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Romantismo no Brasil PROSA Contexto histórico e cultural da época O romance romântico nasceu em meio ao clima nacionalista da segunda metade do século XIX e às mudanças político- sociais que transformariam o cenário brasileiro. Adaptado do romance europeu, o gênero cultivou no Brasil a descrição de lugares, cenas e fatos, que girassem em torno dos costumes urbanos. Urbanização do Rio de Janeiro. Surgimento do jornalismo no Brasil. Procurou-se definir a nação, o povo, a língua e a cultura brasileira. Contexto histórico e cultural da época Nascimento do romance brasileiro. Projeto romântico: construção de uma cultura brasileira autônoma. Exigia dos escritores o reconhecimento: da identidade de nossa gente, nossa língua, nossas tradições e as diferenças regionais e culturais. Espaços nacionais do romance: selva, campo, cidade. Origem do romance Originou-se do termo medieval romanço – designava as línguas usadas pelos povos sob o domínio do império romano. Eram chamados de romance as composições de cunho popular e folclórico que escritas no latim vulgar, em prosa ou em verso, contavam histórias cheias de imaginação, fantasia e aventuras. Evolução do romance: assume forma de romance de cavalaria, romance sentimental, romance pastoral. No século XVIII adquire as características de texto em prosa, normalmente longa, que desenvolve vários núcleos narrativos organizados em torno de um núcleo central, e narra fatos relacionados a personagens, numa sequência de tempo e em determinado espaço. FOLHETIM ▪Inicialmente, os romances foram publicados no formato de folhetim, ou seja, impressos em periódicos, de forma parcial e sequencial, caindo no gosto popular. O folhetim O romance surgiu na forma de folhetim, publicados em jornais, de capítulos de determinadas obras. Esse procedimento formou o público leitor de literatura da época e ampliou o número de leitores dos jornais diários. O capítulo terminava sempre com um suspense. A cada dia, esperava-se a continuidade da trama ─ tal como se dá com as telenovelas atuais, transmitidas em capítulos. Com os temas amenos e linguagem simples, fizeram um enorme sucesso. Os folhetins modernizaram uma sociedade incomodada com as ideias intolerantes que refletiam a visão agrária, destoando dos valores urbanos ditados pela burguesia. Essa mudança de visão colaborou com a construção de uma identidade urbana. Tem início a era do romance nacional. Quem eram esses leitores? O público leitor desses folhetins era tipicamente urbano, apesar das raízes rurais: Mulheres e estudantes que se estabeleceram na corte após a independência em busca de ascensão econômica ou política. Filhos de senhores rurais que vinham completar os estudos. Tipos de prosa romântica Indianista – a vida primitiva. Urbano – a vida citadina. Regionalista – a vida rural. Histórico – temática de fato histórico paralela à trama. Características A busca da identidade nacional - natureza, campo, cidade. Publicação inicialmente nos jornais. Sentimentalismo. Impasse amoroso, com final feliz ou trágico. Oposição aos valores sociais. Artimanhas sociais. Entrelaçamento de realidade com ficção. Características Flash back narrativo. O amor como redenção. Idealização da mulher. Idealização do herói - clássico. Personagens planas. Linguagem metafórica. Romance urbano Retrato do dia a dia do leitor. Discute os problemas e os valores vividos pela burguesia do século XIX. Comunicação direta com o público burguês. Retrata as relações cotidianas. Personagens comuns e de fácil identificação. Idealização amorosa. Tome nota A estrutura típica desse romance apresenta um herói e uma heroína, que se apaixonam um pelo outro e precisam superar obstáculos para viverem felizes para sempre. O romance urbano ou de costumes tem como característica a preocupação em ilustrar paixões, os interesses e o comportamento de uma classe social específica em uma determinada época. Obra inicial da prosa romântica O filho do pescador, de Teixeira e Souza (1812- 1881) - primeiro romance romântico genuinamente brasileiro. A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo (1820- 1882), o primeiro a ser publicado em folhetim, é considerado o marco inicial do gênero no Brasil. Joaquim Manoel de Macedo Formado em medicina, dedicou-se ao jornalismo e à política. A obra A moreninha tornou-o famoso. Características de sua obra: comicidade, namoro difícil ou impossível, a dúvida entre o dever e o desejo, a revelação surpreendente de uma identidade, brincadeiras de estudantes, linguagem mais inclinada para o tom coloquial, escrita simples e descritiva, de histórias sem grandes surpresas, em lugar de grandes paixões, namoros respeitáveis que seguem o padrão da sociedade, com sequência de noivado e casamento. O escritor repetiu essa fórmula nas 17 obras que escreveu. A moreninha O enredo do romance A moreninha se inicia com a ida de um grupo de amigos – Augusto, Fabrício, Leopoldo e Felipe – à casa da avó de Felipe, numa ilha próxima ao Rio de Janeiro, onde os rapazes vão passar o dia de Snat’ana. Felipe aposta que os amigos irão se interessar por suas primas ou por sua irmã, Carolina, que lá estarão.. Augusto aceita a aposta, e fica combinado que quem perder escreverá a história de sua derrota. Augusto é estudante e colega de Felipe, cuja irmã é Carolina. Augusto quando criança jurou amar eternamente uma menina, cujo nome ignora e fica inconstante em seus amores, até que conhece Carolina, pela qual se apaixona e persegue. Quando no final ficam noivos, ela primeiro manda-o casar- se com sua amada de infância e depois revela ser ela a menina. O livro é um exemplo clássico do Romantismo. Ele gira em torno de sua heroína perfeita e seu herói que luta para ter o amor desta e os obstáculos para sua realização, no caso a promessa infantil. Também são bem representados os costumes do Rio de Janeiro da década de 1840 e a classe dos estudantes, da qual Macedo fazia parte na época da escrita do livro. Estilo direto e coloquial, característico do jornalismo. Humor e ironia quanto aos costumes da sociedade carioca. Retrata personagens da classe média baixa. Publicado em folhetim, a crítica não lhe deu importância à época. Uma obra de transição para o Realismo. O livro conta a história do jovem Leonardo, filho de pais separados que é criado pelo padrinho barbeiro, sendo uma peste tanto criança quanto mais velho. No começo indicado para ser clérigo, sua rejeição a Igreja lhe leva a vadiar. Na companhia do padrinho na casa de D. Maria conhece Luisinha, por quem se apaixona. Luisinha, no entanto, se casa com um espertalhão de nome José Manoel. Quando o padrinho morre ele volta a morar com o pai, mas por pouco tempo porque este o expulsa de casa por causa de seus desentendimentos com a madrasta. Vai morar na casa de um amigo dos tempos em que era sacristão (o tio queria lhe preparar para a vida clerical) e conhece Vidinha, por quem se apaixona. Após muitas intrigas feitas pelos pretendentes de Vidinha, sai desta casa também e é nomeado pelo major Vidigal, figura policial constante na obra, soldado. Não param por aí suas diabruras e ofensas e sabotagens com o major lhe garantem a cadeia. A madrinha e a tia de Luisinha intercedem em seu favor e este não é só liberto, mas promovido a sargento. Logo após isto morre José Manoel e reata o namoro com Luisinha. Transferido para as Milícias, casa-se com ela. A obra toda é um verdadeiro marco para a transição para o Realismo: os personagens não são idealizados, o amor não é supervalorizado e idealizado (e muito menos são as volúveis mulheres), o herói está longe de ser perfeito, existe uma certa comicidade incomum nos romances da época. Buscou fazer em suas obras um painel do país, mostrando a diversidade de aspectos geográficos, sociais e étnicos do Brasil. Inovador quanto à linguagem, como a temática era brasileira, era necessário uma linguagem nacional. Rompe com o estilo literáriolusitano, usando períodos curtos e sintéticos, valendo-se de comparações e metáforas. Busca analogias na natureza para descrever as expressões do índio, do qual se utiliza da linguagem, usando vocabulários indígenas. Idealização do índio e sua colocação como herói nacional, alçando-o a um dos pilares – junto com os europeus – de formação do povo brasileiro. O índio de Alencar possui características de um herói clássico. José de Alencar Romance histórico ambientado no passado colonial buscando representar a formação da nação como povo. Dá início aos romances regionalistas na literatura brasileira, onde retrata a condição do país da forma mais pura, no mundo rural. Idealização da realidade humana e social do país, passando ao largo dos problemas sociais. Os romances urbanos idealizam a própria sociedade. Introdução de novidades temáticas,. Como seus “perfis femininos”, nas quais apresenta análises psicológicas mais desenvolvidas e mistura as questões financeiras aos relacionamentos amorosos. O drama das personagens liga-se às questões da organização social em seus romances urbanos. Ex: Lucíola, a prostituta que se apaixona - um amor impossível frente à diferença dos grupos sociais; e Senhora - o casamento por interesse -, são bons exemplos. Romances indianistas Iracema- descoberta da vida selvagem pelo branco colonizador O Guarani- encontro das raças, mito da formação do povo brasileiro Ubirajara – romance anterior à chegada dos portugueses – retrata o índio em seu meio natural Romances Urbanos - atenção aos estados psicológicos e a fina ironia. Cinco minutos, 1856 A viuvinha, 1857 Lucíola, 1852 Diva, 1854 A pata da gazela, 1870 Sonhos D’ouro, 1872 Senhora, 1875 Encarnação, 1887 Lucíola Lucíola conta a história de Lúcia e Paulo. Lúcia é uma prostituta de luxo no Rio de janeiro em 1855 e Paulo um rapaz do interior que veio para a Corte conhecê-la (a Corte). Paulo conhece Lúcia e se torna seu amante. Após vários distúrbios do relacionamento e um período onde Paulo passava 8 horas por semana (não, eu não escrevi errado) fora da casa de Lúcia, eles entram num período de abstinência. Paulo não é rico, mas gasta com Lúcia tudo o que pode, desperdiçando sua pequena fortuna. Lúcia, enquanto isto, guarda todo dinheiro que ganha. Quando Paulo vê Lúcia com jacinto, sente ciúmes, mas ela diz ser Jacinto apenas um negociante (Jacinto é um gigolô). Lucíola Lúcia vende a casa e vai morar em uma menor e menos luxuosa. Conta para Paulo sua origem: seu nome é Maria da Glória e, quando em 1850 houve um surto de febre amarela, toda sua família caiu doente, de seu pai a sua irmã Ana. Ela se prostituiu (para Couto, um homem que a persegue e a quem ela despreza por toda história) num momento de desespero e seu pai a expulsou de casa quando descobriu (ela tinha 14 anos). Ela fingiu sua própria morte quando sua amiga Lúcia morreu e assumiu seu nome. Nestes tempos Paulo visita-a sempre e eles tem uma noite de amor. Lúcia engravida, mas adoece ("meu corpo não é puro"), confessa seu amor por Paulo e, recusando-se a abortar, morre. Sua irmã Ana, a única sobrevivente após 5 anos, que estava morando com ela, passa a ser como uma filha para Paulo (mas antes Lúcia havia pedido que Paulo casar com com ela. Paulo não o fez. A história acaba com Paulo triste e Ana casada, 6 anos depois da morte de Lúcia. Lucíola Neste livro, Alencar consegue o impossível: cria uma prostitua que cabe perfeitamente no molde da heroína romântica: tem o amor idealizado, é adolescente, fala francês, cose, é bondosa e até mesmo pura (na alma, não no corpo). O ambiente também é idealizado: festas luxuosas e presentes caríssimos ao invés do vício e da miséria; um Paulo carinhoso e disposto ao celibato; amantes que duram meses e não clientes de uma única noite. E sobretudo o amor idealizado: Lúcia não se permite amar até o fim da vida, e quando o admite declara-se pertencente a Paulo. Obrigada
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