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CRIADOR DE PEIXE EM TANQUE REDE

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ApostilA do Curso
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
FUNECE
APOSTILA DO CURSO
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
Na modalidade presencial
Eixo Tecnológico: RECURSOS NATURAIS
Fortaleza – CE
2016
AUTORES:
Antônio Diogo Lustosa Neto
Ricardo Nogueira Campos Ferreira
João Henrique Cavalcante Bezerra
Cássia Rosane Silveira Pinto
Marcus Borges Leite
Carlos Henrique Porfírio Marques
Gabriel de Mesquita Facundo
Jamile Mota da Costa
Reitor 
José Jackson Coelho Sampaio
Vice Reitor
Hidelbrando dos Santos Sores
Pró-Reitora de Extensão
Claudina Nogueira de Alencar
Pró-Reitor de Administração
Carlos Heitor Sales Lima
Diretor da UNEP
José Nelson Arruda Filho
Coordenador Geral Pronatec
Plácido Aderaldo Castelo Neto
Coordenador Pronatec Pesca
Fábio Perdigão Vasconcelos
Coordenador Pronatec Campo
Antônio Amaury Oriá Fernandes
Coordenadora Pedagógica
Maria das Dores Alves Souza
Coordenadores Adjuntos
Antônio Cruz Vasques
Luiz Carlos Mendes Dodt
Antônio Diogo Lustosa Neto
Ricardo Nogueira Campos Ferreira
Articuladora Institucional
Rejane Gomes Léa Ramos
Secretária Geral
Marilde Silva Jorge
Assessor Jurídico
Thiago Barbosa Brito 
FUNECE-CE
REALIZAÇÃO:
PRONATEC / UECE
APOIO:
EXECUÇÃO:
A UECE E O PRONATEC
José Jackson Coelho Sampaio
Reitor da UECE
A lógica de uma grande política pública de educação profissional foi testada no 
Ceará, por Ariosto Holanda, na raiz do sistema CVT/CENTEC. Essa lógica ganhou outros 
estados e o Brasil, pela construção do PRONATEC, pelo Ministério da Educação-MEC, em 
seus três eixos: disciplinas técnicas e tecnológicas a serem incorporadas como optativas 
no histórico escolar de alunos do Ensino Médio; cursos técnicos e tecnológicos, para for-
mação inicial e continuada, em modalidade extensionista; e cursos profissionais comple-
tos de Ensino Médio.
A UECE, desde sua criação em 1975, incorpora em sua grade a oferta de cursos 
técnicos de nível médio, na área da saúde, como Técnico de Enfermagem, seguido pos-
teriormente do Técnico em Segurança do Trabalho. Há 10 anos criamos a Unidade de 
Educação Profissional-UNEP, assumindo a complexidade que essa modalidade de ensino 
oferece, além de sua extraordinária capacidade de inclusão social. A existência da UNEP 
nos habilitou a obter o direito de sermos ofertantes do PRONATEC, quando a oportuni-
dade surgiu.
Somos a segunda universidade pública estadual do Brasil, a primeira foi a Univer-
sidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES, a poder oferecer a modalidade da forma-
ção inicial e continuada, e isto nos orgulha. Sobretudo, por termos obtido o direito em 
meio à crise político-econômica que vem afetando a capacidade de investir do poder 
público, em seus níveis federal, estadual e municipal.
A UECE oferta 1.600 do PRONATEC em 41 municípios, sendo 1.460 vagas do PRO-
NATEC Pesca e 140 vagas do PRONATEC Campo para somar-se ao Sistema “S”, à Secretaria 
Estadual de Educação-SEDUC, ao Instituto Federal do Ceará-IFCE e ao Instituto CENTEC, 
no esforço de qualificar o poder de trabalho, a criatividade e o empreendedorismo dos 
cearenses, a fim de que uma sociedade talentosa e melhor informada supere as crises 
político-econômicas e nossa árdua natureza semiárida.
Há também um grande esforço institucional, devido às condições de oferta, em 
tão pouco tempo, na transição 2015/16, que, esperamos, geste resposta solidária, positi-
va, efetivamente parceira, dos municípios, dos professores e dos alunos. Sigamos, pois o 
caminho é belo e uma boa luz nos orienta: Lumen ad Viam!
1. INTRODUÇÃO A AQUICULTURA EM TANQUES REDE ...................................................................................12
2. PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS DO CULTIVO DE PEIXES ...............................................................................15
3. ASPECTOS LEGAIS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA AQUICULTURA ..............................................................17
4. SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE PEIXES EM TANQUES REDE ..............................................................................27
5. LIMNOCULTURA APLICADA A PISCICULTURA EM TANQUES REDE ........................................................28
6. CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DA ÁREA DE CULTIVO ....................................................................................36
7. ESPÉCIES DE PEIXES CULTIVADAS EM TANQUES REDE ...............................................................................38
8. MANEJO ALIMENTAR ................................................................................................................................................42
9. ENFERMIDADES ...........................................................................................................................................................48
10. PLANCTOLOGIA ........................................................................................................................................................51
11. MANEJO EM TANQUES REDE EM VIVEIROS ESCAVADOS .........................................................................63
12. MANEJO DE TANQUES REDE MARINHOS E CONTINENTAIS ....................................................................68
13. INTRODUÇÃO AO PROCESSAMENTO DO PESCADO .................................................................................77
SUMÁRIO
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
Eixo Tecnológico: RECURSOS NATURAIS
ApostilA do Curso 
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
9
APRESENTAÇÃO DO CURSO
O curso voltado para formar o Criador de peixes em tanques rede, visa 
trabalhar as competências básicas, específicas e de gestão necessárias à realiza-
ção, com proatividade, autonomia, segurança e qualidade, das atividades ineren-
tes ao exercício da profissão. Tais atividades dizem respeito à atuação do Criador 
de peixes em tanques rede, aplicando a legislação vigente e fornecendo uma 
alimentação sustentável de qualidade.
A programação deve abranger todas as principais competências da ocu-
pação possibilitando que o participante conjugue conhecimento e prática, mas 
respeitar os limites de profundidade de conteúdo, uma vez que se trata de qualifi-
cação básica, que abre caminhos para ofertas formativas complementares. 
Competências que deverão ser evidenciadas ao final da capacitação em or-
dem de prioridade: 
•	 Competências técnicas 
•	 Competências de educação permanente 
•	 Competências sociais e interpessoais 
•	 Valores humanísticos.
JUSTIFICATIVA 
A importância do pescado como fonte de nutrientes de alta qualidade para 
a dieta humana foi fortalecida nas últimas décadas. Contudo existe uma preocu-
pação com recursos pesqueiros naturais, haja vista que a atividade pesqueira está 
em sobrexploração e desde os anos 2000 encontra-se estagnada em noventa mi-
lhões de toneladas. A redução dos estoques pesqueiros naturais, segundo Jiang 
(2010), é um problema relacionado à segurança alimentar e ao bem-estar social 
mundial.
Entretanto de acordo com as informações levantadas no Estado da Pesca e 
Aquicultura publicado pela Organização das Nações Unidas de Alimentos e Agri-
cultura (FAO, 2014) a produção de pescado mundial tem crescido constantemen-
te nas últimas cinco décadas. Isso devido a produção aquícola que está em plena 
expansão. Paro o ano de 2012 a produção aquícola mundial alcançou 66,6 milhões 
de toneladas, excluindo as plantas aquáticas.
ApostilA do Curso
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
10
A mesma instituição afirma que o pescado como fonte alimentar tem au-
mentando a uma taxa média anual de 3,2%, enquanto o crescimento populacio-
nal mundial está a 1,6%, sendo esse um dos fatores que contribuíram para o au-
mento do consumo per capito de 9,9 kg em 1960 para 19,2 kg em 2012 por pessoa 
por ano, entretanto outros elementos como a ascensão da renda familiar, urbani-
zação, e pela forte expansão da produção de peixe e canais de distribuição mais 
eficientes ajudaram a impulsionar este aumento do consumo.
No Brasil, estima-se que o volume de pescado produzido na pesca e aqui-
cultura giraem torno de 1,2 milhões. A produção aquícola brasileira segundo o 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013) foi de 476.522 toneladas, 
desses sendo 392.493 toneladas provenientes da piscicultura, ou seja, 82,4%, ten-
do como os maiores produtores os estados de 
Mato Grosso, Paraná e Ceará com os respectivos volumes produzidos 75.630, 
51.143, 30.670 toneladas.
Diante do exposto, o curso de Criador de peixes em tanques rede de edu-
cação profissional de Formação Inicial e Continuada – FIC se justifica pela impor-
tância do tema na economia brasileira e como uma oportunidade de atualização e 
formação de profissionais qualificados, favorecendo, dentre outros, os estudantes 
do ensino médio da rede pública, os trabalhadores e beneficiários dos programas 
federais de transferência de renda. 
Nessa perspectiva, a UECE propõe-se a oferecer o curso Criador de peixes 
em tanques rede por entender que contribuirá para a busca/aquisição do pri-
meiro emprego, a elevação da escolaridade e o empreendimento próprio dessas 
pessoas, bem como para a formação humana integral e com o desenvolvimento 
socioeconômico da região articulado à missão e objetivos da UECE.
OBJETIVO GERAL:
O Curso de Formação Inicial e Continuada - FIC em Criador em tanques 
rede, na modalidade presencial, tem como objetivo geral: 
•	 Instruir sobre a produção de peixes em tanques-rede, seguindo as nor-
mas técnicas vigentes.
ApostilA do Curso 
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
11
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO CURSO:
•	 Fazer uma introdução sobre o setor aquicultura, de modo que os alunos 
assimilem o conteúdo;
•	 Estudar os parâmetros zootécnicos dos organismos cultivados 
•	 Definir os aspectos legais da atividade, bem como sociais, preconizando os 
preceitos ambientais. 
•	 Descrever as principais formas de criação de peixes em tanques rede em 
água doce e ambientes marinhos mais utilizadas, visando o conhecimento 
das práticas técnicas;
•	 Descrever o ambiente e os principais parâmetros de água e solo adequa-
dos para a piscicultura em tanques rede, de modo que os participantes 
compreendam a importância de cuidados ao cultivo;
•	 Definir os principais dados utilizados na escolha de área para o cultivo de 
peixes em tanque rede
•	 Definir as principais espécies de peixes cultivadas, visando o entendimen-
to das espécies mais adequadas para cada ambiente de cultivo;
•	 Empregar tabelas de arraçoamento e manejos alimentares
•	 Detalhar sobre as enfermidades em organismos aquáticos cultivados
•	 Conceituar planctologia, de forma que os alunos compreendam sua im-
portância na aquicultura, principalmente para os alevinos (alimento vivo);
•	 Detalhar os manejos na piscicultura em tanque rede em viveiro escavado 
•	 Detalhar os manejos na piscicultura em tanque-rede em água doce em 
grandes reservatórios e em ambiente marinho
•	 Definir a introdução ao processamento de pescado
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR:
A organização curricular do Curso de Formação Inicial e Continuada – FIC 
em Criador de Peixe em Tanques Rede, na modalidade presencial – no PRONA-
TEC tem como eixo norteador o Projeto Pedagógico Nacional, tendo sua elabo-
ração conforme a realidade socioeconômica do Estado do Ceará e por sua vez, 
trabalhar aspectos relacionados à realidade de cada Município e localidade onde 
o mesmo está sendo aplicado. Sua constituição definiu-se através do Plano Instru-
cional, em anexo a este projeto pedagógico.
ApostilA do Curso
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
12
Conteúdo
Carga Horária 
Prática
Carga Horária 
Teórica
Ensino Popular e Empreendedorismo 50
Introdução a Aquicultura 4
Parâmetros Zootécnicos 4
Aspectos legais, sociais e ambientais 4
Sistemas de Cultivo 8
Requerimento de água e solo para o cultivo 12 4
Seleção de área e Construção aquícola 4
Principais Espécies Cultivadas 8
Alimento e alimentação 4
Enfermidades e Biossegurança 8
Alimento vivo 8 8
Cultivo de Peixe em tanques-rede 12 20
Cultivo de peixe em tanque-rede em grandes 
reservatórios e ambientes marinhos
20 14
Introdução ao Processamento de Pescado 4 4
Total: 200 Horas 56 144
1. INTRODUÇÃO A AQUICULTURA EM TANQUES REDE
A aquicultura, no Brasil e no Mundo, mesmo em tempos de crise econômi-
ca, tem sido um dos poucos setores que continuam a crescer com taxas médias 
de 8,9% ao ano. Entende-se por aquicultura a ciência que estuda técnicas de pro-
dução ou cultivo de organismos com ciclo de vida total ou parcial em ambien-
te aquático, e pode ter algumas especialidades como continental (água doce) e 
marinha (água salgada), também conhecida como maricultura. A aquicultura tem 
sido praticada há milhares de anos pelos chineses e egípcios. 
No ano de 2010 a China produziu aproximadamente 63,5 milhões de tone-
ladas de pescado (oriundos da pesca e aquicultura), a Indonésia com 11,7 milhões 
de ton., a Índia com 9,3 milhões de ton., porém o Brasil produziu apenas 1,3 mi-
lhões de ton., ocupando o 19° lugar. Se compararmos com países da América do 
Sul, ainda sim ficamos em 3° lugar, atrás de países como Peru, com uma produção 
de 4,4 milhões de ton., e Chile, com 3,8 milhões de ton. (Tabela 1). 
ApostilA do Curso 
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
13
Porém, o Brasil, possui um grande potencial de produção muito maior que 
vários países que estão a sua frente na escala de produção, pois possui em torno 
de 6 milhões de hectares de águas represadas nos açudes e grandes reservatórios, 
construídos principalmente com a finalidade de geração de energia hidrelétrica, 
mas que aos poucos estão sendo também utilizados para a criação de peixes em 
tanques rede e ainda em torno de 7.367 km de costa que podem ser utilizados 
para a implantação de mariculturas. 
Tabela 1. Produção total de pescado (t) dos vinte e dois maiores produtores em 2009 e 2010
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura. 2011.
Devido à redução ou estagnação da quantidade de peixes, oriundos da 
pesca, e o aumento no consumo de pescado, nos últimos anos, a aquicultura está 
sendo vista como uma das melhores alternativas para suprir a demanda mundial 
e garantir o aumento da produção com uma oferta de pescado com preço baixo 
ApostilA do Curso
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
14
e de boa qualidade, contribuindo com o aumento da oferta de proteína animal, 
além de reduzir a pressão sobre os estoques pesqueiros naturais e os impactos 
aos ecossistemas aquáticos.
De acordo com dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) os brasi-
leiros consomem cada vez mais pescado, a média de consumo por habitante ano 
no País passou de 9,03 quilos em 2009 para 11,17 quilos em 2011, porém esses 
valores foram alcançados não somente com a produção nacional más também 
com o aumento das importações de pescado e em pouco tempo iremos atingir a 
média mínima da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 12 quilos por 
habitante/ano. 
Em 2011 o censo do IBGE relata que a população brasileira era de 192,4 mi-
lhões de habitantes, e para atingir esse valor de 11,17 quilos por habitante/ano, o 
mínimo necessário de produção de pescado teria que ser de 2,2 milhões de ton., 
isso sem exportar nada, porém de acordo com a balança comercial de pescado 
em 2011 temos um déficit de 0,31 milhões de ton. (Tabela 2). Como e como con-
sequência dessa falta de produção, o Brasil gastou em torno de US$ 1,3 bilhões só 
em 2011 com a importação, pescado que vem principalmente do Chile.
Tabela 2. Histórico da balança comercial brasileira de pescado.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura. 2011. For-
mulada pelo MDIC
Focando na questão da criação de peixes ou Piscicultura, um dos métodos 
bastante utilizado é a produção de peixes em tanques rede, que basicamente é 
a utilização de gaiolas no cultivo de peixes em corpos d’água de grandes dimen-
sões como em rios, lagos, açudes, no mar e até mesmo em viveiros escavados. O cultivo 
de peixe em tanques rede tem sido considerado uma tendência de mercadobastante 
promissora e tem se destacado entre as atividades de maior desenvolvimento em 
ApostilA do Curso 
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
15
todo o mundo, pois é uma técnica relativamente simples e barata, se comparada à pis-
cicultura em viveiros escavados. Por não precisar de alagamento de áreas, pode 
ser praticada em uma grande variedade de ambientes aquáticos e com custos 
menores, sendo a forma mais prática de se implantar um empreendimento a um 
curto prazo.
Nesse sentido, com o aperfeiçoamento e desenvolvimento da tecnologia 
para produção de peixes em tanques rede, poderá haver um aumento da produ-
ção brasileira de pescado, o que consequentemente e com isso existirá condições 
para a implantação de novas indústrias de beneficiamento de pescado, e com isso 
contribuir para que o País se posicione cada vez mais entre os grandes produto-
res de peixe, pois o Brasil é um dos poucos países que tem condição de atender não só a 
demanda interna como também a mundial.
É fundamental que exista interações técnico-científicas entre as Universi-
dades e os produtores, para que ambos possam adquiram conhecimento, e assim 
possibilitar desenvolvimento da aquicultura dentro de todas as normas ambien-
tais. As recentes tendências mundiais, do agronegócio em geral, estão voltadas 
para o desenvolvimento sustentável. Também é necessário compreender que a 
sustentabilidade tem que ter desenvolvimento, ou seja, o lado sócio econômico 
deve estar interligado com a conservação ambiental, pois os mais interessados na 
preservação ambiental são os próprios produtores, pois os mesmos dependem 
diretamente de fontes de água de boa qualidade.
2. PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS DO CULTIVO DE PEIXES
•	 Taxa de Crescimento específico
TCE = [( ln Pf– ln Pi) ÷DC] × 100
Onde: 
TCE – taxa de crescimento específico (%/dia)
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
DC – número total de dias do cultivo
ApostilA do Curso
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
16
•	 Crescimento Corporal Absoluto
GPD = (Pf - Pi) ÷ DC
Onde: 
GPD – ganho de peso corporal diário (g/dia)
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
DC – número total de dias do cultivo
•	 Sobrevivência Final
S = (POPf ÷ POPi) × 100
Onde: 
S – sobrevivência final na despesca
POPf – número total de organismos no momento da despesca
POPi – número total de organismos no momento do povoamento
•	 Produtividade
PRD = ((POPf × Pf ) – (POPi × Pi)) ÷ VT
Onde: 
PRD – produtividade de organismos por área de produção (g/m3, kg/m2, ton/ha
POPf – número total de organismos no momento da despesca
POPi – número total de organismos no momento do povoamento
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
VT – volume por área de produção (m3, m2, há)
ApostilA do Curso 
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
17
•	 Fator de conversão alimentar
FCA = ∑ CAp ÷ BIO
Onde: 
FCA – fator de conversão alimentar
CAp – consumo alimentar aparente (g, kg) por tanque ao longo do ciclo de cultivo
BIO – biomassa ganha por unidade de cultivo, ou seja,
Termos básicos utilizados
•	 Povoamento ou estocagem: a pratica de introduzir os organismos aquá-
ticos na unidade de cultivo
•	 Densidade de estocagem: número ou biomassa de organismos aquáti-
cos por área ou volume
•	 Biometria: Ato de mensurar o peso e/ou comprimento dos indivíduos 
cultivados
•	 Arraçoamento: a prática de alimentar os organismos cultivados com ração
3. ASPECTOS LEGAIS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA AQUICULTURA
As diferentes características ecológicas e sociais e econômicas do Brasil 
dificultam o desenvolvimento da piscicultura de forma plena no País, uma das 
principais preocupações é com os efluentes provenientes da aquicultura. A sus-
tentabilidade ambiental e competitividade dos empreendimentos que utilizam 
diretamente os recursos hídricos estão na pauta nas discussões entre o governo, 
os produtores e os ambientalistas. Seguindo esse pensamento, os sistemas de 
produção de peixes em tanques redes, devem ser manejados nas dentro dos li-
mites ecológicos e sócios econômicos, pois quando se fala em criar peixe, na ver-
dade estamos falando em criar água e em muitos casos, as mudanças ecológicas 
podem se tornar um fator de risco para o próprio produtor. 
A aquicultura moderna possui três pilares: a produção lucrativa, a preser-
vação do meio ambiente e o desenvolvimento social. Os três componentes são 
essenciais e indissociáveis para que se possa ter uma atividade perene. 
ApostilA do Curso
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
18
•	 Questões de ordem legal
As leis podem regular:
•	 Espécie e locais permitidos para o cultivo
•	 Quantidade de agua a ser utilizada
•	 Qualidade dos efluentes
•	 Tipos de químicos e outras substancias empregadas
•	 Formas de cultivo, despesca, processamento e comercialização dos or-
ganismos aquáticos produzidos
Figura 01 – Influências das leis na aquicultura
Fonte: Modificado de Glenn & White, 2007. Prof Alberto
Na constituição brasileira de 1988 no CAPÍTULO VI é inteiramente dedicado 
ao meio ambiente. Neste capítulo, no Artigo 225, fica assegurado que:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletivi-
dade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes 
e futuras gerações”
ApostilA do Curso 
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
19
Como base para constituição 1988, a qual é considerada primeira constitui-
ção brasileira verde, utilizou-se como base a lei federal Nº 6.938/81, a qual dispõe 
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formula-
ção e aplicação, e dá outras providências. Está prevista na lei alguns instrumentos, 
dentre ele o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.
Figura 02 – Organograma do SISNAMA em instância federal
Fonte: João Henrique Cavalcante Bezerra.
Conselho de Governo – Órgão superior do sistema, reúne todos os minis-
térios e a Casa Civil da Presidência da República na função de formular a política 
nacional de desenvolvimento do País, levando em conta as diretrizes para o meio 
ambiente. Entretanto na pratica não existe.
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – é o órgão consultivo 
e deliberativo, formado por representantes dos diferentes setores do governo (em 
âmbitos federal, estadual e municipal), do setor produtivo e da sociedade civil. 
Assessora o Conselho de Governo e tem a função de deliberar sobre normas e 
padrões ambientais, através de suas resoluções.
Ministério do Meio Ambiente (MMA) – órgão central, com a função de 
planejar, supervisionar e controlar as ações referentes ao meio ambiente em âm-
bito nacional.
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-
veis (IBAMA) – encarrega-se de executar e fazer executar as políticas e as diretri-
zes nacionais para o meio ambiente.
ApostilA do Curso
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
20
Instituto Chico Mendes (ICMBio) - executar as ações do Sistema Nacional 
de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscali-
zar e monitorar as UCs instituídas pela União.
O licenciamento ambiental é outro integrante dos instrumentos da Política 
Nacional do Meio Ambiente, o qual atesta a viabilidade ambiental através dos Es-
tudos de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da 
atividade proposta. O licenciamento Ambiental foi conceituado pela Resolução 
CONAMA n.º 237, de 19 de dezembro de 1997, que diz: 
“O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo 
pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, 
ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de 
recursos ambientais, consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras 
ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação 
ambiental, considerandoas disposições legais e regulamentares e as 
normas aplicáveis ao caso”. 
O documento gerado é a licença ambiental, que tem prazo de validade de-
finido, em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medi-
das de controle ambiental a serem seguidas por sua empresa. Possui três etapas:
Licença Prévia: Antes de dar início, a empresa precisa requerer a Licença 
Prévia (LP), que atende aos requisitos básicos exigidos pelo órgão ambiental res-
ponsável. A licença é concedida na fase preliminar de planejamento, depois de 
cumpridos esses requisitos durante a localização, instalação e operação. As leis de 
uso do solo municipais, estaduais ou federais também devem ser observadas pelo 
empreendedor.
 Licença de Instalação: É concedida após o projeto executivo ser aprovado 
com todos os requisitos atendidos. Por meio da Licença de Instalação (LI), o órgão 
ambiental analisa a adequação do empreendimento ao local escolhido pelo em-
preendedor. 
 Licença de Operação: A licença de operação (LO) é necessária para a prá-
tica das atividades do empreendimento. Será concedida após as verificações do 
cumprimento dos requisitos condicionantes, previstos na Licença de Instalação 
por órgão responsável.
ApostilA do Curso 
CRIADOR DE PEIXE EM TANQUES REDE
21
Além das leis de proteção ambiental, temos a Política Nacional de Recursos 
Hídricos (PNRH), instituída pela lei 9433/97, tem como um de seus fundamentos o 
uso múltiplo das águas.
De modo garantir que todas as demandas de água do recurso hídrico como 
irrigação, indústria, aquicultura, consumo humano e dessedentação animal, sen-
do estas duas últimas prioridades em caso de escassez, a Lei da Água faz-se uso 
dos instrumentos como:
Art. 5º
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
A outorga é o ato administrativo mediante o qual o poder público outor-
gante faculta ao outorgado (requerente) o direito de uso de recurso hídrico, por 
prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato ad-
ministrativo.
A outorga de água permite ao administrador do recurso hídrico realizar o 
controle qualitativo e quantitativo minimizando conflitos entre os diversos seto-
res usuários e evitar impactos ambientais negativos.
Estão sujeitos a pedido de outorga empreendimentos que necessitam de:
•	 Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de 
água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo 
de processo produtivo;
•	 Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insu-
mo de processo produtivo;
•	 Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos 
ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou 
disposição final;
•	 Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
•	 Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água 
existente em um corpo de água.
ApostilA do Curso
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22
Para regularização aquícola, o empreendedor deve verificar a dominialida-
de das águas onde se localiza o cultivo, ou seja, as águas públicas podem ter do-
mínio do Estado ou da União.
As águas da União são aquelas que banham mais de um Estado da Federação, 
isto é, fazem fronteira entre estados nacionais e com outros países. Também estão 
nesta condição as águas acumuladas em represas construídas com aporte de recur-
sos da União e o Mar Territorial brasileiro que se estende até as 200 milhas náuticas.
No Estado do Ceará em 10 de março de 2015, a Lei Nº15.773 que altera a 
Lei Nº13.875, de 07 de fevereiro de 2007 e cria a Secretaria do Meio Ambiente 
(SEMA). Vinculada ao SEMA, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SE-
MACE tem a obrigação de executar a Política Ambiental do Estado do Ceará, ou 
melhor, é responsável pela emissão da licença ambiental, independentemente da 
dominialidade da água, conforme Lei Complementar nº 140/11 de 08 de dezem-
bro de 2011, e Moção nº 090, de 06 de junho de 2008, pois está previsto que as 
OEMAs (organizações estaduais do meio ambiente) ou prefeituras municipais são 
responsáveis pelo o processo de licenciamento ambiental.
A emissão da outorga de uso da água está encarregada da Companhia de 
Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH, também independentemente da domi-
nialidade da água, tendo em vista que até 2024, o Ceará poderá emitir outorgas 
de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União em território cearense. 
Esta competência legal foi delegada pela Agência Nacional de Águas (ANA), por 
meio da Resolução nº 1.047/2014.
 Todavia, o Ceará não poderá outorgar aproveitamentos de potenciais hi-
drelétricos no estado, atribuição que permanece com a ANA. No caso das outor-
gas preventivas e de direito de uso de recursos hídricos do domínio da União com 
a finalidade de aquicultura em tanques-rede, a Secretaria de Recursos Hídricos 
do Ceará (SRH) terá que seguir os trâmites definidos entre a Agência Nacional de 
Águas e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Figura 03 – Organograma do SISNAMA em instância estadual
Fonte: João Henrique Cavalcante Bezerra.
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23
Os procedimentos de licenciamento ambiental são orientados principal-
mente pelas legislações:
CONAMA:
Resolução nº 237/1997
Resolução nº 312/2002
Resolução nº 357/2005
Resolução nº 413/ 2009
Resolução nº 459/ 2013
COEMA:
Resolução n° 18/2013 
Resolução nº 17/2013 
Resolução n° 04/2012
Resolução n° 02/2002
Resolução n° 05/2001
A atividade aquícola desenvolve-se principalmente na zona rural, desta for-
ma sendo necessário conhecimento do novo código florestal, Lei 12.651 de 25 de 
maio de 2012. Assim fica entendido sobre:
•	 Área de Preservação Permanente: Área protegida, coberta ou não por ve-
getação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a 
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico 
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações hu-
manas. 
•	 Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, 
que no caso do bioma a qual o estado do Ceará está contido (Caatinga) e de 
20% da propriedade rural.
•	 Área Rural Consolidada: Área de imóvel rural com ocupação antrópica 
preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades 
agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio.
•	 Interesse Social: implantação de instalações necessárias à captação e condu-
ção de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são 
partes integrantes e essenciais da atividade.
•	 Atividades Eventuais ou de Baixo Impacto Ambiental: implantação de ins-
talações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, des-
de que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando coube.
•	 Leito regular: a calha por onde correm regularmente as águas do curso d’água 
durante o ano
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24
•	 Manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à 
ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se 
associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, 
com influência fluviomarinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e 
com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do 
Amapá e de Santa Catarina;
•	 Salgado ou marismas tropicais hipersalinas: áreas situadas em regiões com 
frequências de inundações intermediárias entre marés de sizígias e de quadra-
tura, com solos cuja salinidade varia entre 100 (cem) e 150 (cento e cinquenta) 
partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a presença de vegetação herbácea 
específica;
•	 Apicum: áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões entre marés supe-
riores, inundadas apenas pelas marés de sizígias, que apresentam salinidade 
superior a 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil),desprovidas de vege-
tação vascular;
Figura 04 – Diferenças dos ambientes em áreas de Manguezal
Fonte: Prof. Marcio Bezerra
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25
Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urba-
nas, para os efeitos desta Lei.  Os manguezais, em toda a sua extensão, margens 
dos rios e corpos hídricos lênticos
Figura 05 – Diferenças dos ambientes no curso d’água
Fonte – Prof. Márcio Bezerra
Figura 06 – Diferenças dos ambientes em regiões lacustres e reservatórios hidrícos
Fonte – Prof. Márcio Bezerra
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•	 Questões de ordem social
Geração de emprego e renda, principalmente em regiões rurais com pouca 
atividade econômica, necessita-se de elevada mão de obra por área cultivada. A 
cadeia produtiva envolve, sementes (pós-larvas, alevinos), ração, corretivos agríco-
las, fertilizantes, equipamentos e maquinário como motobombas, tratores, aera-
dores e todo a linha de processamento e comercialização da espécie em questão.
A aquicultura requer uma infraestrutura composta de estradas para esco-
ar a produção, energia elétrica, incentiva a melhoria da educação local para for-
mação de mão de obra especializada, oferece novas oportunidades de emprego. 
Além de promove a segurança alimentar, tendo em vista que a aquicultura gera 
fonte proteica de alta qualidade.
Todavia pode gerar conflito de uso do solo com outros usuários locais, bem 
como é uma atividade que faz uso direto da água superficiais ou subterrâneas 
podem criar conflitos com outros usuários.
•	 Questões de ordem ambiental
A intensificação e expansão descontrolada da produção aquícola nos últi-
mos anos resultou em um aumento de impactos negativos sobre o meio ambien-
te, como por exemplo: 
•	 Destruição de manguezais, áreas de inundação, e outros ambientes 
aquáticos sensíveis.
•	 Conversão de terras agrícolas a tanques aquícolas.
•	 Poluição da água resultante dos efluentes dos tanques de engorda.
•	 Uso excessivo de drogas, antibióticos, e outros produtos químicos. 
•	 Utilização ineficiente de rações 
•	 Salinização de terras e águas por efluentes, esgotos, e sedimentos de 
águas salobras provenientes de sistemas de engorda.
•	 Uso excessivo de água subterrânea e outras fontes de água doce para 
abastecimento de tanques.
•	 Propagação de doenças animais da cultura de organismos para popu-
lações nativas.
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•	 Efeitos negativos sobre a biodiversidade causados pela fuga de espé-
cies exóticas introduzidas para produção, destruição de pássaros e ou-
tros predadores.
•	 Conflitos com outros usuários dos recursos hídricos e rompimento das 
comunidades vizinhas.
Contudo estes impactos ocorrem devido:
•	 Falta de ordenamento das fazendas.
•	 Pouco ou nenhum controle sanitário.
•	 Tratamento inexistente dos efluentes.
•	 Fazendas não projetadas para reutilização da água.
•	 Inobservância de procedimentos regulares de biossegurança.
•	 Falta de planejamento ambiental.
4. SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE PEIXES EM TANQUES REDE
Inicialmente é importante salientar que os valores de peso consideradas 
nesses três sistemas de criação servem como exemplo, e não como uma regra 
geral, pois os resultados de cada produtor estão diretamente ligados com as con-
dições gerais do corpo hídrico, das variáveis ambientais, do manejo e do tipo de 
tanque-rede utilizado. Também utilizaremos o peixe Tilápia (Oreochromis niloti-
cus), como espécie norteadora. 
O criador de peixes em tanques rede normalmente está inserido no sistema 
de cultivo superintensivo. E as fases desse tipo de sistema de cultivo em gaiolas, 
os seguintes sistemas podem ser adotados: 
 � SISTEMA DE UMA FASE OU MONOFÁSICO: os peixes são criados num só 
tipo de estrutura, durante todo o ciclo de produção, neste caso deve-se 
cultivar exemplares juvenis com peso médio entre 30 e 50 g em tanque-
-rede com malha de 15 a 19 mm ( alevino II ), onde ficam até atingirem 
o peso comercial.
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28
 � SISTEMA DE DUAS FASES OU BIFÁSICO: empregam-se a fase de berçário, 
alevinagem ou cria, alevinos de 1g são criados em berçário/bolsão com 
malha entre 5 a 8 mm, criando os alevinos de 1g até 30- 50g (fase I), e 
depois são transferidos para outros tanques rede de recria, engorda ou 
terminação (fase II), onde ficam até atingirem o peso comercial (fase II). 
 � SISTEMA DE TRÊS FASES OU TRIFÁSICO: empregam-se a fase de berçário, 
alevinagem ou cria dividida em duas etapas, criação em berçário/bolsão 
com malha entre 5 a 8 mm, criando os alevinos de 1g até 30- 50g (fase I), 
logo após, são transferidos para outros tanques rede, até os peixes atin-
girem o peso médio de 200g (fase II), e posteriormente são transferidos 
para outros tanques rede , a etapa de recria, engorda ou terminação, 
onde ficam até atingirem o peso comercial (fase III).
Figura 7. Exemplo de Sistema com três fases ou trifásico 
Fonte: Codevasf, 2013. Desenho: Alexandre Mulato 
5. LIMNOCULTURA APLICADA A PISCICULTURA EM TANQUES REDE
A qualidade da água é um fator determinante para o sucesso ou o fracas-
so de um empreendimento aquícola. Vários compostos químicos dissolvidos na 
água como também os atributos físicos e biológicos se combinam para formar a 
qualidade da água.
A água com características, químicas e biológicas ideais para aquicultura 
vai depender:
a. A espécie escolhida para o cultivo
b. O sistema de cultivo a ser adotado
c. O nível de intensificação a ser utilizado
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29
Para todos os parâmetros de qualidade de água os organismos aquáticos 
possuem uma faixa de conforto que permite um máximo crescimento e sobre-
vivência, fora desta faixa, dependendo do tempo de exposição, o animal pode 
sofrer efeitos deletérios como redução no consumo alimentar, maior vulnerabili-
dade a doenças e menor crescimento ou até mesmo ser letal.
As propriedades da água podem ser divididas em:
•	 Propriedades Químicas - Nitrito, nitrato, amônia, pH, alcalinidade, dió-
xido de carbono, oxigênio dissolvido, dureza
•	 Propriedades Físicas - Temperatura, turbidez, cor, odor, transparência, 
sólidos em suspensão
•	 Propriedades Biológicas - Espécies e quantidades de plâncton
•	 Propriedades Microbiológicas - Espécies e quantidades de patógenos
5.1 Temperatura 
Tem efeito biológico (fotossíntese, respiração e decomposição), devido os 
organismos aquáticos em sua grande maioria serem organismos pecilotérmicos. 
Quando a temperatura da água está fora da faixa ótima, ocorre uma depressão do 
sistema-imune, aliado com o fato de que a temperatura inadequada para hospedei-
ro é a temperatura adequada para patógeno, podendo causar problemas ao cultivo.
Água dos ambientes de cultivo (viveiros, açudes, lagos) podem estratificar-
-se termicamente, o calor é absorvido mais rapidamente perto da superfície do 
corpo d’água, e esta, eleva sua temperatura, tende a permanecer na superfície por 
ser menos densa e a água de fundo com temperatura mais baixa fica mais densa, 
desta forma formando camadas separadas.
A estratificação pode ser um problema sério principalmente para os culti-
vos em tanques-rede, pois quando ocorre a desestratificação térmica, isto é, uma 
mistura brusca das camadas d’água, através de algum evento como o resfriamen-
to da atmosfera (noite/inverno), entrada de ventos fortes, ocorrência de intensas 
chuvas, entrada de frentes frias. Pode acontecer da água de fundo conter compos-
tos tóxicos, caso a camada de fundo esteja em condição de anaerobiose, ou seja, 
sem oxigenação.
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Figura 08 – Diferenças dos ambientes
Fonte: Prof Alberto Nunes
5.2 Oxigênio dissolvido (OD) 
Considerado um parâmetro crítico para aquicultura, em partículas em sis-
temas mais intensivos. O aumento na produção de peixes ou camarões em con-
dições de confinamento depende da disponibilidade de oxigêniodissolvido na 
água
Processos que afetam a disponibilidade de OD.
•	 Atividade fotossintética: Fitoplâncton e plantas aquáticas liberam oxi-
gênio durante o dia através da fotossíntese. Deve-se evitar floração de 
fitoplâncton, tendo em vista que durante o período noturno as mesmas 
deixam de produzir OD e passam apenas consumir podendo exaurir o 
mesmo nas primeiras horas do dia. Dias nublados afeta diretamente na 
atividade fotossintética, pois a mesma para acontecer necessita de luz.
•	 Respiração: Atividade respiratória de peixes e outros organismos vi-
vos (bactérias, zooplâncton) presentes no sistema de cultivo consumem 
oxigênio dissolvido na água. Assim é importante que evite densidades 
de estocagem em excesso
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•	 Troca de água e aeração mecânica: Renovação de água nos sistemas 
de cultivo são capazes de aumentar a disponibilidade de oxigênio na 
água. Há uma relação direta da renovação da água com a biomassa 
estocada.
O oxigênio dissolvido na água é geralmente medido através de um oxíme-
tro digital. Os animais mostram sinal que a pode ter algum problema com OD, 
como o aumento no batimento opercular (ventilação branquial), redução do nado 
(letargia), subida para respirar água superficial.
Figura 9. Peixes buscando o oxigênio na superfície 
Foto: Paulo Roberto de Freiras/VC no G1
Em caso no cultivo de camarões quando o OD é baixo os animais começam 
a “boia”.
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Tabela 3: Concentração de OD e efeitos sobre camarões cultivados
Concentração de Oxigênio 
dissolvido (mg/L)
Efeitos
0,0 – 1,0 Letal
1,0 – 1,5 Letal quando exposto a exposição prolongada
1,7 – 3,0
Conversão alimentar baixa, crescimento lento e 
residência a enfermidades reduzidas
Fonte: Arquivo pessoal
5.3 pH 
§ A faixa do pH é representada por uma escala que vai de 0 a 14, no qual o pH 7 
indica a absoluta neutralidade.
Figura 10 – Escala de pH e os efeitos nos animais cultivados
Fonte: Copilado de Luis Vinatea Arana (2003)
Fatores que levam a uma variação no pH da água
•	 Tipos de solo: solos orgânicos ou ácidos sulfatados
•	 Alimentação: excesso de alimento ofertado
•	 Atividade fitoplanctônica: fitoplâncton em excesso pode levar a um 
aumento no pH da água (absorve CO2 da água)
•	 Alcalinidade: baixo poder tampão da água resulta em variações no pH 
da água
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5.4 Compostos nitrogenados
É o principal produto de excreção dos organismos aquáticos, resultante da 
digestão das proteínas. Amônia é um gás extremamente solúvel em água e quan-
do se encontra em solução, apresenta a seguinte reação de equilíbrio 
NH3 + H2O = NH4
+ + OH-
O equilíbrio da equação dependente do pH, temperatura e salinidade da 
água.
A forma não ionizada (NH3) é a mais tóxica para os organismos aquáticos, 
devido ao seu tamanho molecular que a deixa permissível as membranas celulares.
•	 Em pH < 7, a fração de NH4
+ será predominante
•	 Em pH > 7, a fração de NH3 aumenta, podendo atingir concentrações 
tóxicas para os organismos aquáticos 
Sinais clínicos de intoxicação CRÔNICA ou AGUDA por amônia:
1. Hiperatividade/convulsões;
2. Letargia;
3. Perda de equilíbrio;
4. Coma (não reage a estímulos externos)
Intoxicação aguda em poucas horas de exposição já levam ao aparecimen-
to de sinais clínicos [NH3] água ≥ 1 mg/L. Já a intoxicação crônica os sinais clínicos 
somente irão aparecer após muitos dias ou semanas de exposição, antes disso, 
estresse causa distúrbios osmorregulatórios e queda na eficiência respiratória re-
tardo no crescimento e menor imunidade. [NAT] ≥ 3 mg/L e pH água > 8,
Deve-se monitorar semanalmente [NAT] em sistemas de criação
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34
Amônia é oxidada em nitrato pela ação das bactérias quimioautotróficas 
nitrosomonas e nitrobacter
O nitrito (NO2
-) atravessa as brânquias pelo mesmo mecanismo de transpor-
te utilizado pelo Cl-. Para diminuir o efeito do nitrito basta adicionar NaCl à água
O excesso de nitrito pode causar a doença do sangue marrom, a hemoglo-
bina do sangue do peixe deixa de transportar OD para transportar nitrito na forma 
de metahemoglobina, causando insuficiência respiratória.
5.5 Transparência da Água 
Medida da penetração de luz na água ela é utilizada como indicativo de pro-
dutividade natural primária (fitoplâncton) e concentrações de oxigênio dissolvido.
A transparência é medida com um disco de Secchi onde o ideal se encontra 
entre 30-40 cm, a baixa do limite inferior, poderá sofrer problemas com oxigênio 
dissolvido, e alta transparência > 40cm, há necessidade de fertilizar a água.
Figura 11 – Leitura da transparência da água com disco de Secchi
Fonte – Google Imagens
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Turbidez é o oposto de transparência da água. A turbidez inorgânica pro-
vém da argila, humos e silte. E a turbidez orgânica é oriunda do fitoplâncton, de-
trito de algas, zooplâncton e material fecal de organismos cultivados. 
A turbidez desejável e com plâncton (até certo limite; a depender das espé-
cies), quando a turbidez indesejável e composta por detritos orgânicos ( DBO na 
coluna d’água + absorção de luz); e detritos inorgânicos (dificuldade respiratória + 
absorção de luz + assoreamento de canais e viveiros). Deve-se monitorar a trans-
parência da água diariamente.
Figura 12. Parâmetros de qualidade de água e aparelhos de medição (adaptado de Boyd &Tu-
cker, 1998)
 
Fonte: CODEVASF (2013)
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Figura 13. Modelo de planilha para acompanhamento de qualidade de água
Fonte: CODEVASF (2013)
6. CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DA ÁREA DE CULTIVO
6.1 Seleção de área
Na avaliação para escolha de uma área para atividade aquícola, tem que le-
var em consideração diversos fatores. Existe aqueles de macro abrangência, como 
aspectos políticos, sociais, econômicos, legais e os de micro abrangência, como 
fatores físicos, hidrológicos e químicos.
Ações políticas são um pré-requisito importante para seleção de áreas, de-
vido a existência de incentivos ou dificuldades para implementação aquícola. Para 
isso é necessária uma estabilidade política de modo assegurar que os acordos 
serão mantidos.
Na visão econômica é importante avaliar o mercado consumidor:
a) Realizar um levantamento preliminar do mercado
•	 Locais de comercialização (mercado local, internacional)
•	 Preço e volume (sazonalidade)
•	 Requisitos de apresentação do produto (vivo, resfriado, congelado, inteiro, 
esviscerado, filetado)
b) Caracterizar os canais de comercialização
•	 Consumidor direto
•	 Restaurante, supermercados, hotéis
•	 Distribuidores de pescado
•	 Exportadores
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O mercado disponível pode definir o tamanho do empreendimento e o sis-
tema a ser adotado.
A logística de produção é algo indispensável, tendo em vista que os custos 
de produção estarão envolvidos. A ração corresponde por mais de 50% dos custos 
as fazendas, com isso é fundamental que o local tenha disponibilidade acessível a 
este insumo e com qualidade.
Outros insumos importantes são as sementes (pós-larvas e/ou alevinos), 
mão-de-obra. Materiais de construções e locação de maquinário pesado para 
construção. E não esquecer de verificar se na região tem a disponibilidade de 
energia elétrica de boa qualidade, vias de acesso (estradas) para transporte de 
insumos e escoamento da produção, plantas de beneficiamento e larvicultura, 
serviços básicos como comunicação, transporte e acomodação.
No ponto de vista social tem-se de caracterizar mão-de-obra disponível. É 
preferível regiões que possuam centros de treinamento. Feito a escolha definitiva 
do local é importante estabelecer contato com a comunidade já nas fases inicias 
de implementação do projeto para troca de informações, discussões e socialização.
Priorizar contratação de mão-de-obra local e não discriminar quantoa nível 
de escolaridade do funcionário. A vantagem de poder absorver mão-de-obra 
pouco qualificada permite a abertura de oportunidade de trabalho. Do ponto de 
vista ambiental atentar a legislação no capítulo três.
 Com relação os fatores de micro abrangência temos os físicos. O qual é pri-
mordial o estudo da climatologia da região, ou seja, pluviometria, evaporação, 
pois o regime pluviométrico e taxas de evaporação na região determina as varia-
ções na salinidade da água e riscos de cheias ou secas.
Em caso de cultivos no mar é importante avaliar as ondas, a profundidade 
do local, a velocidade dos ventos e das correntes pode demandar medidas adicio-
nais em ancoramento de infraestrutura.
Dos fatores hidrológicos é crucial o planejamento da atividade, devido a sa-
zonalidade dos períodos chuvoso e de seca, onde, no período de estiagem pode 
ocorrer a redução da vazão nos locais de captação, assim inviabilizando o sistema 
de produção. 
Além da quantidade é importante avaliar os parâmetros de qualidade da 
água para garantir a viabilidade do cultivo e sanidade dos peixes, por isso é es-
sencial que o empreendimento se localize longe de fontes poluentes como ma-
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nanciais sujeitos a despejos de indústrias químicas, ou de resíduos agrotóxicos, 
utilizados em plantações 
Quando a localização do empreendimento é para fazendas de tanques-
-rede é importante avaliar as áreas de proteção de ventos e ondas, profundidade, 
isto é, distância do fundo do tanque-de ao substrato de no mínimo de 4 – 5 me-
tros. O substrato deve apresentar-se firme e plano, para que não necessite de 
grandes poitas (ancoramento). Em áreas de pedras, ancoramento com platafor-
mas no continente desse ser utilizado. As correntes d’água auxiliam na renovação 
do oxigênio dissolvido dentro da estrutura de cultivo e remoção de metabólicos, 
sendo assim é preferível uma velocidade de água menos que 60cm/s, contudo é 
tolerável até 100cm/s.
7. ESPÉCIES DE PEIXES CULTIVADAS EM TANQUES REDE
7.1 Tambaqui (Colossoma macropomum) 
Nativo da bacia Amazônica e atualmente é a principal espécie de peixe cul-
tivada na Região Norte. Características que favorecem ao cultivo: 
1. Fácil reprodução 
2. Resistência ao manejo; 
3. Bons índices zootécnicos; 
4. Boa aceitação no mercado da região Norte
Figura 14. Exemplar de Tambaqui
Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Thiago D. Trombeta - IABS
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7.2 Pacu (Piaractus mesopotamicus) 
Nativo da Bacia do Rio Prata e do Pantanal do Mato Grosso e é um dos 
peixes mais estudados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Características 
que favorecem ao cultivo: 
1. Fácil reprodução
2. Resistência ao manejo 
3. Boa aceitação comercial. 
4. Boas taxas de crescimento 
5. Boa adaptação à ração. 
Figura 15. Exemplar de Pacu
Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Rui D. Trombeta 
7.3 Matrinxã (Brycon amazonicus) 
Nativo da bacia amazônica. Características que favorecem ao cultivo: 
1. Boas taxas de crescimento
2. Boa adaptação a ração
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Figura 16. Exemplar de Matrinxã
Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Bruno O. de Mattos
7.4 Surubim (Pseudoplatystoma spp.) 
Nativo das bacias do Rio Paraná, São Francisco e Amazonas. Características 
que favorecem ao cultivo: 
1. Alto valor comercial
2. Boa adaptação a ração
3. Resistência ao manejo
Figura 17. Exemplar de Surubim
Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Altamiro de Pina
7.5 Pirarucu (Arapaima gigas) 
Nativo das bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. É considerada a espécie 
nativa mais promissora para o cultivo intensivo. Características que favorecem ao 
cultivo: 
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1. Grande resistência ao manejo
2. Altas taxas de crescimento
3. Respiração aérea
4. Alto rendimento de filé
5. Boa adaptação a ração
6. Possibilidade de cultivo em altas densidades
Figura 18. Exemplar de Pirarucu
Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Thiago D. Trombeta
7.6 Tilápia (Oreochromis niloticus)
Nativa da Bacia do Nilo na África. Começa a reproduzir-se muito cedo, atin-
gindo a maturidade sexual com cerca de três meses. Os machos crescem mais do 
que as fêmeas em condições idênticas de criação. Possuem várias qualidades que 
as tornam peixes com grande potencial de criação, como:
1. Boa adaptação a ração
2. Fácil reprodução
3. Possibilidade de cultivo em altas densidades
4. Resistência a doenças
5. Altas taxas de crescimento
6. Fácil reprodução
7. Boa aceitação no mercado
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Figura 19. Exemplar de Tilápia
Fonte: Codevasf, 2013 - Foto: Bruno O. de Mattos
8. MANEJO ALIMENTAR 
O conhecimento do hábito alimentar dos organismos aquáticos, é essen-
cial para o desenvolvimento de rações e manejo da alimentação. 
•	 Carnívoros: São organismos que se alimentam de proteína animal. 
Tucunarés, pirarucu e surubim são exemplos.
•	 Herbívoros: Apresentam preferência por alimentos de origem vegetal, 
ricos em fibras e geralmente baixa energia. A carpa capim e piapara.
•	 Onívoros: São organismos que se alimentam de proteína animal e ve-
getal. A maioria das espécies utilizadas na aquicultura possuem esse ha-
bito alimentar. Tilapia, Pau, Tambaqui.
•	 Planctófagos: Se alimentam do plâncton. Em quase todas as espécies 
cultivadas passam por uma fase planctófoga nos estágios iniciais do ci-
clo de vida.
•	 Bentófagos/iliófagos/detritívoros: São organismos que se alimentam 
de seres bentônicos e detritos orgânicos. A carpa comum e cascudos se 
enquadram neste hábito
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As rações comerciais devem conter os teores energéticos, vitamínicos, pro-
teicos e de minerais balanceados, independentemente dos alimentos naturais.
O tamanho da boca do animal vai informar qual a granulometria (tamanho 
dos grânulos) apropriado para cada fase de sua vida. De maneira geral existem, 
basicamente, os seguintes tipos de rações comerciais:
•	 Para pós-larvas: ração em pó com teores de proteína bruta acima de 
45%,)
•	 Para alevinos menores: ração extrusada farelada com teor de proteína 
bruta entre 36% e 40%
•	 Para alevinos maiores e adultos: ração extrusada, com teor variando de 
32% a 36% de proteína bruta
•	 Para peixes adultos em fase de terminação (engorda): ração extrusada 
com valores de 28% a 32% de proteína bruta
A quantidade de alimento fornecido aos animais é determinada de acordo 
com a variação do peso e o número de indivíduos no viveiro. Animais mais jovens 
apresentam metabolismo acelerado e requerem mais energia e proteína, do os 
adultos.
O manejo alimentar inadequado em tanques redes pode causar alguns 
prejuízos para o produtor e para o meio ambiente, segue alguns exemplos;
a) acúmulo de nutrientes no corpo d’água (eutrofização)
b) alteração na biomassa de outras espécies animais ou plantas
c) redução do nível de oxigênio dissolvido;
d) desperdício de ração.
e) alteração na taxa de crescimento dos peixes
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8.1 Arraçoamento e calculo da ração
A quantidade de ração a ser lançada por dia pode variar de acordo com a 
idade dos peixes, numero de alimentações diárias, qualidade da ração, do manejo 
empregado no arraçoamento, da espécie utilizada e da qualidade da água e stres-
se dos animais. 
Normalmente a cada duas semanas deve-se retirar amostras dos peixes 
para se calcular a biomassa e a taxa de arraçoamento (biometria). Para que se pos-
sa saber a quantidade certa de alimento a ser ofertada, e diariamente deve-se 
fazer analises da qualidade da água para fazer os ajustes necessários para o arra-
çoamento. 
A ração deve ser ministrada de 4 a 6 vezes ao dia, quando os peixes são 
menores, seu sistema digestório é menor, por isso ele precisa ser alimentado com 
mais frequência, a medida que os animais vão crescendo pode-se diminuir a fre-
quência alimentar para diminuir os custos com manejo.
Tabela4. Recomendação de fornecimento de rações para Tilápia do Nilo, em temperaturas de 
25ºC a 26ºC (adaptado de GONTIJO et al., 2008)
Fonte: Codevasf, 2013.
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Figura 20. Correção da quantidade de ração de acordo com TºC. (adaptado de Braz Filho, 2003)
Fonte: Próprio autor
Não existe uma regra geral para fazer o arraçoamento, por isso o produtor 
deve estar atento ao comportamento dos peixes no dia a dia da criação, obser-
vando visualmente e cronometrando o tempo em que os peixes levam para con-
sumir toda a ração. Pois se o peixe não está comendo ou se está comendo bem, o 
manejo tem que ser reajustado, ou seja, não devemos seguir cegamente a tabela 
de arraçoamento. O importante é que tudo seja registrado e assim o produtor 
possa ter uma ideia do que está acontecendo. Uma dica é que se em até 10 mi-
nutos os peixes consumiram toda a ração, no dia seguinte a quantidade deve ser 
aumentada em 10%, se precisaram de mais de 20 minutos a quantidade terá que 
ser reduzida em 10%, o ideal é que em torno de 15 minutos os peixes consumam 
toda a ração ofertada. 
Tabela 5. Exemplo de tabela de arraçoamento
Fonte: Codevasf, 2013.
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8.2 Escolha dos ingredientes e formulação da ração
A alimentação dos peixes é um dos principais insumos na produção de pei-
xes em tanques rede, representa cerca de 70% dos gastos. Por isso o produtor 
deve sempre analisar o custo beneficio quando for escolher a empresa que irá lhe 
fornecer a ração. 
Como o objetivo da criação dos peixes é a engorda no menor tempo possí-
vel para a rápida despesca e comercialização, por isso a ração terá que ser de alta 
qualidade e estar bem balanceada com proteína, gordura, carboidratos, vitaminas 
e minerais nas concentrações mais próximas do ideal. 
Existe um tipo de ração recomendada para cada espécie, tamanho e peso 
do individuo. Os peixes jovens requerem uma ração diferente dos adultos, tanta 
na granulometria como nas concentrações de nutrientes. Os alevinos consomem 
inicialmente uma ração em pó com até 56% % de PB e posteriormente uma ração 
triturada. Nas fases de de recria, engorda e terminação utiliza-se uma ração flutu-
ante (extrusada), com granulometria variada de 2 mm a 8 mm, e o teor de prote-
ína vai diminuído de 42% a 32% a medida que os peixes vão crescendo. 
Para a criação de peixes em tanques rede em águas continentais, já foram 
realizados muitos estudos na área de nutrição, e existem diversas empresas que 
comercializam ração. Porém, para peixes marinhos, poucas são as pesquisas exis-
tentes, e são raras as empresas que comercializam ração, por isso o produtor pode 
pensar na possibilidade de melhorar nutricionalmente alguma ração comercial, e 
‘’fabricar’’ sua própria ração. 
Para a formulação de rações balanceadas alguns fatores críticos a serem 
considerados:
–Exigências nutricionais;
–Qualidade física do pélete;
–Atratividade e palatabilidade;
–Condições de processamento e seleção de matérias-primas;
–Confiabilidade na composição química das matérias-primas.
Existem métodos manuais e computacionais para a formulação de ração, 
e para formular uma ração será necessário um arranjo inteligente de várias ma-
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térias-primas, alimentos ou ingredientes para que se possa atender as exigências 
nutricionais da espécie cultivada objetivando o máximo crescimento, alta sobre-
vivência e eficiência alimentar e com custo mínimo. 
Não é algo simples produzir sua própria ração, antes de se iniciar deve-se 
pensar se existem matérias-primas disponíveis para formulação e se a dieta for-
mulada irá atender as exigências nutricionais da espécie-alvo. Também existem 
fatores relacionados à qualidade física e organoléptica do pélete, como o a flutu-
abilidade, palatabilidade, atratabilidade e digestibilidade. 
Figura 21. Fabricação de ração para peixes marinhos
Fonte: Próprio autor
8.3 Armazenamento da ração
A própria legislação e o fabricante, informam sobre como deve ser arma-
zenada a ração, e de uma forma geral a mesma deve ficar em local seco, fresco e 
arejado, apoiada sobre estrado, sem contato direto com o chão e protegida contra 
animais. Sabe-se ainda que, com o passar do tempo, a ração vai perdendo valor 
nutricional, por isso é importante verificar periodicamente se existe qualquer al-
teração de cor e/ou cheiro da ração, que pode indicar problemas de qualidade da 
mesma. 
È aconselhável a construção de um galpão para estocagem da ração. Exis-
tem vários cuidados que devem ser tomados para manter sua qualidade original, 
desde a compra, até o transporte, armazenamento e manuseio, portanto algumas 
recomendações básicas são importantes de serem relatadas e seguidas: 
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- Adquirir a ração com menos de 01 mês de fabricação
- Adquirir quantidade para no máximo em 03 meses
- Evitar o contato com umidade e a incidência dos raios solares
- Eliminar ração deteriorada
- Manter separados tipos e lotes de rações diferentes
- Evitar a compra e uso de ração de má qualidade 
Figura 22. Galpão de estocagem de ração
Fonte: Agropolos, 2012
9. ENFERMIDADES
O conhecimento mais amplo sobre os efeitos do estresse no desenvolvi-
mento de doenças, ampliará a utilização de métodos profiláticos mais efetivos 
nos diversos sistemas de cultivo, em substituição ao uso indiscriminado de medi-
camentos.
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Doenças em peixes
Principais doenças causadas em peixes são por parasitas, bactérias e fun-
gos. Os parasitas, ectoparasitas, que ocorrem em sua superfície externa, ou por 
endoparasitas, que ocorrem em seus órgãos internos, deixam os peixes suscetí-
veis a infecções secundárias. 
Os sinais clínicos das enfermidades são similares. No geral peixes doentes 
diminuem a ingestão de alimento, apresentam natação errática, hipersecreção de 
muco, dentre outros
Doenças causadas por protozoários 
Icthyophthirius multifilis
Este protozoário infecta as brânquias, também entre as camadas da pele, 
formando pontos brancos causando, popularmente conhecida como “ictio”. 
Tricodina
Atacam toda superfície do corpo, brânquias, fossas nasais e córneas dos 
peixes. Em condição de excesso de matéria orgânica, associado à superpopulação 
de peixes geralmente ocorre as infestações. 
Quilodonelose
Causa descamação e feridas. Pode comprometer a respiração através de 
lesões graves nas brânquias. 
Doenças causadas por parasitas
As doenças provocadas pelos parasitas monogenéticos estão entre as mais 
importantes para a piscicultura, resultando em elevadas taxas de mortalidade. 
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Lerneose
Sua ocorrência é mais comum em ambientes quentes e de água parada. O 
parasita mede cerca de um centímetro e pode ser diagnosticado a olho nu ou com 
auxílio de uma lupa de mão.
Branquiúrus
Várias espécies do grupo dos branquiúrus parasitam peixes, sendo popularmente 
conhecidos como “piolhos de peixes”. 
Argulose
É parasita conhecido como piolho de peixe, causa lesões, e se alimenta do 
sangue do animal.
Doenças causadas por bactérias
Bactérias são microrganismos que encontram-se vivendo em equilíbrio 
com os animais, todavia qualquer desequilíbrio, provoca estresse nos peixes, afe-
tando o sistema imunológico e tornando-os muito susceptíveis às enfermidades 
bacterianas.
A bactéria Flavobacterium columnare atua em elevadas temperaturas e 
grande concentração de minerais em suspensão na coluna d’água (silte e argila) 
devido a enxurradas em período chuvoso, provoca a doença da “coluna”.
As bactérias Aeromonas causadoras da Septicemia são abundantes em 
águas contendo muita matéria orgânica e baixas concentrações de oxigênio dis-
solvido. São responsáveis por elevadas taxas de mortalidade. 
A Estreptococose, ou seja, a infecção por Streptococcus é considerada a do-
ença de maior impacto econômicona tilapicultura mundial. No Brasil, a doença 
apresenta distribuição em todos os polos de produção, principalmente durante os 
meses mais quentes do ano. Atualmente ocorre o processo de vacinação contra 
a Estreptococose quando a tilápia encontra-se em estágio de alevinão, em torno 
de 30g.
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Psedomonas também podem atacar os peixes caso haja excesso de matéria 
orgânica em decomposição.
Doenças causadas por fungos 
Saprolegniose
A Saprolegniose é a micose mais comum em peixes de água doce. Apesar 
de seu crescimento ocorrer com frequência em temperaturas mais amenas, entre 
18ºC e 26ºC, pode manifestar-se em qualquer temperatura. A infestação por esse 
fungo está relacionada à manejos inadequados. 
10. PLANCTOLOGIA
A origem do nome plâncton vem do grego plankton que significa errante, 
que vaga, flutua. A planctologia é o estudo dos organismos que nascem, vivem, 
alimentam-se e reproduzem-se na água livre, sem necessidade de frequentar por 
períodos prolongados o fundo da água, suas margens ou a vegetação, e cuja lo-
comoção não lhes permite independência dos movimentos da água. Atualmente 
já existem muitas informações a respeito de organismos planctônicos ao redor do 
mundo todo e estes estudos possibilitaram fazer a classificação do plâncton. O 
plâncton é composto por organismos vegetais (fitoplâncton) e animais (zooplânc-
ton) e pelo bacterioplâncton. 
Conceituar Planctologia é uma etapa importante na formação dos envolvi-
dos com o setor da Pesca e Aquicultura, e por se tratar de um conteúdo amplo, os 
temas serão abordados de forma que os alunos compreendam principalmente a 
importância do alimento vivo para os organismos aquáticos. Por isso a metodo-
logia de ensino é fundamental para que os alunos do curso tenham um melhor 
entendimento em relação ao estudo do plâncton tanto sob o aspecto quantitati-
vo como qualitativo. As características dos ambientes aquáticos e das diferentes 
espécies de Fitoplancton e Zooplancton, bem como, sua importância na consti-
tuição da cadeia trófica dos organismos aquáticos de interesse econômico tam-
bém serão discutidas, assim como as técnicas de produção e cultivo do plâncton 
em geral. 
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10.1 Importância do plâncton na aquicultura
As zonas de maior riqueza pesqueira do mundo são aquelas onde o plânc-
ton é abundante, porque é parte essencial da dieta de pelo menos uma fase de 
vida de muitos peixes. A considerável ascensão da atividade aquícola no Brasil e 
no mundo faz-se necessário cada vez mais obter larvas e/ou alevinos de quali-
dade para o sucesso das fases posteriores de cultivo. Este êxito está diretamente 
relacionado ao fornecimento de uma alimentação de qualidade e em quantidade 
suficientes às necessidades específicas de cada espécie. 
Em termos de importância, o plâncton constitui uma unidade básica de 
produção da matéria orgânica nos ecossistemas aquáticos. Na presença de nu-
trientes adequados e suficientes, os componentes vegetais do plâncton são ca-
pazes de acumular energia solar em forma de compostos químicos energéticos a 
partir da fotossíntese. 
A composição do plâncton em lagos e em outros corpos de água (rios de 
longo curso, lagoas, poças, etc.) varia em qualidade não somente de uma água 
para outra, mas também dentro de um mesmo corpo de água, durante as esta-
ções do ano, e, freqüentemente, de ano para ano. Essas variações são ininterrup-
tas, principalmente as quantitativas. Oscilações diurnas ocorrem e migrações do 
plâncton em sentido vertical são comuns em todos os lagos. Sobre a existência de 
migrações horizontais as opiniões divergem e, contrariamente a que se julga, não 
parece haver muita evidência para tais migrações. 
Os fatores que causam as migrações do plâncton podem ser mecânicos e 
biológicos. Entre os fatores mecânicos está o peso específico do plâncton em rela-
ção ao da água, a luz e a temperatura. Talvez o fator mecânico mais importante é 
a produção de correntes de convecção causadas por diferenças de densidade, em 
conseqüência de diferenças de temperatura. A penetração da luz na água depen-
de de vários fatores, como a profundidade, quantidade e qualidade das partículas 
em suspensão, teor de matéria orgânica, minerais, etc. As melhores condições lu-
minosas são sempre encontradas na camada superficial da água. 
A composição química da água também é de grande importância na dis-
tribuição vertical do plâncton, principalmente o teor de oxigênio dissolvido que 
é decisivo em muitos casos. Onde não há oxigênio, todo plâncton desaparece. De 
acordo com algumas observações, abaixo de 10 m de profundidade não existe 
mais oxigênio e o plâncton fica limitado às camadas acima dessa profundidade. 
A alimentação interfere em alguns fatores biológicos, importantes na distribuição 
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vertical de plâncton. A influência da alimentação, ou herbivoria, sobre a distribui-
ção do plâncton é pouco definida. 
A escolha de alimento vivo para alimentar os primeiros estágios larvais, em 
detrimento de dietas formuladas, está relacionada com o fato de as últimas ten-
derem a agregar, ao contrário do alimento vivo que está sempre disponível na 
coluna de água. Além disso, as larvas de peixe são consideradas predadores vi-
suais, e estão adaptadas para atacarem presas em movimento como acontece na 
natureza. Assim, a escolha de alimento vivo é importante para as larvas de peixe. 
Nos ecossistemas aquáticos naturais a perpetuação das espécies depen-
de do equilíbrio estabelecido entre os diferentes níveis da cadeia trófica. Assim, 
o desenvolvimento e sobrevivência de larvas e juvenis dependem da presença 
de organismos microscópicos que constituem o fitoplâncton e o zooplâncton. Na 
aqüicultura, os maiores problemas para o cultivo de animais marinhos a nível co-
mercial são a adequada disponibilidade e qualidade do alimento, bem como os 
custos de produção deste alimento.
10,2 Métodos de coleta para captura de plânctons.
Qualquer tipo de estudo biológico inicia-se pela coleta de organismos e 
observação em campo, e a metodologia depende do objetivo das pesquisas. Os 
objetivos podem ser vários, tais como classificação sistemática, distribuição es-
pacial e sazonal, relação biota/biótopo, produtividade primária e total, migração, 
hábito alimentar, reprodução, constituição populacional e outros.
Tradicionalmente, as amostras de plâncton são coletadas através de redes. 
Existem vários tipos de redes que variam conforme os objetivos do estudo:
•	HENSEN	net:	para	análise	quantitativa	do	fitoplâncton;
•	NANSEN	net:	para	análise	quantitativa	do	zooplâncton;
•	INTERNATIONAL	STANDARD	net:	para	análise	quali-quantitativa	do	zoo	e	
fitoplâncton;
•	KITAHARA	net:	para	análise	quantitativa	do	fitoplâncton.
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Figura 23. Exemplar de rede de coleta de plâncton
Fonte: http://meioambiente.culturamix.com/natureza/zooplancton-caracteristicas-gerais
Para os estudos quantitativos também podem ser empregadas as redes do 
tipo “closing net”, cuja boca pode ser fechada de acordo com a necessidade, ou 
ainda o tipo “flow meter”, que mede o volume filtrado. De acordo com os tama-
nhos de plâncton, são utilizadas diferentes malhas das:
•		nº	20	–	25	(76-64N):	microplâncton;
•		nº		3	–	5	(333-282N):	macroplâncton;
•		nº		1	–	000	(417-102N):	captura	de	larvas;
•		PVC	(sampler):	é	utilizado	para	nannoplâncton	ou	na	coleta	de	plâncton	
total para a avaliação da produtividade primária.
Avanços na eficiência das coletas surgiram com o desenvolvimento dos sis-
temas de redes múltiplas, BIONESS no Canadá e MOCNESS nos Estados Unidos. As 
redes destes equipamentos abrem e fecham ao longo da coluna d’água, confor-
me desejado. Assim é possível realizar amostragens em diferentes profundidades 
e correlacioná-las com os organismos encontrados. 
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Outrosaparatos utilizados para a coleta do plâncton são as garrafas e as 
bombas. Entre as garrafas, a mais conhecida é a de Van Dorn, um recipiente ge-
ralmente cilíndrico que se introduz em posição vertical ou horizontal até a pro-
fundidade onde se deseja retirar a amostra. As bombas utilizadas para a coleta do 
plâncton podem ser acionadas de forma mecânica ou elétrica. 
Qualquer que seja o método de amostragem utilizado é necessário estimar 
seu erro para tratar de minimizá-lo, sem que ele implique um investimento exa-
gerado de tempo e trabalho na análise da amostra. No entanto, nas amostras de 
plâncton geralmente nunca são observadas distribuições comparáveis com uma 
distribuição normal ou ao acaso.
Em meados de 1960, surgiu a primeira geração dos contadores eletrônicos 
de plâncton, baseada nas propriedades de condutividade elétrica das células. E 
no final da década de 80, surgiu a segunda geração de contadores eletrônicos 
de plâncton. Usando luz para contar os organismos marinhos, o novo dispositivo 
conhecido por OPC (Optical Plankton Counter) realizava medidas instantâneas de 
abundância do zooplâncton ao longo do tempo e profundidade, nas quais as co-
letas eram realizadas. 
Atualmente, no competitivo mundo das pescarias, a pesca vêm se tornan-
do cada vez mais uma ciência, onde equipamentos sofisticados têm um papel 
crucial. Os pescadores de hoje utilizam ecossondas, radares e GPS para baratear 
seus custos e otimizar as capturas e estes equipamentos também são utilizados 
no estudo do plâncton. 
Recentemente, para a análise do plâncton tem-se utilizado as fotografias 
tiradas pelo satélite LAND-SAT na detecção da área e direção do deslocamento de 
marés vermelhas ou áreas de poluição, por exemplo. No entanto, as informações 
do LAND-SAT são limitadas extremamente à superfície da água. 
Em estudos, após as coletas de plâncton, é necessário a utilização de algu-
ma técnica de preservação e conservação. Para o Fitoplâncton pode-se utilizar so-
lução de Lugol ou solução de Transeau e para o Zooplâncton pode-se utilizar For-
malina, Formalina neutralizada com bórax, Formalina neutralizada com hexamina.
10.3 Avaliação da biomassa planctônica 
A avaliação da biomassa coletada, ou análise quantitativa do plâncton tem 
sido uma das principais dificuldades no estudo desta comunidade. Os mais em-
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pregados são a contagem de organismos, filtração, contagem eletrônica, fluores-
cência, Câmara de Sedgwick-Rafter, sedimentação em câmaras, volume de orga-
nismos (bio-volume), composição química, peso seco e teor de matéria orgânica, 
pigmentos e adenosina trifosfato (ATP). 
Dentre essas técnicas para o estudo, a mais comum para o fitoplâncton é 
com a utilização de microscópio e para o zooplâncton verdadeiro a observação é 
realizada com lupa. Para os dois tipos de aparelhos, a iluminação artificial deve ser 
feita com lâmpadas que emitem luz natural e com um filtro azul.
10.4 Fitoplâncton
As microalgas que constituem o fitoplâncton fazem parte da base da cadeia 
trófica em ambientes aquáticos e, através do processo de fotossíntese, constituem 
a principal fonte de oxigênio dissolvido na água. Além de sua importância ecoló-
gica no ecossistema aquático, o fitoplâncton é também uma excelente fonte de 
biomoléculas e sua utilização pode variar de acordo com a finalidade, tais como o 
uso na dieta de organismos aquáticos cultivados, tratamento de efluentes indus-
triais e domésticos, produção de fármacos, cosméticos e até mesmo biocombus-
tíveis.
Na presença de nutrientes adequados e suficientes (principalmente nitro-
gênio e fósforo) o fitoplâncton é capaz de acumular a radiação solar por meio da 
fotossíntese, pela qual sintetiza a matéria orgânica. Com excesso de nutrientes, o 
fitoplâncton se desenvolve rapidamente, até atingir uma biomassa crítica, entran-
do em senescência e morte parcial ou total (morte súbita ou die-offs). 
O fitoplâncton é o grupo de algas mais estudado e amplamente distribu-
ído. Os organismos fitoplanctônicos são encontrados em praticamente todas as 
coleções de água, onde vivem flutuando livremente. No entanto, ocorrem em 
maior diversidade no ambiente lacustre do que no meio marinho. As algas fito-
planctônicas são na maioria unicelulares, no entanto também são encontradas 
muitas formas coloniais e filamentosas, especialmente em água doce. 
Em águas interiores podem ser encontrados representantes de praticamen-
te todos os grupos de algas. Os principais grupos com representantes no plâncton 
de água doce são: Cyanophyta, Chlorophyta, Euglenophyta, Chrysophyta e Pyr-
rophyta. A predominância de um ou outro grupo em determinado ecossistema é 
função, principalmente, das características predominantes do meio.
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As adaptações do fitoplâncton à flutuação possibilitaram a estes organis-
mos superar as desvantagens de sua alta densidade, como por exemplo, a bainha 
mucilaginosa, densidade, formação de gotículas de óleo, aumento da superfí-
cie de contato, formação de vacúolos gasosos e regulação iônica. A tendência a 
afundar e as adaptações para flutuar fazem que haja um deslocamento na coluna 
d’água o que melhora a captação de nutrientes, evita a ação de predadores e a 
ação nociva da elevada radiação solar na superfície da água.
A taxa de renovação da água é especialmente importante naqueles am-
bientes com entrada e saída de grandes volumes de água. Neste caso, a parte 
superior do reservatório é fortemente afetada, apresentando, em conseqüência, 
baixa densidade fitoplanctônica. Em represas, a alta taxa de renovação da água é 
um dos principais fatores determinantes da distribuição vertical do fitoplâncton.
O fitoplâncton também recicla o CO2 e a amônia, porém o excesso de fito-
plâncton pode ainda, levar a um aumento na ocorrência de níveis críticos de oxi-
gênio dissolvido no período noturno e causar mortandade de organismos. Outra 
complicação está na decomposição do fitoplâncton, que pode levar a uma gran-
de variação nos parâmetros físico-químicos e consequentemente, a uma queda 
acentuada da qualidade da água. Quanto maior a disponibilidade de nutrientes 
na água (eutrofização) maior será a densidade do plâncton, a produção de O2 e 
supersaturação na camada com luminosidade, o consumo de O2 à noite, a mag-
nitude de variação da concentração de O2 entre o dia e a noite, a estabilidade da 
estratificação química, a instabilidade ambiental, o risco de ocorrência da Síndro-
me do Baixo Oxigênio Dissolvido baixa concentração de oxigênio dissolvido (OD), 
alto dióxido de carbono livre (CO2), baixo pH e alto nitrito (NO2). Classificação dos 
ecossistemas lacustres tropicais, considerando a produtividade do fitoplâncton 
•		Euprodutivos	–		>		500	g	C/m2/ano
•		Mesoprodutivos	–	200		a	500	g	C/m2/ano
•		Oligoprodutivos	–		<	200	g	C/m2/ano
As microalgas são componentes essenciais na dieta de moluscos bivalves 
marinhos como ostras, vieiras e mexilhões, sendo mundialmente empregadas na 
alimentação de muitas espécies de camarões marinhos e de algumas espécies 
de peixes como tilápia, carpa prateada e “milkfish”. Além de serem empregadas 
diretamente (vivas, concentradas, criopreservadas, desidratadas ou liofilizadas). 
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As microalgas também podem ser utilizadas de forma indireta, servindo de ali-
mento a fitoplanctofágos (artemia, rotíferos, copépodes, cladóceros etc.), os quais 
são comumente utilizados como alimento em larviculturas de moluscos, peixes e 
crustáceos.
Apesar da existência do alimento artificial (rações) para proporcionar os 
nutrientes necessários às larvas, principalmente os ácidos graxos polinsaturados 
(“HUFA”), a utilização de microalgas vivas continua sendo a base alimentar das lar-
viculturas comerciais. Pois a utilização exclusiva de alimento artificial, em larvicul-
turas comerciais, pode não suprir satisfatoriamente os requerimentos nutricionais 
da espécie

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