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Resumo do livro Introdução ao Pensamento Jurídico Crítico de Antonio - Sociologia do Direito II - 2 período

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UNIVERSIDADE FEDERAL 
FACULDADE FEDERAL 
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DO DIREITO II
Resumo do livro Introdução ao Pensamento Jurídico Crítico de Antonio Carlos Wolkmer
Capitulo 2 : Teoria Critica do Direito
2.1 Noções, conceitos e objetivos
O autor Antonio Carlos Wolkerem em seu livro Introdução ao Pensamento Jurídico Critico no capitulo 2, aborda que o movimento crítico do direito ocorre no final dos anos 60. Este movimento significativo sofreu influência de alguns juristas da Europa. Esse direito investigativo, busca fazer análises sociopolíticas, bem como, aproximar o direito do Estado.
Nos anos 70 o movimento é consolidado na Europa em países como França, Espanha, Bélgica, Alemanha, Inglaterra e Portugal e também em alguns países da América latina como Argentina, México, Chile e Colômbia. Já no Brasil o movimento só tomou folego nos anos 80, sendo incentivado por alguns professores de direito e também de filosofia.
Ressalta ainda que a crítica do direito se desvincula de algumas doutrinas tais como positivismo jurídico, jusnaturalismo e também com o realismo sociológico por acreditar que tais doutrinas reforçam o Direito e o Estado a acabarem por fazer uma reprodução capitalista.
De acordo com o autor a crítica da aplicação do direito pode ser entendida como um instrumento que permite esclarecer, despertar e emancipar o sujeito mencionado como um histórico preso em uma normatividade descrita por ele como algo opressor.
O autor então expõe, que o conceito de teoria critica seria a forma de justiça de um determinado ordenamento jurídico. Teoria crítica do direito é um refletir, é um ser capaz de questionar e romper também com o ordenamento. 
2.2 Possibilidades e limites de uma teoria Jurídica Critica
 Segundo o autor existe uma ruptura do que ele chama de racionalidade tradicional que visa construção de novos paradigmas sociopolíticos epistemológicos. Já na modernidade foi despertada a consciência dos filósofos no que se refere teoria geral do direito.
Existe uma certa controvérsia entre os diferentes filósofos quanto a existência ou não do pensamento crítico do direito no qual, não se pode negar a existência de tal pensamento crítico. Nesse viés da existência ou não do direito existem dois grupos.
A- Os que defendem que é sim possível a construção teórica do direito por meio de pressupostos teóricos, tais como Michael Maille e Ricardo Entelman.
B- E os teóricos críticos, que não aceitam a especificidade da teórica crítica que fazem parte um movimento fragmentado por diferentes perspectivas ditas metodológicas, tais como Leonel S. Rocha e Luis A.Warat.
As reproduções das relações sociais, a teoria critica tem como objetivo deixar claro como se articulam a vida material e também as formas institucionais.
De acordo com o autor quando for reconhecido que o que ele denomina de limites da teoria jurídica do direito tradicional deve ser construída uma epistemologia jurídica para que se possa passar por meio de tais obstáculos epistemológicos de conhecimento no que investigue a eficiência do poder jurídico.
Capítulo 3: Principais escolas do pensamento jurídico crítico no ocidente
O movimento de “crítica jurídica” surge a partir de uma crise dos modelos normativos tecno-formais, para questionar e superar o reducionismo normativista. Essa orientação teórica chamada de crítica jurídica faz uma revisão do Direito dominante, que é marcado pela crise de legitimidade e de produção e aplicação da justiça. 
Esse movimento não é restringido por uma única “teoria crítica” do Direito, mas abrangem diversas tendências, correntes, formulações críticas, e refletem as condições sociopolíticas de seu país de origem.
Pode-se ordenar o estudo da “crítica jurídica” em quatro grandes eixos epistemológicos, são eles:
a) Critical Legal Studies : movimento de crítica norte-americana, mas com crescente influência também na cultura anglo-americana.
b) Association Critique du Droit: surge e se desenvolve na França, com larga aceitação no terceiro mundo e na América Latina.
c) Uso alternativo do Direito: postura crítica desencadeada na Itália, tendo, posteriormente, sido adotada pela Espanha e por outros juristas europeus e latino-americanos.
d) Enfoques epistemológicos de Crítica Jurídica.
3.1 Orientação Crítica nos Estados Unidos
A Critical Legal Studies, é o principal estudo sobre crítica jurídica nos Estados Unidos. Esse movimento busca por meio de investigação histórica, filosófica e sociológica desmistificar a teoria jurídica liberal norte-americana, revelando o grau de envolvimento das relações de poder e as ideologias dominantes, e apontando a falácia da neutralidade dos juízes e a cumplicidade de clases dos juízes na prática judicial. É marcado por perspectivas teóricas atravessadas pelo realismo jurídico, pelo marxismo frankfurtiano, pelo estruturaismo francês e pela análise interdisciplinar.
Segundo Zuleta Puceiro, a teoria crítica do Direito, em sua versão norte-americana, é empírica, filósofica e prática orientada ao esclarecimento e à emancipação social.
3.2 Correntes Críticas na Europa
 3.2.1 Associação Crítica do Direito: França
A Association Critique Du Droit é um movimento de investigação crítica formado por juristas e professores das faculdades francesas de Direito, que propõe uma teoria jurídica oposta ao individualismo formalista e ao positivismo normativista, aproximando-se da ciência política e priorizando o materialismo histórico como referencial metodológico. 
Num primeiro momento o movimento busca a reconstrução de uma Teoria Geral do Direito, apoiando-se no materialismo histórico-dialético, opondo-se à ciência jurídica tradicional. Num segundo momento, tenta-se sistematizar uma pesquisa concreta sobre os mecanismos de organização e regulamentação da prática jurídica no âmbito da sociedade burguesa. 
3.2.2 Uso Alternativo do Direito: Itália e Espanha
Desde os fins dos anos 60 e começo da década de 70 constituiu-se, na Itália um movimento teórico prático, formado por professores universitários, advogados e principalmente magistrados progressistas. O objetivo dessa importante tendência político-jurídica foi propor a utilização do ordenamento jurídico vigente e de suas instituições na direção de uma prática judicial emancipadora, voltada aos setores sociais ou às classes menos favorecidas. Na realidade, essa concepção não chega a ser um paradigma alternativo ou substitutivo da ciência jurídica, mas tão somente a aplicação diferente da dogmática predominante. Sem descartar o aparato normativo oficial e sem formular hipóteses ou definir novas categorias jurídicas.
O movimento do Uso Alternativo do Direito fez-se representar, aglutinou o interesse de alguns dos mais importantes juristas críticos e antidogmáticos da Itália. Destarte, o reconhecimento de seu significado permite aferir que os influxos do movimento crítico italiano difundiram-se e encontraram eco entre juristas e magistrados da Espanha.
Apoiando-se em pressupostos do pensamento neomarxista contemporâneo, os adeptos do modelo alternativo do Direito consideram a relevância de dois aspectos:
a) Estreita relação entre a função política do Direito enquanto instrumento de dominação e as determinações socioeconômicas do modo de produção capitalista;
b) O poder judiciário que assegura o status quo estabelecido, agindo não só como aparelho ideológico do Estado, mas também como instrumento de repressão e controle institucionalizado.
Por fim, importa mencionar, na evolução de determinados setores do “pensamento crítico” italiano (via de regra, identificado com posturas “ antidogmáticas reformistas”), a passagem, ora para um ecletismo moderado, muito próximo de posturas analíticas, ora para uma crescente tendência as teses garantistas. Em sua fase mais ideologicamente mais ortodoxa, o movimento do Uso Alternativo do Direito repercutiu principalmente nas áreas do Direito Civil Processual; entretanto, posteriormente, avançando em direção de variantes pluralistas, analíticas e neomarxistas, incidiu com mais no Direito Penal e na Criminologia. Nesse contextoaparecem, com relevância, os trabalhos de Luigi Ferrajoli, Alessandro Barata e Eligio Resta.
3.2.3 Pensamento Jurídico Crítico: Alemanha
Antes de mais nada deve-se reconhecer que, contemporaneamente, na Alemanha, grande parte da discussão sobre a teoria e a ciência do Direito encaminha-se por um diálogo com Niklas Luhmann, expoente máximo do formalismo sistêmico. Entretanto, a proposta sobre uma reflexão crítica da teoria do direito de teor não dogmático passa, necessariamente, pelas últimas contribuições advindas da filosofia, particularmente da redescoberta da hermenêutica-ontológica de Hans-Georg Gadamer, da epistemologia crítico-dialética de J. Habermas, da valoração ético- linguística de Karl O. Apel e dos fundamentos da justiça política de Otfried Höffe (Friburgo, Suiça).
Trata-se de posturas que refletem reações antipositivistas, de profundo teor emancipatório da sociedade, e buscam nova racionalidade. Nesse cenário de retomada da tradição dialética e da crítica emancipatória, do radical antipositivismo e da influência das ideias da Escola de Frankfurt, é que surgem também algumas propostas de epistemologia jurídica. Assim, aparecem a teoria do Direito como “reflexão transcendental” em Dietrich böhler (inspirado em Marx e Apel ) e a teoria do Direito como “ crítica do Direito” em Wolf Paul ( fundada no jovem Marx e no projeto crítico de Haberms). 
Concretamente, a categoria “reflexão tem, para Böher um sentido inovador como instrumento transcendental de articulação entre a teoria e a práxis. Superando os reducionismos do funcionalismo e do formalismo , o autor procura construir a teoria do Direito, enquanto “ modus do agir comunicativo e da reflexão situacional” . A proposta jurídica em Böher não deixa de ser um projeto utópico-revolucionário, expressão metateórica da “jurisprudência reflexível”.
	Buscando recuperar a autenticidade crítica do pensamento de Marx, Wolf Paul, Pondera que toda e qualquer teoria não deve ater-se à descrição formalista de seu objeto, mas a compreensão de uma totalidade social através da crítica que conduza a sua transformação. Desse modo o direito só pode ser percebido enquanto fenômeno que tem suas raízes na realidade histórico-social, e é capaz de se revelar fator de permanente modificação.
3.2.4. Tendências antidogmáticas e pluralistas: Espanha
O cenário jusfilosófico espanhol, nas últimas décadas, conheceu algumas posturas alternativas e antidogmáticas a todo pensamento tradicional, sendo algumas dessas propostas originárias de pressupostos epistemológicos positivistas, evoluindo para uma crítica sociológica de matriz político-ideológica, levando a redundar em posturas muito próximas da filosofia analítica. É, portanto, u, fenômeno específico da filosofia juristas “antidogmáticos”, dos princípios metodológicos que estruturam o modelo de ciência analítica. Talvez isso possa ser explicado tanto pela própria situação democrática que viveu a Espanha pós-Franco quanto pela realidade criada com a chegada ao poder de alguns juristas e teóricos do socialismo. Parece claro que, se o empego de critérios tecno-formais para compor um discurso crítico, essencialmente doutrinal, ideológico e tático, está no fato de que a filosofia analítica proclama não ser “comprometida”, seu formalismo “neutro” e “esterilizado” tem a vantagem de servir e justificar todos aqueles que estão no poder, quer seja o progressista de esquerda.
Dentre alguns dos autores espanhóis com propostas jurídicas críticas podem ser citados: N. López Calera, que foi o mais importante intérprete do Uso Alternativo do Direito, envoluíndo radicalmente para um pluralismo social que passa pelo hegelianismo e pelo estruturalismo, chegando à prática alternativa do Direito. Já Elías Díaz, é reconhecido como intelectual de defensor do pluralismo político, passando de um sociologismo historicista para posições mais formais e ecléticas. As preocupações jusfilosóficas de Elías Díaz abarcam a totalidade que reflete a contínua interação das perspectivas científico-normativas, sociológicas e filosóficas. Advoga uma consciência crítica superadora da positividade da positividade instituída, marcada por interesse tanto axiológico quanto sociojurídico. Destarte, em sua filosofia crítica, o Direito (Sistema de legalidade) aparece como emanação de u, “determinado sistema de interesses e valores (sistema de legitimidade em sentido amplo). São três os níveis em que se manifesta a legitimidade: a legitimidade imposta por uma legalidade; a legitimidade aceita por uma coletividade; a legitimidade racional, entendida como crítica radical dos dois níveis anteriores que vem a se constituir no tema central da Filosofia do Direito. Por conseguinte, na concepção de Elías Díaz ocupa-se não só da função das “instituições políticas” e dos “novos movimentos sociais” na construção do socialismo democrático como, sobretudo, em estabelecer os critérios adequados para “uma teoria da legitimidade e uma correlativa teoria da justiça.
 Distanciando-se do jusnaturalismo e do positivismo jurídico,Juan-Ramón Capella adota uma postura teórica claramente ideológica, voltada para transformação radical da ordem jurídica burguesa. Em seu livro sobre la extinción del Derecho y la Surpresión de los juristas, acabou por desencadear uma ampla discussão, na qual sustenta o argumento de que o jurista foi, no passado, o intelectual orgânico privilegiado das classes dominantes na sociedade dividida em classes. Hoje, o objetivo é a conquista de uma comunidade. A realização da comunidade deixa de exigir a democracia, a democracia, no melhor dos casos, é a submissão da minoria à maioria, deixa de exigir liberdade política e deixa de exigir justiça. Ora,o direito de tipo novo sai fora do quadro de todo Direito anterior ,pois permite o ¨caráter libertário ao novo tipo de Direito é a remissão continua para a articulação da sociedade civil¨. Fica claro, portanto, que Capella, procura a ¨interpretação histórico-materialista do conteúdo concreto das normas jurídicas¨, buscando, de um lado, esboçar uma teoria do Direito como instrumento do domínio de classe e, de outro, aprofundar o estudo do caráter ideológico do Direito e da doutrina dos juristas¨. Barcelona, pois também despontou nos anos 90 o trabalho de alguns investigadores da Universidade de Sevilha, dentre os quais Antonio Enrique Pérez Luño, David Sánchez Rubio, Alfonso de Julios-Campuzano, Alvaro A. Sánchez Bravo e Juan Antonio Senent de Frutos.
 Marcado por um pensamento eclético e pluralista, Antonio-Enrique Pérez Luño, catedrático de filosofia do Direito de Sevilha, é dono de uma larga produção jurídica que perpassa múltiplos temas, como cibernética, informática, direitos humanos, Estado do Direito, novas tecnologias , seguridade jurídica, teoria do direito etc.
 Cabe mencionar, Joaquim Herrera Flores. Em seu trabalho ¨Crítica Jurídica y Estudios de Derecho¨, acentua que a crítica jurídica está fundada nos princípios da reflexibilidade, complexidade e esperança. Já em sua tese de doutoramento articula as premissas teóricas, políticas e axiológicas da Escola de Budapeste com o conceito de direito humanos, destacando nessa proposta o papel de um sistema de necessidades radicais. O pensador sevilhano tem desenvolvido reflexões acerca do neocolonialismo, racionalidade de resistência, produção cultural, feminismo e teoria crítica dos direitos humanos. Rubio. Antigo aluno de Joaquim H. Flores, David Sánchez Rubio projeta-se hoje como um dos principais interlocutores espanhóis dedicados a construir uma legalidade alternativa tendo como base os pressupostos da filosofia da libertação latino-americana.
 Já o emérito professor de filosofia do Direito Francisco Javier de Lucas Martín, tem se projetado internacionalmente em investigar direitos das minorias, cidadania , sociedades multiculturais, imigrações etc. outros investigadores (as) vêm contribuindo para fazer avançar a teoria do Direito numa perspectiva mais crítica e interdisciplinar, como: Maria José Fariñas Dulce (Universidade Caros III, deMadrid), Nuria Belloso Martin (Universidade de Burgos), Francisco J. Contreras Peláez (Universidade de Sevilha),José Ntonio Estévez Araujo(Universidade de Barcelona), Maria José Añón Riog(Universidade de Valência), Modesto Saavedra López(Universidade de Granada),Ascensión Cambrón Infante(Universidade de A Coruña),Asier Martínez de Bringas(Universidade de Deusto), Ramon Soriano(Universidade Pablo de Olavide).
 Enfim, mesmo que inexistia uma única ¨escola¨ jurídica crítica na Espanha, há de mencionar o significativo e renovador trabalho (práticas judiciais alternativas através de hermenêutica crítica) do grupo Jueces para la democracia, tendo como um de seus principais representantes o ministro do Tribunal Supremo da Espanha Perfeccto Andrés Ibánez.
 
3.2.6 Sociologia Jurídica das Emancipações: Portugal
 Não existe um núcleo ou movimento crítico do Direito em Portugal, entretanto, as investigações teóricas e empíricas, com repercussões crítico-interdisciplinares nas áreas do Direito (filosofia e sociologia jurídicas), de Boaventura de Sousa Santos são relevantes.
O professor de sociologia do direito e um dos mais importantes pensadores de fins do século XX e princípios do século XXI, têm sua obra pautada por preocupações morais e sociopolíticas, voltadas para a edificação de uma sociedade mais igualitária e mais respeitosa com a diferença, com a formulação de uma ciência não eurocêntrica. Com a transformação das relações de poder, com a construção de uma globalização contra hegemônica.
Para Boaventura de S. Santos, a modernidade é um projeto sociocultural constituído entre os séculos XVI e fins do século XVIII, fundado na dinâmica de dois pilares: regulação social (Estado, mercado e sociedade) e emancipação social (formas de racionalidades cognitivas práticas). 
Antonio Wolkmer, explica que com a convergência do paradigma da modernidade com o capitalismo, as energias regulatórias e seu modelo de conhecimento absorveram as energias emancipatórias e tornaram-se hegemônicas. Para mudar esse paradigma diz que é necessário criticar os limites e incompletudes da modernidade, introjetando-a num campo de conhecimento mais abrangente, reconhecendo outras formas de produção epistemiológica e outras práticas sociais. Salienta que é nesse contexto que Boaventura introduz suas preocupações com o Direito, articulando sua experiência através de certos elementos que permeiam as relações entre o direito estatal moderno e as reações emergentes de um direito infraestatal(legalidades paralelas).
Uma dessas preocupações de Boaventura é a crise no sistema judicial capitalista. No dizer do sociólogo, a práxis da legalidade capitalista é revelada pela articulação de três componentes estruturais básicos: a retórica, a burocracia e a violência. Constata esse autor que o modelo do Direito estatal tem-se caracterizado, nos últimos dois séculos, pela progressiva recessão retórica, relegada para as áreas dominadas da periferia político-econômica, e pela progressiva expansão da burocracia e da violência, predominantes na esfera do núcleo central hegemônico.
3.3 Correntes críticas do Direito na América Latina
As principais tendências do pensamento crítico do Direito transcendem os horizontes da doutrina norte-americana e europeia, estendendo-se largamente pelos países latino-americanos, especialmente México, Argentina e Brasil. Fundamentalmente, todo movimento de critica jurídica latino-americana tem priorizado temas como: práticas alternativas do Direito, direitos humanos, assessoria jurídica popular e pluralismo legal indígena.
3.3.1 A Crítica Jurídica no México
Um dos núcleos mais fortes de investigação jurídica progressista latino-americana está no México, em volta das pesquisas publicadas pela revista Crítica Jurídica. Destacando-se os juristas Oscar Correas e Jesús Antonio de la Torre Rangel.
Oscar Correas, em sua tese partindo de pressupostos oferecidos pelo marxismo, faz uma crítica contundente ao Direito moderno. Opondo-se à ciência jurídica formal do positivismo, o autor defende uma ciência jurídica material voltada para os conteúdos normativos enquanto consolidação dos fenômenos socioeconômicos.
Jesús Antonio de la Torre Rangel, apresenta a proposta mais original e inovadora de epistemologia jurídica crítica, destinada concretamente á libertação popular latino-americana. Esse autor, deixa clara sua crítica aos diversos modelos de normativismos formais predominantes na cultura burguesa ocidental e sua opção por um jusnaturalismo histórico adequando à America Latina. Busca superar a juridicidade imposta, pois para ele o direito vigente é mais expressão de injustiça e opressão que de justiça, fato que ocorre não porque não se aplica o Direito, mas resulta da própria aplicação do Direito vigente. Acredita que em nova organização societária, o Direito deverá nascer do povo, um Direito encarado como instrumento de luta e mudança social na América Latina. Por fim, para o jurista a juridicidade moderna, assim como qualquer outra juridicialidade alienante, será superada a nível de reflexão filosófica, quando o outro for reconhecido como outro. 
3.3.2 Aportes de crítica do Direito: Chile e Colômbia
 Eduardo Novoa, grande contribuinte para o pensamento jurídico crítico no Chile e de reconhecimento internacional ganhou destaque ao criticar mecanismos jurídicos absoletos que
acabavam por obstacularizar o desenvolvimento e as mudanças das estruturas sociais.
Marcadas por posturas socialistas próximas ao marxismio clássico, as ideias de Navoa
defendia ser relevante considerar a forma de organização social seja ela liberal-individualista,
reformista ou revolucionária para determinar o conteúdo do Direito e o que ele está determinado a servir. Exemplares também são os esforços de Manoel Jacques, um advogado popular chileno, cujo intento era socializar o Direito e edificar a normatividade a partir da realidade cotidiana elaborando, para isso, seu ensaio “Una Concepción Metodológica del Uso del Derecho” cuja originalidade se cruza entre os mais bem acabados posicionamentos dentre os pensadores críticos do Direito.
Já na Colômbia, vários autores e pensadores importantes trataram de questões como:
· Definir o papel do direito no processo de abstenção da mais-valia e, por outro lado, analisar
sua função na manifestação dos interesses de classe (Victor Manel Macayno)
· Ressaltar limitações da Teoria do Direito, deformada por critérios jusnaturalistas e
positivistas. (Gilberto Tobón)
 Essas ideologias e outros aprofundamentos no que diz respeito ao direito alternativo
incentivou a formação de coordenações nacionais de práticas jurídicas insurgentes em toda
América Latina.
3.3.3 – Movimento Crítico na Argentina
 O movimento crítico na argentina não possui “teoria crítica” sistematizada e, devido a isso, aparecem análises de diferentes matizes. As diversas abordagens epistemológicas são atravessadas por uma crítica de perspectiva eclética, sistêmico-sociológica e psicanalista.
Carlos Cárcova, ao falar sobre o movimento crítico na Argentina, afirma que o processo de
evolução do movimento implicou que cara um dos teóricos críticos fossem enfatizando parâmetros diferentes: alguns em questão de Direito de Psicanálise, outros em aspectos relativos à Teoria do Discurso, outros, por fim, conservando os interesses iniciais mais vinculados a Teoria do Estado e/ou à Sociologia.
 O interesse de Carlos Cárcova avançou por temas como pluralismo jurídico, Direito
Alternativo, direitos humanos, marxismo e Direito, teoria crítica, regulação e globalização,
multiculturalismo, pós-modernidade e etc.
A questão da concepção crítica no Direito implica não só a denúncia da cultura jurídica
fetichizada, envolta no reducionismo e na deficiência do formalismo normativista, mas também o resgate da interpretação político-progressista da moderna juducudade.
 Reconhecida por sua importância para o movimento jurídico crítico na América Latina, vale ressaltar que a ALMED consta em seus objetivos uma “busca”e uma “exploração de certas possibilidades desmistificadoras” sobretudo como o território “estratégico para conscientização teórica dos juristas”, conforme Luis Alberto Warat.

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