bom’ ou ‘ruim’, não há diferenciação de se aquilo que se 
pensou é pertinente ou não, não há qualquer avaliação sobre a qualidade dos pontos 
levantados! 
Entenda: se não há uma cobrança imediata sobre quais pensamentos e ideias são bons, você se 
permite vagar o raciocínio por qualquer caminho que desejar. Claro, há um direcionamento e 
um plano a ser seguido, mas, mesmo assim, há liberdade no que se deve pensar e a 
organização que se deve seguir. Vamos, portanto, nos aprofundar nessa ferramenta. A seguir, 
encontraremos um passo a passo que sugere uma forma de realizá-la. 
A) Primeiro Passo – Leia os textos de apoio e, em seguida identifique, dentro da 
frase-tema, as palavras-chave! 
Ao abrir o caderno de questões, você irá se deparar com a frase-tema que virá 
acompanhada de textos de apoio. É muito importante que o candidato analise com cuidado 
esses conteúdos, uma vez que indicam, de certa forma, o posicionamento da banca. Uma 
estratégia interessante é, ao lado de cada um dos textos de apoio, resumir a ideia passada 
por aquele trecho. Assim, ao final da leitura de todos eles, você terá uma visão resumida e 
clara do que é abordado pelos mesmos. Há possibilidade de discordância dos textos de 
apoio, mas devo deixar claro que é muito mais confortável ao candidato se ater à linha de 
raciocínio proposta do que se opor a ela. Uma vez vencida essa etapa, a próxima será uma 
leitura atenta da frase-tema. 
Nesse momento, seu trabalho será identificar as palavras-chave que ela contém, observando 
como se articulam, se completam e se contrastam. As palavras-chave existem para 
responderem quatro perguntas principais: ONDE? QUEM? QUANDO? O QUÊ? Os termos 
que conferem essas respostas são chamados de delimitadores. E eles podem ser classificados 
em quatro tipos: delimitadores de lugar, de segmentoda sociedade, de tempo e de assunto. 
Primeiro: os de lugar. Eles respondem ONDE a discussão ocorrerá, estabelecendo uma região 
específica, um país. Seu aspecto principal é conferir uma informação geográfica. Para o 
 
12 
 
ENEM, em função de um caráter nacional, a principal delimitação – e também a mais comum 
– será o Brasil. 
Segundo: os de segmento da sociedade. Eles respondem QUEM participará das discussões. 
Nesse contexto, temos os mais diversos grupos sociais, etários, étnicos, profissionais, e muitas 
outras possíveis subdivisões. O importante é entender que esse delimitador estabelece um 
foco para podermos aprofundar as complexidades do grupo e construirmos uma discussão 
mais sólida e direcionada. 
Terceiro: os de tempo. Eles vão responder QUANDO a discussão vai acontecer. É importante 
entender que esse delimitador informa ao candidato qual é o recorte temporal desejado pela 
banca. Ele pode aparecer de muitas formas, algumas vezes implícito nas frases, outras 
explicitamente. De qualquer forma, respeitar a época da discussão é vital para ter uma 
abordagem pertinente. 
Quarto: os de assunto. Eles irão responder O QUE será debatido. É imprescindível que o 
candidato entenda qual é o assunto tratado e como as outras partes da frase-tema se articulam 
para formar o sentido ao redor do assunto principal. 
Muitas vezes, entretanto, nem todas as palavras-chave estarão presentes simultaneamente, em 
outros casos, os delimitadores poderão estar mesclados, misturados em um mesmo termo. 
Analisaremos frases-tema do ENEM de edições anteriores e vamos perceber como ocorre do 
aparecimento dos delimitadores. 
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Enem 2017 – “Os desafios para a formação educacional de surdos no Brasil” (Formação 
educacional = delimitador de assunto; surdos = delimitador de segmento da sociedade; Brasil 
= delimitador de lugar) 
Enem 2015 – “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” 
(persistência = esse termo é classificado como um pressuposto. Vamos, ao final dessa análise, 
explicar o que são e quais suas funções na frase tema; violência = delimitador de assunto; 
mulher = delimitador de sociedade; sociedade brasileira = delimitador de lugar) 
Enem 2014 – “Publicidade infantil em questão no Brasil” (publicidade = delimitador de 
assunto; infantil = delimitador de segmento da sociedade; no Brasil = delimitador de local); 
 
13 
 
Enem 2012 – “Movimento imigratório para o Brasil no século XXI” (movimento 
imigratório = delimitador de segmento da sociedade + delimitador de assunto; Brasil = 
delimitador de local; século XXI = delimitador de tempo). 
 
Uma classificação para as palavras-chave ainda pendente é a de PRESSUPOSTO. Estes são 
termos que proporcionam uma informação implícita, um entendimento prévio sobre aquela 
afirmação. No tema do Enem 2015, observamos que a palavra ‘persistência’ confere a ideia 
de que o problema continua a existir. Mas por que esse simples detalhe é tão importante? Ele 
é fundamental porque, se o candidato apenas falasse que a mulher, na sociedade brasileira, 
sofre violência e defendesse as razões pelas quais isso acontece, essa abordagem estaria 
parcialmente correta. Isso porque a discussão não está centrada se existe ou não violência 
contra o grupo, mas sim na razão pela qual essa violência se perpetua. A pergunta central que 
o pressuposto gera, nesse caso, é a seguinte: por que a violência contra a mulher não acaba? 
Saber identificar pressupostos é um passo muito importante na leitura atenta e na 
interpretação do tema. Realizar corretamente esses passos garante um começo firme, sólido e 
sem espaço para eventuais brancos. 
B) Segundo Passo – Iniciar o raciocínio sobre as palavras-chave, construindo 
conexões e ramificando o que se sabe sobre elas. 
Uma vez realizada a identificação das palavras-chave, o candidato deverá se aprofundar sobre 
o que aqueles termos significam. De acordo com a ideia do Brainstorm, esse ainda não é o 
momento para avaliar se o que você relacionou à palavra-chave é bom ou ruim. O momento 
serve para ampliar seu entendimento da frase-tema, para que mais ideias possam surgir na sua 
cabeça. Assim, quando for a hora de optar por uma abordagem, o candidato terá diversas 
opções, facilitando o desenvolvimento. Para esclarecer o que essa etapa significa, vamos 
analisar dois temas da prova do Enem. 
Em 2015 tivemos – A persistência da violência contra a mulher no Brasil. 
Respeitando o primeiro passo, identificamos: persistência, violência contra a mulher e Brasil 
como palavras-chave. No segundo passo, pegamos individualmente esses termos e 
aprofundamos seus significados. Entenda que quando falamos em significado não queremos 
dizer, exclusivamente, no sentido do dicionário. Podemos definir aquela palavra por uma 
 
14 
 
expressão, sinônimo, etc. Temos total liberdade para falar tudo aquilo que nos remete àquela 
palavra. Voltando, temos: 1º) persistência – podemos listar: continuidade, perpetuação, 
quadro sem mudança, inércia, teimosia, entre outros. Podemos ainda destacar que esse termo 
é um pressuposto, fazendo com que nosso entendimento sobre o tema se alinhe com o que a 
banca defende. 2º) Violência contra mulher – esse termo é amplo e cabem, aqui, muitos 
entendimentos. Vamos listar: violência física, violência psicológica, assédio moral, assédio 
sexual, desigualdade, machismo, lei maria da penha, estupro, feminicídio, entre outros. Por 
mais que alguns termos estejam englobados por outros, quanto maior for a sua ramificação de 
significados, mais fácil será realizar o desenvolvimento do texto. 3º) Brasil – aqui temos um 
delimitador de lugar, como aprendemos na aula anterior. Ele vai conduzir nossa discussão 
para a questão da violência contra a mulher dentro da sociedade brasileira. É meramente um 
guia, apesar de ser importante respeitá-lo. 
Vamos ver, agora, um segundo exemplo. Vamos utilizar a temática de 2014 – Publicidade 
infantil em questão no Brasil. 
Após realizarmos o primeiro passo, concluímos que são palavras-chave: Publicidade infantil e 
Brasil. No aprofundamento, aumentamos seus significados: 1º) Publicidade infantil – 
podemos pensar em propaganda, anúncios, exposição, adultização da infância, transferência 
de responsabilidade, incompatibilidade com a faixa etária, entre outros. 2º) Brasil – 
novamente aqui O Brasil aparece como um delimitador da realidade em que a discussão vai 
ocorrer. 
Com esses dois exemplos nós encerramos a discussão sobre o segundo passo do Brainstorm. 
É importante você compreender que todas as etapas existem por uma razão. O 
aprofundamento que acabamos de estudar tem a função de aquecer o seu raciocínio e fazer 
com que você pense em muitos termos e ideias que pertencem ao tema que será discutido. Se 
você começa a buscar dentro do seu conhecimento quais outras referências você possui sobre 
aquele assunto, a formulação de problemas e de dilemas – que é a próxima etapa – fica muito 
mais fácil de ser realizada. Outro benefício dessa etapa é que, ao redigir o texto, muitas vezes, 
você precisará fazer referência às palavras-chave. Logo, se você já separou sinônimos e 
expressões próximas do termo, evita-se que ele apareça de forma repetida ao longo da 
redação, o que é um ponto extremamente positivo para uma leitura leve e fluida. 
 
 
15 
 
C) Terceiro Passo – Diante da análise mais aprofundada das palavras-chave, deverá 
ser realizada uma problematização do cenário. 
Continuando a estratégia do Brainstorm, o candidato chega a uma fase decisiva no seu 
desenvolvimento. O terceiro passo fala sobre encontrar um problema ou promover uma 
reflexão acerca do cenário revelado pela frase-tema. Isso significa que alguma discussão 
deverá ocorrer, sendo, portanto, necessário buscar perguntas que ajudem você a raciocinar. 
Por contada grande variedade de temas, torna-se impossível abordar todas as possibilidades 
de problematização existentes nessa aula. Mas podemos desenvolver ferramentas que nos 
permitem iniciar nosso raciocínio e que, aos poucos, facilitam esse processo. Vamos listar a 
seguir algumas reflexões que poderão ser encaixadas na maioria das temáticas. Elas se 
inserem em quatro grandes grupos de perguntas sobre o tema. São eles: O QUÊ É? QUEM É? 
QUAL A RAÍZ? E A SOLUÇÃO? Junto a cada um deles, vamos comentar pontos relevantes 
que auxiliam seu raciocínio em busca da resposta. Vejamos: 
1. O QUE É? 
Nesse grupo, temos perguntas que definem o que será o problema a ser debatido. Veja as 
perguntas motivadoras: 
 Há algum prejuízo social? A prova do ENEM é fortemente marcada por um viés 
social, no qual algum grupo dentro da sociedade encontra-se em situação de 
desigualdade em relação aos demais. Qual é o fator de desigualdade ou qual grupo está 
envolvido são perguntas que deverão ser respondidas em função de cada tema. Isso 
nos leva a pergunta número 2. 
 Há alguma desigualdade OU injustiça? Concentração de renda, diferença de 
oportunidades, diferença salarial, privilégios sociais e tratamento desigual quanto ao 
gênero/orientação sexual são alguns exemplos de situações que podem responder essa 
pergunta. 
 
2. QUEM É? 
Nesse grupo de perguntas, buscamos responder que indivíduos ou parcelas da população 
estão incluídos no problema a ser discutido. Repare na pergunta motivadora para entender 
essa especificação: 
 
16 
 
 Há algum grupo específico desfavorecido? 
Podemos destacar de maneira genérica alguns grupos que podem ser o foco da 
discussão do ENEM. São eles: homens, mulheres, negros, idosos, jovens, 
homossexuais, indígenas, indivíduos com carências financeiras, pessoas com 
deficiência, crianças, etc. Saber identificar qual ou quais grupos estão envolvidos na 
sua discussão é importante, pois, para cada um deles, existem questões próprias que 
podem ser aprofundadas utilizando as ramificações aprendidas no segundo passo do 
Brainstorm. 
 
3. QUAL A RAIZ? 
Nesse grupo, temos perguntas motivadoras que buscam entender como a raiz do problema se 
forma, por que ela se mantém e com o que ela se relaciona. Vejamos: 
 Há algum fator de desequilíbrio que faz com que o problema exista? 
 Que fatores estão envolvidos na raiz desse problema? 
 Que fatores estão envolvidos na manutenção desse problema? 
 O problema tem relação com a cultura? 
(Pontos relacionados – teatro, cinema, música, literatura, linguagem/dialetos/idioma, 
artes plásticas, grafite, etc) 
 O problema tem relação com a segurança? 
(Pontos relacionados – polícia, sistema carcerário, código penal, sistema judicial, etc) 
 O problema tem relação com a educação? 
(Pontos relacionados – infraestrutura, escolas, creches, faculdades, universidades, 
centros técnicos, ciências, pesquisa, formação profissional, formação de cidadão, 
educador, sistema de avaliação, sistema de seleção, vestibular, etc) 
 O problema tem relação com religião ou tolerância? 
(Pontos relacionados – Igreja, doutrinação, fé/crença, rituais sagrados, hábitos 
particulares da religião, ateísmo, intolerância religiosa, pecados, etc) 
 O problema tem relação com política? 
(Pontos relacionados – eleição, organização partidária, forma de governo, democracia, 
cidadania, sistema judiciário, desonestidade/transparência, voto, participação social, 
etc) 
 O problema tem relação com a saúde? 
 
17 
 
(Pontos relacionados – sistema de saúde, profissionais da área, fornecimento de 
material, condição dos atendimentos, condições de trabalho, realidade para aqueles 
que dependem do sistema, suporte/desamparo, modelo de funcionamento, 
mercantilização da medicina, etc) 
 O problema tem relação com a tecnologia? 
(Pontos relacionados – mundo virtual, difusão de informações, internet, celular, 
computador, redes sociais, exposição/privacidade, ciberespaço, ciberbullying, etc) 
 O problema tem relação com o trabalho? 
(Pontos relacionados – condições de trabalho, insalubridade/periculosidade, trabalho 
escravo, greve, mobilização sindical, papel social do trabalho, aposentadoria, lógica 
mercadológica, capitalismo, etc) 
 O problema tem fundamentação histórica? 
(Pontos relacionados – fatos históricos, guerras, revoltas, marcos, personagens 
históricos, figuras de autoridade, tiranos, presidentes, colonizações, imperialismo, 
variações de regime político, modelos econômicos variados, etc) 
 
4. E A SOLUÇÃO? 
Nesse grupo, encontramos perguntas motivadoras que nos faz pensar nas soluções viáveis 
para o cenário. Vejamos: 
 Alguma solução já FOI ou É tentada para amenizar esse quadro? 
 Que tipo de solução poderia ser feito? Medidas afirmativas, novas leis, projetos de 
leis, ONGs, campanhas publicitárias, mutirões, abaixo-assinado, etc. 
É evidente que essas questões não serão suficientes para qualquer situação a ser abordada, 
porém elas estimularão que o raciocínio comece a fluir com relação ao tema. Perceba que o 
objetivo do Brainstorm começa na leitura dos textos de apoio e na observação e seleção de 
palavras-chave. Depois, se aprofunda quanto ao sentido daqueles termos, deixando seu 
pensamento livre. Por último, é concluído quando o candidato reflete sobre suas próprias 
ideias e as problematizam com a temática abordada. Ao final disso tudo, o resultado obtido 
será uma diversidade de abordagens que irão responder às perguntas de apoio, ou em 
outras palavras, será uma bagunça! Mas não fique frustrado. Pelo contrário! Sua bagunça 
será uma bagunça muito bem organizada. Nela, teremos diversas ideias soltas, inícios de 
problemas, levantamento de possibilidades de argumentação. A estrutura terá um aspecto 
 
18 
 
BRUTO e essa é exatamente a função do Brainstorm. O refinamento ocorrerá em seguida, 
quando escolheremos as ideias e filtraremos quais tem potencial e quais não merecem nosso 
tempo. 
5. ESQUELETO DA REDAÇÃO: 
Após o candidato concluir o Brainstorm esse será o cenário encontrado: textos de apoio lidos 
e entendidos, palavras-chave da frase-tema terão sido separadas e aprofundadas em seus 
significados e a problematização terá ocorrido. Com isso, a parte mais básica do estudo do 
tema vai estar concluída, estando o candidato pronto para que haja um maior preparo de seu 
texto, bem como o refinamento de suas ideias. 
O Esqueleto começa a ser feito nesse momento, em que há diversas abordagens possíveis. A 
principal diferença dessa ferramenta para o Brainstorm é que o Esqueleto irá realizar o 
julgamento sobre quais ideias são boas e quais não são para continuar a raciocinar. Já 
tínhamos explicado que o Brainstorm não se preocupava com a qualidade, somente em ter um 
pensamento livre e fértil sobre várias possibilidades. É natural que, depois desse momento ter 
acontecido, haja um filtro, uma crítica sobre quais ideias serão selecionadas para compor a 
tese, os argumentos e a conclusão. 
Mas antes de abordamos como essa seleção de ideias ocorre, devemos esclarecer a estrutura 
do Esqueleto da Redação. Eis um diagrama explicativo: 
 
 
 
 
19 
 
O Esqueleto da Redação, dentro da representação do diagrama, tem como objetivo passar o 
seguinte entendimento: para um mesmo tema, temos diversas teses possíveis. Para cada tese, 
podemos encontrar vários argumentos que sustentem aquela ideia. No diagrama, destacamos 
apenas dois argumentos, pois, normalmente, é esse o número de parágrafos utilizados dentro 
da etapa de desenvolvimento. Por fim, o diagrama nos mostra que para cada linha de 
raciocínio – iniciada com uma tese específica – chegamos a conclusões diferentes, que 
respeitam as ideias abordadas em cada caso. 
Esse entendimento de que para um mesmo tema várias ideias são possíveis e de que para uma 
mesma ideia vários argumentos também são possíveis ajuda a localizar o candidato no mundo 
da Redação.Esse mundo é amplo, cheio de possibilidades e caminhos a serem escolhidos. No 
método ensinado, o Brainstorm, inicialmente, abriu todos os caminhos possíveis na cabeça do 
candidato. O Esqueleto, por sua vez, tem a finalidade de escolher que caminho será seguido 
ou, em outras palavras, quais ideias têm futuro e quais não têm. 
Portanto, para dar continuidade ao Brainstorm, o Esqueleto assume o processo de produção da 
redação. Como falamos, vamos, agora, selecionar as ideias produzidas pelo Brainstorm e 
analisar qual abordagem será escolhido. É nesse momento em que sua tese será construída, 
bem como os argumentos que serão usados para validá-la e a qual conclusão que seu texto 
chegará. Novamente, vamos realizar um passo a passo. 
A) Primeiro Passo – a formulação da sua Tese dialoga diretamente com a 
problematização que você realizou. 
No último passo do Brainstorm foi discutido como realizar ou iniciar uma problematização do 
tema, pensando questões das mais diferentes áreas e aplicando à temática envolvida. Esse 
passo é de crucial importância para o Esqueleto, pois fundamenta como você vai continuar 
seu desenvolvimento. Assim, podemos dizer que uma tese bem feita possui, basicamente, as 
seguintes qualidades: pertinência e clareza. Ela pode até apresentar outras virtudes, porém se 
não for clara e pertinente, provavelmente deixará a desejar. 
Uma tese é dita pertinente quando, ao analisá-la, concluímos que há relação com o tema, 
estando o posicionamento e a problematização de acordo com a temática. Em outras palavras, 
o leitor deve, de imediato, entender como que a abordagem escolhida se encaixa no tema 
proposto pela prova. Se esse entendimento for prejudicado, seu texto pode até estar 
estruturalmente correto, mas a banca de correção irá interpretar como um tangenciamento ao 
 
20 
 
tema ou, em alguns casos, fuga total ao tema. (Se não lembra mais sobre esses termos, volte 
na Primeira Parte, no capítulo que trata de cada competência.). 
Uma tese é dita clara quando, ao ler o texto, é facilmente identificável em meio à 
introdução. Esse conceito pode ser um pouco mais subjetivo do que a pertinência, porém, 
com a prática, ele vai aparecer. Isso porque o candidato precisa internalizar e dominar os 
passos da produção do texto para que perceba, depois, onde está falhando ou qual etapa ainda 
está sendo aperfeiçoada. 
Com esses dois conceitos em mente, podemos partir para a construção, propriamente dita, da 
tese. Ela conta com dois passos. 
Em primeiro lugar, precisamos entender que o que vai dar suporte à tese serão os problemas e 
reflexões realizadas na Problematização do Brainstorm. A partir da escolha dos dilemas que 
você deseja debater, sua tese será formada. Em segundo lugar, a tese vai ser apresentada e 
formulada como uma frase sucinta e direta que englobe os problemas selecionados. Assim, de 
modo objetivo, claro e pertinente, seu posicionamento será facilmente identificado. 
Para ilustrar esses dois pontos, clareza e pertinência, bem como a ideia da formulação da 
Tese, vamos construir – desde o começo – uma análise sobre uma frase-tema. Como dito 
anteriormente, vamos utilizar, novamente como base, o tema que foi desenvolvido na aula de 
revisão do Brainstorm: “O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira”. Eis o 
processo: 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
TEMA: “O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira” 
BRAINSTORM: 
 1º Passo – Palavras-Chave: 
Papel, Sistema Carcerário, Sociedade brasileira 
 2º Passo – Aprofundamento: 
Papel (função, responsabilidade, encargo); 
Sistema Carcerário (Delimitador de Segmento da Sociedade; pode ser relacionada ao 
cumprimento de penas, regeneração de indivíduos, reeducação social); 
 
21 
 
Sociedade brasileira (Delimitador de local; pode-se pensar no pressuposto que o Sistema 
Carcerário tem uma função social) 
 3º Passo – Problematização: 
 Problemas e Reflexões 
Superlotação – vagas x presos, privacidade, humanidade; 
Saúde – falta de higiene, doenças sexualmente transmissíveis (Sífilis, HIV), Tuberculose; 
Cultura Punitiva – cadeia é lugar de punir e não de reeducar/regenerar; 
Educação – falta de função social, uma vez que sem formação de cidadão ou educação 
formal, a ignorância se mantém; 
Mulheres – privacidade, gravidez, fluxo menstrual, assédio. 
ESQUELETO: 
 Primeiro Passo – Possíveis Teses (outras, sem dúvidas, são viáveis!) 
“ A cultura punitiva, desalinhada à reeducação social, faz do sistema carcerário um atraso 
para a sociedade. “ 
“ O sistema carcerário não cumpre seu papel social, representando um revés para seus 
usuários, no lugar de um processo de transformação individual. “ 
“ Tornar-se parte do sistema carcerário é uma agressão à integridade pessoal, pois sua 
estrutura não é compatível com um ambiente de reabilitação. “ 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
O que nós devemos analisar nessas frases de exemplificação é o processo pelo qual passaram 
e como que assumiram seu formato final. Vejamos: 
1- “ A cultura punitiva, desalinhada à reeducação social, faz do sistema carcerário 
um atraso para a sociedade. “ 
Podemos facilmente identificar nessa frase os dois problemas levantados na Problematização 
do Brainstorm: Cultura Punitiva e Educação. Perceba como tudo se encaixa perfeitamente: 
a partir da análise das palavras-chave, o candidato identificou o que havia de mais importante 
 
22 
 
– destacando “Papel” e “Sistema Carcerário”. Em seu Aprofundamento, buscou entender o 
que esses termos significavam, concluindo que “Papel” relaciona-se com função e “Sistema 
Carcerário” com punição/reeducação. Por último, na Problematização, pensou nos problemas 
relacionados à Cultura Punitiva – que foi pensada a partir do Aprofundamento de Sistema 
Carcerário – e Educação da população prisional – que foi pensada a partir do 
Aprofundamento do Papel Social. Por sim, chegando à etapa da formulação da tese, o único 
trabalho a ser realizado foi unificar essas ideias em uma simples frase – que traduz, 
perfeitamente, o posicionamento do candidato. 
A característica mais marcante desse tipo de tese é a clareza com que as ideias principais – 
Educação e Cultura Punitiva – são abordadas. Isso é extremamente importante, pois facilita o 
entendimento do seu texto. Sempre que puder, realize esse tipo de estrutura. Ela é funcional, 
atende às demandas da banca e, também, é de fácil execução para o candidato. 
2- “ O sistema carcerário não cumpre seu papel social, representando um revés 
para seus usuários, no lugar de um processo de transformação individual. “ 
Também, nesse exemplo, podemos identificar que, para chegar a essa tese, o candidato 
percorreu as mesmas etapas anteriores. A diferença, no entanto, é que o problema levantado – 
falha no seu papel social – pode ter sido motivado tanto pelo dilema “Educação” quanto pelo 
dilema “Cultura Punitiva”. Diferentemente do primeiro exemplo, no qual os dois problemas 
foram evidenciados, neste segundo exemplo, nós não conseguimos dizer ao certo qual o 
problema motivador. Essa estratégia pode ser utilizada quando ambos os problemas possuem 
uma mesma consequência. Nesse caso, a consequência comum aos dois é a falha no papel 
social. Esse tipo de tese, embora também válida, possui menor clareza e menor objetividade. 
Ela não demonstra, logo de início, qual o posicionamento do candidato, nem quais caminhos 
ele irá selecionar para sua Redação – e isso é ruim quando paramos para pensar em termos de 
correção. 
Portanto, podemos perceber que a primeira parte do Esqueleto depende, fortemente, de um 
Brainstorm bem elaborado. Isso, porque a formulação de boas teses se fundamenta na 
diversidade de ideias, bem como na profundidade que elas atingem. 
Dentro dessa análise, os conceitosde clareza e pertinência foram bem ilustrados, uma vez que 
as teses dialogam diretamente com o tema, com as problemáticas levantas e ainda deixam 
claro o posicionamento que o texto irá tomar. De qualquer forma, o que esses exemplos 
 
23 
 
demonstraram foi que o processo de construção do texto permite grande variedade de 
caminhos que podem ser tomados. Apenas três teses, dentro das infinitas possibilidades, 
foram formuladas. No dia da prova, o candidato será obrigado a construir apenas uma tese, 
sendo que a variedade aqui disponibilizada tem efeito meramente didático. Por isso, o papel 
do Esqueleto é filtrar aquelas ideias que deixam o candidato mais confortável a continuar o 
raciocínio. 
Após ter construído a tese, o candidato vai continuar seu desenvolvimento, partindo para o 
segundo passo: seleção e desenvolvimento dos tópicos frasais. 
Segundo Passo – uma vez selecionada a Tese, os Tópicos Frasais deverão ser escolhidos, 
devendo acompanhar o posicionamento indicado. 
Como o diagrama no início do capítulo indicou, os argumentos fornecem sustentação para a 
tese. Por conta disso, eles devem ser pensados como a ideia central do texto que ganhará força 
a partir do aprofundamento do raciocínio. Um conceito que deve ser introduzido, nesse 
contexto argumentativo, é o Tópico Frasal. 
O tópico frasal é a ideia principal que sustenta toda a argumentação. O parágrafo 
argumentativo, em si, envolve muito mais que o tópico frasal, estando também inserida a 
estratégia argumentativa (dedução, causa-consequência, indução, etc), exemplificação, e 
outros elementos que serão abordados mais à frente. Portanto, para que a argumentação seja 
bem feita, ela deve partir de um tópico frasal corretamente escolhido. 
E para escolhê-los da melhor forma, devemos esclarecer que há uma relação muito forte entre 
a problematização, realizada ao final do Brainstorm, e a argumentação. Nesse cenário, uma 
confere suporte à outra, enquanto que ambas sustentam a tese. Veja, a seguir, essa relação de 
interdependência: 
 
 
24 
 
Vamos ilustrar como essa escolha de tópicos frasais acontece, tendo como base duas das teses 
formuladas na análise do tema “O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira”. 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Tese 1 : “ A cultura punitiva, desalinhada à reeducação social, faz do sistema carcerário um 
atraso para a sociedade. “. 
 Observando a tese, concluímos que o posicionamento é que o sistema carcerário é um atraso 
para sociedade, em função de uma cultura punitiva sem que haja a intervenção de educação 
para esses usuários do sistema. Logo, lembrando que os tópicos frasais e problematização têm 
forte relação, podemos buscar na lista de problemas/reflexões quais elementos estão 
envolvidos. 
Percebemos que foram usados, para construir esta Tese, as seguintes ideias: Cultura Punitiva 
e Educação. Partindo desse princípio, a segunda etapa do Esqueleto é construir tópicos 
frasais correspondentes aos problemas selecionados – construindo harmonia e coesão para o 
texto. 
Observe: 
 Inspirado no primeiro problema levantado, ‘Cultura Punitiva’, podemos formular uma 
ideia que defende a tese. Poderíamos dizer, por exemplo, que existiria, na sociedade, 
uma preocupação em prender, em afastar os maus elementos, de isolar o problema do 
coletivo, mas que não existiria a mesma preocupação em reintroduzi-los como 
cidadãos melhores. 
 Inspirado no segundo problema, ‘Educação’, podemos pensar em uma ideia que 
suporte a tese. Por exemplo, poderíamos nos referir à falta de estrutura do sistema 
carcerário em prover aos presos educação básica, formação técnica, orientação 
profissional, etc. E que, sem esses serviços, a ignorância e os males, que os levaram a 
ser presos, continuariam a existir – podendo provocar reincidência como criminosos. 
Tese 2: “ Tornar-se parte do sistema carcerário é uma agressão à integridade pessoal, pois sua 
estrutura não é compatível com um ambiente de reabilitação. “ 
Observando a tese, concluímos que o posicionamento é de que, em função de uma estrutura 
degradante – chegando a ameaçar a integridade pessoal – o processo de reabilitação dos seus 
 
25 
 
usuários fica comprometido. Buscando na lista de problemas/reflexões do Brainstorm, 
percebemos que os seguintes elementos formaram a base da tese: Superlotação e Saúde. 
Valendo-se desses dois pontos, os seguintes tópicos frasais ao redor das respectivas ideias 
poderiam ser formados: 
 No que faz referência à ‘Superlotação’, o tópico frasal poderia levar o corretor a 
pensar que um ambiente minimamente humano deve ser ofertado ao indivíduo, para 
que seu processo de reabilitação possa ocorrer. Ele deve ser digno, além de respeitar a 
privacidade do usuário. Do contrário, a passagem pelo sistema carcerário não teria 
condições de reorientar – já que, diariamente, o preso sobreviveria em um ambiente 
hostil. 
 No que faz referência à ‘Saúde’, o tópico frasal poderia levar o leitor a pensar que 
saúde, para além do conceito de não-doença, é o conjunto do bem estar físico, mental 
e social. Se o sistema carcerário não tem condições estruturais de oferecer tais 
princípios, torna-se inviável que o processo de reestruturação individual ocorra – 
passando a ser uma agressão à integridade pessoal. 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
O que fica claro, portanto, é que a escolha do tópico frasal deve ser realizada em função 
dos problemas/reflexões levantados no Brainstorm. Dessa maneira, há criação de um elo 
entre todos os elementos, permitindo que sua tese tenha força, seus argumentos tenham 
sentido e todo o texto se encaminhe para um mesmo ponto. 
B) Terceiro Passo – após determinar o posicionamento do texto e as ideias que 
apoiariam a tese, está na hora de determinar a conclusão do raciocínio. 
Seguindo a lógica de construção do texto, a conclusão pode parecer mais simples do que as 
etapas anteriores. De fato, se a tese é clara/pertinente e os tópicos frasais dialogam 
diretamente com ela, torna-se fácil identificar qual a conclusão que será formada. Essa 
sensação de obviedade é muito boa, uma vez que atesta que seus argumentos cumpriram sua 
função de sustentar seu ponto de vista, não deixando outra opção ao leitor, a não ser 
concordar com o curso das ideias. É evidente que nem sempre suas ideias e as do leitor irão 
coincidir, porém, em uma situação de concurso, como é o vestibular do ENEM, essa 
 
26 
 
preocupação não é relevante. O que é relevante é, apesar de qualquer diferença de opinião, o 
corretor perceber lógica e coerência no ponto levantado pelo candidato. 
Outro aspecto crucial da conclusão, principalmente no ENEM, é a formulação de uma 
proposta de intervenção. Abordaremos, mais à frente, os detalhes de sua construção. Para o 
momento que o Esqueleto representa, a proposta de intervenção deve ser apenas um esboço de 
como aqueles problemas levantados ao longo do texto poderiam ser abordados. É uma 
distinção importante de se fazer entre solucionar o problema e amenizá-lo. A banca não 
espera que o candidato resolva os problemas complexos levantados por suas temáticas em 
algumas linhas de uma redação. O que é esperado, porém, é que ele exponha uma alternativa 
ao problema, proponha uma intervenção para que a magnitude da questão seja diminuída, etc. 
Vamos, portanto, ilustrar como uma conclusão dentro da estrutura do Esqueleto poderia ser 
montada. Tomaremos como base uma das teses que foram utilizadas no segundo passo, de 
tópicos frasais. Observe: 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Tese : “ A cultura punitiva, desalinhada à reeducação social, faz do sistema carcerário um 
atraso para a sociedade. “ 
Para chegarmos à conclusão,precisamos verificar quais foram os problemas levantados ao 
longo do texto. Como não temos a redação completa, iremos usar como ponto de partida os 
tópicos frasais escolhidos – que, de uma forma ou de outra, fazem referência aos problemas 
levantados no Terceiro Passo do Brainstorm. Desse modo, teremos que os problemas 
destacados são: Cultura Punitiva e Educação. 
A conclusão, na estrutura do Esqueleto, tem uma forma muito simples, que é a de reafirmar a 
tese, unificando os pensamentos expostos no texto. Portanto, se o texto questiona e 
fundamenta a ideia de que o sistema carcerário é um atraso para a sociedade, deverá constar 
na conclusão essa mesma ideia. Veja um exemplo de como ela poderia ser montada: 
“ Pode-se perceber, portanto, que o papel social do sistema carcerário não é cumprido, além 
de significar um estigma social sem perspectiva de melhora. ” 
Quanto à proposta de intervenção, podemos pensar em uma ideia comum à ‘Cultura Punitiva’ 
e à ‘Educação’. Como exemplificação, um sistema de ensino e graduação poderia ser 
instituído de forma eficiente e organizado. Poderia haver um programa de redução de pena 
 
27 
 
condicionada à leitura de livros. Poderia haver reestruturação das penitenciárias, provendo o 
devido espaço e conforto para que a passagem pelo sistema carcerário pudesse, realmente, 
reorientar seus usuários. Outras tantas ideias podem ser pensadas. O importante é que elas 
sejam expostas para que, depois, quando for o momento de definir a abordagem, construam 
uma intervenção condizente com os dilemas levantados ao longo do texto. As particularidades 
dessas duas partes serão aprofundadas em capítulos à diante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. RESUMO DO MÓDULO: 
 
28 
 
 
 
 
 
 
TERCEIRA PARTE – MICROESTRUTURA 
 
29 
 
A terceira parte será responsável por proporcionar ao candidato o entendimento mais 
aprofundado de como as principais partes da redação se estruturam – introdução, 
argumentação e conclusão. Nesses capítulos, ele entenderá como as ideias até então 
produzidas no Brainstorm e no Esqueleto da Redação serão refinadas até atingirem o formato 
final que irá compor o texto. Outros pontos que serão abordados englobam a concepção do 
que cada uma dessas partes envolve, bem como seu papel geral frente à redação. 
7. INTRODUÇÃO: 
Como foi mencionada na primeira parte, a introdução tem a função de localizar o leitor 
quanto à discussão que será realizada. Para que isso aconteça, devemos de início, realizar uma 
subdivisão quanto às partes que formam uma introdução. Funcionalmente, ela é caracterizada 
pela contextualização e pela tese. Analogamente a um quadro e uma moldura, a tese seria o 
quadro – ou seja, o mais importante – enquanto que a contextualização seria a moldura – cuja 
única função é expor a tese, além de situar o leitor sobre o que será discutido. 
Anteriormente, abordamos a formulação da tese, bem como seus embasamentos e suas formas 
de apresentação. Agora, para completarmos a estrutura da introdução, vamos nos aprofundar 
sobre a contextualização, seus tipos, usos e particularidades. 
Contextualização 
A ideia de que essa parte é considerada a moldura da introdução é crucial para que possamos 
entender que sua participação na introdução tem o objetivo de expor da melhor maneira 
possível a tese a ser discutida. Novamente: a contextualização é utilizada para expor a tese 
e localizar o leitor sobre o assunto. 
Esse ponto está sendo enfatizado pela necessidade de clareza com relação a função de cada 
elemento da redação. Então, para que essa função possa ser cumprida, podemos citar algumas 
formas consagradas de abordagem na hora da elaboração. Elas contemplam: 
Contextualização Histórica, Definição, Etimologia da Palavra, Citação Direta/Indireta e 
Flashes. 
 
 Contextualização Histórica – nesse tipo de contextualização, como o nome já sugere, 
há um embasamento histórico sobre a atmosfera do tema. 
 
30 
 
Geralmente, são utilizados fatos/épocas marcantes, figuras representativas, modelos de 
governos, revoluções culturais/tecnológico-econômicas/econômicas/políticas/sociais, 
etc. Essa abordagem é escolhida quando se percebe relação clara entre o contexto 
histórico que se quer usar e a tese escolhida pelo candidato. Provavelmente, em 
relação às demais formas de montar a contextualização, essa é a mais utilizada – 
juntamente com a citação e a definição. Isso, pois, muitas vezes, a fundamentação do 
contexto histórico exige do candidato interdisciplinaridade – conhecimento exigido 
pelo vestibular. 
Vamos, então, ilustrar como essa contextualização poderia ser realizada. 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Tema - O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira 
Tese - “ O sistema carcerário não cumpre com o seu papel social, representando um revés no 
lugar de um processo de transformação individual “ 
Contextualização - Questões sociais, no Brasil, por vezes, foram conduzidas de modo 
negligente se comparada com sua importância. Desde a República Velha, quando foram 
tratadas como caso de polícia e não de política, até a atualidade, tais questões ainda encontram 
percalços. A representação dessa realidade pode ser definida pelo sistema carcerário 
brasileiro. Ele, como agente social, não cumpre sua função, representando um revés aos seus 
usuários, no lugar de um processo de transformação individual. 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 Definição – vale-se da definição de uma palavra ou expressão para contextualizar a 
tese que se quer apresentar. O termo a ser escolhido deve desempenhar papel central 
na temática, por vezes ele será uma palavra da frase-tema ou, então, uma expressão 
usada muitas vezes ao longo da redação. De qualquer forma, a escolha será correta 
quando o termo tiver representatividade em relação ao tema e à abordagem. 
O interessante dessa estratégia de contextualização é que o candidato tem a liberdade 
de dar a definição em função de seus conhecimentos, sem que haja uma 
compatibilidade com uma definição de dicionário. 
Dentro dessa lógica, a criatividade pode ser utilizada como recurso. Falaremos mais 
sobre estratégias inovadoras no próximo módulo. 
 
31 
 
Vamos, agora, aplicar essa abordagem em uma exemplificação. 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
Tema - O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira 
Tese - “ O sistema carcerário não cumpre com o seu papel social, representando um revés no 
lugar de um processo de transformação individual “ 
Contextualização - Encarceramento: perda da liberdade individual. Essa definição, para o 
sistema carcerário brasileiro, encontra-se incompleta. Melhor seria: perda da liberdade 
individual e de perspectivas futuras de reintegração social. Esse fato é marcado pela ausência 
de estrutura do sistema em atender necessidades básicas de seus usuários, como dependências 
dignas, bem como educação e instrução profissional. Assim, na condição sub-humana, o preso 
é incentivado a aflorar seu lado animalesco, no lugar da formação de um cidadão. 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 Etimologia da Palavra – essa abordagem é muito parecida com a Definição. No 
entanto, enquanto esta última possibilita maior flexibilidade e criatividade (por não 
depender de uma origem denotativa), a Etimologia da Palavra é baseada na formação 
estrutural do vocábulo. Muitas vezes, em associação à análise de suas partes, o 
candidato complementa com a origem do termo – por exemplo, do latim ou do grego. 
Ela apresenta uma maior complexidade de realização, bem como conhecimento por 
parte do candidato. Quando bem realizada, porém, constróiuma contextualização bem 
fundamentada. 
Vamos visualizar sua aplicação em um exemplo. 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Tema - O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira 
Tese - “ O sistema carcerário não cumpre com o seu papel social, representando um revés no 
lugar de um processo de transformação individual “ 
Contextualização – Cárcere tem origem no Latim, ‘carcer’, que seria masmorra. Por mais 
que pareça uma definição obsoleta, o sistema carcerário brasileiro consegue redefinir seu 
significado. Esse fato se fundamenta na observação de sua estrutura, que demonstra atraso em 
 
32 
 
comparação às demandas básicas de seus usuários. Desse contexto, extrai-se o 
questionamento: o papel social desse sistema está sendo efetuado corretamente? 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 Citação Direta/Indireta – essa abordagem utiliza como fundamento o conceito de 
‘figura de autoridade’. A ideia é introduzir, na contextualização, uma figura (autor, 
escritor, pesquisador, professor, músico, poeta, político etc) cuja opinião tem peso 
maior que a média, dado seu conhecimento diferenciado na área tratada. Desse modo, 
pelas palavras alheias, sua ideia ganha força – já que alguém que é conceituado tem o 
mesmo posicionamento que o seu. 
A diferenciação entre Direta e Indireta se dá pela forma de aplicação da citação. A 
Direta tem uso de aspas, colocando exatamente as palavras da figura de autoridade 
utilizada. Já na Indireta, sua estrutura permite maior flexibilidade, já que não requer 
aspas, nem que as exatas palavras sejam utilizadas; visa passar a ideia global 
relacionada ao autor escolhido. 
Para esclarecer esses pontos, vamos ver como que essa ferramenta pode ser aplicada. 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Tema - O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira 
Tese - “ O sistema carcerário não cumpre com o seu papel social, representando um revés no 
lugar de um processo de transformação individual “ 
Contextualização (Citação Direta) – Nelson Mandela já afirmara: “Costuma-se dizer que 
ninguém conhece verdadeiramente uma nação até que tenha estado dentro de suas prisões.”. 
Essa ideia de que o cárcere é a metonímia para um país é crucial para entender tal realidade 
no Brasil. Nele, esse sistema não permite que haja recomposição individual, muito menos 
formação de cidadãos . Sua função social, na teoria utópica, está completamente desalinhada 
com sua funcionalidade, na realidade prática. 
Contextualização (Citação Indireta) – Segundo Nelson Mandela, as condições das prisões 
de um país servem de referência para tirar conclusões sobre seus princípios como nação. Esse 
raciocínio é evidentemente aplicável quando a temática é o sistema carcerário brasileiro. Nele, 
esse sistema não permite que haja recomposição individual, muito menos formação de 
 
33 
 
cidadãos. Sua função social, na teoria utópica, está completamente desalinhada com sua 
funcionalidade, na realidade prática. 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
 Flashes – essa abordagem utiliza-se da visualização. Por conta disso, quando usada 
corretamente, é uma ferramenta poderosa. A dificuldade de realizar essa estratégia de 
modo correto, porém, é saber selecionar quais elementos irão compor seus Flashes. 
Estruturalmente, essa abordagem vale-se de frases curtas, por vezes apenas palavras 
em sequência, que proporcionarão ao leitor uma imagem do contexto que se quer 
passar. Dentro da imagem construída, a tese é inserida. 
Vamos ver como essa ferramenta pode ser aplicada. 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Tema - O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira 
Tese - “ O sistema carcerário não cumpre com o seu papel social, representando um revés no 
lugar de um processo de transformação individual “ 
Contextualização – Higiene escassa. Privacidade invadida. Humanidade desafiada. Esses são 
três elementos que fazem parte do sistema carcerário brasileiro, cuja função social é reabilitar 
indivíduos e reinseri-los no coletivo. Torna-se improvável, portanto, acreditar que esse 
objetivo seja alcançado e, muito menos, que os indivíduos que para o sistema foram enviados 
retornarão como pessoas melhores. Diante disso, até que ponto sua atuação é compatível 
como suas obrigações? 
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Depois de todas essas demonstrações, a ideia que se quer passar é a seguinte: para um 
mesmo quadro, existem diferentes molduras disponíveis! Logo, uma mesma tese pode 
ser inserida em contextualizações completamente diferentes, e ainda ser bem 
estruturada. 
É evidente que outras formas de contextualização são viáveis, mas, para efeito didático, foram 
abordadas as que mais comumente são encontradas. O dever do candidato é perceber qual 
 
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estratégia, para ele, é a melhor ou a mais fácil de se realizar – levando em consideração tanto 
o tema quanto a tese escolhida. De qualquer forma, o objetivo é proporcionar as ferramentas 
para ser possível realizar uma boa redação. 
 
8. ARGUMENTAÇÃO: 
Após o candidato ter concluído sua introdução, será o momento de argumentar em favor de 
sua tese. Lembrando que a tese pode dar um indicativo de quais ideias serão utilizadas para 
fundamentá-la, é dever do redator utilizar esses pilares durante a argumentação. Com exceção 
de casos em que a tese não deixar clara por qual caminho o raciocínio seguirá, as demais 
situações de introdução já deixarão indicado ao leitor o posicionamento selecionado. 
Tal qual na introdução, podemos subdividir a argumentação em duas partes: tópico frasal e 
estratégia argumentativa. Nesse momento do texto, o tópico frasal servirá para dar suporte à 
tese, enquanto que a estratégia argumentativa terá a função de demonstrar logicamente a razão 
daquele ponto ser defendido. Em outras palavras, a estratégia argumentativa será o modo pelo 
qual o tópico frasal será apresentado, reforçando sua ideia e ajudando na fluidez textual. 
Como já foi abordada a construção do tópico frasal, focaremos esse capítulo nas diferentes 
estratégias argumentativas. Sendo elas: Causa-Consequência, Analogia, Dedução e 
Indução. 
A) Causa-Consequência 
Nessa abordagem, como o nome já adianta, a ideia é justificar o tópico-frasal (causa) e expor 
suas ramificações (consequências). Esse tipo de estratégia é, provavelmente, a mais utilizada 
pelos estudantes na redação do ENEM. Isso, porque ela é de fácil visualização, é instintiva – 
uma vez que temos a tendência de justificar um ponto apresentando a razão de sua existência 
e as consequências que acarreta – e possibilita boas fundamentações. 
De modo geral, o tópico frasal abre o parágrafo argumentativo, sendo seguido de suas 
causas e, por fim, de suas consequências. Simples assim. Ainda pode ser montada uma 
argumentação em que é abordada a ‘causa da causa’ e, em seguida, a ‘consequência da 
consequência’. Essa ideia se fundamenta no objetivo de se querer aprofundar o raciocínio, 
bem como demonstrar ao leitor a extensão da problemática. 
 
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Vamos analisar sua utilização em uma argumentação. Como já dito, utilizaremos como base o 
tema: “O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira”. Vejamos: 
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Tema - O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira 
Tese - “ Tornar-se parte do sistema carcerário é uma agressão à integridade pessoal, pois sua 
estrutura não é compatível comum ambiente de reabilitação. “ 
Tópico Frasal 1 - O tópico frasal poderia levar o leitor a pensar que um ambiente 
minimamente humano deve ser ofertado ao indivíduo, para que seu processo de reabilitação 
possa ocorrer. Ele deve ser digno, além de respeitar a privacidade do usuário. Do contrário, a 
passagem pelo sistema carcerário não teria condições de reorientar – já que, diariamente, o 
preso sobreviveria em um ambiente hostil. 
Tópico Frasal 2 - O tópico frasal poderia levar o leitor a pensar que saúde, para além do 
conceito de não-doença, é o conjunto do bem estar físico, mental e social. Se o sistema 
carcerário não tem condições estruturais de oferecer tais princípios, torna-se inviável que o 
processo de reestruturação individual ocorra – passando a ser uma agressão à integridade 
pessoal. 
Estratégia Argumentativa (Tóp. Frasal 1) – As condições encontradas nas estruturas do 
sistema carcerário desafiam a condição humana de seus usuários. Esse fato ocorre, pois, um 
dos principais pontos, é a superlotação, que impede a criação de ambientes confortáveis ao 
processo de reabilitação. Tal característica se fundamenta, em parte, pela desproporção entre o 
aumento da população carcerária e a expansão, bem como melhoramento, de suas instalações. 
Desse modo, além de falhar como reeducadora de indivíduos desencaminhados, falha, 
também, ao desumanizar esses usuários. Colabora, assim, para que o tempo gasto em suas 
dependências tenha apenas caráter cronológico, sem que haja transformação pessoal. 
Estratégia Argumentativa (Tóp. Frasal 2) – Além disso, pode ser abordado o prejuízo 
relacionado à saúde. Essa ideia se relaciona ao fato de serem encontradas condições de pouca 
higiene, insalubridade e pobre estrutura sanitária para os usuários. Tal quadro é reforçado por 
uma desarticulação entre as demandas particulares de cada preso – medicação, atenção 
médica – e a oferta desses serviços, bem como sua qualidade. Assim, há despreparo por parte 
do sistema carcerário em cumprir com sua função de prover condições humanas dignas para a 
 
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reconstrução de seus usuários. Consequentemente, a prisão além de tirar a liberdade 
individual, priva, também, de saúde física, mental e social. 
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Observe que os parágrafos de argumentação foram montados com a ideia previamente 
estabelecida. Neles, o tópico frasal abriu a argumentação, sendo acompanhado de suas 
causas e, por último, suas consequências. Ela é uma abordagem clara, tranquila de ser 
pensada e eficiente, já que cumpre com a proposta da argumentação: defender a tese. 
B) Analogia 
Esse tipo de estratégia argumentativa requer maior atenção do que a causa-consequência. Isso, 
pois ela se fundamenta na ideia de comparar o tópico frasal selecionado com alguma outra 
situação ou contexto. Tal comparação tem o objetivo de esclarecer o tópico frasal, auxiliando 
no fortalecimento da tese. A analogia não é argumentação, ela é apenas uma ferramenta 
utilizada para conferir força ao tópico frasal. Por isso, após ser realizada, é necessário um 
aprofundamento sobre o que significa – esclarecendo a correlação existente estre os 
elementos. De modo genérico, há a seguinte ordem de aparecimento no parágrafo: Tópico 
Frasal, Analogia e Aprofundamento. 
Vamos analisar sua utilização em uma argumentação. Serão utilizados como base da 
exemplificação o tema, a tese e os tópicos frasais que têm origem no capítulo 5, quando foi 
explicado o modelo do Esqueleto da Redação – especificamente, o 1º e 2º passos. 
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Tema - O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira 
Tese - “ Tornar-se parte do sistema carcerário é uma agressão à integridade pessoal, pois sua 
estrutura não é compatível com um ambiente de reabilitação. “ 
Tópico Frasal 1 - O tópico frasal poderia levar o leitor a pensar que um ambiente 
minimamente humano deve ser ofertado ao indivíduo, para que seu processo de reabilitação 
possa ocorrer. Ele deve ser digno, além de respeitar a privacidade do usuário. Do contrário, a 
passagem pelo sistema carcerário não teria condições de reorientar – já que, diariamente, o 
preso sobreviveria em um ambiente hostil. 
 
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Tópico Frasal 2 - O tópico frasal poderia levar o leitor a pensar que saúde, para além do 
conceito de não-doença, é o conjunto do bem estar físico, mental e social. Se o sistema 
carcerário não tem condições estruturais de oferecer tais princípios, torna-se inviável que o 
processo de reestruturação individual ocorra – passando a ser uma agressão à integridade 
pessoal. 
Estratégia Argumentativa (Tóp. Frasal 1) – A estrutura encontrada no sistema carcerário é 
desumana, sendo marcada por superlotação e disputa por espaço pessoal. Do mesmo modo, 
pode-se comparar essa situação ao ambiente hostil e selvagem da natureza, onde os mesmos 
princípios podem ser encontrados: competição, sobreposição de nichos e territorialização. 
Dessa forma, se o papel de reabilitação desse sistema é fundamentado na oferta de um 
ambiente minimamente humano aos seus usuários, ele – dada à realidade – não é cumprido. 
Assim, o usuário, ao invés de aflorar seu lado cidadão e altruísta, reforça suas características 
animalescas – marcando o fracasso de sua reorientação. 
Estratégia Argumentativa (Tóp. Frasal 2) – Além disso, essa condição é aliada ao 
desrespeito à saúde individual, por meio de falta de higiene e suporte profissional. 
Comparativamente, o sistema de saúde público também compartilha dessas características – 
onde a consequência é uma mistura de desesperança e mau atendimento. Ora, se um indivíduo 
é ameaçado de sua higidez, outras áreas de sua vida passam a ser negligenciadas – haja vista 
exemplos cotidianos, como faltar ao compromisso laboral. Como, então, o encarceramento 
pode esperar que haja transformação pessoal quando há, constantemente, iminente perigo? A 
resposta é simples: o sistema é falho e, consequentemente, não reestrutura. 
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Observe que os argumentos foram estruturados relacionando o Tópico Frasal com algum 
outro contexto (‘Ambiente Natural’ e ‘Sistema Público de Saúde’, respectivamente). Em 
seguida, era realizado um aprofundamento sobre como essa conexão relacionava-se. Por fim, 
o parágrafo era concluído com um reforço à tese – em ambos os casos chegamos ao mesmo 
ponto, que foi a falha na reestruturação dos seus usuários. 
C) Dedução 
Essa é uma estratégia argumentativa que utiliza um encadeamento lógico das ideias, 
ocorrendo uso de uma ideia geral para justificar um caso particular. De modo geral, há 
 
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estabelecimento de uma ‘Premissa Maior’, que apresenta um posicionamento irredutível e 
irrefutável. Em seguida, há uma ‘Premissa Menor’, que busca se conectar com a Maior, 
evidenciando relação de pertencimento. Por fim, é estabelecida a conclusão, que é o 
fechamento desse raciocínio. Quando bem realizada, a Dedução é uma ferramenta poderosa 
de argumentação, mostrando coesão e lógica inabaláveis. 
 Vamos analisar sua utilização em uma argumentação. Serão utilizados como base da 
exemplificação o tema, a tese e os tópicos frasais que têm origem no capítulo 5, quando foi 
explicado o modelo do Esqueleto da Redação – especificamente, o 1º e 2º passos. 
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Tema - O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira 
Tese - “ Tornar-se parte do sistema carcerário é uma agressão à integridade pessoal, pois sua 
estrutura não é compatível com um ambiente de reabilitação. “ 
Tópico Frasal 1 - O tópico frasal poderia levar o leitor a pensar que um ambiente 
minimamentehumano deve ser ofertado ao indivíduo, para que seu processo de reabilitação 
possa ocorrer. Ele deve ser digno, além de respeitar a privacidade do usuário. Do contrário, a 
passagem pelo sistema carcerário não teria condições de reorientar – já que, diariamente, o 
preso sobreviveria em um ambiente hostil. 
Tópico Frasal 2 - O tópico frasal poderia levar o leitor a pensar que saúde, para além do 
conceito de não-doença, é o conjunto do bem estar físico, mental e social. Se o sistema 
carcerário não tem condições estruturais de oferecer tais princípios, torna-se inviável que o 
processo de reestruturação individual ocorra – passando a ser uma agressão à integridade 
pessoal. 
Estratégia Argumentativa (Tóp. Frasal 1) – Toda intervenção social que não apresenta uma 
estrutura de boa qualidade falha com sua responsabilidade coletiva – na educação são escolas 
sem material e professores, na saúde, falta de equipamentos e medicamentos. Dentro dessa 
lógica de carência, o sistema carcerário é inserido como mais um setor que exibe sinais de 
fraqueza estrutural e funcional. Superlotação aliada à precariedade das instalações são 
aspectos da dura realidade de seus usuários. Esses fatos se tornam importantes quando se 
percebe que o sucesso da reforma individual depende do bom funcionamento do sistema. Se 
ele é precário, a reabilitação, portanto, também será precária. 
 
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Estratégia Argumentativa (Tóp. Frasal 2) – O homem que perde sua higidez e as 
faculdades de seu corpo tem dificuldades em concentrar energia em outros aspectos de sua 
vida. O sistema carcerário, nesse contexto, torna seus usuários vulneráveis, uma vez que não 
oferece condições de saúde minimamente humanas. Assim, exigir que um indivíduo reflita e 
reorganize seus princípios – suposta função do sistema - quando há uma ameaça constante à 
sua integridade é extremamente improdutivo. Por conseguinte, o encarcerado, além de ter sua 
liberdade restrita e seu processo de reabilitação enfraquecido, tem, também, sua saúde 
ameaçada. 
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Observe que a ideia dos tópicos frasais 1 e 2 é inserida na ‘Premissa Menor’, sempre 
guardando relação de pertencimento com a ‘Premissa Maior’. Ao final do parágrafo, a 
conclusão é lógica e óbvia – essa sensação é muito boa, pois demonstra que seus argumentos 
cumpriram a função de encadear o raciocínio. A conclusão, em cada caso, reforça a tese. 
D) Indução 
Essa estratégia argumentativa também é composta por um encadeamento de ideias. Elas 
partem de um caso particular para justificarem uma ideia genérica. A parte delicada dessa 
abordagem de raciocínio é fundamentar a relação que se quer criar. Muitas induções podem 
ter sua lógica quebrada, o que diminuiria a força argumentativa envolvida. Para que isso não 
ocorra, devemos escolher uma, dentre algumas opções, para estabelecer uma base para nosso 
tópico frasal; sendo possíveis: Dados Estatísticos, Exemplos e Argumentos de Autoridade. 
Os Dados Estatísticos são utilizados quando o candidato possui, de modo seguro, informações 
numéricas, proporções, taxas e indicadores que sustentam sua ideia. A dificuldade de usar 
essa abordagem é a coincidência entre o tema ser de amplo domínio do candidato, a 
abordagem permitir o uso dessa estratégia e, além dessas condições, a informação ser segura e 
correta da realidade tratada. Por conta de todas essas exigências, pouco é vista sua utilização. 
Os Exemplos são ferramentas muito interessantes e bem mais acessíveis do que os Dados 
Estatísticos. Isso, pois é natural por parte do candidato querer justificar seu ponto de vista com 
uma exemplificação de sua abordagem na vida real. A atenção que se deve ter é que a 
exemplificação não é argumentação, mas sim uma forma de reforçar a ideia exposta pelo 
 
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tópico frasal. Por isso, muitas vezes haverá a necessidade de uma explicação ou 
aprofundamento ser feito para embasar, ainda mais, sua argumentação. 
Os Argumentos de Autoridade são uma forma excelente de embasar a abordagem escolhida. 
Isso acontece pois, ao ler o texto, o corretor identificará que uma pessoa/figura/profissional 
relevante do âmbito tratado tem o mesmo posicionamento que a argumentação proposta. 
Além de conferir força às suas ideias, o uso de uma autoridade também ajuda no 
desenvolvimento de Interdisciplinaridade – que será abordada no próximo Módulo. 
Vamos analisar sua utilização em uma argumentação. Serão utilizados como base da 
exemplificação o tema, a tese e os tópicos frasais que têm origem no capítulo 5, quando foi 
explicado o modelo do Esqueleto da Redação – especificamente, o 1º e 2º passos. 
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Tema - O papel do sistema carcerário na sociedade brasileira 
Tese - “ Tornar-se parte do sistema carcerário é uma agressão à integridade pessoal, pois sua 
estrutura não é compatível com um ambiente de reabilitação. “ 
Tópico Frasal 1 - O tópico frasal poderia levar o leitor a pensar que um ambiente 
minimamente humano deve ser ofertado ao indivíduo, para que seu processo de reabilitação 
possa ocorrer. Ele deve ser digno, além de respeitar a privacidade do usuário. Do contrário, a 
passagem pelo sistema carcerário não teria condições de reorientar – já que, diariamente, o 
preso sobreviveria em um ambiente hostil. 
Tópico Frasal 2 - O tópico frasal poderia levar o leitor a pensar que saúde, para além do 
conceito de não-doença, é o conjunto do bem estar físico, mental e social. Se o sistema 
carcerário não tem condições estruturais de oferecer tais princípios, torna-se inviável que o 
processo de reestruturação individual ocorra – passando a ser uma agressão à integridade 
pessoal. 
Estratégia Argumentativa (Tóp. Frasal 1) – A oferta de uma estrutura digna para os 
usuários do sistema carcerário é o ambiente mínimo exigido para que seu papel social seja 
cumprido. No entanto, nesse exercício de reabilitar indivíduos, há falhas básicas que impedem 
que essa tarefa seja efetuada. Um caso de recente visibilidade, que ilustra essa situação, é a 
Penitenciária Pedrinhas, na qual situações de superlotação, uso de alimentos estragados e 
mortes desenfreadas de presos ocorrem de modo quase operacional. Por isso, percebe-se que a 
 
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infraestrutura desempenha papel fundamental para a reestruturação individual, sendo um 
limitador importante para que essa mudança de paradigma aconteça. 
Estratégia Argumentativa (Tóp. Frasal 2) – Segundo levantamentos do Ministério da 
Saúde, as principais enfermidades que acometem os usuários do sistema carcerário são: 
escabiose, hanseníase e tuberculose. Essas doenças foram vastamente encontradas no Brasil 
no final do século XIX e início do XX dentro da sociedade, em função de condições sanitárias 
precárias. No entanto, essa realidade ainda se encontra dentro das dependências dos 
complexos prisionais, refletindo o atraso extremo que se passa nas mesmas. Desse modo, os 
indivíduos que deveriam ser reabilitados socialmente não desfrutam de qualquer suporte, além 
de terem sua higidez ameaçada. 
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Observe que, em ambos os casos, há a revelação de um fato particular – seja um exemplo ou 
um dado estatístico – correlação com a temática e conclusão do parágrafo com o tópico frasal 
desejado. Diferentes formas de organizar essas ideias são válidas, cabendo ao candidato 
perceber qual é a melhor para cada caso, bem como com qual ele se sente mais confortável. 
 
9. CONCLUSÃO: 
A conclusão do texto é um momento que serve para sintetizar as ideias abordadas ao longo do 
mesmo, fazendo com que o leitor alcance o final de todo o raciocínio. Esse final deve se 
conectar de forma clara com a tese, reforçando-a.

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