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WWW.HSL.ORG.BR 1 Padronização para Diagnóstico e Tratamento da Pneumonia Adquirida na Comunidade em Crianças Menores de 15 anos Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês Comitê de Diretrizes Assistenciais Pronto Atendimento Preparação: Dra. Maria Zilda de Aquino mzaquino@uol.com.br Orientação: Dr. Francisco Torggler Dr. Jorge Mattar Equipes de Retaguarda do HSL convidadas para reuniões de consenso: Dr. Antonio Foronda Prof. Dr. Antranik Manissadjian Prof. Dra. Gilda Porta Prof. Dr. Paulo Taufi Maluf Prof. Dr. Vicente Odone Filho Dezembro de 2002 Revista em Abril de 2004 WWW.HSL.ORG.BR 2 Introdução Essa proposta de Protocolo serviu de base para o corpo clínico do Hospital Sírio Libanês estabelecer a melhor forma de abordar a criança com suspeita de Pneumonia Adquirida na Comunidade quando de sua chegada ao Pronto Atendimento e durante a fase inicial de sua internação, quando for o caso. Pelas características específicas deste Hospital e o grande número de crianças imunodeprimidas aqui atendidas fizemos também recomendações quanto ao manejo clínico e laboratorial destas crianças, especialmente as com patologias oncológicas e as transplantadas. Objetivos: • Determinar critérios diagnósticos e o melhor uso da propedêutica armada diante de crianças menores de 15 anos com suspeita clínica de Pneumonia Adquirida na Comunidade, atendidos no Pronto Atendimento do Hospital Sírio Libanês (HSL); • Utilizar como fonte as melhores evidências da literatura atual, visando segurança, efetividade e praticidade clínica; • Definir a antibioticoterapia empírica inicial mais adequada e unificar a conduta do grupo de plantonistas Pediatras; • Definir critérios para internação hospitalar; • Produzir material de orientação para pacientes que receberem tratamento domiciliar. Procedimento utilizado: Busca na literatura pelo Medline e nas bases de literatura médica Cochrane e OVID, procurando por revisões sistemáticas, meta-análises, diretrizes de prática clínica, estudos controlados duplo-cegos, revisões e estudos de coorte, utilizando os seguintes termos: *lung diseases or *pneumonia or *bronchopneumonia or *pneumonia, bacterial or *pneumonia, viral or *lower respiratory tract infections or *pneumonia, m.pneumoniae, or *pneumonia, c.trachomatis and *pediatric or *children, *adolescent and *etiology, *therapy, *antibiotics. Resultados: 89 trabalhos listados; excluídos 41 por falta de pertinência ao contexto clínico focado ou por abordar população adulta. As referências bibliográficas são citadas numericamente anexas ao grau de recomendação A, B, C ou D e a outras informações em que são pertinentes. O critério de classificação do grau de recomendação (que é relacionado à força de evidência científica do trabalho) utilizado é semelhante ao adotado pelo Projeto Diretrizes, desenvolvido pela Associação Médica Brasileira1. Por se tratar de projeto de implementação local de padronização de condutas, a comissão editorial assume, após atualização da busca na literatura, as recomendações de Diretrizes construídas por WWW.HSL.ORG.BR 3 entidades idôneas com a metodologia de Classificação de Evidências, nos quais a análise das tabelas evidenciárias é transparente, como recomendações tipo "A". Todos os graus de recomendação, incluindo-se o "D", são baseados em evidência científica. As diferenças entre o A, B, C e D deve-se exclusivamente ao desenho empregado na geração da evidência. A correspondência entre o grau de recomendação e a força de evidência científica é descrita em detalhes na tabela I e são resumidas a seguir: A Meta-análises, Ensaios Clínicos Aleatorizados, Diretrizes baseadas em Evidência. B Outros Ensaios Clínicos ou Estudos Observacionais C Relatos ou séries de casos D Publicações baseadas em consensos ou opiniões de especialistas A utilização do grau de recomendação associado à citação bibliográfica no texto tem como objetivos principais: conferir transparência à procedência das informações, estimular a busca de evidência científica de maior força, introduzir uma forma didática e simples de auxiliar a avaliação crítica do leitor, que arca com a responsabilidade da decisão frente ao paciente que orienta. Nível de Evidência Grau de Recomendação I – Revisão Sistemática e Meta-análise de Ensaios Controlados e Aleatorizados Ensaio Controlado e Aleatorizado com Intervalo Confiança pequeno Revisão Sistemática de Estudos Diagnósticos bem desenhados. Estudo Diagnóstico de Padrão Ouro Aleatorizado e Controlado Estudo Diagnóstico com Alta Sensibilidade e/ou Especificidade Diretriz nacional ou internacional editada por instituição idônea, construída e bem documentada com a metodologia de classificação de evidências. A – Há evidências, cujos melhores estudos são classificados com nível de evidência I, diretamente aplicáveis à população alvo, que mostram consistência geral dos resultados, que suportam a recomendação. II – Outros Ensaios de intervenção com resultados ‘all or none’ Revisão Sistemática de Estudos de Coorte Estudo de Coorte Estudo de Coorte de cuidados médicos recebidos ‘outcomes research’ Revisão Sistemática de Estudos de Caso Controle B – Há evidências cujos melhores estudos são classificados com nível de evidência II, diretamente aplicáveis à população alvo, e que mostram consistência geral dos resultados ou há evidências extrapoladas de estudos de nível de evidência I, que suportam a recomendação. WWW.HSL.ORG.BR 4 Estudo Caso Controle Revisão Sistemática de Estudos Diagnósticos cujo desenho gera chance de viés. Estudo Diagnóstico de Padrão Ouro que é Aleatorizado ou Controlado Estudo Diagnóstico que é Aleatorizado ou Controlado sem Padrão Ouro III – Série de casos Estudo Diagnóstico (estudo de Padrão Ouro ou estudo Aleatorizado ou estudo Controlado) C – Há evidências cujos melhores estudos são classificados com nível de evidência III, diretamente aplicáveis à população alvo, que mostram consistência geral dos resultados e que suportam a recomendação. IV – Consenso ou opinião de especialista Diretrizes construídas sem a metodologia de classificação de evidências D – Recomendações extraídas de estudos não analíticos, de diretrizes construídas sem a metodologia de classificação de evidências, de séries de casos e de opinião de especialista. Baseada nesta análise foi feita uma proposta de conduta para avaliação das crianças com suspeita clínica de PNEUMONIA que chegam ao Pronto Atendimento do HSL. Esta proposta foi discutida pela equipe de Pediatras do PA e por algumas Equipes Pediátricas da Retaguarda. Esta versão já incorpora as mudanças discutidas e votadas na reunião de consenso. Em abril de 2004 foi feita revisão deste documento com atualização de alguns pontos. WWW.HSL.ORG.BR 5 Pneumonia adquirida na comunidade em crianças menores de 15 anos 1. Epidemiologia As Infecções Respiratórias Agudas (IRA) são uma causa comum de morbidade na faixa etária pediátrica, sendo a Pneumonia a forma mais séria de todas as IRA2,3. Embora a freqüência anual de IRA nos primeiros anos de vida seja uniforme em todo o mundo (4 a 8 episódios anuais nos primeiros 5 anos de vida), a incidência de pneumonia é 5 a 10 vezes maior nos países em desenvolvimento que nos países desenvolvidos4,5,6. A incidência anual da Pneumonia em crianças menores de 5 anos, na Europa e EUA, é de 34 a 40 casos/1000, sendo, portanto, mais alta que em qualquer outra faixa etária, com exceção talvez dos adultos com 75 anos ou mais2. Nos países em desenvolvimento, entretanto, a pneumonia é não apenas mais prevalente como também muito mais grave constituindo a principal causa de óbito na faixa etária pediátrica6,7. Em 1995, 11,6 milhões de crianças, com idades entre zero e cincoanos, morreram em todo o mundo, 95% delas em países em desenvolvimento8,9. Neste grupo de indivíduos, a Pneumonia foi a causa mais freqüente de morte, sendo a ela atribuídos 4 milhões de óbitos anuais9. Metade das mortes relacionadas à pneumonia ocorre em crianças cuja idade é inferior a um ano. No Brasil, em estudo de 1998/1999 publicado em 2001, 5,4% e 12,8% dos óbitos ocorridos nas faixas etárias menores de um ano e entre um e quatro anos, respectivamente, foram por Pneumonia10. Durante o ano de 1999 8,1% de todas as internações foram ocasionadas por Pneumonias, sendo que, em crianças menores de cinco anos 26,7% de todas as internações foram atribuídas a esta causa11. Nos países em desenvolvimento alguns fatores são identificados como responsáveis por maior gravidade e mortalidade da Pneumonia em crianças, a saber: aglomeração, baixa cobertura vacinal e baixo nível sócio- econômico, baixo peso ao nascer, desmame precoce, desnutrição, tabagismo domiciliar e, preponderantemente, dificuldade e demora no acesso a serviços de saúde6,7. Paralelamente, a existência de doenças de base que afetem o sistema imunológico, o cardiopulmonar ou o SNC também aumenta em muito o risco de ocorrência de Pneumonias graves e, muitas vezes, fatais. 2. Dificuldades Diagnósticas A definição de Pneumonia em crianças é particularmente difícil e varia segundo diversos parâmetros, autores, achados radiológicos e manifestações clínicas. Diferentemente do que ocorre nos adultos, onde há atualmente consensos de associações médicas diversas, rigorosamente elaborados a partir de estudos regionais, que orientam o manejo do paciente com suspeita clínica de Pneumonia Adquirida na Comunidade12,13 (A), os consensos em crianças são escassos. Nos últimos anos, utilizando-se critérios de Medicina Baseada em Evidências, temos disponíveis apenas os consensos da Canadian Medical Association de 199714 (A), do Cincinnati Children’s Hospital Medical Center em 200015 (A) e da British Thoracic Society em 200216 (A). Recentemente (junho 2003) foi publicada uma revisão do consenso canadense, elaborada pela Alberta Medical Association (A) que pode ser encontrada em www.albertadoctor.org . Várias WWW.HSL.ORG.BR 6 tentativas de construção de Protocolos específicos vem sendo desenvolvidas nos grandes centros médicos de todo o mundo. No entanto a American Academy of Pediatrics (AAP) e a Infectious Diseases Society of América (IDSA), órgãos reconhecidos pelo rigor e acurácia de suas padronizações, ainda não o fizeram. No Brasil, somente agora, foi aprovado um documento sobre Recomendações para Antibioticoterapia de Crianças e Adolescentes com Pneumonia Comunitária (D) elaborado pelo Comitê de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria em 2002. Este documento ainda não publicado, no entanto, não tem ainda caráter normativo e necessita revisões e adequações aos critérios de Medicina Baseada em Evidências para tornar-se uma Diretriz. Segundo os critérios reconhecidos da OMS, Pneumonia em crianças é definida somente com base em características clínicas, derivadas da inspeção, ausculta e, principalmente, da freqüência respiratória17,18. A maior dificuldade na utilização destes critérios ocorre nas crianças menores de 6 meses pela alta prevalência de bronquiolite, cujas características clínicas facilmente se confundem ou sobrepõem às da Pneumonia. Entre os objetivos desta estratégia encontra-se o de simplificar o diagnóstico de Pneumonia para o menor número de sinais prontamente identificáveis com maior sensibilidade e especificidade para detectar, entre as numerosas crianças com IRA, aquelas que têm alta probabilidade de ter Pneumonia9, classificar a gravidade da doença e definir o uso de agentes antibacterianos. Os sinais propostos como “critérios de entrada” são: tosse e / ou dificuldade para respirar. A classificação de caso, a partir daí, baseia-se na presença de taquipnéia - sinal clínico com melhor sensibilidade e especificidade para detectar a presença de Pneumonia. (A) Os valores são assim especificados: Tabela1: Critérios definidos pela OMS para taquipnéia em crianças até 5 anos18 (A) Idade Freqüência respiratória normal (respirações/minuto) Taquipnéia (ponto de corte) 2 a 12 meses 25-40 50 1 a 5 anos 20-30 40 > 5 anos 15-25 20 Apesar desta padronização ter sido idealizada na década de 80 e no sentido da redução da mortalidade em crianças menores de 5 anos nos países em desenvolvimento, a discussão ainda é muito atual.Vários são os estudos em que se compara a acurácia diagnóstica utilizando-se ou não outras ferramentas além da clínica. Com relação especificamente à taquipnéia, é importante frisar que esta pode ser decorrente de outras patologias e não de uma Pneumonia. Dentre elas, os quadros de Asma e Bronquiolite, pela importância da sua prevalência na infância, devem necessariamente ser lembrados no diagnóstico diferencial, uma vez que é freqüente cursarem com febre. Em outras palavras, a simples presença de febre e taquipnéia somente pode ser considerada indicador de Pneumonia quando forem afastados outros diagnósticos, especificamente os quadros de Broncoespasmo. WWW.HSL.ORG.BR 7 O papel, aparentemente fundamental, do aspecto radiológico não é consensual. O mesmo se pode dizer em relação à necessidade de exames laboratoriais como o Hemograma, VHS e Proteína C Reativa. As revisões e sistematizações mais recentes apontam para o fato de que o diagnóstico de Pneumonia em crianças é baseado em características clínicas e epidemiológicas dentre as quais a idade é a mais importante. Há amplas evidências de que o Raio X de tórax é útil para confirmar o diagnóstico de Pneumonia. Seu valor preditivo, entretanto, pode variar de acordo com os profissionais que o avaliam e mostram resultados díspares dentro de uma mesma equipe. Padrões difusos não são patognomônicos de infecções virais ou atípicas em crianças e Pneumonias lobares nem sempre predizem as infecções bacterianas. A importância do RX se deve, isto sim, à delimitação da extensão e gravidade do processo, a fatores prognósticos e às condutas terapêuticas19. A Tomografia de Tórax deve ser realizada nos casos em que há suspeita de derrame pleural, cavitações, abscessos ou aspirações de corpo estranho.19 No Hemograma, a presença de leucocitose com desvio à esquerda, que pode ocorrer em infecções bacterianas ou virais, não serve como marcador. Provas de fase aguda, especialmente a Proteína C Reativa, tem aplicação controversa e limitada pela ausência de padronizações confiáveis20,21. A Hemocultura deve ser feita apenas nas crianças internadas, na tentativa de conhecer o agente causal, embora a positividade varie entre 10% a 20% apenas, nos melhores centros diagnósticos. A Bacterioscopia e a Cultura de secreções de nasofaringe não possuem valor preditivo em crianças. O padrão ouro do diagnóstico etiológico é a Punção Pulmonar. O risco-benefício deste procedimento, entretanto, é muito alto e não deve ser utilizado de rotina20. (B) Pelo contrário, na presença de derrames pleurais puncionáveis, é de fundamental importância a realização de bacterioscopia (Gram), cultura geral e para Micobactérias e detecção de antígenos bacterianos20. (A) Um grande número de provas sorológicas vem sendo desenvolvidas testando antígenos, anticorpos e imunecomplexos para diagnóstico de infecção bacteriana por pneumococos. Nenhum deles, entretanto, possui sensibilidade e especificidade suficientemente elevadas para justificar sua utilização nas Pneumonias adquiridas na comunidade, tratadas ambulatorialmente22. (C) A pesquisa de antígenos pode ser realizada em fontes como material de vias aéreas superiores, escarro, sangue, líquido pleural, aspirado pulmonar e urina (C). O laboratório do HSL ainda não faz de rotina a pesquisa de antígeno do pneumococo no escarro, mas, quando solicitado, o material pode ser enviado para laboratóriosespecializados com o resultado demorando cerca de 2 dias. O diagnóstico de infecção por M.pneumoniae pode ser feito através de sorologias (ELISA – IgM), porém, a necessidade de comparação de títulos após 2 semanas torna este método ineficaz para orientar qualquer conduta imediata. Os testes rápidos de aglutininas têm valor preditivo alto em crianças maiores de 5 anos22. A investigação de Clamydia e Micoplasma também é feita através de sorologias (ELISA), necessitando de 4 a 5 dias para a liberação do resultado. Com relação às infecções virais a detecção de antígenos no aspirado de nasofaringe é altamente sensível e específica, particularmente em lactentes com menos de 18 meses. Seu uso é particularmente útil em vigilância epidemiológica16. WWW.HSL.ORG.BR 8 Adenovírus e Parainfluenza somente são identificados por culturas cujo resultado demora cerca de 7 dias. Os vírus da Influenza “A” e “B” podem ser pesquisados em material colhido por swab de nasofaringe utilizando o método ELISA, teste que fica pronto em torno de 1 hora. A tabela seguinte resume estes comentários: Tabela 2: Valor diagnóstico dos procedimentos de investigação microbiológica16 (A) Exame Valor diagnóstico Falsos Positivos Falsos Negativos Hemocultura ++++ _ +++ Detecção de antígenos virais +++ _ + Cultura de vírus +++ _ ++ Antígenos séricos ++ + ++ Antígenos na urina + ++ ++ Títulos pareados de Anticorpos +++ + ++ Cultura de secreções de nasofaringe _ +++ + Cultura de punção pulmonar ++++ _ + Dentro dos limites desta padronização e, particularmente, no que se refere às recomendações de manejo clínico e tratamento, estaremos nos referindo à Pneumonia na Infância como o quadro clínico sindrômico, resultante da inflamação e infecção do tecido pulmonar, que se apresenta com febre e presença de sinais e sintomas respiratórios agudos (taquipnéia, estertores e/ou diminuição de MV) podendo haver ou não a presença de infiltrados ou condensações pulmonares no RX de Tórax. Nas crianças maiores a presença de febre e dor abdominal, mesmo com ausência de sinais e sintomas respiratórios agudos pode indicar também uma Pneumonia. A expressão Pneumonia Adquirida na Comunidade se deve ao fato de que aqui trataremos, especificamente, das Pneumonias que ocorram em crianças não hospitalizadas no último mês e, portanto, não colonizadas por microrganismos hospitalares e sim por aqueles oriundos de seu meio domiciliar, escolar e comunitário. 3. Etiologia e Epidemiologia Uma grande variedade de agentes infecciosos pode causar Pneumonia3. No entanto, a dificuldade para a obtenção de material do tecido infectado e a ausência de métodos confiáveis que possam, de modo rápido informar sobre a participação dos diversos agentes, tornam difícil a determinação individual da etiologia de cada caso de pneumonia2. Deste modo, utilizamos na prática clínica, informações oriundas de investigações científicas que orientam a probabilidade etiológica conforme dados clínicos e laboratoriais e com a idade. Estudos etiológicos sobre Pneumonia comunitária na infância são difíceis devido à baixa positividade das hemoculturas e a relutância em realizar lavados broncoalveolares e punções pulmonares em crianças. Dentre aqueles baseados em evidências algumas considerações gerais podem ser feitas: WWW.HSL.ORG.BR 9 • O agente causal não é identificado em mais de 60% dos casos. (B) • A etiologia viral pode ser responsável por cerca de 14-35% das Pneumonias na infância. (B) • S.pneumoniae é a causa mais comum de Pneumonia na infância em todas as faixas etárias. (B) • A idade é um excelente marcador de possíveis patógenos causais. (A) o Viroses são mais comuns em lactentes o Em crianças acima de 5 anos as causas mais comuns são o S.pneumoniae seguido pelo M.pneumoniae e pela C.pneumoniae (B) o Entre 8-40% dos casos podemos encontrar infecções mistas (B) Na Tabela 2 estão apresentadas as principais etiologias das pneumonias adquiridas na comunidade e seus aspectos clínicos relevantes, nas diferentes faixas etárias. Tabela 2. Agentes etiológicos mais prováveis de pneumonia comunitária na infância, por faixas etárias3.(A) Idade Etiologia Aspecto clínico relevante Estreptococo do Grupo B Sepse precoce; pneumonia grave, bilateral, difusa. Enterobactérias Infecção nosocomial, geralmente após os 7 primeiros dias de vida. Citomegalovírus Outros sinais de infecção congênita 0-20 dias Listeria monocytogenes Sepse precoce Chlamydia trachomatis Infecção genital materna. Afebril, progressiva, subaguda, infiltrado intersticial. Vírus sincicial respiratório (VSR) Pico de incidência entre 2-7 meses de vida. Rinorréia profusa, sibilância, predomínio no inverno e primavera. Parainfluenza Quadro semelhante ao VSR, afetando crianças maiores, sem caráter sazonal. Streptococcus pneumoniae Provavelmente a causa mais comum de pneumonia bacteriana Bordetella pertussis Pneumonia pode ocorrer em casos graves 3 semanas a 3 meses Staphylococcus aureus Doença grave, freqüentemente complicada. VSR, parainfluenza, influenza, adenivírus, rinovírus. Causam pneumonia freqüentemente entre as crianças mais jovens deste grupo etário Streptococcus pneumoniae Causa mais provável de pneumonia lobar ou segmentar. Pode causar outras formas Haemophilus influenzae Tipo b: em desaparecimento devido ao uso da vacina conjugada em larga escala. Outros tipos também causam pneumonia. Staphylococcus aureus Doença grave, freqüentemente complicada entre os mais jovens deste grupo etário. Mycoplasma pneumoniae Crianças mais velhas neste grupo etário 4 meses a 4 anos Mycobacterium tuberculosis História epidemiológica, ausência de resposta terapêutica aos antibióticos. Mycoplasma pneumoniae Causa freqüente neste grupo de pacientes; apresentação radiológica variável. Chlamydia pneumoniae Causa controversa entre as crianças mais velhas deste grupo etário Streptococcus pneumoniae Causa mais freqüente de pneumonia lobar. Pode haver outras apresentações radiológicas 5 a 15 anos Mycobacterium tuberculosis Freqüência aumentada no início da puberdade e na gravidez WWW.HSL.ORG.BR 10 4. Critérios de gravidade Devido à dificuldade do pronto diagnóstico etiológico das pneumonias, o tratamento instituído via de regra é empírico, sendo a primeira decisão a ser tomada quanto à necessidade de hospitalização. Esta decorre da escolha dos critérios de gravidade. Estes são eminentemente clínicos acrescidos dos achados radiológicos e de um dos pontos principais na avaliação inicial das crianças: o grau de hipoxemia medido pela saturação de O216. (A) Na tabela 3 vemos um resumo das principais indicações de hospitalização em pacientes com pneumonia na faixa etária pediátrica. Justificamos que a indicação de hospitalização reside na maior chance de óbito que tais pacientes apresentam devido à maior gravidade na apresentação da doença ou da menor capacidade em responder à terapêutica ambulatorial. (B) A taxa de hospitalização entre indivíduos com pneumonia e idade < 16 anos em um estudo brasileiro foi 24%6. Tabela 3: Critérios de gravidade/hospitalização em crianças com pneumonia adquirida na comunidade16. (A) Idade Internação < 2 meses Sempre Sat.O2 < 92% ou cianose FR > 70 rpm Dificuldade em respirar, tiragem intercostal e de fúrcula. Apnéia intermitente Inapetência 2 meses a 1 ano Dificuldades familiares em medicar e observar cuidadosamente Sat.O2 < 92% ou cianose FR > 50 rpm Dificuldade em respirar, tiragem intercostal e de fúrcula. Gemência Sinais de desidratação Maiores de 1 ano Dificuldades familiares em medicar e observar cuidadosamente 5. Tratamento Além do descrito acima em relação ao diagnóstico etiológico é preciso levar-se em conta a resistencia atual em relação aos principais patógenos envolvidos na pneumonia em crianças. A atual definição de resistência à penicilinainclui nível intermediário de concentração inibitória mínima (MIC) de 0,12-1,0µg/ml e nível alto ≥2,0µg/ml.25 Quando o pneumococo é resistente à penicilina existe freqüentemente resistência in vitro a outros agentes, inclusive cefalosporinas, macrolídeos, doxiciclina e sulfametoxazol/trimetoprim.25 WWW.HSL.ORG.BR 11 Nos últimos 20 anos, tem sido crescente o número de relatos de pneumococos não susceptíveis à penicilina em todo o mundo25-28. O mecanismo de resistência atribuído ao pneumococo é alteração nas PBPs (penicillin bound protein) não envolvendo a produção de beta-lactamases e esta resistência pode ser classificada em intermediária ou absoluta conforme a concentração inibitória mínima - MIC29. Apesar da crescente resistência, nestes estudos fica demonstrado que o uso de antimicrobianos em doses habituais trata adequadamente as infecções causadas por pneumococo com resistência intermediária à penicilina, que não comprometem o SNC. Dados do estudo SIREVA-VIGIA (A) vêm demonstrando que aqui no Brasil a taxa de resistência intermediária de cepas invasivas de pneumococo tem oscilado em torno de 17,5% no período compreendido entre 1993 e 200130-32. Esta mesma casuística apresenta taxa de resistência absoluta em torno de 2,2%. No entanto, não existem estudos clínicos sobre a resposta terapêutica das infecções pneumocócicas onde a resistência à penicilina é absoluta. Apesar da pouca freqüência deste tipo de situação no nosso país, chamamos a atenção para, neste tipo de infecção, haver indicação de uso de Vancomicina. Dados mais recentes deste mesmo Projeto referem um crescimento dos níveis de resistência intermediária ao pneumococo, ficando por volta de 20% a 25%. Com relação à escolha da antibioticoterapia é necessário fazer alguns comentários. As padronizações e Guidelines existentes recomendam que a escolha se baseie na idade do paciente, na apresentação clínica e nos padrões locais de resistência aos principais patógenos envolvidos. Para as crianças maiores de 5 anos há recomendação crescente do uso de Macrolídeos. No entanto a escolha pode recair sobre Penicilina/Amoxacilina uma vez que o Pneumococo é sem dúvida o microrganismo mais freqüente também nesta faixa etária. O uso indiscriminado de Macrolídeos como terapia empírica inicial nas infecções comunitárias certamente é responsável pela crescente resistência que se verifica a estas drogas. De acordo também com o que já foi dito acima, o uso de altas doses de Amoxacilina para fazer frente aos Pneumococos com resistência intermediária não é necessário. A partir da literatura consultada2,3,14-18,33-48 e das discussões feitas na reunião de Consenso, alguns pontos podem ser sintetizados quanto ao tratamento, a saber: • Crianças menores de 4 anos com sintomas respiratórios leves (tosse, coriza, febre<38,5oC) não necessitam antibioticoterapia devendo ser examinadas novamente caso haja piora do quadro (febre alta e contínua e/ou taquipnéia) (B) • Antibioticoterapia oral é segura e eficaz no tratamento das crianças com Pneumonia comunitária sem complicações(A) • Amoxacilina é a primeira escolha para antibioticoterapia oral nas crianças <5anos. É eficaz, bem tolerada e barata. Alternativas são Amoxa-Clavulanato, Axetil-Cefuroxime e Macrolídeos (D) • Amoxacilina pode ser usada como primeira escolha em qualquer faixa etária acima de 3 meses se o agente suspeito for o S.pneumoniae (aspecto radiológico, dados epidemiológicos)(B) • Macrolídeos podem ser usados quando a suspeita principal for de M.pneumoniae ou C.pneumoniae o que pode ocorrer em crianças > 5 anos (D) • Nos estudos realizados até agora parece não haver diferenças de eficácia entre o uso de qualquer dos Macrolídeos aprovados para crianças. (B) WWW.HSL.ORG.BR 12 • Se houver suspeita de S.aureus está indicado o uso de Oxacilina ou Macrolídeos (D) • O uso de Quinolonas não está indicado em crianças com Pneumonia comunitária (B) • O uso de Ceftriaxona não está indicado nas 2 primeiras semanas de vida (A) • Antibioticoterapia EV está indicada em crianças com dificuldades para receber medicação oral ou naquelas em que existam sinais/sintomas de gravidade e que demandem internação (B) 6. Crianças imunodeprimidas A pneumonia em crianças com imunodepressão congênita, adquirida ou induzida por drogas constitui sempre um quadro potencialmente grave e, algumas vezes, fatal. Assim sendo estes pacientes devem sempre ser internados e exaustivamente investigados no sentido de conseguir um diagnóstico etiológico. Medidas invasivas como Lavado Bronco Alveolar e Biópsia Pulmonar devem ser tomadas caso as condutas iniciais empíricas não resultem em melhora da criança. (A) O espectro de microrganismos que pode acometer estes pacientes é extenso e variado. Dentro dos limites desta proposta devem ser lembrados o S.aureus e S. epidermidis potencialmente meticilino-resistentes, os Gram negativos produtores de BetaLactamases, especialmente a K.pneumoniae e E. coli, as bactérias pouco usuais como a Legionella sp.e as Micobactérias. Quadros com hipóxia súbita e grave podem sugerir Pneumocistose. Não menos importantes são as Pneumonias fúngicas, especialmente aquelas causadas por Aspergillus sp.Infecções virais por CMV ou outros do grupo Herpes podem facilmente ser confundidas com quadros bacterianos e levar a um grau de comprometimento rápido e extenso que necessita suporte de UTI. A partir deste espectro possível a conduta mais racional dentro do PA é agir rapidamente no sentido de coletar Hemograma, Hemoculturas, realizar RX de Tórax e, eventualmente, TC de Tórax. A administração de antibióticos endovenosos deve ser feita após a consulta ao Grupo que trata da criança, mas, em princípio, devem ser utilizados antibióticos de amplo espectro (Cefalosporinas de III e IV geração, associadas ou não a Aminoglicosídeos e Vancomicina)(A) Qualquer instabilidade hemodinâmica constitui sinal de alerta e pode necessitar de suporte intensivo. WWW.HSL.ORG.BR 13 Algoritmo de Atendimento para tratamento de crianças com Pneumonia Adquirida na Comunidade Idade < 3 meses Idade > 3 meses Ampicilina + Aminoglicosídeo OU Ampicilina + Cefalosporina de terceira geração OU Eritromicina em caso suspeito de C.trachomatis Quadro 2 INTERNAR SEMPRE QUADRO CLÍNICO SUGESTIVO DE PNEUMONIA (Febre, tosse, dor toráxica, taquipnéia, dor abdominal) WWW.HSL.ORG.BR 14 Quadro 2 CRITÉRIOS DE GRAVIDADE Toxemia Sat O2 < 92% Associação com ASMA (vide Protocolo) Uso de musculatura acessória (tiragem intercostal e de fúrcula) Taquipnéia Desidratação/Vômitos/Inapetência/Estado geral comprometido Dificuldades familiares em medicar e observar cuidadosamente Imunodepressão? INTERNAR SIM NÃO <1 ano = FR > 50 1 a 5 anos = FR > 40 > 5 anos = FR > 20 • Neutropênicos • Pós-Transplantados em uso de Imunossupressores • Mucoviscidóticos • Renais Crônicos • Hepatopatas em uso de Corticosteróides • Presença de doenças congênitas com comprometimento cardíaco e/ou pulmonar RAIO X DE TORAX • Normal • Presença de Pneumonia Derrame Pleural Pneumonia extensa multilobular Pneumatoceles Atelectasia extensa TRATAMENTO DOMICILIAR 3 MESES a 5 ANOS Amoxacilina VO Nos casos de alergia ou intolerância: Cefalosporina 2ª. ou 3ª. geração VO Claritromicina Azitromicina. > 5 ANOS Amoxacilina VO Nos casos de alergia ou na suspeita de M.pneumoniae: Claritromicina Azitromicina Sem melhora após 48hs: Reavaliar Considerar resistência ou outra etiologia Mudar antibioticoterapia: Iniciar Macrolídeos, Amoxacilina-Clavulanato ou Cefalosporina de 2ª. ou 3ª. geração VO Reavaliar após 24hs WWW.HSL.ORG.BR 15INTERNAÇÃO Considerar necessidade de UTI Insuficiência Respiratória • Investigação: Hemograma, HMC, Sorologias, Pesquisas de vírus. • Tomografia de Torax - caso haja imagens sugestivas de derrame, atelectasias. • Contato com médico da criança e/ou equipe de retaguarda para discussão de conduta Sem melhora em 24hs Considerar: • Complicações – derrames, abcessos (investigar) • Imunodepressão • Pneumococo resistente (iniciar Vancomicina) • Outras etiologias (iniciar Macrolídeos, associar Aminoglicosídeos, etc) Iniciar: Penicilina Cristalina OU Ampicilina EV OU Ceftriaxona OU Cloranfenicol EV WWW.HSL.ORG.BR 16 NOTAS 1. A utilização em larga escala da vacina conjugada heptavalente contra o Pneumococo pode modificar substancialmente a etiologia das Pneumonias comunitárias na infância, do mesmo modo que ocorreu após a introdução, entre nós, da vacina contra H.influenzae. O alto custo da vacina, entretanto, faz com que sua utilização seja ainda incipiente para ser considerada em termos populacionais. Apesar de cobrir apenas 7 sorotipos, nos poucos estudos existentes observa-se que estes contemplam parte substancial dos sorotipos invasivos do nosso meio49. (D) 2. A duração do tratamento, nas diretrizes disponíveis, é de 7 a 10 dias, nos casos de antibioticoterapia oral, podendo ser extendida até 14 dias dependendo da resposta clínica. Os critérios de boa resposta clínica são: ausência de febre, melhora da ausculta pulmonar e bom estado geral da criança14,15. (A) 3. Nos casos que necessitarem internação a duração da antibioticoterapia endovenosa se baseia na resposta clínica (ausência de febre há pelo menos 24 horas, bom estado geral e capacidade respiratória recuperada com FR e Sat.O2 normais) e na possibilidade da criança ingerir medicação oral. Na maioria dos casos a troca para via oral se dá após 3 a 5 dias de medicação endovenosa14,15,16. (A) A escolha do antibiótico vai variar de acordo com o primeiro tratamento instituído, sendo usual a utilização de Cefalosporinas de II geração ou Macrolídeos para completar o esquema de 10-14 dias. 4. Os derrames pleurais podem ocorrer em cerca de 40% dos casos de Pneumonia internados15. Há muito debate acerca de qual a melhor conduta frente aos derrames e empiemas. A manutenção da febre e a extensão do processo são critérios de drenagem, sempre apoiados na realização de TC e USG de Tórax. A possibilidade de ocorrência de fístulas e a necessidade de longos períodos de hospitalização com antibioticoterapia em muitos casos de drenagem têm levado a posições menos conservadoras nos casos de empiema. O procedimento alternativo seria a toracoscopia que parece permitir recuperação mais rápida. (A) 5. Optamos pela possibilidade do uso de Cloranfenicol nos casos de internação, a critério do Plantonista e da Equipe da Retaguarda. Apesar da ausência deste antibiótico nos Guidelines e padronizações disponíveis, é nosso parecer que este é um Antibiótico que pode e deve ser usado pelo baixo índice de resistência que induz, pela ampla WWW.HSL.ORG.BR 17 cobertura, pela disponibilidade e baixo custo. Além disso, sendo disponível VO oferece uma alternativa para medicação de alta, embora sua administração a cada 6 horas não o torne atraente para uso domiciliar. Tabela 1: Agentes etiológicos mais prováveis em crianças com pneumonia adquirida na comunidade (PAC) Idade Principais Etiologias Quadro Clínico Estreptococo Grupo B Sepse grave Enterobacterias ( E.coli, Klebsiella sp., Proteus sp.) Geralmente infecção hospitalar, após 7 dias de vida CMV Infecçào congênita 0 a 1 mes Listeria monocytogenes Sepse (raro) Pneumonia afebril da infância, Pneumonite: C.trachomatis, VSR, Vírus Parainfluenza B Quadro afebril, subagudo, progressivo e intersticial, com boa evolução clínica 1 a 3 meses Pneumonia Bacteriana: S.pneumoniae, Bordetella pertussis, S.aureus Pneumococo é a causa mais frequente de pneumonia bacteriana nesta faixa etária VSR, Parainfluenza, Influenza, Adenovirus, Rinovirus Mais frequente em lactentes jovens S. pneumoniae Causa mais frequente nesta faixa etária H.influenzae Tipo B em desaparecimento devido à vacinação S.aureus Muito grave e mais frequente emb lactentes jovens Mycoplasma pneumoniae Mais frequente nas crianças mais velhas 3 meses a 4 anos Mycobacterium tuberculosis Nào esquecer, ver epidemiologia S.pneumoniae Causa mais frequente nesta faixa etária. Em geral Pneumonia Lobar Mycoplasma pneumoniae Mais frequente em crianças escolares e mais velhas. Muitas vezes quadro intersticial Clamydia pneumoniae Controverso 5 a 15 anos Mycobacterium tuberculosis Nào esquecer, principalmente nos adolescentes (Paiva et al., 1998; Chamberlain, 2000; MacIntosh, 2002) WWW.HSL.ORG.BR 18 Tabela 2: Escolha de Antibioticoterapia Empírica para Crianças com Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) Faixa Etária Pacientes ambulatoriais Pacientes graves internados Neonatos – menores de 28 dias de vida Internar sempre Ampicilina + Amicacina ou Gentamicina EV. Considerar adição de Cefotaxime. Associar Vancomicina se houver suspeita de S.aureus Afebril: Internar e considerar a possibilidade de quadro viral Claritro/Azitro/Eritromicina EV. 1 mes a 3 meses Febril: Internar sempre Ceftriaxona/Cefuroxima/Cefotaxima EV. Considerar associação de Oxacilina EV 3 meses a 5 anos Amoxacilina VO Alergia Amoxa: Claritromicina/Azitromicina VO Ceftriaxona/Cefuroxima/Cefotaxima EV. Considerar associação de Claritromicina/Eritromicina EV. Considerar o uso de Cloranfenicol. 5 a 16 anos Amoxacilina VO. Considerar possibilidade de iniciar com Claritromicina/Azitromicina VO Ceftriaxona/Cefuroxima/Cefotaxima EV + Claritromicina EV WWW.HSL.ORG.BR 19 Tabela 3: Posologia dos Principais Antimicrobianos para Tratamento da Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) em Crianças. Antimicrobiano Via Dosagem diária Intervalo Duração Observação Ampicilina EV 150mg/kg/dia 6/6hs 10 dias Baseada na resposta clínica e tolerância ao medicamento nos neonatos Amicacina EV 15mg/kg/dia A cada 8 ou 12 hs Baseada na resposta clínica e tolerância ao medicamento -- Gentamicina EV 5mg/kg/dia A cada 8 ou 12 hs idem -- Cefotaxima EV 100mg/kg/dia 12/12hs Baseada na resposta clínica em neonatos Cef. de 3ª. geração de escolha, apenas para neonatos Penicilina Cristalina EV 200.000UI/kg/dia 6/6hs ou 4/4hs 10 dias Possibilidade de flebite Oxacilina EV 200mg/kg/dia 6/6hs 21 dias Uso associado, quando houver suspeita de S.aureus Cloranfenicol EV 50mg/kg/dia 6/6hs 10 dias Embora não seja a primeira escolha constitui excelente alternativaterapêutica Ceftriaxona EV 100mg/kg/dia 1x/dia ou 12/12hs 10 dias Cef. 3ª. Geração de escolha a partir de 1 mes de vida Vancomicina EV 40mg/kg/dia 6/6hs 21 dias Apenas em casos de infecção comprovada por S.aureus resistente Eritromicina VO/EV 25/50mg/kg/dia 6/6hs 14 dias Doses diferentes em neonatos Claritromicina VO/EV 15mg/kg/dia 12/12hs 10 dias -- Azitromicina VO 10mg/kg/dia 1x/dia 10 dias Não temos experiência com seu uso em BCP Amoxacilina VO 50mg/kg/dia 8/8hs 10 dias Não há necessidade de doses maiores pelo baixo nível de resistência. Usar 3 vezes ao dia em BCP Amoxacilina- Clavulanato VO 50mg/kg/dia 12/12hs 10 dias Boa resposta 2x/dia Axetil-Cefuroxima VO 30mg/kg/dia 12/12hs 10 dias Observar resposta terapêutica Cefprozil VO 30mg/kg/dia 12/12hs 10 dias Idem Cefaclor VO 40mg/kg/dia 8/8hs 10 dias Idem WWW.HSL.ORG.BR 20 Bibliografia 1. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Projeto Diretrizes. Brasil, 2002. Disponível em URL http://www.amb.org.br/projeto_diretrizes/ . 2. McCracken Jr G. Etiology and treatment of pneumonia. 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