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Projeto Integrado em Gestão da Qualidade I Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Elaine Aparecida de Araújo Revisão Textual: Prof.ª Me. Alessandra Fabiana Cavalcanti Levantamento dos Principais Conceitos de Qualidade, Diferenciando Produtos de Serviços • Conceitos de Qualidade pelos Gurus da Qualidade; • Qualidade de Produtos versus Serviços. · Compreender os diversos conceitos de qualidade descritos por espe- cialista da área e a aplicabilidade tanto nos produtos como nos servi- ços, para que o alunado tenha capacidade de escolher o melhor nicho para atuar em seu projeto. OBJETIVO DE APRENDIZADO Levantamento dos principais conceitos de Qualidade, diferenciando Produtos de Serviços Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Levantamento dos principais conceitos de Qualidade, diferenciando Produtos de Serviços Conceitos de Qualidade pelos Gurus da Qualidade Neste capítulo serão descritos diferentes conceitos da qualidade relatados por profissionais distintos e ambos com sua experiência organizacional, para contribuir com a construção do conceito da qualidade. Dominar esses conceitos será fundamental para o desenvolvimento do seu pro- jeto, de maneira a alinhar as teorias adequadas para embasar o projeto que será desenvolvido nesta disciplina. No decorrer dessa unidade, será importante um olhar para obter conteúdo e aplicar na empresa escolhida para desenvolvimento do projeto. O detalhamento do processo será melhor apresentado em outras unidades. É importante entender em qual momento surgiu a qualidade como fator fun- damental para o crescimento da organização e, principalmente, a construção de produtos ou serviços para melhorar os processos da linha de produção. A qualidade Pós-Taylorista, descrita por Joseph M. Juran, traz duas definições. São elas: 1. Qualidade é a característica dos produtos que atende às necessidades dos clientes e, portanto, promove a satisfação com os produtos; 2. Qualidade consiste na ausência de deficiências. Quando falamos de ausência de deficiência, é importante colocar para o gestor/ administrador que as consequências de um retrabalho são muito maiores que apli- car processos como os descritos, para atingir a qualidade total. Os custos da não qualidade estão relacionados ao: • Custos das Falhas: podemos incluir nesta etapa de erro: ocorrências antes de o produto chegar ao cliente; custos para reivindicar garantia; reclamações de clientes; perdas das negociações; • Custos de Avaliação: nesta etapa, podemos incluir os custos das inspeções como testes em processos; auditorias e não-conformidades; • Custos da Prevenção: nesta etapa devem ser considerados os custos com planejamento, controles, avaliação de fornecedores, treinamentos em técni- cas da qualidade. Para aplicar a qualidade em uma organização, é fundamental saber que temos uma trilogia que deve ser seguida rigorosamente para garantir o sucesso da aplicabilidade. Segundo Juran (1987), a qualidade não acontece por acidente, ela deve ser planejada. Veremos como: 8 9 1. Planejamento da Qualidade: é o processo de estabelecer os objetivos para a qualidade e desenvolver os planos para atingir esses objetivos; 2. Controle de Qualidade: é o processo contínuo usado pelo pessoal operacio- nal como meio para atingir os objetivos planejados. Consiste em três passos: (1) avaliar o desempenho operacional atual; (2) comparar com os objetivos e (3) agir nas diferenças; 3. Melhoramento da Qualidade: tem o objetivo de melhorar os níveis atuais de desempenho da qualidade, sendo o terceiro membro da trilogia. Juran (1987) ainda completa que, para elaborar a qualidade, é necessário realizar um plano de elaboração para a real qualidade da operação, portanto os 8 (oito) passos que serão descritos abaixo irão apoiar os gestores/adminis- tradores para as tomadas de decisões, vejamos: 1. Identificar os clientes; 2. Identificar as necessidades dos clientes; 3. Traduzir as necessidades dos clientes em especificações; 4. Desenvolver os produtos que atendam às necessidades dos clientes; 5. Otimizar as características dos produtos; 6. Desenvolver as capacidades dos processos para produzir o produto; 7. Testar os processos; 8. Operacionalizar os processos. As ideias de William E. Deming estabelecem que as causas de variações nos pro- cessos eram divididas em causas naturais e causas especiais. O plano desenvolvido por Deming é constituído por 14 pontos. Vejamos: 1. Crie na organização uma constância de propósitos no sentido da melhoria dos produtos e dos serviços, de forma que se torna competitivo. Mantenha- -se no negócio e gere trabalho; 2. Adote a nova filosofia e assuma a liderança da mudança. Os competidores estão fazendo isso e os consumidores têm expectativas crescentes; 3. Abandone a inspeção como meio de obtenção da qualidade. A qualida- de deve ser construída, por meio da redução das variações no processo. Se as variações nos processos forem diminuídas, não haverá necessida- de de inspecionar para separar os defeitos; 4. Abandone a prática de privilegiar negócios com base somente nos preços. Caminhe no sentido de ter um fornecedor preferencial para cada item e es- tabeleça com ele um relacionamento de longo prazo, baseado na confiança e na fidelidade; 9 UNIDADE Levantamento dos principais conceitos de Qualidade, diferenciando Produtos de Serviços 5. Melhore sempre e constantemente cada processo de produção e de prestação de serviços, reduzindo suas variações. Assim, os custos reduzem suas variações e os custos cairão constantemente; 6. Introduza o treinamento nos postos de trabalho, já que pessoas sem treina- mento adequado produzirão maiores variações. Faça os colaboradores en- tenderem os conceitos de variações. Treine com base em técnicas estatísticas para a identificação de problemas e de oportunidades de melhoramentos; 7. Institua a liderança no lugar da chefia no papel da supervisão. O objetivo deve ser o de coordenar e de dar suporte; 8. Elimine o medo. As pessoas não realizarão um bom trabalho se não se senti- rem seguras. Na melhor das hipóteses, atingirão níveis mínimos de desempe- nho, mas nunca atingirão a qualidade; 9. Elimine as barreirasentre os departamentos, promovendo a visibilidade entre as várias áreas. As pessoas, nas várias atividades, deverão atuar como uma equipe. Somente assim, as necessidades e as expectativas dos clientes poderão ser conduzidas rapidamente aos pontos onde as ações poderão ser tomadas; 10. Elimine os slogans, que muitas vezes nada significam e criam clima de adversá- rios. Lembre-se de que a maioria das causas da má qualidade reside em varia- ções dos processos que estão além do poder da força de trabalho; 11. Elimine a gestão por objetivos com base em indicadores de qualidade. Esse pon- to é controverso, a menos que seja interpretado com entendimento das viações naturais. O estabelecimento de quotas para variações devidas a causas naturais evidentemente careceria de significado; 12. Renova as barreiras que impedem os colaboradores, em geral, de sentirem orgulho por seu trabalho. Objetivos conflitantes, decisões arbitrárias, não-re- conhecimento dos esforços arbitrárias, não-reconhecimento dos esforços e informações insuficientes estão entre os exemplos dessas barreiras; 13. Crie um vigoroso programa de educação e de auto melhoramento. Embora este seja o 13º. ponto, normalmente é um ponto de partida, e deve ser apli- cado imediatamente após o ponto 1; 14. Caracterize a mudança como sendo responsabilidade de todos e crie na orga- nização uma estrutura capaz de dar suporte a todos os pontos. As ideias de Armand Feigenbaum estabeleceram os princípios do Controle Total da Qualidade, em 1951, em seu livro Total Quality Control, quando ainda era estudante de doutorado. Ele define o Controle Total da Qualidade como um sistema efetivo para integrar os esforços dos vários grupos dentre de uma organização, no desenvolvimento da qualidade, na manutenção da qualidade e no melhoramento da qualidade, de maneira que habilite marketing, engenharia, produção e serviço com os melhores níveis econômicos que permitam a completa satisfação do cliente. 10 11 Segundo Feigenbaum, a atividade de controle da qualidade tem quatro passos como: 1. Estabelecimento de Padrões: determinar os padrões requeridos para custo, desempenho segurança e confiabilidade; 2. Avaliação da Conformidade: comparar a conformidade do produto manu- faturado ou do serviço oferecido com esses padrões; 3. Ação quando necessário: corrigir os problemas e suas causas, por meio da gama completa de fatores de marketing, de projeto, de engenharia, de produ- ção e de manutenção, que influenciam a satisfação do usuário; 4. Planejamento para o Melhoramento: desenvolver um esforço contínuo para melhorar os padrões de custo, de desempenho, de segurança e de confiabilidade. Kaoru Ishikawa é de uma família com tradição industrial, iniciou o movimento com o CWQC – Company Wide Quality Control (Controle Total da Qualidade para Toda a Empresa). Os pontos a seguir detalham a filosofia de gestão de Ishikawa. Vejamos: • A qualidade começa e termina com a educação; • O primeiro passo é conhecer os requisitos do cliente; • O estado ideal é aquele em que a inspeção não é mais necessária; • As causas-raízes devem ser removidas, não os sintomas dos problemas; • A qualidade é responsabilidade de todos; • Não confunda meios com objetivos; • A qualidade deve ser colocada em primeiro lugar, para atingir lucros de longo prazo; • O marketing é a entrada e a saída da qualidade; • O próximo processo é seu cliente; • A alta gerência não deveria irritar-se com os fatos apresentados pelos subordinados; • 95% dos problemas podem ser resolvidos com ferramentas simples; • Use fatos e dados numa apresentação; • Um dado sem a informação de sua variabilidade é um dado falso; • A gerência deve conduzir seus programas com a crença no gênero humano. Os métodos de Ishikawa são indicados para serem aplicados a qualquer tipo de problemas enfrentados pelas organizações; outra ferramenta importante utilizada por Ishikawa, na programação do envolvimento das pessoas com o CWQC, são os círculos de Controle de Qualidade. Trata-se de um movimento iniciado em 1962 no Japão e, atualmente, disseminado pelo mundo. 11 UNIDADE Levantamento dos principais conceitos de Qualidade, diferenciando Produtos de Serviços Os Círculos de Controle da qualidade, também chamados de CCQ, são grupos compostos por cinco a dez voluntários da mesma área de trabalho, que se reúnem regularmente, coordenados por um líder. Os objetivos desses grupos são: 1. Contribuir para o melhoramento e o desenvolvimento da empresa; 2. Respeitar as relações humanas e construir um local alegre que ofereça satis- fação no trabalho. 3. Desenvolver completamente as capacidades humanas e delas extrair o potencial infinito. Considerado um engenheiro industrial brilhante, Shigeo Shingo fez distinção para o método de qualidade, a partir dos erros e dos defeitos. Erros que ele buscava descrever para que não houvesse uma recorrência e sobre os defeitos criou uma no- menclatura do ZQC – Zero Quality Control – (Zero Defeito). Este sistema contaria com uma inspeção 100% feita, a partir do que o autor intitula como Poka Yoke, expressão japonesa que traduzida com certa liberdade quer dizer: A Prova de Erros. Os conceitos do Poka Yoke envolvem: • Controle ou características do produto ou de seu processo de obtenção, que evite minimizar a ocorrência dos erros; • Dispositivos ou ações simples (geralmente de pouco custo) ao final das ope- rações sucessivas, de modo a detectar e a corrigir os erros em sua fonte. Para adotar este método, o autor ressalta que a organização deve cumprir algu- mas etapas, como: • Detecção do erro antes que ele se torne um defeito; • Minimização na busca de minimizar o defeito do erro; • Facilitação da adoção de técnicas que facilitem a execução das tarefas nos processos; • Prevenção focada em impedir que o erro ocorra; • Substituição de processos ou de sistemas por outros mais consistentes; • Eliminação da busca da possibilidade de ocorrência de erros pelo redesenho do produto, do processo de obtenção ou da prestação de um serviço. Genichi Taguchi (1979) define a qualidade de um produto por meio das perdas que ele impõe à sociedade. Taguchi chama de ruídos as variações que causam perturbação nas funções de um produto, e classifica-os como: • Ruídos Externos: são variados como temperatura, umidade, tensão de alimentação, sujeira entre outros. Às quais os produtos estão sujeitos durante seu uso; • Ruídos Internos: pertencem a esta categoria as variações ou mudanças que ocorrem nos produtos e seus componentes durante o uso. 12 13 • Ruídos Variacionais ou entre Produtos: pertencem a essa categoria as possíveis variações entre produtos fabricados sob as mesmas especificações e processos. O autor afirma que os processos robustos gerarão produtos pouco sensíveis aos vários ruídos. O Projeto das tolerâncias é um estágio que visa ao ajuste fino dos resultados obtidos no Projeto dos Parâmetros, ou ainda busca minimizar as variabilidades dos parâmetros para que as perdas sejam minimizadas. Aqui se busca, por meio de ações de processo, a redução das tolerâncias naqueles parâmetros com influência, ainda, significativa nas funções do produto. A abordagem de David A. Garvin traz duas contribuições importantes à gestão estratégica da qualidade: • Considera a qualidade como um “pacote” que engloba oito dimensões; • Considera o nível de qualidade a ser entregue e que deve ser definido pela importância dada pelo cliente as oito dimensões e pelo desempenho desejado da operação frente à concorrência. As implicações das considerações de Garvin, na gestão estratégica da qualidade, serão vistas a seguir, por meio das oito dimensões da qualidade: • Desempenho: são características operacionais principais de um produto. Por exemplo, a potência e a fidelidade de som de um aparelho de som, a veloci- dade de atendimento de um serviço de resgate etc; • Característica: são os aspectos extras que suplementam o desempenho. Por exemplo, a possibilidade deo aparelho de som acomodar quatro CDs; a disponibilidade de um aparelho de TV num quarto de hospital etc; • Confiabilidade: indica quão frequentemente o produto fica fora da operação. Por exemplo quão frequentemente um veículo necessita de assistência técni- ca; o quão frequentemente o provedor de internet não permite conexão etc; • Conformidade: indica o quanto um produto se aproxima de sua especifica- ção ou da experiência anterior do cliente. Por exemplo, o quanto a velocida- de real de um sistema de transmissão de dados de banda larga se aproxima da velocidade nominal declarada; o quanto a espessura de um tratamento galvânico se aproxima de sua especificação entre outros. Por vezes, o termo não conformidade é substituído por consistência quando essa dimensão se refere à comparação entre o produto real e a experiência anterior do cliente e não propriamente a um padrão especificado ou declarado. Por exemplo, a consistência na rapidez de atendimento de um restaurante fast food; 13 UNIDADE Levantamento dos principais conceitos de Qualidade, diferenciando Produtos de Serviços • Durabilidade: apresenta o tempo de vida, a resistência no uso, a frequência de manutenção etc. Por exemplo, o quanto duram as pastilhas de freio ou os amortecedores de um veículo; quanto tempo uma dedetização manterá um ambiente livre de insetos; quanto tempo a manutenção feita num elevador o manterá funcionando etc; • Manutenção: indica o quanto a manutenção do produto é fácil, de baixo custo ou amigável. Por exemplo, o quanto de dificuldade tem o cliente para corrigir um lançamento errado numa fatura do cartão de crédito; o quanto é fácil trocar o cartucho de tinta de uma impressora: quanto custa a reposição de um cartucho de tinta de uma impressora entre outros; • Estética: são as características relativas à aparência e à impressão. Por exemplo, as linhas estéticas de um veículo, de um móvel; a cor; o modelo ou a estampa de uma roupa; a fragrância de um perfume; a aparência do maître e do próprio restaurante; a limpeza e a organização de uma oficina mecânica entre outras; • Qualidade Percebida: o sentimento e a maneira como o cliente é tratado. Por exemplo, a cortesia do maître; a educação e o polimento num teleatendimen- to. Nesta dimensão, incluem-se ainda os componentes subjetivos da qualidade, muitas vezes resultantes de associações que o cliente realiza em suas avaliações. Se a Rolls-Royce passasse a fabricar também bicicletas, você diria que elas teriam qualidade? De acordo com Garvin (1988), quando o cliente considera o “pacote” qualidade, raramente considera todas as dimensões e, se considerasse, por certo, não daria a todas o mesmo peso na formação de sua decisão de compra. Isso significa que a operação deve entender quais as dimensões são consideradas na formação da decisão da compra e a importância relativa dada pelo cliente a cada uma delas. A abordagem de Garvin, para o planejamento da qualidade, segue quatro passos, dados aproximadamente por: 1. Definição da qualidade: o objetivo deste passo é entender as dimensões da qualidade consideradas importantes pelo cliente e avaliar a importância relativa de cada uma delas. Esse entendimento, sempre que possível, deve contar com pesquisas junto aos próprios clientes; 2. Comparação com a concorrência: um ambiente de mercado competitivo é caracterizado pela presença de concorrentes. Estrategicamente uma ação de melhoramento em determinada dimensão da qualidade, somente teria sentido se representasse uma necessidade ou uma oportunidade de melhoria no desempenho estratégico da operação. Seria uma necessidade se na comparação com a concorrência, o cliente considerasse a operação como tendo um desempenho pior que o da concorrência numa dimensão 14 15 considerada importante para ele. Por outro lado, seria uma oportunidade se a operação identificasse dimensões da qualidade importantes para o cliente, em que o desempenho da concorrência fosse insatisfatório, e então envidasse esforços de melhoramento; 3. Definição das Alavancas Internas para o Melhoramento: as dimensões a serem melhoradas deverão ser traduzidas em termos de requisitos para o projeto e especificações ou procedimentos para os processos de geração do produto. Digamos, por exemplo, que a consistência no atendimento de um hotel tenha sido identificada como uma necessidade de melhoramento, para a recepção, essa dimensão seria traduzida, por exemplo, num procedimento padrão para o check-out; para o serviço de quarto, seria traduzida numa especificação para o tempo de atendimento, e assim por diante. 4. Plano de Ações: ao fim do passo 3, a operação terá uma série de especificações e de procedimentos que refletem as dimensões da qualidade que são importantes para o cliente e, ao mesmo tempo, representam necessidades ou oportunidades estratégicas de melhoramento da qualidade. A comparação dessas especificações e dos procedimentos com os atuais vigentes definirá os gaps que, através de ações de melhoramento, deverão ser preenchidos. O objetivo deste passo 4 é a elaboração de um plano de ações. Qualidade de Produtos versus Serviços Para iniciar este tópico, vamos primeiramente descrever características de produ- tos e consequentemente as de serviços. • Produto: considerado como o resultado de qualquer processo. Pode ser um bem físico, uma informação ou um serviço. Alguns definem como a con- formidade com padrões como: especificações, procedimentos ou requisitos. Segundo Juran (1987), esses padrões são necessários para definir as respon- sabilidades dos participantes do processo em termos de qualidade, mas não as responsabilidades da empresa, que deveriam sempre ser definidas com as respectivas características de: 1. Atingir as necessidades do cliente; 2. Garantir a ausência de deficiências. E como o cliente é um fator decisivo para o sucesso de qualquer produto, precisa- mos compreender que temos dois tipos de clientes: • Cliente interno; • Cliente externo. 15 UNIDADE Levantamento dos principais conceitos de Qualidade, diferenciando Produtos de Serviços Cliente interno é considerado membro da empresa, prestadores de serviços, fornecedores; é por meio deste cliente que toda a qualidade do produto é cobrada. São eles os executores dos processos. Cliente externo é o consumidor de nossos produtos, são aqueles impactados pela qualidade oferecida e é através destes clientes que conseguimos capitar a necessi- dade e assim realizar todas as adequações para que o produto consiga atender a necessidade do mercado. O cliente externo é um fator fundamental para a satisfação total do produto, já que é por meio deste cliente que conseguimos abordar as deficiências dos produtos. Conhecer suas reclamações é tão importante nas organizações para o sucesso e para a competitividade dos canais como: Serviços de Atendimento ao Consumidor, Pós-Vendas e outros como 0800 e ainda o Acompanhamento do Cliente, conhecido como a sigla CRM (Customer Relationship Management). E para alinhar os processos relacionados aos produtos, devemos seguir fases para este desenvolvimento, como veremos na Figura 1. Início do projeto Aprovação do programa Primeiro protótipo completo Liberação �nalda engenharia Introdução no mercado Crescimento de produção Produção piloto Produto Processo Projeto/ planejamento 36 27 18 9 0 Meses antes da introdução no mercado Introdução no mercado Figura 1 – Fases típicas do desenvolvimento de um produto complexo Fonte: Adaptado de WHEELWRIGHT; CLARK, 1993 16 17 Desenvolvimento do Conceito • Arquitetura do produto; • Projeto conceitual; • Mercado-alvo. Planejamento do Produto • Construção do mercado; • Teste em pequena escala; • Investimentos/finanças. Engenharia do Produto/Processo • Projeto detalhado do produto e ferramental; • Construção e teste de protótipos. Produção Piloto/Crescimento • Teste de produção em volume; • Início da produção na fábrica; • Volume aumenta para níveis comerciais.Após o desenvolvimento do produto, vamos abordar o ciclo de vida do produto. Segundo Kotler (1991), o ciclo de vida do produto está descrito em quatro fases: introdução no mercado; crescimento de volume, maturidade e declínio. • Introdução no Mercado: um período de vendas baixas, na medida em que o produto está sendo introduzido no mercado. Lucros são praticamente não- -existentes neste estágio porque altos investimentos foram feitos durante o estágio de desenvolvimento do produto. Esta é uma fase em que o projeto do produto está sofrendo sucessivas reavaliações e o projeto de engenharia está sendo modificado rapidamente com base na realimentação das infor- mações dos primeiros clientes, que compararão o produto e na informação dos níveis de sucesso e características de projeto das ofertas concorrentes; • Crescimento de Volume: um período de rápido crescimento de vendas (caso o produto tenha tido sucesso e aceitação no mercado) e de crescimento de lucratividade; • Maturidade: um período de desaceleração das taxas de crescimento de ven- das porque o produto atingiu aceitação pela maioria de seus clientes poten- ciais. Lucros estabilizam-se ou começam a declinar porque reduções do preço em geral têm de ser feitas para proteger o produto da concorrência; que a esta altura já terá sido capaz de aproximar o projeto do seu produto ao proje- to de sucesso do produto da empresa em análise. Os produtos concorrentes, portanto, toram-se mais semelhantes entre si; 17 UNIDADE Levantamento dos principais conceitos de Qualidade, diferenciando Produtos de Serviços • Declínio: estágio durante o qual as vendas começam a diminuir e a lucrativi- dade tende a piorar, com volumes diminuídos e a necessidade de alterações no projeto do produto e oferta de eventuais acessórios e extras na tentativa de prolongar os períodos de vendas em volumes altos. Desenvolvimento e projeto Crescimento de volume Introdução Vendas Maturidade Declínio Tempo Figura 2 – Ilustração do Ciclo de Vida do Produto, p. 331 Fonte: Adaptado de CORREA, H. L, 2006 Qualidade de serviços: Matriz Produto – Processo e Operações de Serviços Para entender o processo de matriz produto-processo em operação de serviço, vejamos a Figura 3. Processos por tarefa Processos intermediários Processos em �uxo contínuo Volumes baixos, baixa padronização, alta variedade Volumes altos, alta padronização, baixa variedade Te cn ol og ia Serviços de massa Serviços de massa customizados Loja de serviço Serviços pro�ssionais de massa Serviços pro�ssionais Figura 3 – Ilustração do Ciclo de Vida do Produto, p. 339 Fonte: CORREA, H. L, 2006 18 19 Vamos detalhar os tópicos abordados na Figura 3. • Serviços Profissionais: prestados de forma completamente customizada, personalizando o atendimento e o pacote de serviços às necessidades e aos desejos de cada cliente em particular, sendo para isso forçado a atender a um número limitado de clientes por dia. São exemplos: a medicina e as cirurgias especializadas; os serviços pessoais, como salões sofisticados beleza; consul- toria especializada; serviços jurídicos especiais; quiropraxia; alguns hotéis com altíssimo grau de satisfação, entre outros. • Serviços Profissionais de Massa: correspondentemente ao anterior, há uma região do contínuo de volumes, próxima à região de serviços profissionais, que, embora tratando de serviços que, por sua própria natureza requerem persona- lização, procuram aumentar seus ganhos de escala no sentido de atender a um número maior de clientes por dia em suas unidades de maior operação. Um exemplo é um hospital canadense chamado Shouldice Hospital, altamente especializado no tratamento de hérnia inguinais (e só) para pacientes de quadro geral saudável. Controlando o insumo “pacientes” (um tipo só de problemas e boa saúde geral), reduz tremendamente a variabilidade de suas operações. Shouldice Hospital - https://goo.gl/Zg8bDU Ex pl or • Loja de Serviços: é onde se encontra, talvez, a maioria das operações de serviços. São operações que tratam de um volume intermediário de clientes por dia em suas unidades de operação típicas, estão a meio caminho quanto às variáveis de customização, de front office versus back office, ênfase em pessoas versus equipamentos e intensidade de contato. São as lojas de varejo, a maioria dos hotéis, dos restaurantes, dos hospitais, dos laboratórios de análise, entre outros. • Serviços de Massa Customizados: serviços que criam participação mais ativa dos sistemas tecnológicos, principalmente das mais avançadas tecnologias de informação, criam no cliente de forma automatizada uma sensação de serviço customizado. Um exemplo é a maior livraria virtual do mundo, a Amazon, Uma vez que alguém se torna cliente, o sistema da empresa, baseado em seu endereço eletrônico (e-mail), já faz a saudação de forma personalizada. Ofe- rece então sugestões ao cliente de livros que possam interessá-lo. Com isso é possível padronizar suas operações, conseguindo índices de produtividades altíssimos de seus recursos. Amazon - https://goo.gl/DDQ2rd Ex pl or 19 UNIDADE Levantamento dos principais conceitos de Qualidade, diferenciando Produtos de Serviços • Serviços de Massa: serviços em que um grande número de clientes é aten- dido por dia numa unidade típica, de forma padronizada, visando a ganhos de escala: os transportes de massa, por exemplo, como o metrô e os ônibus suburbanos que possuem roteiros absolutamente fixos; não se pode customizar praticamente nada. A grande ênfase está nas atividades de controle, feitas em back office. Outros exemplos são chamadas “utilidades”, como fornecimento de energia elétrica, água e gás; no mercado de entretenimento, os estádios de futebol, os grandes shows de rock; em alimentação, os grandes refeitórios in- dustriais, do tipo bandejão em serviços financeiros, os grandes bancos de varejo com seu atendimento automatizado por internet, entre outros exemplos. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Múltiplos Modelos de Referência: A Relação entre Excelência em Gestão e Certificação de Qualidade https://goo.gl/JdbnrN Livros Controle da Qualidade Total FEIGENBAUM, A. Controle da Qualidade Total. v.1. Editora Makron Books, 1994. Administração da Produção e Operações CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da Produção e Operações. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2006. p. 231. 21 UNIDADE Levantamento dos principais conceitos de Qualidade, diferenciando Produtos de Serviços Referências CORREA, H.L.; CAON, M. Gestão de Serviços. São Paulo: Atlas, 2002. FEIGENBAUN, A. V. Total Quality Control. New York: McGraw-Hill, 1987. GARVIN, D. A. Managing Quality. New York: Press, 1988. JURAM, J. M.; GRYNA, F.M. Quality Control Handbook. New York: McGraw- Hill, 1987. KOTLER, P. Marketing management. Londres: Prentice Hall International, 1991. SHINGO, S. A Revolution In Manufacturing: the Shmed System. Cambridge: Productiviry Press, 1985. SLACK, N.; LEWIS, M. Operations Strategy. Harlow: Pearson Education, 2002. TAGUCHI, G.: WU, Y. Introduction to Off-line Quality Control. Nagoya: Central Japan Quality Control association, 1979. WEISS, H. J. DS for Windows. New Jersey: Prentice Hall, 2000. 22
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