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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO VICTOR RABELO GOMES DE SANTANA DIREITO GREGO RECIFE 2020 VICTOR RABELO GOMES DE SANTANA DIREITO GREGO Atividade de História do Direito do Curso de Direito da Universidade Católica de Pernambuco para obtenção da nota do 1° Graus de Qualificação (GQ). Orientador: Christiano Souza e Silva RECIFE 2020 SUMÁRIO 1. Introdução ................................................................................................................................. 3 2. Desenvolvimento do Direito Grego............................................................................................. 4 3. O Direito Grego Antigo que influenciou o Direito Brasileiro Moderno ......................................... 6 4. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................. 7 3 1. Introdução No princípio da civilização grega, as leis eram baseadas nos costumes, os quais as antigas famílias alegavam ser uma dádiva dos deuses, que eram passados para as gerações seguintes. Eles não tinham leis oficiais ou sistemas formalizados para punições até a metade do século VII a.C., onde atribui-se a Zeleuco de Locros o título de primeiro legislador da Grécia. Por volta de 650 a.C., este homem reuniu em um código todas as leis que vigiam àquela época, além de ter fixado penas para cada espécie de delito cometido. Entretanto, a primeira legislação codificada que se tem notícia, foi encontrada em Dreros, ilha de Creta, por volta de 662 a.C. Os gregos se desenvolveram e formaram diversas Pólis (cidades-estados), onde cada uma delas tinha os próprios poderes políticos, econômicos, religiosos, suas próprias leis, costumes e governos autônomos, por conta disso não deve ser usado apenas uma cidade-estado para analisar o direito na Grécia Antiga, logo pode-se dizer que na Grécia Antiga existia mais de um tipo de direito. As características presentes no direito da Grécia Antiga foram de estremas influência para o desenvolvimento do direito nos demais povos da antiguidade, como os Romanos, porém não foi só no passado que a sua influencia foi exercida, visto que os sistemas de direito atuas de diversos países sofrem influência do direito Grego, sendo um desses países o Brasil. 4 2. Desenvolvimento do Direito Grego Os estudiosos chegaram ao consenso que o primeiro direito palpável na Grécia foi o chamado Direito Homérico. O direito desta época era autoritário, não zelava pela isonomia e era existente apenas para promover e defender as realezas, seus parentes e indicados. Foi neste período que se formou o direito na cidade de Gortina, talvez a primeira cidade a instalar um direito propriamente dito para equilibrar e disciplinar a vida entre cidadãos. Gortina era uma cidade-estado situada na ilha de Creta. Aristóteles e Licurgo foram exímios estudiosos dessa cultura jurídica. O primeiro usou as lições que aprendeu, em sua obra “A Ética e o Nicômaco”, e o segundo observou o modelo para escrever a sua Constituição da Esparta. Depois a concepção jurídica foi se espalhando por toda a Grécia, chegando ao zênite em Atenas e Esparta. O Direito crescia com algumas características marcantes: laico; sem grandes juristas para interpretá-lo; sua aplicação só ocorria quando comprovadas cabalmente a lesão; direito sem profissionalização, sem advogado, órgão de acusação, oficiais de cumprimentos etc. (RIBEIRO, Roberto Victor. Direito Grego. [S. l.]: JurisWay, 8 ago. 2011.) No meio do sexto século, muitas cidades gregas já tinham leis escritas, sendo Esparta a exceção. Os espartanos resolveram aumentar o grau de controle sobre o sistema de educação militar (eles eram altamente treinados para técnicas militares, em casos de guerras entre os povos). A política espartana era executada por meio da Assembleia (formada pelos cidadãos, que, em um encontro ao mês, faziam decisões políticas, como por exemplo, aprovações de leis), da Gerúsia (formada por 28 gerontes (acima de 60 anos) e dois reis, para elaborarem as leis da cidade, que seriam aprovadas ou não pela Assembleia), dos Éforos (formada por cinco cidadãos que tinham plenos poderes militares, judiciais e políticos. Atuavam como chefes de governo), e dos Dois Reis (dois reis que tinham poderes e funções militares e religiosos, além de vários privilégios). As instituições gregas, mais particularmente as de Atenas, podem ser classificadas em instituições políticas de governo da cidade e instituições relativas à administração da justiça, os tribunais. No primeiro grupo (governo da cidade), tem-se a Assembleia do Povo ou Ekklêsia (era composta por todos os cidadãos, homens acima de 20 anos e de posse de seus direitos políticos, e constituía-se no órgão de maior autoridade, com atribuições legislativas, executivas e judiciárias. Competiam-lhe: as relações exteriores, o poder legis1ativo, a parte política do poder judiciário e o controle do poder executivo, compreendendo a nomeação e a fiscalização dos 5 magistrados. O papel do Conselho, devido a sua dedicação total à atividade pública, era o de auxiliar a Assembleia e aliviá-la das atividades que requeriam dedicação total, funcionando como parlamento moderno. Entre suas principais atividades, destacam-se a de preparar os projetos que seriam submetidos à Assembleia, controlar os tesoureiros, realizar a prestação de contas dos magistrados, receber embaixadores, investigar as acusações de alta traição, examinar os futuros conselheiros e os futuros magistrados), o Conselho ou Boulê (composto de 500 cidadãos ,50 para cada tribo, com idade acima de 30 anos e escolhidos por sorteio a partir de candidatura prévia, era renovado a cada ano), os Estrategos (era formado por 10 líderes eleitos pela Assembleia, que escolhia um representa dentre os 50 membros de cada tribo que participavam do conselho. Tinham como atividades principais o comando do exército, distribuição do imposto de guerra, dirigir a polícia de Atenas e a defesa nacional), os Magistrados (Os candidatos para o cargo eram eleitos por meio de um sorteio. Os magistrados tinham a função de administrar as atividades municipais e religiosas). O segundo grupo (administração da justiça) estava organizado em Justiça Criminal, Areópago (O Areópago era o mais antigo tribunal de Atena s e, de acordo com um a lenda, havia sido instituído pela deusa Atena para o julgamento de Orestes. De início era um tribunal aristocrático, com amplos poderes, tanto na condição de corte de justiça como na de conselho político. No quarto século, somente julgava os casos de homicídios premeditados ou voluntários, de incêndios e de envenenamento. Seus membros eram os ex-arcontes) e os Efetas (era composto de quatro tribunais especiais: o Pritaneu, o Paládio, o Delfínio e o Freátis. Estes tribunais eram compostos de 51 pessoas com mais de 50 anos e designadas por sorteio. O Areópago enviava a esses tribunais os casos de homicídio involuntário ou desculpáveis (como legítima defesa, por exemplo), conforme a diferenciação estabelecida desde os tempos de Drácon), e Justiça Civil formada pelos Árbitros (podiam ser privados ou públicos. Os privados funcionavam para casos de litígio entre familiares, mantinham os casos fora dos tribunais e procuravam uma solução negociada, sem possibilidade de apelação. Os públicos eram escolhidos por sorteio, tinham que ter mais de 60 anos, eram mais baratos e com possibilidade de apelação), pelos Heliastas (Composta por seis mil heliastas escolhidos anualmente por sorteio pelos arcontes, dentre os cidadãos com mais de 30 anos, era o grande tribunal atenienseonde a cidade se reunia para julgar) e por Juízes dos Tribunais Marítimos (se ocupavam dos assuntos concernentes ao comércio e à marinha mercante, além das acusações contra os estrangeiros que usurpavam o título de cidadão). 6 3. O Direito Grego Antigo que influenciou o Direito Brasileiro Moderno Os gregos estudaram e desenvolveram o direito cada vez mais com o passar dos anos, com isso eles o aperfeiçoavam cada vez mais. O Direito Grego influenciou diversas outras nações do mundo antigo, mas também do mundo moderno, como o Brasil, através dos textos de inúmeras leis que foram encontrados, mesmo que sejam uma pequena parte do grande arcabouço grego que outrora existiu, seja nas inscrições originais em pedra ou em citações nos discursos forenses que sobreviveram. Uma forma utilizada para classificar as leis gregas é a utilizada por Michael Gagarin, categorizando-as em crimes (incluindo tort), família, pública e processual. A categoria denominada por crimes e tort, que aproximadamente corresponderia ao nosso direito penal, inclui o homicídio que os gregos, já com Drácon (620 a.C.), diferenciavam entre voluntário, involuntário e em legítima defesa. A lei de homicídio de Drácon manteve-se em vigor até, pelo menos, o quarto século a.C. e uma inscrição fragmentada, datada de 409 a.C., sobreviveu até os dias de hoje. Ainda na categoria de crimes e tort se incluem: as leis estabelecidas por Zaleuco, que fixou penalidades para determinadas ofensas, um embrião de nosso moderno direito penal; as leis de Carondas, que também estabeleciam penalidades para vários tipos de assaltos; as leis de Sólon, que previam uma multa para estupro, penalidades específicas para roubo, dependendo dos bens roubados, e penalidades para difamação e calúnia. Classificadas como família, encontramos leis sobre casamento, sucessão, herança, adoção, legitimidade de filhos, escravos, cidadania, comportamento das mulheres em público etc., e nesse caso a informação é mais abundante do que no caso das leis da categoria crimes e tort. Como leis públicas temos as que regulam as atividades e deveres políticos dos cidadãos, as atividades religiosas, a economia (regulamentando as práticas de comércio), finanças, vendas, aluguéis, o processo legislativo, relação entre cidades, construção de navios, dívidas etc. Algo notável no direito grego era a clara distinção entre lei substantiva e lei processual. Enquanto a primeira é o próprio fim que a administração da justiça busca, a lei processual trata dos meios e dos instrumentos pelos quais o fim deve ser atingido, regulando a conduta e as relações dos tribunais e dos litigantes com respeito à litigação em si, enquanto que a primeira determina a conduta e as relações com respeito aos assuntos litigados. (Wolkmer, Antonio Carlos. FUNDAMENTOS DE HISTÓRIA DO DIREITO. BH. 2006.) 7 4. BIBLIOGRAFIA WOLKMER, ANTONIO CARLOS. FUNDAMENTOS DE HISTÓRIA DO DIREITO. 3ª edição. ed. rev. atual. e aum. Belo Horizonte: DEL REY, 2006. 376 p. ISBN 85-7308-759-5. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/2835767/livro-fundamentos-de-historia-do-direito-antonio-carlos- wolkmer. Acesso em: 21 abr. 2020. RIBEIRO, Roberto Victor. Direito Grego. [S. l.]: JurisWay, 8 ago. 2011. Disponível em: https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=6346. Acesso em: 21 abr. 2020.
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