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1 PGM-NI Técnico de Procuradoria Parte geral: das pessoas naturais. Início e extinção. Personalidade jurídica. Capacidade civil. Dos direitos da personalidade. ................................................................................................ 1 Das pessoas jurídicas. Desconsideração da Personalidade Jurídica. ............................... 19 Do domicílio. ..................................................................................................................... 30 Dos bens. .......................................................................................................................... 34 Fatos e atos jurídicos. Teoria geral dos negócios jurídicos. .............................................. 44 Prescrição e decadência. .................................................................................................. 69 Dos atos ilícitos. Do abuso do direito. ............................................................................... 78 Do direito das obrigações. Das modalidades das obrigações. Da transmissão das obrigações. Da extinção das obrigações. Do inadimplemento das obrigações. ..................... 78 Dos contratos. Teoria geral dos contratos. Noção de contrato. Elementos dos contratos. Princípios contratuais. ......................................................................................................... 107 Da responsabilidade civil. Pressupostos. Conduta. Nexo causal. Dano. Dano material. Dano moral: espécies. Responsabilidade subjetiva. Responsabilidade objetiva. .......................... 126 Olá Concurseiro, tudo bem? Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando conteúdos faltantes. 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Bons estudos e conte sempre conosco! 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 1 PESSOAS NATURAIS O Código Civil, através do artigo 1º conceitua pessoa natural como sendo todo sujeito de direitos e deveres. O que causa discussão no âmbito civilista é o momento do início da personalidade civil da pessoa. De acordo com o art. 2º do CC: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Para explicar o momento do início temos três teorias. Início da Personalidade Natural 1ª teoria: é a chamada teoria natalista, que exige para a aquisição da personalidade, o nascimento com vida. 2ª teoria: teoria da personalidade condicional, que defende que a personalidade civil começa com o nascimento com vida, mas os direitos do nascituro estão sujeitos a uma condição suspensiva, ou seja, são direitos eventuais. 3ª teoria: teoria concepcionista, reconhece o nascituro como pessoa humana, tendo seus direitos resguardados pela lei. Embora o início da personalidade seja a partir do nascimento com vida, a lei protege desde a concepção os direitos do nascituro. Entretanto, esses direitos estão condicionados ao nascimento com vida, ou seja, se nascer morto, os direitos eventuais que viria a ter estarão frustrados. Dessa forma, a doutrina dominante e entendimento da jurisprudência do STJ adotam a Teoria Concepcionista no Brasil. Capacidade A capacidade, que é elemento da personalidade, é a “medida jurídica da personalidade”. Há duas espécies de capacidade: - de direito ou de gozo: é a capacidade de aquisição de direitos, não importando a idade da pessoa (artigo 1º do Código Civil); - de fato ou de exercício: é a capacidade de exercício de direitos, de exercer, por si só, os atos da vida civil (artigo 2º do Código Civil). Toda pessoa tem capacidade de direito, mas não necessariamente a capacidade de fato, pois pode lhe faltar a consciência sã para o exercício dos atos de natureza privada. Quem tem as duas espécies de capacidade têm a chamada capacidade civil plena; aqueles que não possuem a capacidade de fato são chamados incapazes, tendo a chamada capacidade limitada. No Brasil não existe incapacidade de direito. Incapacidade Considera-se incapacidade a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Não se pode confundir incapacidade com falta de legitimação. O incapaz não pode praticar sozinho nenhum ato da vida jurídica. A falta de legitimação impede apenas a prática de um determinado ato da vida jurídica. Ao incapaz não é dado o direito de praticar qualquer ato da vida civil, sob pena de nulidade. A incapacidade pode se apresentar em duas espécies: - absoluta: enseja na proibição total para os atos da vida civil, sob pena de nulidade (artigo 166, inciso I, do Código Civil). O ato poderá ser praticado pelo representante legal do absolutamente incapaz. - relativa: o incapaz pode praticar os atos da vida civil, porém deve ser assistido, sob pena de anulabilidade (artigo 171, inciso I, do Código Civil). No entanto, alguns atos podem ser praticados pelo Parte geral: das pessoas naturais. Início e extinção. Personalidade jurídica. Capacidade civil. Dos direitos da personalidade. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 2 relativamente sem que esteja na presença de seu representante, como por exemplo, ser testemunha, aceitar mandato, fazer testamento, ser eleitor. Incapacidade Absoluta Atualmente, o Código Civil reconhece como absolutamente incapaz apenas os menores de 16 anos de idade. Desse modo, notamos que a incapacidade absoluta rela em consideração o critério etário e nenhum outro mais, isso desde a publicação da Lei 13.146/2015. Nessa previsão é levado em conta o critério etário, devendo esses menores, denominados menores impúberes, serem representados por seus pais ou, na falta deles, por tutores nomeados. DICA: Para ficar mais claro para memorização, pense que não existe mais absolutamente incapaz que seja maior de idade. Incapacidade Relativa Aqui temos os seguintes critérios a serem levados em conta: etário, psíquico ou físico. Para que os atos desses incapazes sejam praticados em alguns casos é preciso que haja assistência de terceiros para a prática de atos da vida civil. Segundo disposto no artigo 4º do Código Civil, são considerados relativamente incapazes: Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de2015). Quem são os maiores de 16 anos e menores de 18 anos (menores púberes) Embora exista um sistema de proteção aos menores incapazes, os menores púberes perdem essa proteção caso pratiquem qualquer ato disposto nos artigos 180 e 181 do Código Civil. Levando-se em conta a idade etária, esses menores são denominados menores púberes e somente poderão praticar certos atos se assistidos. No entanto, há atos que os menores relativamente incapazes podem praticar, mesmo sem a assistência, como se casar, necessitando apenas de autorização dos pais ou representantes; elaborar testamento; servir como testemunha de atos e negócios jurídicos; requerer registro de seu nascimento; ser empresário, com autorização; ser eleitor; ser mandatário ad negotia (mandato extrajudicial). Cessação da Incapacidade Cessa a incapacidade quando desaparece a sua causa ou quando ocorre a emancipação (exemplo: se a causa da incapacidade é a menoridade, quando a pessoa completar 18 anos, cessará a incapacidade), conforme artigo 5º do Código Civil. A emancipação pode ser de três espécies: voluntária, judicial e legal. a) Emancipação voluntária Aquela decorrente da vontade dos pais, por concessão de ambos ou de um deles na falta do outro. Em tais casos, não é necessária a homologação perante o juiz, eis que é concedida por instrumento público e registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais. Para que ocorra a emancipação parental, o menor deve ter, no mínimo, 16 anos completos. b) Emancipação judicial É aquela decretada pelo juiz, por sentença, em casos como em que um dos pais não concorda com a emancipação, contrariando um a vontade do outro. O menor sob tutela só poderá ser emancipado por ordem judicial, tendo em vista que o tutor não pode emancipar o tutelado. O procedimento é regido pelos 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 3 artigo 720 do Novo Código de Processo Civil, com participação do Ministério Público em todas as fases. A sentença que conceder a emancipação será devidamente registrada. c) Emancipação legal Decorre das hipóteses previstas nos incisos II a V do parágrafo único do artigo 5º, como através do casamento, pelo exercício de emprego público efetivo, pela colação de grau em curso de ensino superior, pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Consigne-se que a idade núbil tanto do homem quanto da mulher é de 16 anos (art. 1.517 do CC), sendo possível o casamento do menor se houver autorização dos pais ou dos seus representantes. O divórcio, a viuvez e a anulação do casamento não implicam no retorno à incapacidade. Domicílio Considera-se domicílio da pessoa natural o local em que ela possa ser sujeito de direitos e deveres na ordem privada. Via de regra, é o local em que ela permanece a maior parte do tempo com ânimo definitivo. Eventualmente, a pessoa pode ter dois ou mais locais de residência, onde, alternadamente, viva, considerando-se seu domicílio qualquer um desses locais.1 Extinção da Personalidade Natural De acordo com o disposto no artigo 6º do Código Civil, termina a existência da pessoa natural com a morte (morte real), presumindo-se esta quanto aos ausentes nos casos dos artigos 37 a 39 e 1.784 do Código Civil. A morte natural ocorre com a parada do sistema cardiorrespiratório e a cessação das funções vitais do indivíduo, atestada por médico, ou na falta de especialista, e duas testemunhas. Nem sempre que a pessoa falece é possível encontrar o corpo para se constatar a parada do sistema cardiorrespiratório, não encontramos os requisitos da morte natural, assim o Código Civil elenca algumas hipóteses em que é possível que a morte seja presumida. A doutrina chama a declaração de ausência de “morte presumida”. Seus efeitos, no entanto, diferem - se da morte real, tendo em vista só atingirem a esfera patrimonial. Pode haver morte presumida sem a decretação de ausência em duas situações (artigo 7º do Código Civil): I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. A morte simultânea ou comoriência é a morte de duas ou mais pessoas ao mesmo tempo. Essas pessoas são chamadas de comorientes, caso em que, se não houver meios de saber qual das pessoas morreu, primeiro aplica-se o disposto no artigo 8º do Código Civil, ou seja, a presunção de que morreram todas simultaneamente. Essa presunção é importante quanto aos direitos sucessórios recíprocos entre os comorientes, que não podem herdar um do outro. Veja os dispositivos legais sobre o tema: [...] Código Civil PARTE GERA L LIVRO I Das Pessoas CAPÍTULO I DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 1 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 7ª edição, Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: Método, 2017. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 4 Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Art. 9º Serão registradosem registro público: I - os nascimentos, casamentos e óbitos; II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; [...] 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 5 Questões 01. (MPE/PR - Promotor Substituto - 2017). No Registro Civil das Pessoas Naturais é feita a averbação: (A) Dos nascimentos. (B) Dos casamentos. (C) Dos óbitos. (D) Das emancipações. (E) Das sentenças de nulidade do casamento. 02. (JUCESC - Analista Técnico Administrativo ll - FEPESE/2017). Assinale a alternativa correta em relação às pessoas naturais. (A) A menoridade cessa aos dezesseis anos completos. (B) Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. (C) A existência da pessoa natural cessa aos dezoito anos de idade. (D) A pessoa natural adquire a personalidade desde a sua concepção. (E) Os menores de dezesseis anos são incapazes relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer. 03. (ALERJ - Procurador - FGV/2017). Adriano, 15 anos de idade, modelo de grande sucesso, com vários contratos com grifes internacionais, fotografado em capas de revistas de moda nacionais e internacionais, com evidente independência financeira, sai para passear na orla da cidade do Rio de Janeiro com seu cachorro da raça pitbull. Acontece que o animal, irritado com o barulho causado por um grupo de crianças que estavam em excursão escolar, consegue se soltar da coleira e morde três meninos, causando-lhes sérias lesões físicas e estéticas. Considerando que os pais de Adriano são pessoas de origem humilde e não dispõem de meios para arcar com a indenização, é correto afirmar que Adriano: (A) apesar de menor absolutamente incapaz, responde civilmente pelos danos causados, da mesma forma que uma pessoa plenamente capaz; (B) apesar de menor absolutamente incapaz, responde civilmente pelos danos causados, devendo ser arbitrado valor equitativo de indenização; (C) não tem responsabilidade civil, por se tratar de menor absolutamente incapaz; (D) somente poderá ser responsabilizado por ser emancipado, já que tem economia própria em decorrência de sua atividade profissional, respondendo da mesma forma que uma pessoa plenamente capaz; (E) somente poderá ser responsabilizado por ser emancipado, já que tem economia própria em decorrência de sua atividade profissional, devendo ser arbitrado valor equitativo de indenização. 04. (MPE/PR - Promotor Substituto - 2017). No Registro Civil das Pessoas Naturais é feita a averbação: (A) Dos nascimentos. (B) Dos casamentos. (C) Dos óbitos. (D) Das emancipações. (E) Das sentenças de nulidade do casamento. 05. (CRAISA de Santo André/SP - Advogado - CAIP-IMES/2016). Segundo o Código Civil vigente é correto afirmar, sobre a personalidade e a capacidade das pessoas naturais o que segue: (A) A personalidade civil da pessoa começa com a concepção. (B) São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; os ébrios habituais e os viciados em tóxico; aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade e os pródigos. (C) A menoridade cessa aos dezesseis anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. (D) Cessará, para os menores, a incapacidade: pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com quatorze anos completos tenha economia própria. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 6 06. (Pref. de Juiz de Fora/MG - Auditor Fiscal - AOCP/2016) A existência da pessoa natural termina (A) com a morte, passível de presunção em relação aos ausentes, com observância aos casos em cuja abertura de sucessão definitiva é autorizada por lei. (B) com a morte, sempre que comprovada pelo atestado de óbito e pela presença física do morto. (C) com a morte excepcionalmente não presumida em relação aos ausentes e sem observância aos casos em cuja abertura de sucessão definitiva é autorizada por lei. (D) com a morte, que pode ser presumida exclusivamente para os casos de ausência de absolutamente capaz, e com observância aos casos em cuja abertura de sucessão definitiva é autorizada por lei. (E) com a morte jurídica, pela extinção da certidão de nascimento, por ato do detentor do pátrio poder e sem presunção de ausência. 07. (TJM/SP - Juiz de Direito Substituto- VUNESP/2016) Quanto à capacidade civil, assinale a alternativa correta. (A) A incapacidade civil se presume, em se tratando de negócios jurídicos, levando à sua anulação. (B) A emancipação do menor impúbere deve ocorrer por sentença judicial, transcrita no Registro Civil. (C) Os viciados em tóxicos são incapazes absolutamente aos atos relativos à sua pessoa. (D) A deficiência mental afeta a plena capacidade civil da pessoa para os atos da vida civil. (E) Aquele que, por causa permanente, não puder exprimir sua vontade, é relativamente incapaz. 08. (PC/PE - Delegado de Polícia - CESPE/2016) Com base nas disposições do Código Civil, assinale a opção correta a respeito da capacidade civil. (A) Os pródigos, outrora considerados relativamente incapazes, não possuem restrições à capacidade civil, de acordo com a atual redação do código em questão. (B) Indivíduo que, por deficiência mental, tenha o discernimento reduzido é considerado relativamente incapaz. (C) O indivíduo que não consegue exprimir sua vontade é considerado absolutamente incapaz. (D) Indivíduos que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil são considerados absolutamente incapazes. (E) Somente os menores de dezesseis anos de idade são considerados absolutamente incapazes pela lei civil. 09. (TJ/PB - Juiz Substituto - CESPE). Acerca das pessoas naturais, assinale a opção correta. (A) A emancipação voluntária depende de decisão judicial e de averbação no cartório do registro civil do lugar onde estiver registrada a pessoa emancipada. (B) A comoriência é a presunção de simultaneidade de óbitos e o seu reconhecimento depende da demonstração de que os comorientes faleceram nas mesmas condições de tempo e local, não se podendo comprovar qual morte precedeu às demais. (C) O registro civil das pessoas naturais é obrigatório e tem natureza constitutiva. (D) A legislação civil brasileira admite o reconhecimento de morte sem a existência de cadáver e sem a necessidade de declaração de ausência. (E) Os menores de dezesseis anos são absolutamente incapazes, de fato e de direito, e, mesmo que representados, não têm legitimação para determinados atos. 10. (SAEB/BA -Técnico de Registro de Comércio - IBFC). Considerando as disposições do código civil brasileiro sobre as pessoas naturais, assinale a alternativa correta. (A) A personalidade civil da pessoa começa com a concepção, mas a lei põe a salvo, desde o nascimento com vida, os direitos do nascituro. (B) A personalidade civil da pessoa começa com o registro civil, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. (C) A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. (D) A personalidade civil da pessoa começa com o registro civil, mas a lei põe a salvo, desde o nascimento com vida, os direitos do nascituro. (E) A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, e a lei não põe a salvo quaisquer direitos do nascituro.Gabarito 01.E / 02.B / 03.B / 04.E / 05.B / 06.A / 07.E / 08.E / 09.D / 10.C 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 7 Comentários 01. Resposta: E Código Civil Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; 02. Resposta: B Código Civil Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 03. Resposta: B Código Civil Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. ( ) V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 04. Resposta: E Código Civil Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; 05. Resposta: B Código Civil Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) IV - os pródigos. 06. Resposta: A Código Civil Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 07. Resposta: E Código Civil Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: ( ) III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. 08. Resposta: E Código Civil Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. 09. Resposta: D Código Civil Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 8 Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 10. Resposta: C Código Civil Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. DIREITOS DA PERSONALIDADE Os direitos da personalidade são inerentes à pessoa humana, estando ligados à ela perpetuamente. O reconhecimento desses direitos na categoria de direito subjetivo ocorreu com a Declaração dos Direitos do Homem, de 1789 e de 1948, das Nações Unidas, bem como da Convenção Europeia de 1950. Podemos conceitua-los como aqueles que buscam a defesa dos valores inatos nos homens, reconhecidos a eles em sua interioridade e em suas projeções na sociedade. Espécies A doutrina divide os direitos da personalidade em três espécies: a) Direitos Físicos: referentes à integridade corporal (componentes materiais da estrutura humana), como os direitos à vida, à integridade física, ao corpo, à imagem e à voz; b) Direitos Psíquicos: atinentes aos aspectos intrínsecos da personalidade, como os direitos à liberdade, à intimidade, à integridade psíquica e ao segredo; c) Direitos Morais: ligados ao complexo valorativo da pessoa, projetado nela mesma e no meio social em que vive e, nesta última categoria, estariam inseridos os direitos à identidade, à honra, ao respeito e às criações intelectuais. Características a) Intransmissibilidade e Irrenunciabilidade: os titulares não podem deles dispor, transmitindo-os a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando-os. Os direitos da personalidade são inseparáveis. b) Imprescritibilidade: não são extintos pelo uso, decurso de tempo e nem pela inércia na pretensão de defendê-los. c) Impenhorabilidade: se são direitos inerentes à pessoa humana e dela inseparáveis não podem ser penhorados. d) Não sujeição a Desapropriação: não sofrem limitação voluntária. e) Vitaliciedade: acompanham a pessoa até a morte. f) Absolutismo: significa que esses direitos têm caráter geral, são oponíveis contra todos. g) Não limitação: o rol é meramente exemplificativo. Sendo, assim, os direitos da personalidade asseguram à pessoa a defesa do que lhe é próprio, ou seja, sua integridade física, intelectual e moral. A proteção jurídica desses direitos ocorre com a cessação dos atos que perturbam e desrespeitam a integridade física, intelectual ou moral do ser e, em seguida, com a averiguação da existência da lesão ou não, no ressarcimento dos danos morais e patrimoniais experimentados pela vítima, conforme disposto no artigo 12 do Código Civil. Diz o art. 5°, X, da CF: "são invioláveis a intimidade, a vida privada a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação". A intimidade pode ser definida como a esfera secreta da vida do indivíduo na qual este tem o poder legal de evitar os demais, inclusive seus familiares se assim quiser (liberdade de pensamento). Em sentido prático, porém, o que a interpretação sistemática do texto constitucional nos leva a concluir é que a intimidade abrangeria o sigilo de correspondência, a inviolabilidade do domicilio (CF: art. 5°, XI) e o segredo profissional. A intimidade é considerada um direito diverso dos direitos à vida privada, à honra e à imagem, sendo que o chamado direito à privacidade tomado em sentido genérico e amplo deve englobar todas essas manifestações da esfera íntima privada e da personalidade. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 9 Já o direito de preservação da honra e da imagem das pessoas não representam um desdobramento do direito à intimidade ou do direito à privacidade, mas sim direitos conexos. A honra revela-se como o conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, considerada em si mesmo e em relação aos demais, como o bom nome e a reputação. A inviolabilidade da imagem da pessoa consiste na tutela do aspecto físico como é perceptível visivelmente e subdivide-se em dois tipos: a) imagem retrato (como fotografia) descrita no inciso X do art. 5° da CF; e b) imagem atributo (publicitária p. ex) descrita no art. 5°, V da CF2. No Código Civil temos as seguintes disciplinas: a) Direito ao Corpo Vivo ou Morto (artigos 13 a 15, CC) Os artigos 13 a 15 do Código Civil garantem o direito à integridade física da pessoa, que compreende a proteção jurídica à vida, ao próprio corpo vivo ou morto, em sua totalidade ou parcialidade, quer ainda ao direito de alguém submeter-se ou não a exame ou tratamento médico. O parágrafo único do artigo 13 traz a possibilidade de disposição do próprio corpo para fins de transplante. A lei nº 9.434/97 (lei dos transplantes) traz toda a regulamentação do procedimento. Em breve resumo, essa disposição deve ser feita por pessoa juridicamente capaz, de forma gratuita. A retirada só ocorre após a morte. É proibida a comercialização de órgãos do corpo humano. Com relação ao tratamento médico de risco, a regra é que os médicos não podem atuar sem prévia autorização do paciente que esteja em situação grave. O paciente poderá se negar ao tratamento ou exame. E os transexuais?? O Conselho Federal de Medicina permite a realização de cirurgias para adequação do sexo (Resolução n. 1.482/97). A CF/88 ao garantir o direito deimagem das pessoas (art. 5º, X) concede a possibilidade da cirurgia, sob o fundamento que é constrangedor para uma pessoa se identificar com sexo diferente daquele que aparenta ser. Em conformidade com tal posicionamento, temos o Enunciado 276 da IV Jornada de Direito Civil3: “O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil”. b) Direito ao Nome (artigos 16 a 19, CC) O nome é uma das formas de individualização da pessoa natural. Podemos conceituar nome como sendo a designação pela qual a pessoa identifica-se no seio da família e da sociedade.4 Para Limongi França o nome tem natureza jurídica “de um direito da personalidade”. O nome é composto dos seguintes elementos: prenome e sobrenome (ou apelido de família) e em alguns casos agnome (sinal que distingue pessoas da mesma família - ex: Júnior, Neto, Filho, etc.). O prenome é livremente escolhido pelos pais, é preciso cuidado para não expor o filho ao ridículo (art. 55, parágrafo único da Lei de Registros Públicos). Já o sobrenome indica a filiação da pessoa, sua procedência. O art. 58 da Lei de Registros Públicos estabelece que o prenome é definitivo, permitindo sua substituição por apelidos públicos notórios. O parágrafo único desse mesmo artigo permite ainda a substituição do prenome em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público. No caso de adoção, a sentença permite ao adotado usar o sobrenome do adotante, podendo modificar o prenome a pedido de qualquer das partes. 2 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (...) X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 3 Os enunciados servem para elucidar pontos do Direito Civil, ajudando na interpretação e compreensão. 4 Carlos Roberto Gonçalves. Sinopses Jurídicas. Direito Civil – Parte Geral. Vol. 1. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 10 c) Direito à Imagem (art. 20, CC) Uma pessoa poderá proibir a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização de sua imagem ao seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade ou se se destinarem a fins comerciais. No caso de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. Embora o parágrafo único do artigo 20 tenha omitido a legitimação do companheiro e dos parentes colaterais, existe jurisprudência no sentido de conceder a tais pessoas legitimação. E o caso das biografias não-autorizadas? As biografias não-autorizadas não eram permitidas no Brasil, pois violavam os arts. 20 e 21 do CC. No ano de 2012 a Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) ajuizou ADIN (4815) com o objetivo de declarar a inconstitucionalidade parcial dos artigos 20 e 21 do Código Civil. O STF no julgamento da mencionada ADIN entendeu que não é necessária autorização prévia para a publicação de biografias. Em resumo, para que seja publicada uma biografia não é necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. Entretanto, caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela publicação, ele terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta, etc. d) Direito à Privacidade (art. 21, CC) O Código Civil protege os aspectos da intimidade da pessoa, concedendo ao prejudicado a prerrogativa de pleitear que cesse o ato abusivo ou ilegal. Estado O Estado é outra forma de se individualizar a pessoa. Representa o modo particular de existir de uma pessoa. A expressão "Estado" provém do latim status, empregada pelos romanos para designar os vários predicados integrantes da personalidade. Era o modo de ser em virtude do qual se tornavam os homens suscetíveis de direitos na sociedade civil. Modernamente esse status representa-se por dois derradeiros estados: nacionalidade e família. Passemos a analisa-los separadamente: a) Estado Individual ou Físico: modo de ser da pessoa sob o aspecto orgânico (idade, sexo, saúde) e capacidade; b) Estado Familiar: posição ocupada pela pessoa no seio da família. Todo o indivíduo se enquadra em determinada família por três ordens de relações, a saber, pelo vínculo conjugal, pelo parentesco decorrente de consanguinidade ou afinidade e, sob esse aspecto as pessoas distinguem-se em casadas, solteiras, separadas, divorciadas, parentes ou não. c) Estado Político: qualidade jurídica que advém da posição do indivíduo como parcela de uma sociedade politicamente organizada e chamada de nação (Estado). Nesse contexto os indivíduos se dividem em nacionais (natos e naturalizados), e estrangeiros. d) Estado Civil: regula-se por normas de ordem pública e não podem, via de regra, ser modificados pela vontade das partes no sentido de que será sempre uno, ou seja, ninguém pode ser ao mesmo tempo solteiro e casado, maior e menor, brasileiro e estrangeiro (Atenção: a dupla nacionalidade é figura não regulada pelo direito). 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 11 O estado tem três características importantes: - irrenunciabilidade: não se pode renunciar aquilo que é característica pessoal; - inalienabilidade: não se pode transferir as características pessoais; - imprescritividade: o simples decurso do tempo não faz com que as pessoas percam o estado. A crítica apontada para os dias atuais refere-se ao fato de não haver tratamento específico sobre o estado civil do companheiro ou convivente. O ordenamento jurídico consegue atribuir estado civil ao solteiro, casado, viúvo, divorciado, separado juridicamente. A Constituição Federal reconheceu a união estável, conforme consta no artigo 226, §3º e seus requisitos, amparados ainda no artigo 1.723, CC. Diante da ausência do estado civil para o convivente, a união estável é a aplicada como uma espécie de segunda classe para os conviventes. Como sabemos, temos muito a evoluir nesse assunto e em vários outros. Veja os dispositivos legais sobre o tema: Código Civil [...] CAPÍTULO II DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariaros bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815) Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 12 Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. [...] Questões 01. (PC/MS - Delegado de Polícia - FAPEMS/2017). Sobre os direitos da personalidade, assinale a alternativa correta. (A) De acordo com o entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, o espólio possui legitimidade para buscar a reparação por danos morais decorrentes da ofensa post mortem à imagem e à memória da pessoa. (B) A disposição do próprio corpo por exigência médica, na forma do artigo 13 do Código Civil, não inclui cirurgias de transgenitalização, alteração do prenome e do sexo no Registro Civil. (C) No que tange à disposição gratuita do próprio corpo para depois da morte, a remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa juridicamente capaz tem validade condicionada à vontade dos familiares, posto que estes podem revogar a doação feita em vida pelo falecido [doador], se com ela não consentirem ou não concordarem, a qualquer momento antes de sua concretização. (D) O Supremo Tribunal Federal reconhece ser inexigível o consentimento da pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas). (E) A regra prevista no artigo 15 do Código Civil, de que "Ninguém pode ser constrangido a submeter- se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica", não comporta exceção, tendo em vista preponderar a autonomia do paciente em qualquer hipótese. 02. (TJ/PE - Técnico Judiciário - IBFC/2017). Os direitos da personalidade são estabelecidos em lei e tem por objetivo garantir condições mínimas para a vida cotidiana. Acerca do tema, assinale a alternativa incorreta: (A) O Código Civil veda qualquer tipo de constrangimento que submeta a pessoa a tratamento médico com risco à vida (B) É proibida a veiculação de nome alheio em peças publicitárias, exceto quando há autorização expressa (C) Pode, qualquer parente em linha reta, buscar o judiciário para a reparação de danos quando do uso de imagem de parente morto (D) É válido dispor sobre o próprio corpo para pesquisa científica após a morte, não podendo esse ato ser revogado a qualquer tempo (E) O Diploma Civil permite a disposição do próprio corpo, mesmo quando isso contrariar os bons costumes 03. (TJ/RS - Assessor Judiciário - FAURGS/2016). Sobre os direitos da personalidade, é correto afirmar que (A) protegem, além do nome, o pseudônimo. (B) impedem quaisquer atos de disposição do próprio corpo. (C) abrangem os direitos morais e patrimoniais de autor. (D) podem ser objeto de renúncia pelo titular. (E) são passíveis de proteção apenas em relação a pessoas naturais 04. (Pref. de Trindade/GO - Procurador Municipal - FUNRIO/2016) Em atenção aos direitos da personalidade previstos no Código Civil, é correto afirmar que: (A) São intransmissíveis, irrenunciáveis e absolutamente indisponíveis. (B) O pseudônimo, qualquer que seja a sua origem e sua finalidade, goza da proteção que se dá ao nome. (C) Com a morte cessam, também, os direitos da personalidade, não subsistindo qualquer tipo de proteção jurídica. (D) Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. (E) O direito à imagem trata exclusivamente da imagem-retrato, isto é, da projeção dos elementos visíveis que integram a personalidade humana. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 13 05. (CRAISA de Santo André/SP - Advogado - CAIP-IMES/2016) Assinale a alternativa incorreta afeta aos direitos de personalidade, segundo o Código Civil vigente. (A) Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. (B) É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte e o ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. (C) Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. (D) O nome da pessoa pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 06. (MPE/SC - Promotor de Justiça - MPE-SC/2016) De acordo com o Código Civil, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Todavia, alguns direitos excepcionam referida regra, como por exemplo, o direito a imagem e o direito a honra. ( ) Certo ( ) Errado Gabarito 01.D / 02.D / 03.A / 04.D / 05.D / 06.certo Comentários 01. Resposta: D No ano de 2012 a Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) ajuizou ADIN (4815) com o objetivo de declarar a inconstitucionalidade parcial dos arts. 20 e 21 do Código Civil. O STF no julgamento da mencionda ADIN entendeu que não é necessária autorização prévia para a publicação de biografias. 02. Resposta: D Código Civil Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 03. Resposta: A Código Civil Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 04. Resposta: D Código Civil Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 05. Resposta: D Código Civil Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 06. Resposta: Certo Código Civil Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Veja também os seguintes enunciados sobre o assunto: Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil: “O exercíciodos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral”. Enunciado n. 139 da III Jornada de Direito Civil: “Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes”. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 14 AUSÊNCIA A doutrina conceitua a ausência como “um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicílio, sem deixar qualquer notícia”. O ordenamento jurídico disciplinou sobre a ausência de modo a preservar o patrimônio da pessoa ausente, seja para sua necessidade, seja pensando no interesse dos herdeiros. Assim, se um indivíduo desaparece sem deixar representante para administrar seus bens caberá ao juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou do Ministério Público, declarar a ausência, e nomear curador. Entretanto, temos outra hipótese em que o juiz nomeará curador ao ausente: caso o ausente deixe mandatário, mas ele não queira ou não possa exercer o múnus ou até mesmo continuar o mandato, nomeia-se novo mandatário. O que fazer diante da ausência? Duas situações são possíveis em decorrência da ausência, a primeira é a pessoa estar viva, assim há a necessidade de preservar-lhe os bens e a segunda, a pessoa estar falecida, aqui o interesse a ser protegido será de seus herdeiros. Se um indivíduo desaparece sem deixar representante para administrar seus bens caberá ao juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou do Ministério Público, declarar a ausência, e nomear curador. Mas haverá outra hipótese em que o juiz nomeará curador ao ausente: caso o ausente deixe mandatário, mas ele não queira ou não possa exercer o múnus ou até mesmo continuar o mandato, nomeia-se novo mandatário. “O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.” Em falta de cônjuge, a escolha recairá, em ordem preferencial, nos pais e nos descendentes. Dentre estes, os mais próximos precedem os mais remotos. Na falta das pessoas mencionadas acima, o juiz nomeará curador dativo (CC, art. 25, caput e parágrafos). A ausência passa por três fases 1ª fase: curadoria do ausente; 2ª fase: sucessão provisória, e 3ª fase: sucessão definitiva. A primeira fase é subsequente ao desaparecimento, o ordenamento jurídico procura preservar os bens por ele deixados, para a hipótese de seu eventual retorno. Aqui, o curador cuida do patrimônio do ausente. Já na segunda fase, há uma improvável possibilidade do retorno da pessoa desaparecida, por isso há maior interesse em proteger o interesse dos sucessores; é a fase da sucessão provisória. Depois de longo período de ausência, é autorizada a abertura da sucessão definitiva, onde encontramos a sucessão definitiva. A curadoria do ausente fica restrita aos bens, não produzindo efeitos de ordem pessoal, equipara-se à morte (é chamada de “morte presumida”) somente para o fim de permitir a abertura da sucessão. Com a comunicação da ausência ao juiz, este determinará a arrecadação dos bens do ausente e os entregará à administração do curador nomeado. O período de duração da curadoria dos bens do ausente é de um ano, durante o qual serão publicados editais, de dois em dois meses, convocando o ausente a reaparecer (CPC, art. 745). Passado o prazo, sem que o ausente reapareça, ou se tenha notícia de sua morte, ou se ele deixou representante ou procurador, e, passando três anos, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória (CC, art. 26). A Curadoria Cessará a) pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o represente; b) pela certeza da morte do ausente; c) pela sucessão provisória. A abertura desta, com a partilha dos bens aos herdeiros, faz cessar, portanto, a curadoria do ausente. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 15 Sucessão Provisória As pessoas legitimadas para o pedido estão elencadas no art. 25, CC: - cônjuge do ausente, desde que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência; - pais ou aos descendentes, nesta ordem; - descendentes. Como há remota probabilidade de retorno do ausente o legislador prescreveu algumas medidas para assegurar a restituição dos bens ao ausente. São elas: - a sentença que determina a abertura da sucessão provisória só produz efeitos após 6 meses depois de publicada; - a partilha dos bens do ausente só ocorre após os herdeiros derem garantias de restituição, mediante penhor ou hipoteca. Atenção! O art. 30 dispensa os ascendentes, descendentes e cônjuge da oferta de garantia. - a venda dos bens do ausente só ocorrerá em caso de desapropriação e para evitar ruína ou quando convenha para converter em títulos da dívida pública. - as rendas produzidas pelos bens do ausente pertencem aos herdeiros, em sua totalidade. Sucessão Definitiva A sucessão definitiva ocorre se transcorrerem dez anos, sem retorno do ausente ou se o ausente contar com 80 anos de idade e de cinco anos datam suas últimas notícias. Caso o ausente reapareça após os 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva receberá os seus bens existentes e no estado em que se encontrarem. Morte da Pessoa Natural a) Morte Real A personalidade da pessoal natural chega ao fim com a sua morte, que ocorre nos termos do artigo 6º, do Código Civil. Para ser declarada a morte natural, a lei exige que o cérebro da pessoa tenha parado de funcionar (morte real), que inclusive a Lei 9.437/1997, traz para fins de remoção de órgãos para transplante. Deve ser confeccionado um laudo médico, com a elaboração do atestado de óbito, que será registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais. A Lei 6.015/1973 estabelece os parâmetros a serem seguidos para confecção de tal documento, além de trazer em seu artigo 77, as disposições sobre a necessidade de atestado de óbito para que uma pessoa seja sepultada. b) Morte Presumida sem Declaração de Ausência Este tipo de morte, encontra respaldo no artigo 7º, Código Civil, que traz: Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Diz respeito aos casos da natureza, como catástrofes, inundações, terremotos. Vale destacar que a declaração de morte só poderá ser possível, depois de esgotados todos os meios de buscas e averiguações do corpo da pessoa. Já o inciso II trata dos casos daqueles que encontrarem desaparecidos em período de guerra ou seja feito prisioneiro. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 16 c) Morte Presumida com Declaração de Vontade Esse é o caso de desaparecimento da pessoa natural, sem deixar corpo presente. Geralmente acontece quando as pessoas estão em local incerto e não sabido (LINS), sem que tenha indícios dos motivos que levaram ao seu desaparecimento. Veja os dispositivos legais sobre o tema: [...] CAPÍTULO III DA AUSÊNCIA Seção I Da Curadoria dos Bens do Ausente Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. Art. 23. Também se declarará a ausência,e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. § 1º Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. § 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. § 3º Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. Seção II Da Sucessão Provisória Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: I - o cônjuge não separado judicialmente; II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. § 1º Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente. § 2º Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 17 § 1º Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. § 2º Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar- se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. Seção III Da Sucessão Definitiva Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. [...] Questões 01. (EBSERH - Advogado - IBFC/2017). Assinale a alternativa correta sobre a ausência após analisar os itens a seguir e considerar as normas da Lei Federal nº 10.406, de 10/01/2002 (Código Civil). (A) Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, ainda que tenha deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o Ministério Público, a requerimento de qualquer interessado, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador (B) O cônjuge do ausente, estando ou não separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 18 (C) O cônjuge do ausente, ainda que separado de fato por qualquer tempo antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador (D) Para ser curador, entre os descendentes, o mais remoto precede o mais próximo (E) Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo 02. (TRT 7ª Região - Analista Judiciário - CESPE/2017). Após o naufrágio de embarcação em alto mar, constatou-se a falta de um dos passageiros, que nunca foi encontrado. Nessa situação, com relação ao desaparecido, será declarada a sua morte presumida (A) mesmo sem o encerramento das buscas e averiguações. (B) após a declaração de sua ausência. (C) após um ano de seu desaparecimento. (D) mesmo sem a decretação de ausência. 03. (MPT - Procurador do Trabalho - 2017). Assinale a alternativa INCORRETA: (A) A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva, somente sendo possível a declaração de morte presumida após a competente decretação de ausência. (B) O Código Civil de 2002 positivou em seus artigos valores inerentes à pessoa humana, que passaram a orientar a interpretação de institutos do Direito Civil, como, por exemplo, a boa-fé objetiva como elemento das relações contratuais. Essa mudança de paradigma decorre do que se tem chamado de constitucionalização do Direito Civil. (C) A boa-fé objetiva materializa-senas relações jurídicas obrigacionais por meio dos deveres anexos de conduta, entre eles os de proteção, de cooperação e de informação, que devem se preservar na relação jurídica. (D) Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações poderão ser estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócio da pessoa jurídica. (E) Não respondida. 04. (TJ/MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros- CONSUPLAN/2016) Quanto à AUSÊNCIA, é INCORRETO afirmar: (A) Segundo o Código Civil, será nomeado curador do ausente o cônjuge ou o companheiro, por interpretação analógica e sistemática, os pais, ou os descendentes, nesta ordem. (B) A declaração de ausência será facultada por processo judicial ou por escritura pública. Por instrumento público, os requisitos, são: a) a inexistência de filhos menores ou incapazes; b) a observância do prazo de três anos de ausência; c) assistência de advogado, e o ato notarial levado a registro no Cartório de Registro Civis das Pessoas Naturais. (C) Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. (D) Pode-se requerer a sucessão definitiva, provando-se que o Ausente conta com 80 anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. 05. (Prefeitura de Guarapari/ES - Procurador Municipal - IBEG/2016) Acerca das pessoas naturais, personalidade, capacidade e ausência e as disposições relativas previstas no Código Civil de 2002 assinale a alternativa correta: (A) Não pode ser declarada a morte presumida sem a decretação de ausência, mesmo nos casos em que: for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. (B) O pródigo está limitado quanto a todos os atos relativos ao seu patrimônio, inclusive os de mera administração, sem curador. (C) É impossível que exista comoriência sendo uma das mortes real e outra presumida. (D) Não se podem invalidar atos realizados antes da interdição provando-se que existia a incapacidade no momento de realização do ato, uma vez que a sentença de interdição é constitutiva com eficácia declaratória. (E) A ausência não gera incapacidade, ou seja, o ausente pode celebrar negócios jurídicos normalmente. Apenas os seus bens é que ficam sob os cuidados de outra pessoa. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 19 Gabarito 01.E / 02.D / 03.A / 04.B / 05.E Comentários 01. Resposta: E Código Civil Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. § 1º Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. 02. Resposta: D Código Civil Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 03. Resposta: A Código Civil Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. C.c Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 04. Resposta: B Código Civil A declaração de ausência não se dá por escritura pública. Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 05. Resposta: E O ausente não é considerado incapaz. PESSOAS JURÍDICAS As pessoas jurídicas são entidades que a lei confere personalidade, permitindo sua capacitação, estando dessa forma sujeitas a direitos e obrigações. Tem como principal característica atuar na vida jurídica com personalidade diversa dos indivíduos que a compõem. Quanto à sua natureza jurídica, várias teorias buscam explicar esse fenômeno em que uma unidade de pessoas se reúnem com individualidade própria que tem reconhecimento pelo Estado, distinguindo-se das pessoas que a compõem. Essas teorias são conhecidas como Teorias da Ficção e Teorias da Realidade. A Teoria da Ficção é defendida por Savigny, que considera a pessoa jurídica como uma criação artificial da lei, enquanto que a Teoria da Realidade será vista logo abaixo com suas subdivisões. Subdivisão da Teoria da Realidade a. Teoria da Realidade Objetiva: sustenta que a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, nasce por imposição das forças sociais. b. Teoria da Realidade Jurídica: pessoa jurídica é uma organização social destinada a um serviço ou ofício. Das pessoas jurídicas. Desconsideração da Personalidade Jurídica. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 20 c. Teoria da Realidade Técnica: a lei reconhecerá grupos de indivíduos com os mesmos objetivos como pessoas jurídicas. Requisitos para a Constituição da Pessoa Jurídica Para que a pessoa jurídica seja constituída é necessário que exista três elementos: - Vontade humana: materializa-se no ato de constituição, denominada de estatuto, associações sem fins lucrativos), contrato social (sociedades civis ou mercantis) e escritura pública ou testamento (fundações). - Registro: o ato constitutivo deve ser levado a registro, para que então se dê início a existência legal da pessoa jurídica de direito privado. Antes de se levar a registro, não será nada mais do que “sociedade de fato” ou ainda “sociedade não personificada”, permitindo que alguns doutrinadores equiparem essa fase ao nascituro, que já foi concebido, porém só adquirirá personalidade se nascer com vida. Eis que para o caso da pessoa jurídica, apenas se o ato constitutivo for registrado. - Autorização do Governo: algumas pessoas jurídicas precisam de autorização do governo para existir. Ex.: seguradoras, factoring, financeiras, bancos, administradoras de consórcio, etc. Grupos Despersonalizados Constitui um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação; dentre eles podemos citar a família, as sociedades irregulares, a massa falida, as heranças jacente e vacante, o espólio e o condomínio. Responsabilidade da Pessoa Jurídica e dos Sócios A responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado deve ser analisada sob o ponto de vista contratual e extracontratual. A responsabilidade contratual decorre do descumprimento de algum dever inerente ao contrato, assim as pessoas jurídicas em geral quando se tornarem inadimplentes responderão pelas perdas e danos (art. 389). Já a responsabilidade extracontratual ou aquiliana, decorre de vínculo legal entre as partes, o agente por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, causará à vítima um dano. Nessa hipótese a pessoa jurídica responderá por seus atos ou pelos atos de seus prepostos, nos termos dos arts. 186 e 932, III, do CC. Com relação a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público ela é objetiva, sob a teoria do risco administrativo (art. 37, §6º da CF). Segundo essa teoria, a vítima não tem o ônus de provar culpa ou dolo do agente público, mas somente o dano e o nexo causal. O Estado se exonerará da obrigação de indenizar se provar culpa exclusiva da vítima, força maior e fato exclusivo de terceiro. Em caso de culpa concorrente da vítima, a indenização será reduzida pela metade. Domicílio da Pessoa Jurídica O domicílio da pessoa jurídica será sua sede jurídica, nesse local responderá porseus direitos e obrigações. O art. 75 disciplina acerca do domicílio da pessoa jurídica. A pessoa jurídica de direito privado terá domicílio no lugar onde funcione sua diretoria e administração ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto. A pessoa jurídica poderá ter pluralidade de domicílio, isso só será possível se possuir diversos estabelecimentos, situados em comarcas diferentes, caso em que poderão ser demandadas no foro em que tiverem praticado o ato. Tipos de Teorias da Desconsideração O direito brasileiro prevê 2 teorias: a “menor” e a “maior”. a) Teoria Maior: para essa teoria os requisitos para a desconsideração é comprovação de fraude e abuso por parte dos sócios. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 21 b) Teoria Menor: basta o simples prejuízo do credor. A teoria maior divide-se ainda em: I- objetiva: a confusão patrimonial é o pressuposto necessário e suficiente para a desconsideração. Isso significa que basta a existência de bens de sócio registrados em nome da sociedade e vice-versa. II- subjetiva: dispensa o elemento anímico presente nas hipóteses de desvio de finalidade e de fraude. OBS: O Código Civil adotou a teoria maior. Desconsideração Inversa A desconsideração inversa se caracteriza pelo afastamento do princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilização da sociedade por dívidas do sócio. Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica Para Carlos Roberto Gonçalves5 o ordenamento jurídico confere às pessoas jurídicas personalidade distinta da dos seus membros. Esse princípio da autonomia patrimonial possibilita que sociedades empresárias sejam utilizadas como instrumento para a prática de fraudes e abusos de direito contra credores, acarretando-lhes prejuízos. Pessoas inescrupulosas têm-se aproveitado desse princípio com a intenção de se locupletarem em detrimento de terceiros, utilizando a pessoa jurídica como uma espécie de “capa” ou “véu” para proteger os seus negócios escusos. Segundo essa teoria, ao juiz é permitido nos casos de fraude e de má-fé que desconsidere o princípio de que as pessoas jurídicas têm existência distinta da de seus membros e os efeitos dessa autonomia para atingir e vincular os bens particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade (lifting the corporate veil, ou seja, erguendo-se o véu da personalidade jurídica). A decisão judicial que desconsidera a personalidade jurídica da sociedade não desfaz o seu ato constitutivo, não o invalida, nem importa a sua dissolução. Trata, apenas e rigorosamente, de suspensão episódica da eficácia desse ato. Quer dizer, a constituição da pessoa jurídica não produz efeitos apenas no caso em julgamento, permanecendo válida e inteiramente eficaz para todos os outros fins... Em suma, a aplicação da teoria da desconsideração não importa dissolução ou anulação da sociedade.6 Cumpre distinguir, pois, despersonalização de desconsideração da personalidade jurídica. A primeira acarreta a dissolução da pessoa jurídica ou a cassação da autorização para seu funcionamento, enquanto na segunda “subsiste o princípio da autonomia subjetiva da pessoa coletiva, distinta da pessoa de seus sócios ou componentes, mas essa distinção é afastada, provisoriamente e tão só para o caso concreto”. No Código Civil encontramos a desconsideração no artigo 50, ainda que o legislador não use a expressão “desconsideração da personalidade jurídica”. Classificação das Pessoas Jurídicas Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo: Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno da Administração Direta: União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios Por sua vez, as Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno da administração indireta são órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para os exercícios de atividades de interesse público (Autarquias, Associações Públicas, Fundações Públicas). Pessoas Jurídicas de Direito Privado: associações, sociedades, fundações, organizações religiosas e partidos políticos. São instituídas por iniciativa de particulares. - Sociedades Estão disciplinadas no título II do Código Civil (arts. 981 e ss). Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.7 5 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil esquematizado v. 1 / Carlos Roberto Gonçalves – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2013. 6 COELHO, Fabio Ulhôa. Curso de Direito Comercial. 7ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. v.2. 7 Pedro Lenza. Direito Civil Esquematizado. 1593291 E-book gerado especialmente para JULIA EVELYN PAIXAO MACIEL 22 As sociedades podem ser simples e empresarial. - Organizações Religiosas A elas serão aplicas as normas referentes às associações, naquilo em que forem compatíveis. Veja o enunciado 143 da III Jornada de Direito Civil: “A liberdade de funcionamento das organizações religiosas não afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame, pelo Judiciário, da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos”. - Partidos Políticos Os partidos políticos possuem natureza própria. A Terceira Jornada de Direito Civil emitiu entendimento sobre essas pessoas jurídicas: “Os partidos políticos, sindicatos e associações religiosas possuem natureza associativa, aplicando- se-lhes o Código Civil”. Por fim, no estudo das pessoas jurídicas há de se atentar que as pessoas jurídicas elencadas no art. 44 do CC não são taxativas, ou seja, é possível que outras surjam. Confira o enunciado 144 da III Jornada: “A relação das pessoas jurídicas de direito privado, estabelecida no art. 44, incisos I a V, do Código Civil, não é exaustiva”. - Associações (arts. 53 a 61) As associações são pessoas jurídicas de direito privado constituídas de pessoas que reúnem os seus esforços para a realização de fins não econômicos8. Possui aspecto pessoal. Os requisitos para a constituição do estatuto estão elencados no art. 54. Questão que merece atenção é a exclusão de associado. O Código Civil permite a exclusão de associado, desde que haja justa causa, e mediante procedimento que assegure ampla defesa e contraditório (art. 57). - Fundações (arts. 62 a 69) Fundação é um acervo de bens, que recebe personalidade jurídica para a realização de fins determinados, de interesse público, de modo permanente e estável. As fundações podem ser: particulares e públicas. - particular: reguladas pelo CC. - pública: instituídas pelo Estado, é regida pelas normas de direito administrativo. A fundação é composta por dois elementos: patrimônio e fim. O fim será determinado pelo instituidor, não pode ser lucrativo, mas sim, social, de interesse público. O parágrafo único do art. 62, CC dispõe que a fundação só será constituída para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Para a criação de uma fundação a lei exige forma solene de escritura pública ou do testamento. O estatuto da fundação só será modificado sob três condições: deliberação da maioria dos administradores e representantes; respeito a sua finalidade original; aprovação da autoridade competente. Extinção da Pessoa Jurídica A pessoa jurídica extingue-se por quatro formas: a convencional, a legal, a administrativa e a judicial. a) Dissolução Convencional: é deliberada pelos seus membros, pois da mesma forma que a vontade pode criar o ente, pode decidir por extingui-lo. Para tanto é necessário que haja quórum previsto nos estatutos ou na lei; b) Dissolução Legal: ocorre em razão de motivo determinado por lei, sobretudo, o ordenamento reprime certos tipos de pessoas jurídicas. Exemplo: pessoas jurídicas criadas
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