54 pág.

Pré-visualização | Página 3 de 19
de um ano do término da vida em comum devidamente comprovado. b) Ruptura da sociedade conjugal por culpa e por conduta desonrosa Tradicionalmente, se um cônjuge imputa ao outro a culpa pela dissolução do matrimônio, diante de grave violação de um dos deveres conjugais ou por uma conduta desonrosa, ao cônjuge inocente é permitido postular em juízo a dissolução da sociedade conjugal. Os fundamentos legais para o pedido de separação formulado por um dos cônjuges são os seguintes: a) fato desonroso; b) o descumprimento dos deveres de assistência material ou imaterial; c) a ruptura da sociedade conjugal; e d) a enfermidade física ou mental grave. Fato desonroso é aquele que expõe o nome do cônjuge ou da família ao ridículo, ofendendo a sua honra, o respeito ou a privacidade. Podemos, ainda, citar: a torpeza, a corrupção, a criminalidade, a embriaguez contumaz, o uso de entorpecentes e as práticas sexuais anormais. Profª Maria Cremilda Silva Fernandes Especialista em Direito Privado 65 Descumprimento dos deveres de assistência material ou imaterial – exemplos: o adultério, a injúria grave, os maus-tratos e o abandono de lar. Enfermidade física ou mental grave é aquela que possui cura improvável, o cônjuge enfermo deverá estar nesta condição, no mínimo,por 2 anos (no CC/16 era no mínimo por 5 anos). 5.1 Separação remédio Diante do reconhecimento da insuportabilidade da vida em comum ou da impossibilidade de reconstituição da sociedade conjugal. 5.2 Causas de insuportabilidade da vida em comum: a) o adultério, que importa em violação da vida em comum; b) a tentativa de morte contra o outro cônjuge; c) a sevícia, ou seja, o castigo físico (tapa, espancamento etc.), ou a prática de injúria grave contra o outro cônjuge. Os mais recentes julgados, apontam, ainda: d) a embriaguez habitual; e) uso abusivo de morfina; f) ciúme despropositado; g) o pedido de interdição por insanidade inexistente; h) o descumprimento do débito conjugal; i) trocar a fechadura do domicílio, impedindo a entrada do outro cônjuge; j) o abandono voluntário do domicílio conjugal por um ano contínuo; k) a condenação por crime infamante; l) a conduta desonrosa; m) e por outros motivos reconhecidos pelo juiz de direito. Em qualquer hipótese de separação judicial, são inerentes à sentença que extingue o vínculo matrimonial: • a separação de corpos; • o fim dos deveres de coabitação; • a fidelidade mútua; • a partilha dos bens. A partilha dos bens, no entanto, não precisa ser prévia, podendo ser postergada para depois do divórcio. Profª Maria Cremilda Silva Fernandes Especialista em Direito Privado 66 6. Reconstituição do casamento Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo. Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros, adquirido antes e durante o estado de separado, seja qual for o regime de bens. Reconstituição do casamento é a desistência da pretensão de divórcio. O assunto em comento prevê o restabelecimento da sociedade conjugal; essa possibilidade é o que marca a separação judicial como medida que tanto pode conduzir ao divórcio, quanto permitir a reconciliação. Não se trata de mero fato; requer a lei ato regular em juízo, vale dizer, intervenção do Estado-Juiz chancelando o restabelecimento. Demais disso, com o fim de proteger a boa-fé de terceiros, em face da eficácia jurídica da separação, são colocados a salvo tais direitos. Interessante anotar que para o restabelecimento não importa a causa da separação, quer tenha sido consensual, quer litigiosa. O requerimento deve ser formulado por ambos os cônjuges, perante o juízo competente, que é o da separação judicial, sendo reduzido a termo assinado pelos cônjuges e homologado por sentença, depois da manifestação do MP. Com a reconciliação, os cônjuges voltarão a usar o nome que usavam antes da dissolução da sociedade conjugal. Não haverá alteração no regime de bens, porém, se o casal se divorciou, poderá unir-se novamente (novo casamento) com outro regime de bens. É possível, todavia, em caso de separação judicial, a alteração do regime de bens por ocasião da reconciliação, mediante autorização judicial, se houver “pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros” (CC, art. 1.639, § 2º). O art. 101 da Lei dos Registros Públicos, aludida no item anterior, que o ato de restabelecimento da sociedade conjugal será também averbado no Registro Civil, com as mesmas indicações e efeitos. O artigo 1.579 proclama a inalterabilidade dos direitos e deveres dos pais com relação aos filhos, em decorrência do divórcio ou do novo casamento de qualquer um deles. A obrigação alimentar, fruto tanto dos laços de parentesco quanto em decorrência do poder familiar, não sofre qualquer modificação com a mudança do estado civil do alimentante (quem paga alimentos). No entanto, está-se consolidando corrente jurisprudencial que permite a revisão do valor dos alimentos quando estabelece o alimentante novo vínculo afetivo ou ocorre o nascimento de outros filhos. 7. Conversão da separação em divórcio – art. 1.580 Profª Maria Cremilda Silva Fernandes Especialista em Direito Privado 67 Apenas o divórcio importa no rompimento do vínculo matrimonial, em caráter definitivo. O divórcio pode ser obtido por meio indireto ou via conversão, decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos. A ruptura do vínculo pode dar diretamente, prevendo-se que o divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de comprovada a separação de fato por mais de 2 anos. 8. Divórcio Indireto A separação (a judicial ou aquela concessiva tão-só da separação de corpos) como estágio intermédio entre o casamento e a ruptura do vínculo, na modalidade do divórcio indireto. 9. Divórcio Divórcio é a completa ruptura da sociedade conjugal e do vínculo matrimonial, que torna o divorciado livre para a celebração de novo casamento civil. O divórcio veio a ser permitido no Brasil a partir da Emenda Constitucional n.º 9, de 28.6.1977, antes o casamento somente poderia ser extinto por morte ou mediante desquite, o que não rompia o liame conjugal e permitia tão-somente a separação do casa; impossibilitando-se, pois, novas núpcias. O divórcio direto está previsto no segundo parágrafo do artigo 1.580. O artigo 1.581 dispensa a partilha dos bens para a sua decretação e o art. 1.582 identifica os legitimados para propor a demanda. 9.1 Efeitos da separação e do divórcio A separação e o divórcio acarretam efeitos sobre a pessoa e o patrimônio dos cônjuges, assim como sobre os demais membros da família. 9.2 Nome de casado No regime jurídico anterior, apenas a mulher poderia adotar o patronímico do marido, hoje, dado ao princípio da igualdade entre o homem e a mulher, ambos podem. Porém, nosso país, não tem essa tradição. Como exceção à regra à regra, no caso de separação litigiosa, estipulou que a mulher não poderia continuar utilizando o nome do marido, se julgada culpada pela separação. O que tem acontecido: tratando-se de separação ou divórcio litigioso, o evictor perderá o direito de usar o nome do outro, se expressamente requerido pelo vencedor e sua alteração não ocasionar: • prejuízo evidente à sua identificação; • manifesta diferença entre o seu nome