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Curso Constelação Familiar Sistêmica Olá! Seja bem vindo (a) ao curso de Constelação Familiar Sistêmica. Este curso é dirigido a todos os interessados e aprendizes que buscam informação sobre o trabalho com as constelações familiares. Ao mesmo tempo, reproduz o que se pode dizer até agora, a partir da prática das constelações, sobre a nossa vida nas relações familiares. A incorporação de novos recursos terapêuticos pode contribuir para a ampliação da eficácia das terapias corporais. As constelações sistêmicas são uma abordagem terapêutica desenvolvida por Bert Hellinger que, por sua característica essencialmente vivencial e fortemente referenciada em sensações corporais, pode ser empregada em associação ou complementação á abordagem das psicoterapias corporais. Este curso busca através de um profundo conhecimento teórico, vídeos e técnicas explicativas, preparar o aluno a aprofundar seu conhecimento sobre constelações familiares sistêmicas. Bom curso! Caro (a) aluno (a), neste primeiro módulo você entrará em contato com a teoria da Constelação Familiar Sistêmica, ou seja, conhecerá sua origem, seu criador, em que a prática da constelação familiar se fundamenta e seus princípios norteadores. Atenção, leia tudo atentamente e só avance seu estudo se estiver dominado a leitura anterior. Não tenha pressa! Bom estudo! Módulo 1- Conceitos básicos Caro (a) aluno (a), neste primeiro módulo você entrará em contato com a teoria da Constelação Familiar Sistêmica, ou seja, conhecerá sua origem, seu criador, em que a prática da constelação familiar se fundamenta e seus princípios norteadores. Atenção, leia tudo atentamente e só avance seu estudo se estiver dominado a leitura anterior. Não tenha pressa! Bom estudo! Introdução Embora a Constelação familiar sistêmica seja uma técnica muito difundida pela Europa, é uma técnica pouco conhecida no Brasil. Como veremos a nos aprofundar no decorrer do curso, esta teoria, visa solucionar problemas no âmbito familiar, dos relacionamentos de casais, doenças e negócios, na medida em que se coloca o problema num contexto sistêmico, ou seja, dentro do contexto familiar e de relacionamento do cliente. O método das constelações familiares segundo Bert Hellinger teve um grande desenvolvimento desde o seu início. Num tempo surpreendentemente curto ele atingiu um grande número de pessoas, que esperam conseguir, com a ajuda desse método e de sua visão dos contextos anímicos, uma solução para os seus problemas. Muitos psicoterapeutas e aconselhadores, em numerosos campos de trabalho social e psicológico, e com as mais diversas formações, oferecem atualmente constelações em grupos (ideia original deste trabalho) ou em sessões individuais, que geralmente é destinado para pessoas que não gostariam de colocar seu tema no grupo, um caminho para a abordagem do seu problema. No Grupo: O cliente ou constelado traz para o constelador, facilitador ou ajudante (como é denominado no meio) o seu problema de uma forma bem simples e concreta, num geral em uma frase. Desse tema, ou problema, o constelador define com quantas pessoas a constelação iniciará e assim, pede ao constelado que escolha dentre os participantes do grupo quantas pessoas forem necessárias e o cliente posiciona assim essas pessoas umas em relação às outras dentro do "campo" da constelação. E depois disso, apenas se senta e observa. Dos movimentos dos participantes, inicia-se a montagem da constelação até o ponto que não falte nenhum membro do sistema familiar ou que de um momento para outro apareça o fato decisivo que se necessite para a solução do problema apresentado. Bert Hellinger ressalta que junto com o problema, o cliente traz com ele a solução, e só dessa forma o constelador pode, com todo o respeito e humildade, encontrar a ordem que estava quebrada naquele sistema. No atendimento Individual: São utilizados bonecos ou superfícies de projeção e os mesmos são posicionados uns em relação aos outros da mesma forma que no grupo. São também utilizadas frases de reconhecimento dos fatos ocorridos. Muitas vezes chamadas de Injunções e Contra-Injunções (Quebra Encanto!) Thais Almeida Realce Bert Hellinger Como já foi dito, a Constelação familiar é um trabalho filosófico e terapêutico desenvolvido pelo pedagogo alemão Bert Hellinger. Considerado um dos psicoterapeutas contemporâneos mais inovadores em trabalhos com indivíduos, casais e família. Bert Hellinger nasceu em 1925, estudou filosofia, teologia e pedagogia. Sua formação religiosa levou-o a ingressar em uma ordem religiosa católica. Mais tarde, trabalhou como missionário na África do Sul. No início dos anos 70, deixou a ordem católica dedicando-se então a psicoterapia. Inicialmente, a própria pessoa de Bert Hellinger nos fascina. Muitos experimentaram pessoalmente a sua ajuda em suas necessidades. Vivenciam nele força e sabedoria, uma profunda sensibilidade para as dinâmicas e leis dos relacionamentos, bem como para os efeitos anímicos da ação, seu desassombro na investigação dos destinos humanos e sua coragem em expor-se, com as possibilidades e os limites de sua atuação. Todavia, a atuação da pessoa de Bert Hellinger não basta para se explicar a rápida difusão das constelações familiares. O que nos foi proporcionado Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce através de sua pessoa e de seu trabalho revelou-se imediatamente como verdadeiro e útil, pela experiência interior, a muitas pessoas, tanto a clientes em suas necessidades quanto a terapeutas em seu trabalho. O trabalho de uma linhagem de filósofos e terapeutas influenciou e motivou Bert Hellinger a avançar nas suas percepções e insights acerca de forças misteriosas que ligam grupos de seres humanos. Esta linhagem inclui Edmund Hursserl, o pai da fenomenologia, Levy Moreno, criador do psicodrama, Virginia Satir, que desenvolveu as esculturas familiares, percussora das Constelações sistêmicas e o biológo britânico Rupert Sheldrake, formulador da teoria da evolução dos campos “morfogenéticos”. Thais Almeida Realce Como surge a constelação sistêmica Em primeiro lugar, a teoria sistêmica desenvolvida pelos terapeutas familiares no fim da segunda metade do século XX e que fornece a base teórica para entender as dinâmicas que emergem nas constelações. Ela reconhece que todos os elementos dentro de um sistema, como os membros de uma família são interdependentes e interativos. Cada indivíduos tem papéis específicos e desenvolve o seu próprio modo de relacionamento de cada um dos outros indivíduos. Isto torna-se muito claro através desta frase simples: “os pais são os pais e as crianças são crianças”. O segundo aspecto é a técnica que consiste em usar representantes, primeiro para representar os membros da família e mais tarde para representar elementos de sistemas maiores e inclusivamente conceitos a exemplo do psicodrama de Levy Moreno, que foi desenvolvido nas décadas de 1920 e 1930. A conjugação destes dois primeiros aspectos foi inicialmente utilizada por Virgínia Sartir na década de 1960 através do processo de esculturas familiares. Esta Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce representação tridimensional das dinâmicas familiares demonstrou ser muito poderosa para descobrir e clarificar dinâmicas ocultas do sistema. A fenomenologia é o terceiro aspecto. Em termos gerais, trata-se de uma técnica que reconhece o que é sem opiniões preconcebidas e pré-julgadas. Bert Hellinger foi o responsável da introdução deste terceiro aspectocriando um novo método composto pelos três. A agregação da fenomenologia deu-nos uma forma de perceber, com maior profundidade, as dinâmicas sistêmicas, permitindo o aparecimento de imagens interiores surpreendentes. O que é Constelação sistêmica? É um método que trás a luz os sistemas familiares e seus emaranhamentos, que podem ser causadores de muitas doenças, dificuldades, fracassos, depressões, etc. , na vida das pessoas. Quando membros de uma geração de família deixam situações por resolver, membros das gerações posteriores podem, inconscientemente, assumir a Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce responsabilidade de reestabelecer a “ordem” nesta família, trazendo à tona problemas e/ou dificuldades pelos quais não são responsáveis. Muitas vezes assumimos encargos provenientes de nossa família e satisfazemos expectativas que são estranhas a nós mesmos. Elas nos conduzem a um comportamento desnecessário e incompreensível. Através da constelação familiar, podemos trazer a luz tal comportamento e elucida-lo. Cada um tem um lugar seguro “ A maneira como Zulus o fazem é enterrando os mortos e logo, ao cabo de um ano, os falecidos são bem vindos de regresso ao lar através de um ritual. Os membros da família pegam num ramo e imaginam que o antepassado está sentado sobre o ramo, este é arrastado para o interior da casa. Uma certa parte de choça é reservada para os antepassados e é onde os mortos têm o seu lugar. O seu lugar é sempre onde se encontra a cerveja. Quando alguém toma uma cerveja, ele ou ela dá umas poucas gotas aos antepassados .” Bert Hellinger e Gabriele ten Hovel Ideias de Hellinger que ressoem com as tradições ancestrais africanas O reconhecimento que os pais biológicos são importantes no sistema familiar, ainda que eles não tenham tido nenhuma outra relação com seus filhos. A idéia de que muitas gerações de antepassados são sentidas como um recurso e fonte de energia. Isto inclui o reconhecimento que os nossos antepassados e a nossa família estão profundamente conectados tanto com bem como a doença. A compreensão de que o indivíduo é parte integrante da sua família e da sua linhagem ancestral. Esta ideia se reflete em muitas culturas, incluindo a dos Maoris da nova Zelândia que falam da sua linguagem ancestral como o “Whakapapa”. O alinhamento em termos da ordem na família_ quem chega primeiro, a linhagem geracional e a continuidade da arvore familiar, incluindo quem ainda poderia estar causando problemas, até ser reconhecido. Thais Almeida Realce A importância do efeito da parte excluída ou dos assuntos da vida familiar ou pessoal, seja consciente ou inconscientemente. Curando usando símbolos e rituais e conectando com os mortos. Honrando os mais velhos é o lugar certo dos mortos. O que acontece nas constelações familiares? Que experiências e percepções estão associadas a esse método, às vezes tecnicamente denominado “sistêmico- fenomenológico”? O que precisamos saber sobre o conteúdo básico desse método, sobre os processos que vinculam e que soltam nos sistemas de relacionamento, sobre a consciência, a alma, o destino, o emaranhamento e a aceitação liberadora, se queremos compreender, ou também aprender e praticar constelações familiares? Que valor têm as “ordens do amor” para o êxito dos relacionamentos? Como se harmonizam nas constelações a ordem e os movimentos na alma? A que domínios do aconselhamento e da psicoterapia pode ser aplicada a constelação familiar e quais são os seus efeitos? Em que sentido o método das constelações familiares pode ser entendido como fenomenológico e sistêmico? E como podemos explicar a “percepção representativa”, que é a chave para a compreensão das constelações familiares? O que há de extraordinário nas constelações familiares é primeiramente o próprio método. É singular e fascinante observar, quando um cliente coloca em cena pessoas estranhas para representar seus familiares em suas relações recíprocas, como essas pessoas, sem prévias informações, vivenciam sentimentos e usam palavras semelhantes às deles e, eventualmente, até mesmo reproduzem os seus sintomas. Quando os representantes são instados a expressar em movimentos o que sentem, eles frequentemente exprimem uma dinâmica da alma que revela destinos ocultos, que o próprio cliente desconhecia. Algumas vezes, o que os representantes sentiram só fica claro para o cliente depois que ele se informa com sua família. Mesmo quando os representantes não estão totalmente presentes, quando estão envolvidos com seus próprios problemas ou, por consideração, não ousam exprimir adequadamente o que sentem em seus papéis, podemos geralmente confiar neles. A surpresa do cliente, seus gestos de confirmação, o saber interior, o alívio e a abertura liberadora para modificações, o seu assentimento e, finalmente, os efeitos produzidos no cliente e em sua família são, em última análise, critérios para comprovar que os representantes sentiram corretamente. Campos Morfogenéticos A teoria dos campos morfogenéticos pode explicar como se passa a “influência” do passado familiar para o descendente. Segundo a teoria, informações vividas por membros da mesma espécie ficam armazenadas em um campo invisível, o campo mórfico, e o conteúdo destas experiências ficam acessíveis posteriormente para membros da espécie, não importando o tempo do evento ou se houve ou não contato entre os membros. O aprendizado e a influência vem pelo campo mórfico, e não pelo convívio e contato “pessoal”. O mundialmente famoso biólogo, Rupert Sheldrake, explica o que é o campo morfogenético. Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro explica que, o conceito de sistema se aplica perfeitamente no campo macro-cósmico. A conceituação de uma explosão inicial que originou o Universo de hoje, no qual tudo que existe está entrelaçado em um relacionamento sistêmico. Segundo os cosmólogos atuais, a expansão do Universo poderá continuar indefinidamente se a densidade das massas forem baixas. Mas, se a energia gravitacional for de um nível intenso, a expansão parará até chegar num "big crunch", que será o início da terrível concentração de massa que termina com um novo Big Bang. Nas Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce constelações siderais, cada estrela é um vórtice de energia que faz parte de um sistema energético, que abrange todas as estrelas da constelação sideral. Voltando à constelação familiar, a pessoa que coordena o processo solicita que cada um se deixe levar pelos seus sentimentos e faça aquilo que achar adequado. Depois desse momento, cada um dos representantes pode expressar sentimentos, às vezes de muita intensidade e que sabe estar relacionados com o problema que está sendo focalizado. Muitas vezes, os representantes falam ou tomam expressões emocionais que eles sabem que não são deles mesmos. Muitas vezes surgem falas que são de pessoas já falecidas (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Tendo assistido por várias vezes a processos de constelação, eu me perguntei como pode acontecer que num processo aqui e agora participem pessoas já falecidas. A resposta que surgiu é que, no processo de constelação entram energias virtuais (por serem muito sutis) que determinam os efeitos e emoções e falas alheias ao representante. Essas energias virtuais são consideradas por Rupert Sheldrake como Campos Morfogenéticos (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Eu posso dizer que Campo Morfogenético, na biologia, é constituído por uma energia que age para dar forma a um ser vivo dentro de um processo de evolução, num espaço de tempo determinado. Pondo o conceito nas palavras de Sheldrake, "Os campos morfogenéticos são 'estruturas de probabilidade', nas quais as influências dos tipos passados mais comuns se combinam para aumentara probabilidade de repetição destes tipos" Mais à frente, no seu livro "A Presença do Passado", Sheldrake afirma que "Os campos morfogenéticos de qualquer organismo vivo particular, digamos, de um girassol, são moldados pelas influências das gerações precedentes de girassóis. A ressonância mórfica não permite, contudo, explicar como é que aparecem os primeiros campos deste tipo (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Dentro do âmbito da evolução biológica, os campos de girassóis estão ligados, de maneira estreita, aos campos de outras espécies aparentadas, tais como as alcachofras de Jerusalém descendem, sem dúvida, dos campos de uma longa linhagem de espécies ancestrais. Mas a hipótese da causalidade formativa não permite responder à questão de saber como é que os campos do gênero girassol, ou da família compositae, de que é membro, ou das primeiras células, surgiram. E uma Thais Almeida Realce questão de origem, de criatividade. " (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Outro conceito importante para Sheldrake é o da ressonância morfogenética. A ressonância em música é o melhor exemplo que eu conheço para verbalizar esse fenômeno. Quando temos um instrumento musical, por exemplo, um violão, e se pulsa uma corda afinada em uma determinada nota, outra corda do violão afinada na mesma nota vai entrar em vibração sem ser pulsada. De acordo com Sheldrake, a ressonância mórfica implica uma espécie de ação à distância no espaço e no tempo. No campo morfogenético o passado influi no presente. Os ancestrais influem na geração atual por um efeito de ressonância. O ancestral influi na geração atual porque há semelhança entre as duas gerações. No caso de pessoas entre o ancestral e a geração atual podemos observar a repetição de comportamentos do ancestral do passado. Poderíamos dizer: a história se repete (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). A afirmação de Rupert de que os ancestrais influenciam comportamentos semelhantes aos deles em outras gerações posteriores, é uma afirmação plausível que explica comportamentos de tataravós que aparecem em tataranetos, e isso pode ser presenciado em muitos processos de constelações."A ressonância mórfica dos Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce padrões de atividade de organismos passados semelhantes e a auto- ressonância de um organismo podem ser percebidos como aspectos semelhantes do mesmo processo. Ambas implicam relações causais formativas através do espaço e do tempo. A auto- ressonância estabiliza, pela sua alta especificidade, o padrão de atividade característico de um organismo, ao passo que a semelhança com organismos passados semelhantes estabiliza a estrutura de probabilidade geral do campo." (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Para Sheldrake, a forma dos seres vivos é função dos campos morfogenéticos e da ressonância mórfica, mas ele não se limita ao aspecto físico dos seres vivos, ele também considera que os comportamentos também são função da ancestralidade. Nas palavras de Sheldrake: "(...) A forma e o comportamento dos organismos não são, simplesmente, os produtos de interações mecânicas no seio do organismo, ou entre o organismo e o seu ambiente imediato; dependem, também, dos campos com os quais o organismo está sintonizado. " (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Além do conceito da biologia, da física, Sheldrake examina também conceitos psicológicos. Thais Almeida Realce "A noção de hábito também foi explorada na biologia. Os organismos vivos parecem conter uma espécie de memória. O desenvolvimento dos embriões presentes não passa, de fato, de uma repetição do dos seus antepassados. Os animais possuem instintos que parecem encarnar experiências ancestrais. Todos os animais são, por outro lado, capazes de aprendizagem; desenvolvem hábitos que lhe são próprios. Samuel Butler demonstrou esta questão com uma clareza admirável, há cerca de cem anos. A memória, conclui, em Life and Habit, é a característica fundamental da vida: 'A vida é essa propriedade da matéria que lhe permite lembrar- se - a matéria capaz de se lembrar está viva. A matéria incapaz de se lembrar, está morta (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Dois anos mais tarde, em Unconsious Memory , foi mais longe: 'não consigo imaginar uma matéria totalmente desprovida de memória, uma matéria que não esteja viva face ao que consegue recordar...não vejo como uma ação, seja ela qual for, seria concebível sem supor que cada átomo conserva a lembrança de determinados antecedentes'. Durante o desenvolvimento, os embriões passam por fases que lembram as formas embrionárias de tipos ancestrais distantes; o desenvolvimento de um organismo individual parece, de uma certa maneira, ligado ao conjunto do processo evolutivo que lhe deu origem. Os embriões humanos, por exemplo, passam Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce por uma fase tipo peixe, com fendas branquiais. Butler via nisto uma manifestação da memória que o organismo tem da sua historia anterior. 'O pequeno óvulo, sem lembrança potencial de tudo o que aconteceu a cada um dos seus antepassados. " (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). A afirmação, já clássica, que a ontogênese reproduz a filogênese têm sido demonstrada pela observação de embriões humanos em diferentes fases de evolução. Essa evolução, que parte de duas células e que evoluindo chega a ser um ser humano completo, é a confirmação da afirmação clássica. Sheldrake se interessou pelas leis físicas e pela sua imutabilidade; as leis são universais e imutáveis, mas também podemos encarar as leis como mutáveis porque pertencem a um Universo em evolução. Por um lado, a vida humana é muito curta, demais, em comparação a processos cósmicos; ou seja, 100 anos, que é a duração possível de um ser humano, não permitem perceber se houve uma mudança em um plano cósmico (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Por um lado, a luz que chega a nós, do sol, nos mostra o sol oito minutos antes. Quando se tratam de estrelas próximas, estamos vendo a estrela como era há um ano e quatro meses atrás. Quando pensamos em galáxias distantes, a luz que chega a nós destas galáxias demorou muitos milhões de anos para chegar. A opção pela imutabilidade ou pela relatividade das leis é uma opção filosófica. Mas nem por isso Sheldrake deixou de examinar a contribuição dos antigos matemáticos e filósofos para entender melhor sobre as leis. Escolheu Pitágoras, pela suas enormes contribuições à matemática, à geometria e à música (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Pitágoras, "Tal como outros investigadores gregos, lançava os olhares para além do mundo em mudança da experiência cotidiana, em direção ao divino que, para eles, era concebido como o que não tinha começo, nem fim. Descobriram este princípio nos números. Os números eram divinos e constituíam os princípios imutáveis subjacentes ao mundo em mudança da experiência. Eram os símbolos da ordem, os indicadores de posição, os determinantes da extensão espacial, assim como - pelas suas relações e proporções - os princípios da lei natural. Conta-se que o próprio Pitágoras se encontra na origem da descoberta das leis numéricas da harmonia. As propriedades das cordas tensas são tais que a relação de comprimentos 1:2 dá a oitava; a relação 3:2, a quinta, e 4:3, a quarta." 9 Peso seis em relação ao peso doze dá a oitava. O peso nove em relação ao peso 12 dá a terça. E o peso 8 em relação ao peso 12 dá a quinta (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). A Pitágoras se credita a fundamentação da escala diatónica (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si). Pitágoras, durante muito tempo, ponderou acerca das leis que governam a consonância e a dissonância. Diz a lenda que um dia, enquantomeditava sobre o problema da harmonia, Pitágoras passou em frente a uma oficina de ferreiro onde trabalhadores estavam martelando um pedaço de metal sobre uma bigorna. Ao notar as variações entre os sons feitos pelos martelos grandes e daqueles feitos por instrumentos menores e ao estimar cuidadosamente as harmonias e discordâncias resultantes das combinações desses sons, ele obteve a primeira chave para os intervalos musicais da escala diatónica. Ele entrou na oficina e depois de examinar com cuidado as ferramentas e estimar mentalmente seus pesos, ele regressou à sua casa e construiu um braço de madeira. Em intervalos regulares, ele anexou quatro cordas, todas do mesmo tamanho e composição. Na primeira, ele colocou um peso de doze libras. Na segunda, um de nove libras, na terceira, um de oito e na quarta, um de seis, que correspondiam aos pesos dos martelos. Pitágoras então descobriu as razões harmônicas correspondentes a esses pesos, revelando os intervalos da oitava, da quinta e da terça (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Para Pitágoras, a música era uma das dependências da ciência divina da matemática e suas harmonias eram controladas inflexivelmente pelas proporções matemáticas. Tendo estabelecido a música como uma ciência exata, Pitágoras aplicou sua nova lei de intervalos harmônicos a todos os fenômenos naturais, mesmo indo tão longe quanto a demonstração da relação harmônica entre os planetas, constelações e elementos. Um exemplo notável da confirmação moderna da filosofia antiga de ensinar é que a série dos elementos ordenados pelo peso atômico obedece a essa lei de razão harmônica. Enquanto fazia uma lista dos elementos em ordem ascendente de seus pesos atômicos, John A. Newlands descobriu que, a cada oito elementos, ocorre uma repetição distinta de propriedades. Essa descoberta é conhecida como a lei das oitavas na química moderna (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Uma vez que insistiam que a harmonia deve ser determinada não pelas percepções sensoriais, mas pela razão e pela matemática, os pitagóricos se autodenominavam Canónicos, como uma distinção dos músicos da Escola Harmônica, que afirmavam que o gosto e o instinto deveriam ser os verdadeiros princípios normativos da harmonia (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Reconhecendo, entretanto, o profundo efeito da música sobre os sentidos e as emoções, Pitágoras não hesitou em estudar a influência da música sobre o corpo e a mente com o que ele chamou de "medicina musical". Pitágoras tinha tamanha preferência pelos instrumentos de corda que chegou a alertar seus discípulos para que não permitissem que seus ouvidos fossem corrompidos pelos sons das flautas ou dos cimbais. Ele ainda declarou que a alma poderia ser purificada das suas influências irracionais através de canções solenes cantadas com acompanhamento da lira (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Em sua investigação do valor terapêutico dos harmônicos, Pitágoras descobriu que os sete modos - ou chaves - do sistema musical grego tinham o poder de incitar ou apaziguar as várias emoções. Conta-se que enquanto observava as estrelas, numa noite, ele encontrou um jovem entorpecido por alguma bebida forte e, tomado pelo ciúme, estava empilhando lenha na porta de sua noiva, com a intenção de provocar um incêndio na casa. O frenesi do jovem estava sendo atiçado por um flautista não muito distante dali, que estava tocando um tom no irritante modo Frígio (Phrygian). Pitágoras induziu o músico a mudar o sopro para o lento modo rítmico Espondíaco (Spondaic), o que fez com que o jovem intoxicado se recompusesse imediatamente e, recolhendo as toras de madeira, retornou silenciosamente para seu próprio lar (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Há também o caso de como Empédocles, um discípulo de Pitágoras, por mudar rapidamente o modo de uma composição musical que estava tocando para outra, salvou a vida de seu hóspede, Anchitus, quando este foi mortalmente ferido pela espada de um homem cujo pai ele havia condenado à execução pública. Também é sabido que Esculapius, o famoso médico grego, curou ciática e outras doenças nevrálgicas tocando um trompete na presença do paciente. Pitágoras curou muitos males do espírito, alma e corpo por tocar determinadas músicas especialmente preparadas na presença do doente ou por recitar pequenas seleções de poesias da autoria de mestres como Hesíodo e Homero. Na sua universidade em Cróton, era de costume para os pitagóricos abrirem e fecharem cada dia com canções, sendo que as reservadas para a manhã eram calculadas para clarear a mente do sono e inspirar as atividades do dia que começava; e as do final da tarde para conduzir ao descanso, através de um modo suave e relaxante. No equinócio vernal, Pitágoras fazia seus discípulos sentarem-se em círculo, ao redor de um deles que cantasse tocando lira como acompanhamento (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). A música terapêutica de Pitágoras é descrita por Iamblicus da seguinte forma: "E havia certas melodias (devidas) como remédio contra as paixões da alma e também contra as lamentações e melancolias, que Pitágoras inventou como coisas que serviam de enorme assistência para esses males. E novamente ele empregou outras melodias contra a fúria e a raiva, e contra todas as aberrações da alma. Havia também outro, de modulação inventada, como um remédio contra os desejos " Devemos salientar a genialidade de Pitágoras, que há vinte e seis séculos no passado conseguiu estabelecer de forma muito clara a relação entre música e saúde, saúde física e psicológica. Foi necessário um intervalo de vinte e cinco séculos para que a medicina musical de Pitágoras se transformasse em musicoterapia (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). As hipóteses de Rupert Sheldrake que pudemos apresentar neste artigo constituem uma lição avançada que produz uma reviravolta nas posições dos cientistas da biologia, da psicologia e da física. São hipóteses altamente criativas e que seduzem pela possibilidade de explicar, cientificamente, fenômenos que até agora se configuravam como parapsicologia (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). Terminada a exposição dos aspectos mais importantes das postulações de Rupert Sheldrake, podemos afirmar que o Campo Morfogenético se constitui na mais Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce Thais Almeida Realce recente postulação psicossomática que eu conheço. Quando Sheldrake afirma que a energia do Campo Morfogenético age de ancestrais até os mais novos representantes de uma família biológica e que pela ressonância morfonegética, essa energia reforça as modificações físicas e psicológicas dos seres humanos, podemos entender o que acontece com crianças de dois, três, quatro anos, que demonstram uma habilidade verbal e motora muito mais diferenciada do que os pais quando tinham essa idade. A facilidade com que nossas crianças, de hoje, dominam brinquedos eletrônicos e até computadores e a utilização de uma linguagem muito diferenciada, no que se refere a domínio dos significados das palavras e dos sentidos de frases. Essa facilidade pode ser atribuída à existência do campo morfogenético e à respectiva ressonância (Efraim R. Bocallandro E Irene Cardotti Bocalandro). É conhecida a imagem da Gestalt constituída por um vaso e dois perfis. Vamos supor que os perfis fossem psquismo e o vaso seja o corpo, o soma, há pessoas que vêem só os perfis e outras que vêem só o vaso. Levando a analogia para o campo morfogenético, ele agiria simultaneamente sobre o vaso e os perfis e se alguém pudesse enxergar a figura dessa maneira, veria, de forma psicossomática, o ser humano, ou seja, psique e corpo, uma unidade indissociável (Efraim R. Bocallandro E Irene CardottiBocalandro). A dimensão anímica Ânima = alma espiritual Princípio movente que confere força, vida e dinamismo ao soma. Vida além da morte. Reencarnação Ressureição As constelações familiares tocam em nossa alma. “Numa constelação, foram colocados um homem e seus pais. A mãe era uma índia, o pai um industrial brasileiro, que tinha casado várias vezes. Quando o menino tinha dois anos de idade, o pai expulsou a mãe, que nunca mais pôde ver o filho e morreu depois de algum tempo. Na constelação, o pai e o filho se postavam totalmente rígidos. Apenas a mãe, colocada à parte, olhava para seu filho e começou a chorar com uma voz profunda e clara”. Essa simples cena foi tão tocante que boa parte dos assistentes sentados em volta começou também a chorar. Todos sentiram imediatamente a dor e a saudade de uma mãe de quem foi tomado o filho, contra a sua vontade. E todos puderam perceber como o filho estava totalmente rígido, dividido entre a saudade de sua mãe e um sentimento de defesa e resistência - pois como poderia saber o que realmente aconteceu? Sentia-se abandonado pela mãe, com a necessidade de permanecer fiel ao pai e o desejo de continuar a amá-lo. A esposa do cliente, que estava presente, sentiu o impulso de entrar em cena para abraçar a mãe de seu marido. Inconscientemente ela sempre percebera o que faltara ao marido, principalmente enquanto criança. Apesar de todas as dificuldades no casamento, ela sempre procurou, em seu amor, substituir essa sogra que não conhecera. Em cenas simples, com poucas palavras ou mesmo em silêncio, entramos em contato nas constelações com processos humanos fundamentais e geralmente os compreendemos logo, com um profundo saber interior. Nas constelações quase nada precisa ser esclarecido, nada se discute ou se contradiz. Raramente se analisa alguma coisa. Chega-se bem depressa a algo essencial. Para isso não é preciso aprender nenhum jargão psicológico. Poucas informações importantes são necessárias. Nada se estende demasiado. Ocorrências e destinos significativos tomam-se completamente presentes, para além do espaço e do tempo. Vivenciamos imediatamente o que chamamos de “alma humana”. Talvez possamos mesmo dizer: com a constelação familiar, a psicologia e o aconselhamento encontraram-se de novo e totalmente com a alma. A alma e o sistema de relações Nos grupos a que pertencemos estamos interligados na alma, de uma forma que ultrapassa a transmissão consciente de informações, a comunicação, o comportamento e os sentimentos individuais. Na alma participamos de algo que confere individualidade a cada grupo particular, a cada família, a cada empresa, a cada círculo de amigos. Nas constelações familiares podemos perceber e “ver” a alma, essa força que une. Muitos se surpreendem muito ao sentirem, durante uma constelação esse vínculo ao contexto profundo da família. A ideia de que, numa família, acontecimentos e destinos se comunicam através de gerações, mesmo quando nada disso nos foi contado, causa inicialmente estranheza nesta época da informação, que se julga esclarecida. O fato de continuarmos vinculados à nossa família e aos nossos relacionamentos, mesmo que tenhamos interrompido os contatos, não nos importemos mais com a grande família e mudemos constantemente as nossas relações é algo que contradiz nossa concepção de individualidade e de autonomia. Muitos, porém, percebem, como por instinto, que seus relacionamentos continuam a atuar, mesmo depois de terminados, e que eles próprios permanecem vinculados a acontecimentos importantes em sua família, embora tenham acontecido num passado remoto. As constelações familiares permitem que voltemos a sentir-nos como seres relacionais. Elas fazem valer a dimensão sistêmica e histórica de nossa existência, de uma forma que às vezes parece arcaica ou mesmo mágica. O destino Chamamos de “destino” as forças que, a partir do passado, vinculam-nos necessariamente aos efeitos, bons ou maus, de acontecimentos. Esses efeitos nos são “destinados”, independentemente de nossa vontade. Por outro lado estamos sujeitos a uma “sorte”, isto é, a acontecimentos que nos atingem casualmente, sem que possamos escapar. Não temos nenhuma possibilidade de interferir retroativamente naquilo que nos atinge por acaso ou como efeito necessário de um passado. Apenas no que toca ao futuro dispomos de uma certa liberdade de ação, na medida em que lidamos com o destino e podemos abrir-nos a mudanças. As forças do destino, tais como as encontramos nas notícias dos jornais, na literatura, nos filmes e na televisão nos aparecem nas constelações como uma história pessoal. Vivenciamos dolorosamente quão pouco livres nós somos e percebemos que, sem o nosso conhecimento ou vontade, revivemos, numa espécie de repetição compulsiva, destinos passados, ocorrências funestas e problemas existenciais não resolvidos. As constelações mostram-se particularmente eficazes quando sentimos estar revivendo, sem necessidade própria, necessidades passadas e não pacificadas de outras pessoas, como se através dessa repetição algo pudesse ser reparado e ficar em paz. A constelação familiar voltou a abrir, no contexto da psicoterapia, um espaço maior à dimensão do destino. As grandes forças da alma, que vão muito além de nossa vontade e de nossas opiniões e que interferem em nossa vida, emergem de uma espécie de inconsciente coletivo e podem ser encaradas, honradas e acessadas num processo de abertura para algo novo. A avó que morreu no parto; a filha cuja verdadeira origem a mãe ocultou do marido; o primeiro marido da mãe, morto na guerra; o desertor fuzilado pelo pai; a avó, com seus numerosos abortos; o médico, com seus erros profissionais; a emigração do primeiro marido da avó; a própria vida numa cultura estrangeira... - tudo isso são ocorrências ligadas ao destino que afetam, em muito, as gerações subsequentes. Em face de grandes embates políticos, sociais e militares, sentimos instintivamente o mesmo que disse o jornalista belga sobre a guerra colonial no Congo: “Quantas gerações isso vai durar, até que se cure?” “Emaranhamento” é uma das palavras mágicas que acompanham as constelações familiares. Constitui a matéria das tragédias e também das comédias. Às vezes, as constelações atuam como uma peça de teatro. De forma comprimida, dramas humanos são “encenados", sempre como histórias especiais, referindo-se a determinados destinos familiares. Na antiga Grécia as peças teatrais eram dedicadas a Asclépio, o deus da cura. Quem presenciou Bert Hellinger abordando, diante de grandes públicos, temas relevantes como os destinos dos judeus e dos nazistas, os destinos das guerras europeias ou as situações de guerra civil na América do Sul pode perceber algo da dimensão coletiva da alma e do lado coletivo da cura. A ordem Em sua acepção original, o termo grego therapeuein significava “servir aos deuses”, “inserir-se na ordem dos deuses”. Ainda hoje, embora encaremos a terapia num sentido profano e não mais religioso, algo nos resta desse sentido primitivo. Buscamos conselho ou ajuda terapêutica, para que em nossa alma ou em nossas relações fiquemos novamente “em ordem”. Também as relações humanas se configuram segundo determinadas condições, ordens ou regras, que não podemos alterar ao bel-prazer sem sofrer danos. Nas constelações familiares, as “ordens do amor” desempenham um papel importante. Para muitas pessoas isso soa como uma provocação pois quem pode saber ou, mais ainda, determinar o que está em ordem e o que não está? Entretanto, partimos do pressuposto de que precisamos de certas ordens anímicas para crescer, assim como nosso corpo precisa de determinadas condições para crescer e sobreviver. Nas constelações familiares é possível percebero influxo dessas ordens. Elas nos permitem orientar-nos no meio da complexidade de nossa vida relacional. Para o bom êxito das relações temos múltiplas possibilidades de ação, se bem que não arbitrárias. Quando se desenvolve, a partir de uma constelação, um processo capaz de reparar relacionamentos ou quando o terapeuta, em razão de sua experiência, aponta para ordens que trazem solução, é possível comprovar isso por seus efeitos. As constelações permitem o que a sabedoria proporciona, a saber, associar situações, que sempre são individuais e únicas, a “regras” gerais da alma. Dessa maneira, o particular e o geral podem colaborar no cliente e em seu sistema de relações, no sentido de um processo esclarecedor e ordenador. Então vivenciamos a ordem, embora ela exija algo de nós, como algo liberador e criativo, que pode tirar nossa vida do círculo vicioso de esforços inúteis e mal sucedidos. A reconciliação Conflitos surgem na alma quando forças contrárias nos dividem internamente e em nossas relações, obrigando-nos a lutar ou a reprimir. Então sentimo-nos divididos, dilacerados, indecisos, intranquilos, estressados ou à beira da loucura. A psicoterapia e o aconselhamento, quando buscados como ajuda, operam um trabalho de reconciliação. A principal eficácia e atratividade das constelações familiares reside justamente em sua força de ligação e de reconciliação. Elas recuperam os excluídos para as famílias. Ajudam a reconhecer, em pé de igualdade, todos os que pertencem a um determinado sistema de relações, estejam vivos ou mortos e seja qual for o destino a que estejam sujeitos. As constelações ajudam a reconciliar vítimas e perpetradores, bem como seus familiares, principalmente em casos mais graves, como abuso sexual, estupro, assassinato ou injustiça política. É motivo de constante surpresa vivenciar com que receptividade é acolhido em todo o mundo um método e um trabalho de alma criado por Hellinger, que leva em conta igualmente vítimas e perpetradores, com vistas à sua reconciliação. Quando se trata de amor, justiça, vida e morte, os processos anímicos e os sentimentos profundos são os mesmos em todos os países. Não existe quase nenhum país que não tenha sido assolado por guerras ou onde não existem graves culpas, decorrentes de extermínios, guerras civis ou conflitos sociais. Por toda parte há choques de culturas diferentes, no contexto de migrações, deportações e grandes movimentos de povos. Por toda parte percebe-se um profundo desejo de reconciliação, tranquilidade e paz entre os vivos e com os mortos. Nesse particular, as constelações familiares têm tocado em corações receptivos. Ao mesmo tempo, o trabalho de reconciliação nas constelações permanece ligado aos destinos individuais. Não se proclama a ideia de um mundo pacífico. Permanecemos limitados e vinculados a grupos. Oposições, conflitos, interesses e partidos, luta e guerra fazem parte da realidade. Nas constelações cuida-se principalmente de lidar com conflitos com um coração pacífico. Na culpa ou na inocência, o fato de confiar-nos e confiar outras pessoas, vivas ou mortas, a uma força maior, quer a chamemos de morte, grande alma, evolução, Deus ou por qualquer outro nome, pode levar- nos nas constelações além dos processos terapêuticos e tocar-nos num nível amplo anímico, mental ou espiritual. A Ajuda As constelações familiares, embora sejam eventualmente oferecidas no contexto de uma psicoterapia, não constituem uma psicoterapia no sentido usual. A psicoterapia objetiva curar. Ela busca a dissolução de distúrbios da personalidade e de doenças anímicas, psicossomáticas, traumáticas e psiquiátricas, definidas segundo determinados critérios. Ela acompanha o cliente ou paciente pelo tempo necessário até que o sintoma desapareça e que advenham melhoras, a cura ou até que o cliente não possa mais ser ajudado por vias psicoterapêuticas. Tudo isso pode acontecer nas constelações familiares, como um efeito colateral, de acordo com a formação anterior e a habilitação legal do terapeuta. Nada disso, porém, é o seu objetivo imediato. As constelações familiares podem ser quase comparadas a uma “profecia” ou a um “oráculo”. Elas simplesmente trazem à luz a conexão entre um destino e seus efeitos. Elas ajudam a “ver” a realidade uma vida e, se possível, a preenchê-la com amor, sem influenciar o cliente quanto à forma de aplicar isso em sua vida. Os consteladores não fazem acompanhamento ou o fazem apenas em escala reduzida. Não propõem nem verificam tarefas (embora muitos terapeutas que trabalham com constelações o façam). As constelações proporcionam um insight liberador sobre os efeitos do destino, colocam em ordem relações, de uma forma saudável e que estimula o crescimento e proporcionam força, como um efeito indireto, na medida em que as pessoas aprendem a receber sua vida de seus pais e dos seus antepassados. As constelações confiam na capacidade do cliente, em sua responsabilidade e competência para lidar bem com aquilo que vivenciou. Essa forma de encarar a ajuda difere da que prevalece em muitas formas da psicoterapia tradicional. Embora se trate frequentemente de destinos difíceis, essa maneira reservada de ajudar atua com mais leveza. Ela não tem um “cheiro” de psicoterapia. As pessoas se sentem acolhidas tais como são, com suas famílias e suas vidas. Sentem que o amor é uma base de sustentação e não precisam mudar para conseguir mudanças em suas vidas. A responsabilidade individual é respeitada e ninguém precisa justificar-se. As pessoas não entram numa relação terapêutica e nas formalidades de uma psicoterapia convencional. Isso faz bem a muitas pessoas em necessidade, e elas apreciam isso. Para o profissional da ajuda, essa outra maneira de considerá-la significa que só pode ajudar quem assumiu, ele próprio, os seus pais e a sua vida. Só pode ajudar quem renuncia a dar, a quem busca ajuda, mais do que essa pessoa precisa e pode aceitar. Toda ajuda precisa adaptar-se às circunstâncias da vida do ajudado, ao seu destino, à sua determinação pessoal, à sua capacidade e às suas decisões e só pode interferir como apoio, onde e como a dignidade dele o permitir. Quem ajuda precisa naturalmente de capacidade para estar à altura da necessidade em questão. Necessidades pessoais não resolvidas de quem ajuda o seduzem a buscar, na simpatia por fracos e vítimas, a força de que precisa para a sua própria vida. O hábito de ser o “grande” e o “salvador” em sua própria família leva-o à ilusão de que precisa estar à altura dos destinos dos clientes e ser melhor para eles do que os seus pais. Porém a ajuda precisa ser cuidadosamente separada da própria pessoa do terapeuta. A ajuda é totalmente sustentada pelas forças e pelo saber da alma da família do cliente e, para além dela, pela atuação de forças superiores que temos dificuldade em nomear. Dessa forma, a constelação familiar também faz bem a quem ajuda. O que é um sistema? Sistema é um grupo de pessoas ou coisas que permanecem unidos ou vinculados, em função de um interesse comum ou forças que os permeiam. Nascemos dentro de um sistema familiar que existe há muitos anos e onde não sabemos direito o seu histórico. Foram gerações atrás de gerações com muitas histórias, acontecimentos, situações felizes e trágicas. Não temos como falar de constelações familiares sem falar da visão sistêmica. Herdamos, através de nossos pais, toda carga morfogenética (genética da forma física) e não nos damos conta dos padrões das crenças e até mesmo dos “repetecos” de histórias dentro da nossa família. Por exemplo, quando temos algum comportamento como violências, abandonos, dificuldades de relacionamento, depressão, muitas vezes podemos estar identificados como um membro da família que pode ser pai/mãe, avô (a), tio (a), ou mesmo das gerações anteriores, sejam pessoas vivas ou falecidas.Pensamento sistêmico em ação “Descobrir nossa presença é descobrir a chave para a mudança criativa e para o futuro .” Ken Wilber Precisamos renovar valores “ Temos uma profunda tendência para ver as mudanças que precisamos efetuar como estando no mundo exterior, não no nosso mundo interior” Singe Temos dentro de nós o território da mudança Precisa ser mapeado por um outro motivo mais profundo. A aplicação do pensamento sistêmico através das ideias de Senge objetiva mapear a complexidade e as mudanças que são a base do ambiente de negócios, da economia e das ciências e dos sistemas sociais. As teorias mudam, as evidências não. Optando por uma direção Pensar sistemicamente é ansiar por uma mudança de mentalidade, isso requer: Participação ativa, Inteligência coletiva e compartilhamento de visão. E pensar... As características do pensamento sistêmico ● Das partes para o todo ● Dos objetos para os relacionamentos ● Das hierarquias para as redes ● Da causalidade linear para a circularidade ● Da estrutura para o processo ● Da metáfora mecânica para a metáfora do organismo e vivo e outras não mecânicas ! Do conhecimento objetivo para o conhecimento contextual e epistêmico ● Da verdade para as descrições aproximadas ● Da quantidade para a qualidade ● Do controle para a cooperação, influenciação e ação não violenta. NA COMPEXIDADE O pensamento sistêmico é um importante método para ampliar a compreensão e enfrentamento de problemas complexos e os problemas complexos e a temática deste curso se inclui nestas complexidades porque o seu processo ocorre através da árvore da percepção. O curso do pensamento sistêmico e o método ● Definir uma situação de interesse ● Apresentar a história por meio de eventos ● Identificar os fatores chaves ● Trocar os padrões de comportamento ● Desenhar a estrutura sistêmica ● Identificar modelos mentais ● Visualizar cenários ● Modelar em computador ● Presenciar o todo e criar a visão de futuro ● Definir os pontos de germinação e liderar para auto organização Conceito de modelos mentais Se trata do grande “caldeirão” de elementos mentais inter- relacionados. São teorias que “mapeiam” a realidade e nos direcionam para a ação nelas. Tudo que carregamos em nossa mente como: ● Crenças ● Opiniões ● Interesses ● Pressupostos ● Atitudes ● Valores ● Regras de comportamento Teorias a respeito da realidade Como proceder nesse passo Ao modelos mentais ajudam a construir ou manter a estrutura atual da realidade. Para gerar mudanças profundas é preciso identificar como os modelos mentais geram ou influenciam a realidade em questão para que seja possível compreende- las modifica-las e, assim buscar sustentabilidade como um todo. Segundo Capra “ O grande desafio que se representa ao século XXI é o promover a mudança do sistema de valores que atualmente determina a economia global e chegar-se a um sistema compatível com exigências da dignidade humana e da sustentabilidade ecológica.” Momento de reflexão No que o TODO precisa de mim? Como chegar nesse todo? Princípios Ordem do amor Da observação fenomenológica do processo das constelações nos sistemas familiares, Bert Hellinger compreendeu que o sistema familiar tem uma consciência que exige que o sistema se encontre em ordem. Também descobriu os princípios que determinam como isto acontece: 1 VÍNCULO/PERTINÊNCIA: todos tem um mesmo direito a pertencer ao seu sistema familiar. 2) ORDEM: existe uma hierarquia temporal 3) DAR E RECEBER: que nos trazem experiências de culpa e inocência, se refere ao equilíbrio entre dar e receber. As leis do amor na constelação familiar “ Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amar bastante e tudo ficará bem. (...) para que o amor dê certo, é preciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor.” Bert Hellinger 1o Lei : Pertinência/Vínculo Todos tem o igual direito de pertencer. O que isso quer dizer? Quer dizer que não importa o que uma pessoa faça de “condenável”, “pecaminoso”, “reprovável” ou “errado” ela continua tendo o direito de pertencer ao sistema familiar. Isso não quer dizer que ela esteja isenta de repreensões, restrições e até punições legais, mas apesar de tudo ela continua tendo o mesmo direito de pertencer a um sistema familiar. Suas atitudes podem diminuir sua credibilidade, confiabilidade e até sua proximidade, mas não tiram seu pertencimento. Quando esses membros da família são reconhecidos é possível haver uma reconciliação pacífica entre todos. Esses momentos demandam uma grande coragem, pois exige dos membros de uma família que superem seus julgamentos morais em favor da reinclusão daquele membro excluído. Pelo bem maior da família que transcende a condenação moral os membros incluídos ganham um espaço precioso no coração de seus membros. Dessa forma, todos devem voltar a sentir a paz que lhe foi interrompida pelo acontecimento doloroso do passado. O resultado individual é que um dos membros que carregava a sensação de não se sentir aceito em nenhum lugar acaba. A “sensação de voltar para casa” dentro de si é incrivelmente libertadora e a felicidade é possível. A Exclusão Podemos excluir membros de nosso coração de muitas maneiras. Podemos evitar o luto ou simplesmente esquecer quem morreu jovem. Podemos negar abortos, crianças que tenha sido entregues para a doção, relações extra conjugais ou relações anteriores. Há pessoas que podem ser excluídas diante de sua orientação sexual ou crenças políticas ou outras formas de desonra e rebeldia. Nestes casos as consequências podem ser sentidas por indivíduos em gerações posteriores sem que eles tenham consciência do porque é que sentem o que sentem. Por exemplo, uma criança pode carregar o peso de não pertencer e pode carregar esse sentimento por um tio homossexual que foi excluído do sistema familiar. 2o Lei: Dar e receber Na conhecida oração de Francisco de Assis se diz que “ se é dando que se recebe”. E essa é uma frase que resume muito do pensamento religioso. Bert Hellinger, no entanto, percebeu que nas famílias existe uma ordem natural da dar e receber entre pais e filhos e, nos casais. A ordem natural vem do mais antigo para o mais jovem. Os pais dão e os filhos recebem. Os pais dão a vida e os filhos aceitam. Os pais dão amor e os filhos o tomam em seu coração. Daí decorre um grande aprendizado: os filhos precisam dos pais, mas os pais não precisam dos filhos. Mas esse amor é cego e não traz solução real e sim um agravamento do problema. Muitos pais acabam abdicando de sua vida de casal para nutrir 100% das necessidades dos filhos e se esquecem que a base familiar é o casal fortalecido. Os desejos dos filhos se alegram quando os pais deixam de se amarem um ao outro para serem exclusivos deles, mas suas almas sobrecarregam. E inconscientemente eles acabam pagando com um sentimento de expiação. E toda expiação é sem sentido, não traz crescimento, pois nenhum mal se paga com sofrimento. No momento que os pais identificam que a criança passou a ter mais importância na família é momento de refletir sobre essa dinâmica de relação. Reassumirem o papel de pais e tirarem a sobrecarga dos filhos para que eles sigam suas vidas. A melhor forma de os filhos retribuírem o amor que receberam dos pais é passando isso adiante para as próximas gerações. Portanto, para que o amor dê certo é fundamental que o reequilíbrio entre dar e receber seja respeitado. Há uma necessidade de compensação entre as perdas e ganhos, de dar e receber, como uma leisistêmica ela atua em todos os níveis: consciente e inconsciente. Tem-se a necessidade de compensação, e ás vezes isso ocorre fazendo com que se perca algo, com que se vivencie algo ruim, mesmo sem a aparente necessidade ou sem se perceber de onde isso vem. É como se houvesse um sentido de equilíbrio que dita se há crédito ou débito com alguém. Equilibrando o dar e receber É quase matemático: se você deu algo, então você espera receber algo também (ainda que não seja na mesma moeda). O outro, por sua vez sente uma pressão para retribuir, dar também. Se deve algo, há uma pressão para pagar, devolver, para quitar. Se esta troca for efetiva, produtiva, positiva, a relação será fértil e rica. E isto ocorre tanto no positivo ou negativo. A troca equilibra as relações tomando possível uma convivência longa e saudável. 3 Lei: Hierarquia/ Ordem Os pais vem primeiro e os filhos depois. Na prática quer dizer que os pais são grandes e os filhos pequenos. A relação dos pais é a prioridade numa família e os filhos vêm depois para completar o sentido da união do casal. Os pais dão aos filhos e os filhos recebem. Quando os filhos se sentem maiores, mais importantes e mais capazes que os pais e se portam como se os pais fossem incapazes, isso fere esse princípio. A Alma do filho sente um desconforto que se manifesta em forma de sofrimento auto imposto. Filhos que se arrogam o direito de mandar na vida dos pais ou de exigir tudo desses por longos anos de vida acabam se impondo (inconscientemente) uma vida turbulenta e cheia de dor. Mas quando conseguem reconhecer a grandeza da vida e perceber que isso é o bastante, a ordem se restabelece no sistema familiar e o amor pode voltar a fluir livremente. Há uma outra hierarquia similar, mas menos intensa, entre irmãos e irmãos, respeitando a sua ordem de nascimento. Existem, segundo Hellinger três tipos de consciência: a pessoal, a coletiva e a espiritual. 1) Consciência pessoal: é aquela que nos faz sentir bem ou mal perante um grupo. Todo grupo tem suas regras, exigências, limites e leis morais. Lá é dito explícita ou implicitamente que devemos ou não fazer, o que é permitido ou não sentir e expressar. 2) Consciência coletiva: é aquela que garante o pertencimento de todos os membros do grupo. Como já foi dito, todos tem o igual direito de pertencer. 3) Consciência espiritual: é uma dimensão mais ampla de entendimento que só surgiu para Bert Hellinger nos anos recentes. Ele notou que essa consciência supera os limites das demais consciências para além do bem e do mal e do pertencimento e da exclusão. O trabalho com as constelações O trabalho com constelações nos permite acessar algo que está presente no sistema e que muitas vezes não é compreendido, nem percebido sem se observar o todo. É um trabalho que se ocupa de questões relacionadas a emaranhamentos sistêmicos Ao pensar nos tipos de questões, é possível abranger duas ordens de problemas: 1) os psicológicos: implicam as dificuldades de uma pessoa na vida, de um modo geral, e quando tratados em terapias convencionais, ganham melhoras. Os psicopedgógicos são aqueles que tratam as dificuldades de aprendizagem e de ensino, e que também ganham melhoras com o atendimento psicopedagógico. 2) os sistêmicos, no entanto, são resistentes ás terapias, ou seja, mesmo com um tratamento psicológico de longo prazo, com um atendimento psicopedagógico onde os pais também colaboram, permanecem sem grandes melhoras. O que pode ser trabalhado na constelação familiar? Tudo que está relacionado com a vida pode ser trabalhado, desde que traga um significado importante para a pessoa. ● Conflitos familiares; ● Conflitos entre casais; ● Dificuldade em lidar com as perdas; ● Dificuldade em comunicar-se; ● Dificuldade de relacionamento de uma forma geral; Problemas de saúde; ● Problemas financeiros, etc. O que eu ganho com isso? O trabalho de constelação familiar é diferente. Enquanto o analgésico procura aliviar o incômodo, nosso trabalho e responsabilidade é proporcionar um campo para olhar a causa daquilo que atua no desconforto. O incômodo faz com que o cliente olhe para algo. Geralmente, é algo que foi excluído ou rejeitado. Há tensão. Quando as dinâmicas do tema do cliente vem a tona. Ele entra em contato com aquilo que atua em si mesmo, e a partir daí há uma nova responsabilidade. Algo se transforma. Todos que participam deste campo, inclusive aqueles que não constelam um tema são trabalhados. Todos tem a chance de descobrir novas possibilidades, insights e caminhos para a sua vida. Pode ser que isso ocorra a partir de um tema pessoal que foi trabalhado ou pode ser que ocorra a partir da participação do tema de uma outra pessoa. Pode ser que aconteça no momento da constelação ou pode ser que leve alguns dias ou semanas. A alma tem seu próprio tempo e pega para si o essencial do que foi trabalhado. A transformação ocorre naturalmente, sem forçar a barra. Assim como a vida, não temos controle do trabalho de Constelações Familiares. Não sabemos o que emergirá do sistema da pessoa. Não se trata de arrumar ou consertar o sistema ou a pessoa. Não se trata de controle. Trata-se de se conectar com algo que atua em você mesmo e olhar com amor para aquilo que foi rejeitado ou excluído. E para isso, é necessário coragem. Lista das qualidades do terapeuta Empatia, desde que não seja sentindo que o outro sente, de se afundar junto. Se quiser ajudar da maneira certa fica no seu barco quieto e não entre no barco de quem está afundando. ● Saber escutar. ● Paciência, reconhecer o tempo dos outros que é diferente do tempo do terapeuta. ● Assertividade, compromisso pela verdade. ● Compaixão, amor – é olhar sem tirar os olhos, mas ao mesmo tempo não se deixando levar pela emoção. ● Autoconhecimento. ● Não julgamento. ● Ser amoroso. ● Não interpretar, não adivinhar. ● Ser neutro, não tomar partido. ● Ter respeito. ● Saber quando não pode fazer algo. ● Sensibilidade. ● Consciência. ● Tranquilidade. ● Sentido de observar a unidade que o outro é. ● Compreensão. ● Responsabilidade no seu trabalho Disponibilidade do terapeuta. ● Capacidade ampliada de observação. ● Possibilidade do terapeuta de atender além do paciente que está ali. ● Humildade. ● Consciência do seu limite. ● Ver o homem nas dimensões do corpo, mente e espírito. Terapeuta como instrumento de ajuda ● Estar presente. ● Estar aberto ao novo. ● Disponibilidade de não saber. ● Deixar-se guiar-se pelo inconsciente, sistema do outro. ● Capacidade de focar o essencial. ● Ser flexível. ● Atenção no sentir e não no pensar. ● Distanciamento para não se envolver nos problemas do outro. ● Intuição. Não se deixar levar pelo que a pessoa conta, porque conta a história como ela vivia ou está vivendo, porque não consegue sair, não é a história verdadeira, não porque mente, mas porque não está consciente. A visão não é clara porque está emaranhada, a necessidade da sobrevivência, o amor de vínculo. Ela faz tudo pela família. No instinto inconsciente de reconciliar algo na família, sentem-se bem com isso, não consegue sair porque se sentiria infiel a família. “Quando alguém para no caminho e não quer avançar, o problema não está no saber. Ele busca segurança quando é preciso coragem, e quer liberdade quando o certo não lhe deixa escolha. Assim, fica dando voltas.” Bert Hellinger Módulo 2 Caro (a) aluno (a), seja bem vindo (a) ao segundo módulo deste curso. Anteriormente você pode se familiarizar com toda a teoria que acerca o trabalho de constelações familiares. Neste segundo módulo, você irá aprender como a prática deste trabalho se desenvolve, mas não se esqueça: só avance de módulo sevocê já estiver dominado o estudo anterior. Bom Estudo! O Processo de constelação familiar: Prática Segundo Schneider (2001), antecipadamente, entende-se como “técnica”, um meio para a realização de um fim humanamente estabelecido. Ela tem um caráter instrumental, pois é usada como um instrumento para se obter determinada utilidade. Ela caracteriza-se por três outros critérios: precisa ser segura e proporcionar-nos segurança; torna previsível o seu objeto; e confere ao método, com o qual abordamos o objeto utilizável, a precedência sobre aquilo que pode ser utilizado de forma segura. Este primeiro entendimento sobre “técnica” não irá coincidir com o procedimento fenomenológico que é adotado nas constelações familiares. É real que ela é também utiliza como um método para processos anímicos de solução e cura. Contudo, o procedimento metódico fica em segundo plano com relação à dinâmica familiar que ele revela e às soluções que aponta. O que se evidencia através das constelações familiares não pode ser previsto com segurança, tanto no que se refere ao processo dessa revelação, quanto no que diz respeito ao resultado de tal processo. Destarte, o procedimento metódico utilizado nas constelações familiares requer abertura em face de seu resultado, e só é bem sucedido na ausência de intenções e de preconceitos intelectuais (Schneider 2001). Apesar disto, é relevante falar de uma técnica de constelações familiares. Pois, na maioria dos casos, comprovou-se o valor de um procedimento metódico, que pode ser transmitido e proporciona uma certa segurança na condução desse trabalho. O procedimento prático utilizado nesse processo requer uma série de atenções e habilidades que estão a serviço da percepção terapêutica e do processo liberador e que podem ser comunicadas. Esses requisitos serão tratados no decorrer deste módulo. De acordo com Schneider (2001), ao falar sobre a técnica das constelações familiares, não podemos entende-la no sentido lógico das ciências naturais, mas antes à semelhança de determinada técnica de fazer uma pintura ou de tocar um instrumento. A composição de uma peça musical ou a criação de um poema exigem igualmente, via de regra, uma técnica, que entretanto fica em segundo plano em relação ao resultado. Aquilo que se mostra num quadro, numa música ou em um poema não pode ser previsto, determinado, apreendido ou assegurado com o auxílio da técnica utilizada no processo da criação. Assim, o conceito da "técnica", em nosso trabalho, serve aqui simplesmente para distinguir entre "como" se conduz uma constelação familiar e o "que" se revela aí, em termos de dinâmica da alma. 1- A intenção Para o sucesso de uma constelação familiar, é preciso que haja uma necessidade cuja força sustente o trabalho e conduza o cliente, o terapeuta e os representantes. Ajuda muito quando tal necessidade é claramente formulada. Um problema solúvel geralmente se distingue de um problema insolúvel, na medida em que pode ser expressa numa frase e entendido por todos. A intenção do cliente deve ser formulada com abertura, tanto em relação ao problema ou à necessidade sentida quanto à sua solução, sem apresentação de justificativas para o problema ou de condições para o que possa surgir como solução. Um desejo claro e poderoso pode ser expresso ao terapeuta com o olhar franco, enquanto que um olhar que se desvia para o chão frequentemente se associa à imprecisão nos sentimentos e na descrição do problema (Schneider 2001). Nem sempre o problema ou mesmo a intenção precisam ser claramente formulados, se o que pesa na alma se manifesta através de uma emoção, de um sintoma ou da revelação de um destino funesto. O terapeuta se decide a fazer uma constelação baseado na força que percebe no desejo do cliente e na reação de atenção tensa que provoca na grupo. É fácil, por exemplo, perceber a diferença entre "Eu gostaria de ser mais livre" e: "Não aguento mais esta depressão, que já dura anos” (Schneider 2001). Nem todo cliente consegue expressar sua intenção logo no início de um grupo. Ele talvez ainda precise de tempo e de vivenciar antes o trabalho feito com outras pessoas do grupo. Com muita frequência, os participantes de um curso mudam sua intenção no decurso do trabalho, porque somente conseguem perceber o essencial a partir das experiências dos outros. Por outro lado, é possível que às vezes, impressionados pelo peso desses destinos, eles recuem das poderosas intenções que expressaram inicialmente e sigam por algum caminho secundário (Schneider, 2001). É provável que a causa mais frequente do insucesso de uma constelação reside no ato em que o terapeuta decide fazê-la, apesar de ter percebido que o problema apresentado pelo cliente ou a forma de sua apresentação como por exemplo, pela imprecisão, falta de amor ou teimosia, não sustentaria seu trabalho. A forma breve e concisa com a qual o terapeuta pergunta pela intenção, pelo problema, pela necessidade emergente ou pelo beneficio que se espera do trabalho estimula o cliente a responder de forma igualmente breve e concisa. A coragem do terapeuta em encarar qualquer tipo de problema estimula a confiança do cliente, e sua disposição de deixar-se conduzir pela força e pelo amor que atua no sistema familiar incentiva a abertura da alma que se manifesta através do cliente (Schneider (2001). A formulação do problema e o gestual que a acompanha fornecem, com frequência, indicações importantes sobre aquilo de que se tratará na constelação e sobre a dinâmica básica da alma, que pressiona no sentido de uma solução. Portanto, vale a pena dedicar uma grande atenção ao início do processo. É porém igualmente importante, na busca da solução, que o terapeuta não se deixe prender o confinar pelo desejo que o cliente manifestou e pelas primeiras informações que prestou (Schneider,2001). A montagem de uma constelação não se fixa em um problema ou em um sintoma a resolver, mas se concentra naquilo que precisa ficar em ordem, em paz ou em sintonia numa alma. É daí que nasce aquilo que libera, e talvez resida aí também a solução para o problema apresentado ou algo que aja curativamente sobre algum sintoma (Schneider,2001). 2- O processo da informação Para conduzir uma constelação familiar poucas informações são necessárias. O que se requer são os acontecimentos e destinos numa família, não a caracterização de pessoas ou a descrição de vivências pessoais - se bem que uma vivência, narrada em poucas palavras, possa eventualmente abrir caminho para o conhecimento de um importante acontecimento familiar. A maneira como alguém se apresenta e comporta é menos significativa do que os acontecimentos essenciais de sua vida e de seu destino e o fato de ser simplesmente mãe ou pai, embora às vezes a aparência e o comportamento estejam associados ao destino pessoal. A constelação familiar é um método terapêutico que visa descobrir os efeitos de acontecimentos e de destinos (Schneider,2001). Que informações são importantes para esse trabalho? Uma primeira pergunta diz respeito às pessoas que pertencem ao sistema. Estas são: irmãos, pai, mãe, eventuais parceiros anteriores dos pais, meios-irmãos, tios e tias, avós e seus eventuais parceiros anteriores, meios-irmãos dos pais; às vezes, também um ou outro dos irmãos de avós e bisavós, quando afetados por um destino impactante. Também pertencem ao sistema pessoas sem vínculo de parentesco, quando a família lhes deve algo de modo existencial, como são pais adotivos e ainda pessoas a quem foi infligida alguma desgraça por membros da família. São pertencentes tanto os vivos como os mortos, até onde habitualmente alcança a memória da família. Acontecimentos importantes nas famílias são: nascimentos e mortes; mudanças de domicilio especialmente importantes (por exemplo, por deportação ou emigraçãoou mudança para um ambiente muito diferente); separações, tanto entre filhos e pais quanto dos pais ou parceiros entre si; doenças; vícios que envolvem dependência; acidentes; destinos associados à guerra; suicídios; internações psiquiátricas, etc. (Schneider,2001). Ao indagar pelas informações, o terapeuta deve distinguir entre dois tipos de acontecimentos: aqueles que pertencem antes ao domínio dos ressentimentos pessoais (por exemplo, uma separação prematura entre a criança pequena e sua mãe), e aqueles que são sistémicos e por isso especialmente relevantes para a constelação familiar. Da observação resultam indicações sobre se convém trabalhar com o resgate de um movimento amoroso em direção aos pais ou com a constelação familiar, dentro da qual poderá eventualmente ser encaixado um abraço, como meio de se recuperar tal movimento. Muitas vezes, recomenda-se trabalhar simultaneamente com a solução sistêmica e com o movimento amoroso. Nesse caso, convém começar com o trabalho sistêmico e então, ou num momento posterior, propiciar o movimento amoroso. Isso possibilita distinguir mais facilmente entre os sentimentos adotados de outras pessoas e os ressentimentos pessoais. Às vezes, porém, a dor da criança, proveniente da vivência de separação dos pais, está de tal maneira "à flor da pele" que o terapeuta precisa lidar imediatamente com esses sentimentos, provenientes de um movimento amoroso interrompido. Serão apresentados a seguir, alguns critérios que ajudam a distinguir se convém fazer de preferência um trabalho sistêmico ou a terapia do movimento amoroso. Critérios para o trabalho sistêmico são, por exemplo: a pessoa se experimenta como se fosse teleguiada, e de algum modo não está presente a si mesma; não conhece e não encontra seu lugar na vida; ao apresentar-se, dá a impressão de estar meio ofuscada, inapropriada, contraditória ou enredada; dá a impressão de estar presa ao problema e de ter permanecido magicamente num cego amor infantil; existem na pessoa ou em sua família destinos pesados como mortes prematuras, suicídios, acidentes frequentes, psicoses, etc (Schneider,2001). A a pessoa coloca em risco, leviana ou compulsivamente, o sucesso de sua vida; há um grave desequilíbrio em seus relacionamentos, brigas sérias, faltas de consideração e de reconciliação, conflitos de consciência, sentimentos de culpa, sentimentos de vítima ou medo compulsivo de fazer algo funesto; faltam pessoas no sistema, por exemplo, algum filho extraconjugal do pai; pessoas do sistema não são levadas em consideração, por exemplo, natimortos; silencia-se sobre o destino das pessoas, dizendo-se, por exemplo, que um avô morreu de infarto, quando na verdade suicidou-se. Critérios para o trabalho com o movimento amoroso são, por exemplo: a pessoa teve graves experiências traumáticas, sobretudo na primeira infância; apresenta as chamadas perturbações "neuróticas": problemas ligados à aproximação, medos, compulsões, etc., dá a impressão de estar "ligada" e aberta quando se imagina abraçada com amor pela mãe ou pelo pai; tem dificuldade de tomar e mostra sentimentos de desesperança e resignação, que não correspondem â situação real de sua vida; permanece presa na satisfação de necessidades infantis (Schneider, 2001). De acordo com Schneider (2001) as informações recolhidas para a constelação familiar visam responder às seguintes perguntas: Quem falta e precisa ser acolhido, para que algo se resolva no sistema ? Quem está sendo atraído para fora de um sistema, e para onde está sendo atraído? De quem quer afastar-se ou em lugar de quem deseja partir? Quem é preciso deixar partir, para que os outros do sistema possam ficar? Quem talvez possa deter a dinâmica de partir e morrer, caso seja considerado e seu amor seja recebido? Que destino pressiona para ser repetido através de uma compensação funesta, de modo que uma pessoa só se sente ligada a outra se não estiver melhor do que ela? Que destino pressiona para ser repetido porque foi encoberto e deseja vir à não foi honrado e quer ser reconhecido? Quem foi, através de seu destino, arrancado da vida de forma a parecer "incompleto", e talvez precise ser consumado através de outros? Que pessoas, vivas ou mortas, não puderam despedir-se, que vítima não foi reconhecida, e pressiona para que um póstero se assemelhe a ela? Que perpetrador não foi visto e reconhecido por seu ato funesto, de forma um outro deseja segui-lo cometendo um ato semelhante? Se foi perturbada a ordem num sistema, por exemplo, a hierarquia dos irmãos, ou se não foi assegurada a precedência de um novo sistema, por exemplo, a da família atual sobre a família de origem, ou a do segundo casamento sobre o primeiro; Se as relações numa família não são confiáveis porque, por exemplo, filhos pressionam por assumir papéis dos pais ou vice-versa, ou porque os filhos querem fazer algo de inapropriado por seus pais, ou porque os pais não preservam a segurança dos filhos. O mais conveniente é que as informações necessárias sejam perguntadas passo a passo, em conexão com o processo da constelação. Naturalmente, é preciso saber inicialmente quem pertence a um sistema e eventualmente poderá ser incluído em sua representação. As informações restantes podem se: recolhidas de acordo com a dinâmica que se manifesta durante o processo da constelação (Schneider,2001). Com frequência é útil também que, antes de começar o trabalho, sejam solicitadas informações sobre os destinos na família. Isto é importante, sobretudo quando alguém ainda não tem muita experiência com constelações e, antes de começar o trabalho, gostaria de obter indicações sobre a direção em que se desenvolverá o processo. O risco que se corre com isso é que as informações nos levem a desviar da dinâmica autêntica que se manifesta no processo da constelação ou que este fique sobrecarregado com as informações previamente recolhidas. Recomenda-se que, antes de iniciar o trabalho, sejam recolhidas informações suficientes sempre que a intenção expressa pela pessoa envolvida ainda não revele uma força clara e o direcionamento para uma solução, e o terapeuta ainda careça de informações que contenham um "peso de alma" e lhe dêem esta segurança: "agora já posso trabalhar” (Schneider,2001). Muitas vezes, as informações essenciais para uma constelação liberadora só se revelam, de forma totalmente inesperada, durante o processo de sua colocação, como por exemplo: Uma mulher, que já tinha feito sua constelação e contemplado nela os destinos da família da mãe, queria esclarecer algo de "indefinível" que a separava de seu pai. Numa segunda constelação, ela colocou sua representante num lugar que não competia a uma filha, como se estivesse substituindo uma pessoa que faltava. Mas o que mais impressionou nessa constelação foi que o representante do pai olhava "para um túmulo". Perguntas feitas na ocasião revelaram que o pai tivera anteriormente uma noiva, sobre a qual nada se sabia. Numa rodada anterior, o terapeuta havia interrogado os participantes sobre histórias literárias que foram pessoalmente importantes para eles, e essa mulher citara "A Bela Adormecida", que fala de uma amada excluída pelo pai, e uma história de Ingeborg Bachmann sobre o suicídio de uma mulher. Baseado nessa informação, o terapeuta fez com que a representante da noiva se deitasse no chão, diante do pai, mas não se manifestou nenhuma relação significativa. Então o terapeuta simplesmente virou o pai para fora, como se buscasse a morte. Aí o representante do irmão da mulher exclamou: "Eu bem gostaria de fuzilá-lo pelas costas!" Essa expressão emocionou profundamente a mulher, e ela contou que seu pai sempre sofreu muito porque, quando era um jovem soldado na guerra, tinha fuzilado num bosque, pelas costas, um homem que depois se verificara ser um velho camponês, que trazia
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