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SCALPER TRADER CURSOS E TREINAMENTOS 
www.scalpertrader.com.br 
contato@scalpertrader.com.br 
 
 
 
 
 
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TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. 
 
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eletronicamente ou transmitida por qualquer maneira ou por quaisquer meios, 
sejam eletrônicos, mecânicos, fotográficos, magnéticos ou similar, sem 
autorização prévia e por escrito do detentor dos direitos autorais, conforme a Lei 
5.988, de 14 de dezembro de 1973, artigos 120 - 130. 
 
As ideias aqui apresentadas refletem a opinião do autor, não devendo, portanto, 
ser confundidas com recomendações de investimento. Cada leitor é responsável 
por sua suas próprias decisões de investimento. 
 
 
 
 
 
http://www.scalpertrader.com.br/
mailto:contato@scalpertrader.com.br
 
3 
 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO ................................................................................... 4 
COMO PENSAR E AGIR COMO UM TRADER ATIVO ............................ 8 
Capítulo 1 – Introdução ............................................................................. 9 
Capítulo 2 - Natureza dos Mercados ....................................................... 29 
Capítulo 3 - Percepção e Processo de Pensamento ............................... 43 
Capítulo 4 - Acompanhar o Mercado com Objetividade ........................... 67 
Capítulo 5 - Interação com os Mercados e Perspectivas ......................... 75 
Capítulo 6 - Sincronizando a Mente com o Fluxo dos Mercados ............. 93 
Capítulo 7- Sincronizando o Operacional com o Fluxo dos Mercados ..... 97 
MANUAL DE VISUALIZAÇÃO ............................................................. 149 
1º Exercício ........................................................................................... 175 
2º Exercício ........................................................................................... 177 
3° Exercício ........................................................................................... 180 
4º Mensagem ........................................................................................ 186 
 
 
 
4 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Dentre todas as curiosidades que tínhamos durante nossa 
fase de aprendizado no trading, a que mais nos chamava a atenção 
era como e por que alguns traders tinham resultados consistentes 
e expressivos, ao passo que outros pareciam não sair de uma espiral 
negativa, marcada por resultados inconstantes e/ou perdas 
excessivas. 
Com histórias diferentes, acabamos por frequentar as salas 
de negociação de uma corretora de valores que, certamente, foi o 
maior celeiro de traders autônomos do Brasil. Durante anos, pudemos 
acompanhar traders já consistentes e também os que tentavam se 
desenvolver. Alguns até conseguiam atingir o tão sonhado nível de 
consistência de resultados. Já os outros, apesar dos cursos e 
experiência que acumulavam no mercado, permaneciam estagnados 
e não evoluíam. 
Começamos a perceber que a maior parte dos que se 
destacavam tinham, de alguma forma, convivido com traders 
veteranos. Percebemos também que a grande maioria dos que não 
conseguiam se desenvolver sentiam falta de, pelo menos, uma das 
seguintes particularidades: 
 Ou não possuíam tal harmonia com traders experientes. 
 Ou possuíam uma forma de pensar muito rígida quanto 
aos aspectos comportamentais e analíticos do trading. 
Entretanto, a percepção acima, isoladamente, estava longe 
de ser conclusiva e ainda faltava saber mais. Queríamos saber, se 
existia algo, concreto e mais específico que separava os traders 
consistentes dos não consistentes. 
Quando perguntávamos a todos sobre o que eles nos 
aconselhariam a fazer para se ter sucesso a resposta era quase que 
unânime: “corte suas perdas o mais rápido possível e deixe fluir 
 
5 
 
enquanto estiver dando certo”. Esse axioma era dito por todos, tanto 
pelos experientes quanto pelos aspirantes, o que ainda não respondia 
nossa pergunta. 
Outra pergunta típica que fazíamos era: “o que você olha 
para operar e o que motiva sua decisão”? Ao ouvir as respostas, 
percebemos algo muito interessante: as dos traders consistentes 
eram vagas e abstratas, resumindo-se a “vendi porque parou de 
subir”, “comprei porque parou de cair”, “vendi porque o mercado 
começou a vender”, “comprei porque o mercado começou a comprar” 
etc. Por sua vez, os que não estavam se desenvolvendo davam 
respostas mais claras e objetivas, como por exemplo: “comprei 
porque rompeu uma resistência”, “comprei porque o IFR estava 
baixo”, “vendi porque o setup que utilizo mostrou venda” etc. 
Apesar de interessante, não entendíamos essa diferença 
de pensamento e também não sabíamos como aplicar os conceitos, 
até então “vagos”, aprendidos com os veteranos. 
O tempo foi passando e aos poucos conseguimos observar 
outras características interessantes: 
 Os melhores traders conheciam pouco ou quase nada de 
análise técnica. 
 Os melhores traders não possuíam um método rígido de 
entrada e saída, ou seja, eram discricionários. 
 Os melhores traders também perdiam, mas encaravam 
esta perda de uma forma totalmente diferente dos demais. 
 Os melhores traders tinham pouca opinião sobre a direção 
dos preços e conseguiam olhar o mercado de uma forma 
totalmente objetiva, adaptavam-se rapidamente a cada 
novo movimento no mercado. 
 Os melhores traders eram extremamente ágeis na 
execução das operações (entrada, saída e stop). 
 
6 
 
 Os melhores traders não tinham medo de operar e não 
tinham dúvida da sua capacidade de ganhar dinheiro. 
Eram extremamente confiantes. 
 
Contudo, mesmo cientes de tudo isso, a grande questão 
era: como fazer para operar sem depender de análise técnica, de 
forma discricionária (sem seguir trading system), sem ter opinião 
sobre alta ou baixa e encarar de forma saudável as perdas e ainda 
assim ser confiante? Como replicar tais habilidades e o 
comportamento de outro trader? 
Encontramos estas respostas através do conhecimento de 
Programação Neurolinguística (PNL). PNL é o estudo de como a 
linguagem, tanto a verbal como a não verbal, afeta nosso sistema 
nervoso. Nossa capacidade de fazer qualquer coisa na vida é 
baseada na nossa capacidade de dirigir o próprio sistema nervoso. 
Em resumo, é a ciência comportamental que estuda formas de colocar 
nosso cérebro na direção mais favorável à obtenção dos resultados 
por nós desejados. 
O principal pressuposto da PNL é que se alguém consegue 
criar um resultado (ser consistente no trading, por exemplo), é 
possível replicá-lo. 
Sob a ótica da PNL, de uma forma bem simplista, para se 
copiar a forma de pensar de uma pessoa, você teria que copiar sua 
estrutura de crença (como filtramos e interpretamos a realidade), 
copiar sua sintaxe mental (ordenação da forma de pensar) e sua 
fisiologia. 
Apesar de os adeptos da PNL julgarem necessários os 3 
(três) passos citados acima, acreditamos que entender a estrutura 
de crenças de traders consistentes já garante um enorme avanço. 
Nosso propósito neste material não é ensinar sobre PNL 
ou ainda associar conhecimento de PNL ao sucesso como trader. 
 
7 
 
Nosso objetivo é explicar que “modelamos” a forma de pensar dos 
traders de sucesso e com isso conseguimos os mesmos 
resultados. Assim sendo, é possível você fazer o mesmo. 
 
 
OBJETIVOS 
 
Esse material foi originalmente desenvolvido como suporte 
para o Curso de Formação de Traders Ativos, cuja estratégia central 
baseava-se na análise de fluxo de ordens puramente aplicada à 
Scalping. 
Apesar de o Programa Tape Reading Automatizado 
permitir uma gama maior de operações, incluindo Trade Location, 
Front Running e Trades para Segurar, o material continua 
perfeitamenteaplicável, uma vez que trata de assuntos inerentes à 
forma como nós humanos percebemos, pensamos e agimos no 
mundo. 
O mercado vem se transformando com frequência e acaba 
por exigir cada vez mais adaptações em nosso operacional para 
conseguirmos tirar proveito de todas as oportunidades que ele faz 
disponível. O Programa Tape Reading Automatizado surge como uma 
resposta a este ambiente desafiador, de constantes mudanças e 
superações. 
Frente ao dinamismo atual, é certo que precisamos nos 
adaptar mais depressa, explorar oportunidades em mais de um ativo 
e, eventualmente, incorporar mais essências operacionais, a fim de 
diluirmos o risco e mantermos um número adequado boas 
oportunidades. 
Apesar de toda essa mudança na dinâmica dos ativos, o 
principal objetivo deste material e do anexo chamado manual de 
visualização é fazer você pensar e agir como um trader pessoa 
 
8 
 
física consistente. E a melhor forma de conseguir isso é através do 
entendimento e da mudança de algumas crenças. 
Neste processo, falaremos muito sobre a importância do 
controle do seu Estado Mental e da Atitude como fatores 
determinantes para criar resultados consistentes. Falaremos também 
sobre a importância de “perceber” a informação proveniente do 
mercado de forma totalmente objetiva, isto é, sem viés, conflito ou 
opiniões/expectativas. 
Esperamos que ao final deste material você tenha um 
entendimento claro sobre o mindset ideal para se relacionar com o 
mercado. 
 
Muito sucesso, atitude vencedora e ótima leitura! 
Equipe Scalper Trader 
 
 
 
 
9 
 
COMO PENSAR E AGIR COMO UM TRADER ATIVO 
 
1. INTRODUÇÃO 
Antes de iniciarmos o texto, gostaríamos de fazer alguns 
esclarecimentos. O Programa Tape Reading foi elaborado para 
abordar os aspectos teóricos e práticos de operações day trade, sob 
a ótica do trader autônomo. Por isso, sempre que mencionarmos à 
palavra “trader”, estaremos nos referindo especificamente às 
pessoas físicas que se engajam nesta atividade. É importante fazer 
esta separação, pois algumas afirmações podem não se aplicar às 
demais categorias de traders (Traders Institucionais, Sales Trader, 
Brokers etc.). 
Outra observação diz respeito às palavras “operação” ou 
“trade”. Se não houver segmentação, é porque estamos nos 
referindo às operações day trade, ou seja, operações realizadas 
dentro de um mesmo dia. 
 
1.1. Atração 
Você já parou para pensar o que, efetivamente te atraiu nos 
mercados? Provavelmente, você se enquadre em um ou mais itens 
abaixo: 
 Enriquecimento rápido. 
 Euforia. 
 Atração pelo desafio. 
 Autopunição gerada pelas perdas: pode parecer incoerente, 
mas muitos buscam isso inconscientemente. 
Por mais que estes itens acima atraiam pessoas ao trading, 
há algo muito mais profundo e que alimenta a vontade dessas 
pessoas: a LIBERDADE! 
 
10 
 
Os mercados trabalham de uma maneira muito diferente de 
que quase tudo que existe na vida. Há mais liberdade neste “mundo 
do trading” do que provavelmente qualquer outro negócio no mundo. 
Desde que você tenha recursos e acesso à negociação (plataformas 
ou home broker), você pode fazer o que quiser e quando quiser. 
Enquanto o mercado estiver aberto não existe começo, 
meio e fim formal. 
Você decide se entra no mercado e com quantos lotes, se 
permanece na posição ou encerra a operação, no lucro ou no prejuízo. 
Esse grau máximo de liberdade não é encontrado em nenhum outro 
negócio. 
Nem mesmo os jogadores (de cassinos e coisas do 
gênero) possuem tal liberdade, pois nos jogos há começo, meio e fim. 
Há regras e essas regras limitam parte de suas decisões, restando a 
estes apenas escolher quanto apostar e qual a estratégia da aposta. 
Os jogadores ficam isentos da necessidade de “saírem do jogo”, ou 
seja, como existe um final formal para cada rodada, não há nada que 
ele possa fazer a não ser aceitar o ganho ou a perda. Já nos 
mercados, uma vez posicionado (comprado ou vendido), o trader tem 
que, necessariamente, tomar uma decisão para sair do jogo, pois 
nada nem ninguém irá tirá-lo da operação. Repare que isso já faz uma 
enorme diferença em sua atividade. 
O jogador é, necessariamente, um perdedor ativo, pois ele 
perde, no máximo, exatamente aquilo poderia perder quando decidiu 
apostar. Para perder mais, o jogador tem que tomar uma nova decisão 
de apostar mais e, consequentemente, errar novamente. 
O trader, por sua vez, só será um perdedor ativo se tiver 
discernimento, habilidade e atitude em sair da posição quando esta 
 
11 
 
atingir o nível pré-determinado de perda ou quando não se mostrar 
mais promissora1. 
Concorda que há uma decisão a mais? Se por algum 
motivo, o trader não agir para cortar a perda, esta poderá crescer 
de forma incontrolável, gerando um prejuízo 2, 3 ou 10 vezes maior 
que o planejado. Neste caso, o trader está “passivo”, isto é, não tem 
a necessidade de fazer nada para perder mais e mais dinheiro se o 
mercado continuar andando contra sua posição. Ser passivo significa 
estar à espera de um evento externo para salvar sua pele. 
Além deste importante conceito de ativo e passivo (que 
inclusive será tratado mais adiante), queremos reforçar a ideia de que, 
diferentemente de tudo, até do jogo, o trading requer aceitação das 
escolhas e dos resultados gerados por essas escolhas que trader 
fizer. 
O trader que não pensa de forma correta costuma sofrer 
interferências emocionais e que o deixam mais frustrado que o 
jogador. De forma resumida, o fato de o trader ter que decidir quando 
e onde sair no mercado, por si só, explica essa interferência 
emocional. 
Arrependimento, raiva, medo e indecisão são mais 
doloridos quando causados por decisões próprias do que por regras 
e/ou fatores externos. 
A liberdade sempre tem seu preço! 
 
1.2. Fases do Trader 
A grande maioria dos interessados em Bolsa de Valores 
acaba passando, de alguma forma, pelas fases que iremos descrever. 
 
1 Nós stopamos cada operação baseado sempre na descaracterização dos fatores que nos 
motivaram entrar no mercado. Dessa forma, cada uma das cinco essências por trás do Trade requer 
um stop diferente. 
 
 
12 
 
O que varia de pessoa para pessoa é a duração e esforço 
emocional/financeiro despendidos em cada fase. Repare que aqui 
usamos a expressão “interessados em bolsa de valores” e não a 
palavra “trader”. 
Traders são mais ativos, ou seja, atuam com mais 
frequência nos mercados de renda variável. Já os investidores, por 
sua vez, carregam este rótulo por atuarem no mercado vislumbrando 
horizontes de tempo mais longos. 
Apesar de traders e investidores usualmente percorrerem 
este caminho, nesta sessão nós iremos nos referir apenas aos que se 
dedicam como traders. 
 
1.2.1. 1ª FASE - Julgar que o caminho do sucesso se dá 
através de dicas 
Essa foi minha primeira crença quando decidi, ainda bem 
novo, me dedicar ao mercado financeiro. Acreditava que 
relacionamento, contatos e acesso a relatórios relevantes 
proporcionavam vantagem na hora de atuar como trader. 
Assim como eu, todos que se encontram nesta fase 
transferem, ainda que de forma “inconsciente”, a responsabilidade 
das decisões para terceiros. Essa transferência acaba blindando 
nossa mente dos danos de errar e perder dinheiro, uma vez que quem 
errou não fomos nós, mas sim aquele que deu a dica. 
Esta fase não durou muito para mim e frequentemente 
também não dura para os outros. A decepção em relação à crença 
das dicas vem rapidamente, uma vez que é fácil perceber que, além 
da dificuldade de se construir relacionamentos com as pessoas 
certas, as “dicas” que chegam geram mais prejuízos do que lucros. 
Com resultados inconstantes (na maioria das vezes 
prejuízos), muitos já desistem nessa fase. 
 
13 
 
Abaixo listei alguns outros motivos que explicam o porquê 
da ineficiência de dependerde dicas/recomendações quando seu 
objetivo é ser trader. 
 Os analistas de mercado são os grandes fornecedores de 
informação e os agentes autônomos de investimentos 
fazem a ponte entre a informação gerada pelos analistas e 
os clientes: ambos costumam ser remunerados com 
comissões sobre a corretagem gerada nas operações. 
Portanto, quanto mais ordens de compra/venda, mais 
corretagem e mais comissões. Você, por outro lado, procura 
ganhar dinheiro com estas recomendações e quantidade não 
significa qualidade. Este é um dos maiores conflitos de 
interesse na atividade. 
 Falta de disciplina dos traders em cumprir as 
recomendações assim como são fornecidas: com 
execuções aleatórias, fica praticamente impossível de atingir 
as estatísticas positivas de acerto que alguns analistas 
possuem. Isso ocorre, basicamente por dois motivos: 
i. Não ter o menor domínio sobre as próprias 
emoções, sofrendo influência principalmente de 
medo de operar e arrependimento pelos atos. 
ii. Começar a ter opinião própria sobre o mercado e 
julgar em qual das recomendações entrar. 
Para finalizar, obviamente, algumas poucas pessoas 
enriqueceram com dicas e recomendações. Contudo, é quase certo 
que elas conseguem tal façanha pelas dicas recebidas virem de 
pessoas influentes no mercado. 
 
1.2.2. 2ª FASE – operar por meio de trading systems (o setup 
perfeito) 
 
14 
 
Na segunda fase, estes mesmos traders mudam um pouco 
o foco. Eles param de perguntar o que fazer e começam a questionar 
como fazer. 
Percebem a possibilidade ou necessidade de seguirem as 
recomendações geradas por trading systems de terceiros ou de 
fazerem suas próprias análises. 
Esta é a etapa da busca pelo conhecimento através de 
conversas com colegas, corretoras ou na própria internet. A 
recomendação não poderia ser diferente: “Se quer se tornar um bom 
trader, faça um curso de análise técnica”. 
Quem já fez essa pesquisa deve ter reparado este 
diagnóstico. Com este intuito na mente, o trader aspirante busca o 
curso mais adequado e após um final de semana de aulas, ganha uma 
enorme injeção de ânimo e passa a noite de domingo contando as 
horas para aplicar as novas técnicas aprendidas. 
É muito comum esse trader começar a operar utilizando 
indicadores da análise técnica ou trading systems prontos, pois os 
sinais são gerados pelo sistema e não requer nenhuma interpretação. 
Um bom exemplo aqui é cruzamento de médias móveis, Hilo, Bandas 
de Bollinger etc. Após um tempo operando o resultado muitas vezes 
não é satisfatório. Por que isso acontece? 
Podemos listar alguns bons motivos: 
 Dificuldade em seguir 100% dos sinais gerados, assim 
como ocorre nas recomendações dos analistas citados na 
1ª fase: esse problema decorre da desconfiança temporária 
gerada pelo sistema aplicado, devido às perdas seguidas que 
o trader amarga. É comum que ele tire o pé quando o sistema 
passa a apresentar prejuízos nas operações realizadas 
individualmente, fazendo com que o medo de perder mais 
dinheiro crie uma necessidade pessoal de interferir no sistema, 
 
15 
 
julgando de forma discricionária qual indicação vale ou não à 
pena seguir. 
Essa perspectiva seletiva também o tira das operações 
vencedoras, que muitas vezes pagariam os prejuízos anteriores e/ou 
ainda garantiriam lucro, trazendo ainda mais frustração ao 
operacional. 
 Outro ponto crucial é a ineficiência do próprio trading 
system ou da utilização de indicadores de análise técnica. 
Para mim, pessoalmente esse é um dos principais pontos. 
Esses traders realmente acreditam que, assim como ele, todos no 
mercado operam por meio de indicadores, gráficos ou trading 
systems. Com essa cabeça de que “se os profissionais fazem, eu 
também conseguirei fazer”, eles procuram incansavelmente a melhor 
combinação de indicadores que expliquem o que o mercado fez no 
passado recente. Veremos um exemplo: 
Um trader aprende que o sistema baseado em médias 
móveis mostra resultados positivos no backtesting (significa testar a 
eficiência da estratégia em períodos de tempo passados). 
Pressupondo que o trader não incorra no problema do julgamento 
seletivo descrito no tópico anterior, o que é de se esperar? Se o 
sistema der lucro, ok, mas e se der prejuízo? Quantos de vocês 
continuariam seguindo as recomendações se o sistema, por exemplo, 
gerasse 6 prejuízos seguidos? Alguns podem argumentar que a 
disciplina, neste caso, é justamente continuar seguindo as 
recomendações uma vez que o sistema possui um histórico positivo 
no backtesting. Contudo, aqui vai um questionamento para todos os 
leitores: quando devo reavaliar meu sistema? Quando sei que o 
resultado gerado no teste passado não deve mais ocorrer no futuro? 
Duvido que haja outra resposta a não ser quando o sistema 
apresentar prejuízos frequentes. A questão é que você sempre 
reavaliará o trading system quando estiver perdendo dinheiro e, na 
 
16 
 
busca pela calibragem perfeita, estudará outra combinação de 
indicadores ou ainda algum tipo de filtro (por exemplo, combinar mais 
indicadores técnicos), que teriam funcionado durante a fase de perdas 
do sistema antigo. 
Essa tentativa de equacionar o passado é uma das maiores 
armadilhas em que o trader cai. É praticamente um círculo vicioso, 
onde a perda financeira gera um ímpeto de se encontrar uma fórmula 
mágica, capaz de controlar ao máximo todos os movimentos que o 
mercado realiza e assim, evitar novas perdas no futuro. Além da 
dificuldade para resolver essa situação (para isso tem que 
efetivamente entender a natureza do mercado), ela começa a gerar 
sérios danos psicológicos nos traders, tais como falta de confiança, 
medo de executar ordens ou ainda medo de perder dinheiro. 
Os poucos que não desistem do mercado, superam esta 
fase porque buscam alternativas aos modelos mecânicos (indicadores 
de análise técnica ou trading systems) e começam a atuar olhando 
apenas preço. Nos EUA, esta modalidade é conhecida como price 
action e consiste em, basicamente, o trader procurar por suportes e 
resistências de preços, LTA’s, LTB’s etc. 
Essa forma de atuação também é uma grande mudança de 
perfil operacional, pois os traders começam a analisar melhor o 
comportamento do mercado e atuar de forma mais discricionária. 
Passam a estudar rompimentos de preços, questionar quais deles 
possuem melhor potencial de ganho, quais os que apresentam as 
melhores projeções etc. Também consideram a possibilidade de atuar 
contra o mercado, o que é considerado uma heresia nos fóruns. 
Começam a enxergar a possibilidade de vender em resistências de 
preço e comprar em suportes. Essa é, de fato, uma evolução em 
relação à fase anterior, pois aqui, o trader desenvolve timing 
(preocupação com entrada e saída) e passa a perceber que não são 
os indicadores de análise técnica que causam os movimentos de 
 
17 
 
preço. Nesta fase, os resultados tendem a ser, muitas vezes, 
melhores e alguns começam a se destacar. 
Essa segunda fase é geralmente onde a grande maioria 
fica por muito tempo. Alguns desistem do mercado por não 
conseguirem resultados adequados e outros por perdas financeiras 
geradas, principalmente, por falta de disciplina. 
Para que traders garantam sucesso permanente, faltam 
ainda 2 ingredientes essenciais: 
 Entender profundamente a natureza do mercado e o que 
efetivamente causa movimentos de preço. 
 Desenvolver uma mentalidade que lhe permita olhar o 
mercado de forma 100% objetiva, na qual a informação é 
interpretada sem nenhum viés ou interferência, as 
emoções encontram-se neutralizadas e o risco de operar é 
plenamente aceito, ainda que diante de uma situação 
adversa. 
 
1.2.3. 3ª Fase – Entender a Natureza do Mercado 
Essa é justamente a essência da 3º fase. Percebemos que 
um trader está se aproximando dela quando os questionamentos e 
dúvidas são similares às descritas abaixo: 
 Quem e por que operamentre as minhas indicações de 
entrada e saída? 
 Muitas vezes eu “sinto” que é para comprar/vender, mas 
não tenho indicações objetivas do sistema que utilizo 
(mesmo que seja price action). 
 O que, de fato, está causando as oscilações nos preços? 
 Qual a dinâmica de funcionamento deste mercado? 
São raríssimos os traders que chegam a essa fase e 
percebem, efetivamente, o que é o trading. Percebem que trading não 
tem nada a ver com ser bom analista, com prever preço e ou ainda 
 
18 
 
com análise técnica. Percebem que atitude e estado mental são os 
principais fatores que determinam o sucesso, uma vez que já 
aprenderam a enxergar e a ficar no fluxo do mercado. 
Infelizmente a maioria chega nesse estágio depois de 
meses ou anos e após acumularem muitas perdas financeiras. 
Raríssimos são os que pulam etapas e já entram no mercado com 
este pensamento. 
 
1.3. Por que é tão difícil ser um Trader Autônomo? 
São várias as dificuldades em se tornar um Trader 
Autônomo Independente e nós vamos discorrer sobre elas, mas a 
primeira e mais abrangente de todas é não ter alguém para se 
espelhar. 
Em qualquer atividade na qual nos engajamos, nós 
buscamos um molde. Como alguém aprende a jogar tênis? 
Provavelmente treinando a assistindo jogadores experientes jogarem. 
Como um médico aprende a operar um paciente? Provavelmente 
após várias cirurgias assistidas. Acreditem, em todas as atividades 
nós, de uma forma ou de outra, buscamos um molde. No trading não 
poderia ser diferente. 
Se você possuir todos os pré-requisitos e conseguir se 
tornar um trader corporativo2, certamente terá convívio com traders 
experientes. Mesmo que de forma inconsciente, esse convívio te 
molda para o trading e você aprenderá as crenças e a maneira de 
interpretar o mercado dos sêniores, bem como o seu modo de pensar 
e agir como trader. 
É nessa fase também que aprenderá que perder e errar 
são características inevitáveis do trading e como se comportar diante 
de tais circunstâncias. 
 
2 As classificações se encontram em artigo do site www.scalpertrader.com.br 
http://www.scalpertrader.com.br/
 
19 
 
Fora a dificuldade em conviver com traders experientes, 
listaremos pontos mais específicos que tornam a atividade de trading 
muito desafiadora. Vejamos: 
a) Errar e perder dinheiro figuram entre as maiores fontes de 
stress (e geradoras de medo), de acordo com a pesquisa “Fear 
Factor” - Fator de Medo - realizada por acadêmicos da 
Universidade de Cambridge e apresentada no livro Finanças 
Comportamentais de Aquiles Mosca. 
Entretanto, errar e perder dinheiro no trading são situações 
vivenciadas quase que a todo instante (especialmente se for um day 
trader). Se errar e perder dinheiro geram dor emocional ou stress, 
nossa mente, mesmo que de forma inconsciente, fará o possível para 
evitar tais sentimentos, alterando nossa percepção sobre a 
informação vinda do mercado ou ainda bloqueando nossa capacidade 
de atuação. Fomos criados assim, aprendemos que errar é feio e 
perder nos diminui. Essas são crenças quase que universais. Se 
operarmos com a perspectiva de evitarmos o erro e a perda, 
fatalmente cairemos em uma dessas grandes armadilhas: 
i. Só entrar no mercado quando tiver certeza: essa é uma 
armadilha muito perigosa, pois não importa o que você olhe 
e quão bom analista você seja: uma hora sua operação vai 
dar errado e isso será explicado quando falarmos da 
natureza do mercado. 
Contudo, como você está cercado de sinais e argumentos 
que o convenceram de que está certo na sua posição, dificilmente 
você fará algo para se proteger, pois estar errado não faz parte do rol 
de possibilidades da operação. Essa armadilha, normalmente, é a 
causadora das grandes perdas, uma vez que, convencido da certeza 
de acertar a operação, o trader não aceita uma realidade contrária. 
Assim, ele não aciona o stop nem sai da posição perdedora, porque 
isso seria o mesmo que aceitar que errou, aceitar que todos os 
 
20 
 
argumentos que o convenceram a entrar no mercado estavam 
errados. 
 
ii. Distância do Sucesso: se operarmos com foco em evitar 
perda e erro, cada vez estas que acontecerem (e irão 
acontecer), nossa mente entenderá que estamos cada vez 
mais longe do nosso objetivo. Concordam que se o objetivo 
for estar certo e ganhar dinheiro, cada erro e perda que 
ocorrer nos deixam mais distantes do objetivo? 
Perceba que o foco desse trader não está nas 
oportunidades que o mercado gera, e sim em como evitar errar e 
perder dinheiro. 
 
iii. Tentar amenizar o efeito negativo do erro e da perda, 
aprendendo o máximo sobre os mercados. 
Talvez essa seja a pior das armadilhas e foi parcialmente 
abordada na segunda fase dos traders. Depois de passar a dor da 
perda, é muito comum que traders saiam em busca de conhecimento, 
justamente para não sofrerem novamente. 
Buscar conhecimento é bom e saudável, mas reparem que 
o motivador da busca por conhecimento neste caso é evitar perdas 
e erros, e não aumentar o leque de oportunidades. 
Com esse intuito, o trader busca cada vez mais ter certeza 
sobre o movimento futuro do mercado antes de entrar na operação. 
Quanto mais certeza e convencimento sobre a direção, mas difícil de 
reconhecer que errou. Quanto mais difícil reconhecer o erro, mais 
difícil será agir e stopar para evitar grandes perdas. Percebe que não 
tem saída? É, de fato, um ciclo vicioso onde o medo do erro e da perda 
só geram mais medo e desconfiança. 
 
 
21 
 
b) Não temos nenhum controle sobre o mercado, apenas sobre 
nós mesmos. 
Em muitas situações cotidianas, nossa capacidade de 
influenciar pessoas ou processos muitas vezes nos garante sucesso. 
Logo, em nossas relações, opinião firme e poder de persuasão são 
fatores determinantes. Por exemplo: se você quiser ouvir alguma 
música, você pode ligar o rádio que ela tocará. Se não ligar o rádio, a 
música não toca. Outro exemplo: dependendo do seu cargo e nível 
hierárquico, você consegue controlar o rumo das atividades. Basta 
uma ordem para que projetos sejam alterados, pessoas reordenadas 
ou até mesmo substituídas, alterações físicas em ambientes etc. Em 
atividades cotidianas, muitas vezes temos condições de influenciar o 
ambiente ou ainda de alterar o rumo das coisas. Fomos criados e 
adquirimos crenças de relacionar tudo, com causa e efeito. 
Diferentemente de muitas coisas que acontecem em 
nossas vidas, no mercado, nós não temos o menor controle do que 
irá acontecer (considerando que você seja um Trader Autônomo e que 
não opere volumes exorbitantes). Não importa quem você é, o quanto 
estudou e nem mesmo o quanto você queira que o mercado ande em 
certa direção: não há nada que você possa fazer para isso 
acontecer. Nada mesmo! 
No trading, quanto mais esforço você colocar em dominar 
a situação, mais vai dar errado. Umas das maiores virtudes no 
trading talvez seja a flexibilidade, isto é, a capacidade de moldar-se 
ao ambiente e dançar conforme o ritmo da música que alguém 
escolheu e esse alguém não foi e nunca será você. A única alternativa 
que temos é nos controlar, pois, já que não podemos escolher a 
música, devemos nos contentar em saber se vale a pena dançá-la 
ou não. 
 
c) Aleatoriedade de resultados. 
 
22 
 
No trading, independente do que você fizer, não há 
garantias de sucesso nas operações que realizar. Mesmo que você 
tenha recursos financeiros, tempo e alguém para se espelhar, 
algumas operações (ou até mesmo várias) serão perdedoras. Faz 
parte e ninguém, nem os melhores, conseguem evitar. A diferença é 
que os melhores traders percebem, objetivamente, que estão errados 
e agem rapidamente cortando a perda pela raiz enquanto ela é 
pequena. E mais: não sofrem por isso. 
A grande questão é: como lidar com resultados incertos e 
ainda se manter confiante? 
Fique tranquilo que trataremossobre isso mais para frente. 
 
d) Dificuldade em cumprir regras. 
Conforme citado na Introdução, a atividade de trading, 
ainda mais a de forma autônoma, é uma das atividades que mais 
permitem liberdade de expressão. A liberdade é quase que total: não 
há regras ou limites, além, é claro, do seu capital disponível para 
operação. Você pode operar ou não, decidir o que operar, quando 
entrar, quando sair, quando parar etc. Enfim, você decide tudo. 
Portanto, é muito fácil cair nas tentações e se autossabotar, 
pois ninguém estará “te cobrando”. Ter regras bem definidas e cumpri-
las é um dos grandes passos a serem dados. Saber quando 
descumprir suas regras é uma virtude a ser adquirida com o tempo. 
 
e) Assumir responsabilidade total sobre os atos. 
Além de aprender e ressignificar os sentimentos causados 
pelos erros e perdas nas operações, assumir a responsabilidade 
pelos próprios atos talvez seja uma das tarefas mais difíceis no 
trading. É muito raro ouvirmos das pessoas “eu errei”. O mais natural 
é ouvirmos “deu errado porque tal coisa aconteceu...”. No trading, 
ninguém é culpado por seus resultados a não ser você mesmo. 
 
23 
 
Lembre-se: nada acontece até que você decida entrar e, 
após a entrada, ninguém lhe dirá até quando permanecer na posição 
e nem o momento de sair dela. Mesmo que você não seja um trader 
discricionário e utilize um sistema mecânico3, a escolha deste sistema 
foi sua. Logo, você foi responsável tanto pelo ganho quanto pela perda 
gerados pelo sistema. 
 
f) Toda e qualquer decisão de entrada, manutenção e saída 
resultam de ações tomadas pela nossa interpretação das 
informações geradas pelo mercado. 
Não assumir a responsabilidade é uma forma indireta de 
não assumir o risco de estar errado e de perder dinheiro. Este tipo de 
comportamento é típico de quem deseja ganhar passivamente e de 
quem espera que os outros, ou até mesmo o mercado, façam o 
trabalho. 
 
g) Empenho. 
Assim como tudo na vida, empenho é uma condição básica 
para dar certo no trading. Sem empenho ou dedicação é quase 
impossível ser bem sucedido em qualquer área da vida. Pense de 
uma maneira mais objetiva: é possível um advogado também ser 
médico nas horas vagas? 
O exemplo pode parecer inoportuno, mas não é. A grande 
questão aqui é que, apesar da facilidade de acesso aos instrumentos 
financeiros (aplicações em ações, futuros, poupança, CDB, fundos 
etc.), ser Trader é uma profissão. Não estamos dizendo que para 
aplicar na poupança você precisa ser trader, mas se você quiser fazer 
day trade, por exemplo, o componente “dedicação + empenho” será 
fundamental para êxito da atividade. 
 
3 Que indique compra e venda sem sua interferência. 
 
 
24 
 
 
h) Recursos financeiros suficientes. 
Não é necessário muito dinheiro para se tornar um trader 
autônomo, mas você deve levar em conta que durante a fase de 
formação (que dura aproximadamente seis meses), você dificilmente 
conseguirá ganhar dinheiro para se sustentar. De forma bem 
generalista você deve possuir recursos para dois objetivos: 1) 
financiar sua conta de trading e 2) arcar com, pelo menos, 6 meses o 
seu custo de vida. 
O montante destinado para a segunda finalidade varia de 
pessoa para pessoa. Já o primeiro não deveria variar muito, porque, 
independentemente de quanto capital você tenha, como o objetivo 
desta fase é o aprendizado, o foco é operar e “gastar” o mínimo 
possível, pois no fechamento da conta temos que levar em 
consideração os custos com Bolsa (emolumentos, registro etc.), 
Corretagem e eventuais prejuízos das operações. 
É muito complicado precisar o capital mínimo para se 
colocar na conta trading. Se você tiver pouco dinheiro, a margem de 
folga fica comprometida e você, provavelmente, irá zerar a conta 
antes de desenvolver as habilidades necessárias. Esse montante 
também varia em função do perfil, pois traders mais ativos4 vão 
demandar mais capital que traders menos ativos. 
Aproveito este item para fazer uma observação 
interessante: quando você tem os pré-requisitos e decide ser um 
trader do mundo corporativo, você garante pontos a seu favor, porque 
você ganha um salário para aprender e aprende com quem já sabe 
fazer. 
Agora como um Trader Autônomo, além da dificuldade de 
conviver com traders consistentes, o tempo é passa a correr contra 
 
4 Que escolherem scalping, ou que escolherem trading como principal atividade. 
 
25 
 
você, pois quanto mais tempo demorar em aprender, maior será o 
custo de oportunidade de fazer outra coisa da vida. 
Perceba que decidir ser trader é similar a decidir 
empreender. Os riscos e custos são muito similares. 
 
i) Acompanhar o mercado com 100% de objetividade. 
Objetividade significa não interpretar de forma distorcida as 
informações geradas pelo mercado, nem por fatores pessoais nem 
por fatores técnicos. Neste exemplo, fatores pessoais podem ser: 
precisar do dinheiro, não poder perder, ter errado as operações 
anteriores, estar recuperando prejuízo ou ainda ser influenciado 
pela posição atual. 
Concorda que o mercado não tem o menor conhecimento 
sobre sua situação financeira, sobre o resultado das operações 
anteriores e muito menos sobre sua posição atual? Então por que 
essas questões influenciam nossa capacidade de perceber e 
interpretar a informação do mercado? Esse ponto será discutido mais 
adiante quando falarmos especificamente do processo de percepção. 
Já fatores técnicos podem ser definidos como sendo as 
ferramentas adequadas que permitem o trader perceber o que, de 
fato, está acontecendo no mercado, bem como o que os traders 
formadores de preço percebem a partir da mesma perspectiva. Ser 
objetivo é a base do alinhamento coletivo que tanto falamos. Para ser 
claro, o que queremos dizer é que a análise técnica não é a 
ferramenta adequada para acompanhar o mercado, pois ela não 
garante a objetividade necessária. 
Costumo citar esse exemplo nos cursos e palestras que 
ministro: o que você vê no gráfico abaixo? 
 
 
26 
 
 
É muito provável que cada um de vocês tenha opiniões, 
observações ou conclusões heterogêneas sobre a mesma 
informação. E por quê? Única e exclusivamente porque você vê 
somente o que aprendeu a ver. Nós filtramos a realidade através das 
nossas crenças e cada um possui uma estrutura particular. 
A grande questão aqui é como aprender a filtrar a 
realidade de forma objetiva, como ela de fato é e 
consequentemente como os traders consistentes também o 
fazem. 
 
j) Não entender a natureza do mercado. 
Esse é o ponto que certamente gera mais polêmica entre 
os alunos de cursos e palestras que ministramos. 
 A maioria dos que procuram viver de bolsa de valores 
acredita haver uma forma antecipar as oscilações do mercado. Alguns 
podem dizer que não, mas a grande maioria sonha em criar um 
indicador, ou mesmo um robô, que seja praticamente perfeito, que 
acerte tanto e que erre tão pouco a tal ponto que os erros sejam quase 
que financeiramente e emocionalmente indolores. 
 
27 
 
Sejamos sinceros: quantos de nós já não esteve nessa 
situação? É comum encontrarmos afirmações nos livros, na internet 
ou em cursos, de que o mercado se comporta em padrões e estes 
padrões se repetem, sendo que segredo é desenvolver ou adotar um 
trading system e testá-lo até comprovar sua eficiência. 
Quem já tentou sabe: isso não funciona! E não funciona 
por um único motivo: cada momento no mercado é único, ou seja, 
o que está acontecendo agora é diferente de tudo o que já aconteceu 
um dia. É difícil de acreditar, mas é a mais pura verdade. No mercado 
tudo é novo: cada oscilação, cada alteração de bid/ask, cada tick , 
cada operação que fazemos etc. 
A solução para este dilema não é aprender o máximo 
possível sobre análise técnica, massim entender a dinâmica do 
mercado e aprender a ser levado pelo fluxo. São pontos de vista 
totalmente diferentes, pois o primeiro parte da premissa de ter que 
adivinhar o futuro para operar e o segundo de que não é necessário 
saber para onde o mercado vai, bastando apenas segui-lo para onde 
está indo. 
Poderia listar outros motivos que explicam a dificuldade em 
se tornar um Trader Autônomo consistente, porém acredito que estas 
sejam as mais profundas e diretamente ligadas à forma de pensar da 
maioria das pessoas. 
Perceba que falta de recursos financeiros e falta de 
conhecimento sobre a natureza dos mercados são os únicos 
empecilhos que não estão diretamente relacionados à nossa forma de 
pensar. Todos os demais são reflexos da forma como percebemos o 
mundo, que por sua vez é reflexo de nossa criação ou de nossos 
relacionamentos. 
Se tiver uma forma de resumir tudo que disse até o 
momento seria: a maior parte dos traders autônomos aprende a 
 
28 
 
pensar (construiu crenças) de uma forma totalmente diferente da que 
é exigida pelas particularidades do mercado. 
Se você quiser se tornar um Trader Consistente, o melhor 
caminho é se conscientizar disso e reconhecer e canalizar esforços 
em mudar sua forma de pensar (crenças). 
Nos próximos capítulos falaremos sobre os seguintes 
assuntos com a finalidade de fazê-lo pensar como um trader 
consistente: 
 Aprender sobre percepção e crenças para acompanhar o 
mercado de forma 100% objetiva. 
 Aprender a aceitar o risco de operar, fazendo com que 
errar e perder dinheiro não sejam fontes geradoras de dor 
e stress. 
 Aprender sobre as possíveis formas de atuação 
(perspectivas individual e coletiva) e acreditar que a 
atuação discricionária5 é mais adequada à realidade do 
mercado. 
 
 
5 Ter discrição não o impede de utilizar estratégias automatizadas. Discrição inclui saber que tipo de 
automação usar em cada situação de mercado. 
 
29 
 
2. NATUREZA DOS MERCADOS 
Uma das primeiras frases que ouvi de um trader renomado, 
enquanto estava no processo de aprendizado era: “Você começará a 
ganhar quando perceber aquilo que o mercado realmente é, e não o 
que você gostaria que ele fosse”. 
Confesso que nas primeiras vezes julguei tal conselho 
como abstrato e vago demais, assim como os axiomas citados lá no 
início da apostila. Entretanto, depois de percorrido um longo caminho 
e olhando a situação de fora, não tenho dúvidas de que este seja um 
dos grandes conselhos já recebidos. 
Durante o início do processo de aprendizado, eu realmente 
acreditava que os gráficos refletiam, de maneira objetiva, as 
informações de mercado e que o conhecimento sobre padrões, setups 
e técnicas operacionais eram determinantes para ganhos 
consistentes. Era comum eu gastar horas olhando gráficos a fim de 
reconhecer padrões (candlesticks, formações gráficas como W, M, 
OCO etc..) e buscar combinações de indicadores técnicos que melhor 
explicavam uma grande oscilação de preço passada. Além disso, 
ainda otimizava os setups em backtestings, com o intuito de gerar o 
melhor resultado possível dentro de um período pré-estabelecido. 
Eu achava que conhecendo sobre estes assuntos eu 
ganharia confiança e com confiança poderia operar e obter ganhos 
frequentes. De fato, convivi neste círculo vicioso (atualmente eu 
classifico desta maneira) durante toda a fase em que fui Analista 
Técnico da Interfloat Corretora de Valores. Naquela época, possuía 
um nível de acerto nas análises extremamente elevado e não 
duvidava de que este era o caminho correto. 
A primeira grande decepção veio quando decidi parar de 
fazer análises e efetivamente operar. Já no primeiro dia de operações 
percebi a dificuldade em aplicar os conceitos, que até o dia anterior 
 
30 
 
eram incontestáveis. Eu reconhecia os padrões, mas hesitava em 
entrar, ou quando entrava, não cumpria 100% do que havia planejado. 
Como já havia lido alguns livros sobre psicologia do trade, 
eu reconheci que estava sendo influenciado por fatores psicológicos 
específicos, os quais já foram citados no início deste material. Era 
justamente o que estava escrito nos livros: a diferença entre analisar 
e operar é justamente o gap psicológico e isso ocorre porque 
quando fazemos análise não há nada em jogo. Logo, errar e perder 
dinheiro não geram dor/stress. 
A partir do momento em que o dinheiro entra no jogo, o 
trader tende a ser influenciado por fatores emocionais que ora 
distorcem a informação gerada pelo mercado, ora atuam bloqueando 
sua capacidade de atuação (entrar, sair e stopar a operação). No 
português claro, a melhor definição para este gap é “a diferença entre 
o que você percebe analisando as oscilações de preço e a capacidade 
de transformar essa percepção em ganho consistente” 6. 
Existem duas formas de solucionar esse gap psicológico: 
a) Entendê-lo e tratá-lo. 
b) Ou automatizar os critérios operacionais (setups, trading 
systems etc.) baseados em análise técnica. 
 
Escolheremos a primeira opção como solução definitiva e 
a partir do próximo capítulo aprofundaremos os aspectos que 
viabilizarão alterar sua forma de pensar. 
Expliquei tudo isso justamente com um propósito: provar 
que a segunda opção NÃO É solução para atingir ganhos 
consistentes como trader. Se eu dissesse que tentei automatizar os 
critérios operacionais baseados em análise técnica e não obtive 
sucesso, ainda assim haveria alguém que julgasse tal possibilidade 
possível e eu concordo plenamente com tal julgamento, pois, o fato 
 
6 Iremos aprofundar mais as diferenças entre analisar e operar quando falarmos de perspectivas do trade. 
 
31 
 
de eu não ter conseguido algo, não significa que outra pessoa não o 
faça. 
Por isso que escolhi a estratégia de explicar a natureza do 
mercado, isto é, explicar o nível mais profundo da composição e 
interação dos players, que é o principal fator de oscilação dos preços 
praticados no mercado. Acredito que dessa forma, consiga transmitir, 
sem opinião pessoal, o porquê a desta escolha. 
 
2.1. Princípio da INCERTEZA 
A frase que melhor reflete nossa interação com o mercado 
é: “tudo pode acontecer a qualquer momento”. Não há nada que 
alguém possa fazer para alterar isso. Por mais que você se mate de 
estudar ou desenvolva um método quase perfeito, ainda assim não há 
garantias de antecipar todas as possíveis formas de comportamento 
do mercado. Pode parecer mais um dos axiomas vagos, mas não é. 
E é a partir deste ponto que começam as frustrações mais comuns. 
Para provar que tudo pode acontecer a qualquer momento 
iremos dissecar o mercado em suas partes e como em qualquer 
mercado, as partes são compostas por traders7. 
Traders individualmente agem como uma força sobre os 
preços, fazendo-os subir quando aceitam colocar ordens de compra 
cada vez mais altas ou cair quando aceitam colocar ordens de venda 
cada vez mais baixas. 
E por que traders aceitam pagar cada vez mais caro ou 
aceitam vender cada vez mais barato que o momento anterior? 
Na verdade, não precisamos saber exatamente todas as 
razões que motivamos os traders agirem, porque, em última instância, 
todas elas se resumem a um único propósito: ganhar dinheiro. 
 
7 Mesmo com a presença massiva de inúmeros robôs, são humanos que desenvolvem robôs e, portanto, 
no nível mais profundo podemos dizer que traders são o nível mais profundo dos mercados. 
 
 
32 
 
Há apenas duas maneiras de ganhar dinheiro no trade: 1) 
comprar para revender mais caro ou 2) vender para recomprar mais 
barato. Se for verdadeiro que todos querem ganhar dinheiro, logo há 
uma só razão para que qualquer trader aceite pagar mais caro que o 
preço vigente: porque acredita que pode vender tudo o que eleestá 
comprando a um preço maior ainda, instantes após ou em algum 
momento no futuro. O mesmo ocorre com o trader que está disposto 
a vender algo a um preço menor que o vigente: porque acredita que 
ele poderá recomprar o que ele está vendendo a um preço mais baixo 
no futuro. 
Repare que todo movimento de preço ocorre em função do 
que os traders acreditam, naquele exato instante, sobre o futuro e 
sobre o que é caro ou barato. 
Aqui vale uma explicação adicional: mesmo que um trader 
esteja vendendo só para zerar uma posição de compra (o que significa 
sair do mercado), ele só vende em determinado preço por acreditar 
que não deverá subir mais, naquele momento. Portanto, mesmo sem 
estar exposto, ele tomou uma decisão baseada na sua expectativa 
sobre o futuro, corroborando com a descrição acima. O mesmo 
exemplo serve para o trader que recompra um ativo, zerando a venda 
anteriormente realizada. 
Voltando ao nosso raciocínio, há apenas 3 (três) forças 
primárias que movem qualquer mercado: 
a) Os traders que acreditam, por qualquer motivo, que o preço 
atual é barato e, por isso, compram. 
b) Os traders que acreditam, também por qualquer motivo, que 
o preço atual está elevado e, por isso, vendem. 
c) Os traders que no momento atual, estão esperando para atuar 
ou na compra ou na venda, caracterizando-se como força 
potencial futura. 
 
 
33 
 
A movimentação dos preços, ou a falta de movimentação, 
é uma função do equilíbrio ou desequilíbrio entre essas duas forças 
principais: traders que compram por acreditarem que o preço vai 
subir, e os traders que vendem por acreditarem que o preço vai cair. 
Se há equilíbrio entre os dois grupos, os preços vão estagnar, porque 
cada lado irá absorver a força do outro lado. Se existe um 
desequilíbrio, os preços irão mover-se na direção do lado com maior 
disposição em dispender lotes. 
Agora, faça essa pergunta para você mesmo: Qual o limite 
para a oscilação dos preços? Quanto é, de fato, o extremo do barato 
e o extremo do caro? Repare que se descermos ao menor nível da 
composição do mercado, o limite dos preços é o máximo ou o mínimo 
que cada trader, individualmente, está disposto a comprar ou vender? 
O fato é que não há nada para frear a alta ou a queda de 
preço, a não ser pelo menos um trader, com lote suficiente para 
movimentar o mercado, acreditar que os preços baratos ou caros e 
assim agir no mercado. 
Como há inúmeros traders atuantes no mercado 
operando por razões diversas, com horizontes diversos e com 
acesso diferenciado à informação, é fácil perceber que a todo instante 
ESTÃO PRESENTES opiniões diferentes sobre o que é barato e 
caro e, sob esta perspectiva, tudo é possível de acontecer (um 
único trader no mundo é suficiente para definir novas métricas sobre 
o que é barato ou caro no mercado). 
Você pode dizer “ok, parece óbvio”, mas qual a implicação 
disso nas minhas operações? Aqui esta a resposta: nós também 
tomamos uma posição de compra ou de venda (independentemente 
do que nos motivou entrar) acreditando, que, naquele momento, os 
preços estejam baratos ou caros respectivamente e, uma vez 
dentro do mercado, o resultado de nossa operação depende única 
e exclusivamente da atuação dos demais traders. Significa dizer 
 
34 
 
que o resultado de nossa operação depende da atuação individual de 
cada trader, que por sua vez carrega um número ilimitado de opções. 
Não há nada que você possa fazer para estar certo 
100% do tempo, pois basta um trader com lote relevante atuar, 
para ter o potencial de ganho do seu trade negado. 
Certa vez ouvi de um trader que julgo um dos melhores 
traders autônomos de dólar futuro do Brasil, uma frase que eu lembro 
e uso até hoje: “Somos passageiros no mercado”. Essa frase carrega 
um enorme componente de verdade, pois resume tudo o que 
estávamos falando. 
Uma vez posicionados, estamos na mão da decisão de 
outras pessoas, estamos na mão de um clique, de uma ordem. Basta 
uma ordem de uma só pessoa para seu trade dar certo ou errado e 
não temos controle sobre essa ordem. 
Esse é o princípio da incerteza e essa é uma das duras e 
frias realidades do mercado: não há nada que você possa fazer para 
evitar estar errado e perder dinheiro, pois sempre estaremos 
dependentes da decisão de alguém. 
Se você ainda não estiver convencido pense sobre isso: a 
atuação de cada trader não deixa de ser uma variável de 
mercado, pois tem o poder de influenciar o preço vigente. Mas, é 
possível saber quantos traders estão olhando para tela ao mesmo 
tempo em que você olha? É possível saber quantos estão prestes a 
entrar no mercado? Saber quantos lotes estão dispostos a comprar 
ou vender? Saber quanto lotes estão refletidos no preço atual? Saber 
o momento em que mudarão suas mentes e sairão de suas posições? 
E se o fizerem, por quanto tempo ficarão fora do mercado? Saber 
quando e em que direção eles voltarão ao mercado? 
É uma dúvida interminável, mas que deve ser considerada, 
pois só assim é possível acreditar no princípio da incerteza. 
 
35 
 
Quem efetivamente acredita em incerteza, não hesita nem 
um pouco em agir para cortar o prejuízo na hora em que operação se 
mostrar perdedora. Quem acredita em incerteza, aceita estar errado 
e não “casa com a posição”, pois reconhece que o resultado da 
operação decorre de variáveis desconhecidas. Quem acredita em 
incerteza, tem flexibilidade e consegue mudar facilmente de opinião, 
características estas essenciais para estar no fluxo do mercado. 
Para finalizar este princípio, farei uma última comparação 
entre as duas formas de pensar: quem desconhece ou duvida deste 
princípio acaba operando com a perspectiva de ter de saber o que vai 
acontecer no futuro, enquanto quem acredita em incerteza opera 
com a perspectiva de não criar expectativa sobre o futuro. 
Quando você precisa saber o que vai acontecer, você 
busca uma relação de causa e efeito baseada no histórico de preços. 
Nada mais é do que definir uma série de variáveis que indiquem maior 
probabilidade de subir ou de cair. Muitos chamam isso de setup e já 
que temos uma necessidade de achar o melhor deles, cairemos na 
interminável tentativa de equacionar o passado, buscando a melhor 
forma de explicar o que poderá acontecerá no futuro. 
Mesmo que encontremos um ótimo setup, isto é, que gere 
um excelente resultado nos testes para período específico, 
concordam que, ao aplicarmos este setup, no futuro incorreremos do 
mesmo problema? Estaremos sempre na mão de um clique, de uma 
ordem? 
Nunca conseguiremos encontrar o setup perfeito, pois o 
futuro não está escrito! 
Já quem opera aceitando o princípio da incerteza não tenta 
equacionar o passado nem adivinhar o futuro. É uma perspectiva que 
permite atuar de forma livre e adaptada à realidade do mercado. 
Permite aceitar errar e agir sem hesitar. Entender esse princípio é um 
grande passo para sua evolução como trader, mas assim como 
 
36 
 
sempre repetimos: ter ciência é muito, mas muito diferente de 
acreditar. Ter ciência é superficial, enquanto acreditar envolve o nível 
mais profundo de nossas mentes. 
Para acreditar, temos que incorporar a crença da 
imprevisibilidade em nossa estrutura de pensamento e ensinaremos 
como fazer isso mais adiante, quando falarmos sobre “crenças”. 
 
2.2. Princípio da SINGULARIDADE DO MOMENTO 
Tenho certeza que a maioria não gostou do que leu até o 
momento. Falo isso porque é exatamente o contrário do que a maioria 
dos sites, livros, corretoras, chats fomentam. 
E por que é difícil de acreditar? Justamente porque é 
diferente de tudo que aprendemos na vida. Tudo tem uma relação de 
causa e efeito, tudo tem uma explicação, quase tudo tem um padrão, 
mas em se tratando de trading, infelizmente isso não é verdade no 
mercado. 
A segunda grande verdade sobre o comportamento do 
mercado é que cada momento é único, singular. Isso mesmo: o que 
aconteceagora NUNCA aconteceu antes e NUNCA acontecerá no 
futuro. Esse é um dos grandes problemas da tentativa de encontrar 
padrões de comportamento ou julgar que o seu setup, no futuro, 
gerará os mesmos resultados que apresentou no backtesting. Vamos 
às explicações: 
O mercado não mais é do que o produto de frequente e 
constante avaliação e intervenção nos preços, realizadas por diversos 
players. Certamente, a avaliação e atuação dos players são 
divergentes em grande parte do tempo, o que justifica os preços 
oscilarem. Em um dado instante do tempo, encontraremos players 
comprados e/ou aumentando a posição, players já vendidos e/ou 
aumentando a posição e potenciais players que estão esperando algo 
novo acontecer para entrar no mercado. 
 
37 
 
Agora gostaria que você saísse um pouco da sua 
perspectiva de pessoa física e se imaginasse como um trader 
corporativo de médio/grande porte. Por exemplo, se você estivesse 
atuando na compra, o que precisaria ocorrer para que mudasse sua 
posição? (neste exemplo, “mudar” significa intensificar a compra, 
parar de comprar, zerar a compra ou ainda inverter para vendido). 
Você pode dizer: muitas coisas me fariam mudar a atuação. De fato, 
há inúmeras variáveis a serem levadas na operação, ainda mais 
quando você é um trader corporativo (price maker – que tem o 
potencial de influenciar o mercado devido ao tamanho dos lotes) e 
que carrega posições relevantes. Abaixo, listei algumas variáveis 
frequentemente levadas em conta e que contribuem para qualquer 
decisão, seja ela de comprar, vender, zerar ou mesmo ficar de fora do 
mercado: 
 Avaliação pessoal do cenário e/ou ativo (fundamentos); 
 Publicação de notícias e/ou informações capazes de 
influenciar a avaliação do cenário e/ou ativo; 
 Intervenção de governo, órgãos ou empresas; 
 Informação privilegiada; 
 Obrigação e/ou necessidade; 
 Atuação dos demais players. 
A ideia não é discorrer os itens um a um, mas sim deixar 
claro que todas essas variáveis influenciam constantemente a tomada 
de decisão do trader corporativo. 
Voltando ao meu questionamento sobre o que faria sua 
opinião mudar, caso fosse um trader corporativo, pense: qual das 
variáveis acima é a mais dinâmica, isto é, a que muda com mais 
frequência? 
Se você respondeu “atuação dos demais players” você 
acertou. Não quero dizer que ela é a mais ou menos importante, só 
estou afirmando que a nossa contraparte e os demais players também 
 
38 
 
podem mudar de opinião a qualquer instante, em função de todas as 
demais variáveis. 
Isso nos leva a uma conclusão: de que a atuação de um 
trader, por qualquer que seja o motivo, pode, por si só, motivar a 
atuação de outro trader. Um bom exemplo disso é o trader que está 
carregando uma posição de compra a um preço médio desfavorável 
e já muito próximo de stopar, pois atingiu o limite pré-estabelecido de 
perda da instituição. Se o preço atingir em certo patamar, ele stopa 
toda a posição, caso contrário ele não stopa. Se o mercado atingir o 
nível de stop, o trader irá atuar vendendo uma grande quantidade de 
contratos de maneira rápida, muito provavelmente alimentando o 
processo de queda. 
Agora, nesse mesmo contexto, imagine outro trader que 
está fora do mercado, esperando uma queda nos preços para 
comprar o ativo que deseja. Se o 1º trader do exemplo entrar 
stopando, muito provavelmente os preços irão ceder e atingir o 
patamar que interessa ao trader que estava de fora, querendo 
comprar. Entretanto, se o primeiro trader não acionar o stop, 
provavelmente é porque o mercado parou de vender e, pelo menos 
naquele momento, não deve cair até o nível de preço que o segundo 
trader teria interesse em comprar. 
Percebeu que basta um evento para desencadear outro? 
Basta uma decisão de um trader com um lote relevante, para gerar 
outras decisões relevantes de outros traders e alimentar novos 
negócios no mercado. 
Outro bom exemplo seria um player com necessidade de 
comprar 3.000 lotes de dólar. Não foi uma escolha dele; ele 
simplesmente tem que comprar 3.000 lotes a fim de travar uma outra 
operação ou qualquer coisa do tipo. Quem já acompanhou o book de 
ofertas dólar deve ter reparado que a média de lotes em cada nível de 
preço, atualmente, está entre 50 e 200 lotes. Assim, faço outra 
 
39 
 
pergunta: ele consegue comprar 3.000 lotes de dólar de uma vez, se 
cada nível de preço apresenta essa média de 50/ 200 lotes? 
Provavelmente sua resposta será: conseguirá comprar se aceitar 
pagar os preços cada vez mais altos que os demais vendedores 
estão dispostos a ofertar. 
Agora volte e reflita sobre o conceito aprendido no exemplo 
anterior. Se é verdade que cada trader considera a atuação dos 
demais em sua tomada decisão, ao perceber que existe alguém 
comprando 3.000 lotes no mercado (obviamente ninguém sabe ao 
certo a quantidade de lotes, mas estima pela agressividade), outros 
traders podem aproveitar a oportunidade para vender rapidamente, já 
que há demanda no mercado? Concorda que podem aproveitar para 
comprar junto com ele, esperar a compra toda terminar para aí sim 
tomar uma decisão (provavelmente vender) ou ainda cancelar ordens 
de venda ou alterá-las para cima, já que perceberam a demanda do 
mercado? 
A melhor definição para isso seria “efeito cascata” ou 
mesmo “choques”, pois cada atuação gera uma nova rodada de 
avaliações por todos os players que, potencialmente, podem atuar 
alimentando o círculo. Quando disse no item 2.1 que a história não 
estava escrita, estava querendo dizer exatamente isso: tudo é novo, 
agora e sempre! 
Outra forma de entender o conceito de singularidade é 
explorar um exemplo sob a perspectiva do trader pessoa física. 
Digamos que o sinal preferido para operar de um determinado trader 
seja rompimento de suportes/resistências, mas poderia ser IFR, 
MACD, Bollinger, Formações como W, M, OCO ou qualquer outro 
sinal. No exemplo abaixo, seguem duas situações no mesmo ativo, 
mas em dias distintos. Perceba que em ambos os casos houve a 
perda do suporte e a queda posterior foi similar em amplitude. 
 
40 
 
 
 
Repare que o ativo é o mesmo, o setup é o mesmo e se 
olhar no gráfico a queda é geometricamente e matematicamente a 
mesma. 
Enfim, podemos considerar que isso é um padrão, ou ainda 
que os movimentos sejam iguais? 
Por mais que pareçam idênticos graficamente, na realidade 
não são. O entendimento desse conceito é essencial para você 
entender a realidade do mercado. Se fossem idênticos, concorda que 
todo trader que participou do evento um teria que estar presente no 
evento dois? Todos com as mesmas posições prévias, com os 
mesmos tamanhos, com as mesmas ordens presentes na tela e 
atuando da mesma forma e intensidade a cada evento novo? Não 
beira o impossível? 
Independentemente do resultado dessa operação ter sido 
o mesmo, a forma de atuação entre os traders certamente foi 
diferente nas duas situações. Por exemplo: dificilmente quem stopou 
a compra no evento um é o mesmo trader que a stopou no evento 
dois e mesmo que fosse, dificilmente os vendedores eram os mesmos 
ou estavam vendendo pelo mesmo motivo e ainda dificilmente as 
contrapartes eram as mesmas. 
 
41 
 
É extremamente importante que você compreenda este 
fenômeno, pois ele gera implicações psicológicas de extrema 
relevância. Nossas mentes funcionam associando coisas e criando 
constantes relações de causa e efeito. 
Tudo é assim: quando o céu nubla, você logo associa que 
vai chover. Quando uma criança cai, você logo associa que irá chorar 
e por aí vai. É assim porque aprendemos assim. Essas são nossas 
crenças básicas. 
O grande problema do mercado é que não dá para fazer 
associações porque tudo é diferente sempre. Se você olhar para o 
mercado com perspectiva de associação, ou seja, com cabeça de que 
encontrou um padrão de comportamento, você provavelmente terá 
dificuldades emocionaispara operar., pois ao associar, 
automaticamente você estará criando uma expectativa sobre o futuro 
(no exemplo, expectativa de queda se perder suporte). Quando você 
cria expectativa e a operação dá certo, reforça a sua associação. 
Porém, quando a operação dá errado, há frustração. É muito raro não 
ficar frustrado quando se espera algo que não ocorre, ou, muitas 
vezes, quando ocorre justamente o contrário do que você esperava. 
Lembre que estou falando de dinheiro. Errar uma aposta sem valor é 
uma coisa, errar uma previsão valendo dinheiro é outra. 
A solução para esse dilema será dada mais adiante, mas a 
ideia aqui é fazer você entender e acreditar que o mercado é 
imprevisível E novo, SEMPRE! Se você realmente acreditar nisso, 
você aceitará que errar e perder dinheiro são impossíveis de serem 
evitados e, portanto, aceitará o risco de operar. 
 
2.3. DINÂMICA DE MERCADO 
Neste último item sobre a natureza do mercado, falarei 
sobre o conceito de dinâmica de mercado. Confesso que nunca li 
nada sobre esse tema assunto e que só o por meio do mesmo trader 
 
42 
 
autônomo que dizia que éramos “passageiros do mercado”, ao se 
referir à sua imprevisibilidade. 
Dinâmica de mercado nada mais é do que a forma pela 
qual os agentes operam cada mercado em determinado período de 
tempo. Entender a dinâmica é um dos passos para acompanhar o 
mercado alinhado com crenças coletivas. 
Diferentemente dos conceitos que tratamos até agora, 
dinâmica de mercado é mais voltada à habilidade técnica do que 
habilidade comportamental e emocional. 
Para facilitar o entendimento, listarei agora todos os 
conceitos que devem ser levados em conta quando estudamos a 
dinâmica de mercado: 
 Quem opera, por que opera e como opera determinado 
ativo? 
 O que, de fato, move e o que tem potencial de mover os 
preços? 
 Qual a relação de causa e efeito atual (cenário 
econômico)? 
 Se é mercado de fluxo ou volatilidade (quantidade de lotes 
na tela); 
 Participação de day trade no volume total do dia; 
 Nível de aposta dos players (se estão apostados na 
compra/venda e quanto); 
 Grau de operabilidade (quantas oportunidades o mercado 
faz disponível). 
 Quantidade de players “parceiros” (grau de divergência de 
opinião). 
 Grau de elasticidade (o quanto retorna a cada inflexão de 
preço). 
 
 
43 
 
Estes conceitos ajudam a definir como o trader autônomo 
pode e deve interagir com o mercado. É fundamental responder estas 
questões antes de decidir operar para valer. Claro que algumas delas 
só serão compreendidas quando você já estiver operando, tais como: 
 Como os players estão operando: se de maneira mais ou 
menos agressiva, em quais circunstâncias as ordens são 
enviadas, que tipo de ordem está sendo enviada etc. 
 A quantidade de players parceiros: justamente quem gera o 
fluxo onde nos escoramos. 
 O grau de elasticidade: forma e intensidade com que um ativo 
rejeita um preço novo. 
Outro ponto crucial que devemos considerar e que 
corrobora com a premissa de singularidade do momento é que todos 
os itens que compõem a dinâmica de mercado estão em constante 
processo de transformação. 
Entender a dinâmica é fundamental para que essa 
interação seja sob a ótica da perspectiva coletiva, da qual falaremos 
mais adiante. 
 
3. PERCEPÇÃO E PROCESSO DE PENSAMENTO 
Na sessão anterior, trabalhamos o real comportamento do 
mercado (natureza) e a partir de agora iremos falar sobre percepção, 
com o único intuito de fazer você consiguir olhar o mercado de forma 
100% objetiva. Olhar o mercado de forma objetiva significa perceber 
a informação gerada pelo mercado da forma como ela realmente é 
e sem filtros, indicadores técnicos ou qualquer outra coisa que tenha 
o potencial de distorcê-la. Esse conceito é extremamente importante, 
porque é um dos pré-requisitos essenciais para entender a 
perspectiva coletiva e fluir sempre com o mercado. 
 
3.1. Como Funciona Nossa Mente – Processo de Percepção 
 
44 
 
Neste capítulo, abordaremos conceitos aparentemente 
abstratos ou fora do contexto da apostila, tais como “processo de 
percepção humana”, “versão” “verdade” e “crenças”, mas que são 
cruciais para sua evolução como trader. 
Lembre-se que o maior desafio é ter total controle sobre 
seus atos e emoções e, neste sentido, conhecer um pouco da mente 
humana é um dos passos mais importantes para o alcance deste 
objetivo. 
Como o foco desta apostila não é torná-lo psicólogo ou 
expert no assunto, o tema será abordado superficialmente e talvez a 
melhor forma de explicar a percepção seja exemplificando. 
Anote em um pedaço de papel o que está desenhado na 
figura abaixo: 
 
 
O que você vê? Provavelmente muitas coisas, como por 
exemplo o que alguns consideram ser um chapéu de perfil, uma peça 
de quebra-cabeça ou até mesmo uma flecha apontando para baixo. 
Entretanto, é importante que escreva em algum lugar o que 
vê. 
Após ter escrito no papel, repare e tente ver a palavra “fly". 
Se você viu rapidamente a palavra “fly”, muito provavelmente sua 
estrutura de percepção está adequada à esta realidade. Caso 
contrário, se você não a vê, por que será que isso ocorre? Agora já 
visualiza? Se você demorou para perceber ou ainda não viu a palavra, 
provavelmente é porque sua estrutura de percepção atual te faz ler 
 
45 
 
palavras escritas com tinta preta em papel branco. Repare que a 
palavra “fly” está escrita em branco com bordas laterais pretas. 
Se você, de fato, nunca tinha visto este teste você terá que 
aprender a perceber ou mesmo reestruturar sua perspectiva até 
perceber o que realmente está sendo mostrado8. 
Outro bom exemplo de percepção seria avaliar como duas 
pessoas distintas, com histórias diferentes, interpretam e reagem a 
um mesmo evento. Imagine que estas duas pessoas estão 
caminhando juntas pela calçada e ouvem um carro frear bruscamente. 
A pergunta é: como seria a interpretação e reação delas? A resposta, 
na verdade, depende de vários motivos, os quais não conseguiríamos 
explicar em detalhes, mas vamos analisar os extremos. 
Imagine que uma das pessoas tenha uma vasta 
experiência de vida e inclusive já tenha sido atropelada em um evento 
similar. Como é de se esperar que esta pessoa interprete e reaja ao 
barulho da freada? Provavelmente ela fará uma associação imediata 
com o seu incidente passado e entrará num estado mental com 
características de medo, preocupação e outros similares. 
Agora imagine que a outra pessoa seja um adolescente de 
12 anos de idade e que não tenha passado por uma experiência 
similar negativa. Como ele interpretará e reagirá ao barulho? Não 
podemos afirmar, mas é possível que este garoto entre num estado 
de êxtase ao ouvir o barulho do carro derrapando. Para ele, a 
informação pode ser legal, divertida ou mesmo desafiadora, pois terá 
assunto para contar a todos os seus colegas. 
Repito mais uma vez que isso é apenas um exemplo e não 
uma afirmação, mas certamente é uma possibilidade concreta. Duas 
pessoas distintas podem e devem interpretar e reagir aos eventos 
externos de forma totalmente distinta, porque ambas possuem 
 
8 Este trecho foi extraído do livro “Poder sem Limites” de Anthony Robbins. 
 
46 
 
crenças distintas (falaremos mais sobre crenças nas próximas 
páginas). 
Os exemplos podem parecer simplistas, mas carregam um 
grande fundo conceitual, pois significa dizer que “nós vemos ou 
percebemos somente o que aprendemos a perceber”. Você pode até 
duvidar ou ser resistente em aceitar, mas muitas vezes nós não 
vemos o mundo como ele é. Nós vemos o mundo a partir da nossa 
interpretação individual, ou melhor, do que julgamos ser verdade. 
Agora gostaria que parasse um pouco para refletir: o que é 
verdade? Será que sempre vemos a verdade? E pior, será que existe 
verdade? 
 
3.2. Versão e Verdade 
Em certa ocasiãofiz um curso chamado “Olho de Tigre” da 
empresa Gauss Consulting. Este curso objetivava a transformação 
pessoal, justamente o que eu buscava quando decidi me tornar trader 
autônomo. 
Apesar de ter traçado toda minha carreira na área de 
mercado financeiro e ter atuado como trader corporativo, as 
dificuldades em se tornar trader autônomo eram grandes e vi neste 
curso uma possibilidade de crescimento intelectual. Bom, o que quero 
passar a você é a definição de “versão” e “verdade” escrita pelo 
instrutor do curso, de nome Orlando Pavani. 
“Verdade é a mais pura manifestação dos fenômenos quanto à sua 
previsibilidade. Aquilo que é previsível e acaba acontecendo na 
realidade, transforma-se em conhecimento científico que conclui 
que aquela previsibilidade era verdadeira, portanto, transformando 
a previsibilidade em lei, diante da qual, não adianta discutirmos, 
pois ela está acima de nossa vontade ou interpretação, nos 
cabendo apenas constatar, assumir e utilizar a lei para alguma 
aplicação inteligente. Já versão é a primeira verdade por nós 
assumida, sem qualquer questionamento catalisador uma vez que 
não cabe discuti-la, ou porque nos falta oportunidade experimental 
para testá-la na prática ou porque confiamos de sobremaneira na 
fonte de onde é oriunda aquela versão ou ainda por absoluto 
acomodamento intelectual”. 
 
 
47 
 
É muito pertinente diferenciar versão de verdade em se 
tratando de mercado financeiro, pois muitos de nós assumimos 
versões pessoais como verdades absolutas. 
Toda e qualquer análise de mercado é uma versão 
pessoal, independentemente da experiência da pessoa que formule 
tal análise. Toda e qualquer estratégia operacional é uma versão 
pessoal. No mercado, verdade é o que está na tela no presente. A 
melhor oferta de compra e a melhor oferta de venda são o maior 
reflexo da verdade. 
Você pode analisar, fazer contas, torcer, chorar, mas a 
verdade é o que está na tela. Dessa forma, quanto mais próxima da 
verdade for sua versão pessoal a respeito das informações do 
mercado, maior será sua chance de estar em linha com o mercado. 
 
3.3. Crenças 
“O homem é o que ele acredita ser” 
Anton Tchecóv 
 
Num primeiro contato, ao falarmos de crenças podem vir à 
cabeça assuntos como credos, doutrinas ou quaisquer aspectos 
religiosos. Na verdade, tratarei crença no sentido mais básico da 
palavra, sendo um princípio orientador, máximas, fé ou paixão que 
podem proporcionar significado e direção em tudo que pensamos e 
fazemos na vida. 
Crenças são filtros pré-arranjados e organizados para 
nossas percepções do mundo. São como comandos para o nosso 
cérebro interpretar a informação recebida. 
As crenças atuam de forma a moldarem nossa forma de 
interpretar os eventos do mundo, ao passo que no momento em que 
alguém acredita efetivamente em algo, para esta pessoa, isto se torna 
verdade, independentemente de ser apenas uma versão. 
 
48 
 
Outra maneira de abordar o assunto é através da distinção 
entre memória e crença. Memórias são informações gravadas em 
nosso cérebro enquanto crenças são “memórias energizadas” 
construídas a partir de experiências vividas no passado (positiva ou 
negativamente) e aprendidas através de linguagem (palavras ou 
frases). 
Vamos pegar um exemplo: uma pessoa que tenha tido 
diversos problemas conjugais durante toda a vida com mais de um 
matrimônio desfeito, pode dar um significado especial à palavra 
“casamento” ou ainda à palavra “fidelidade”. Se esta pessoa, de fato, 
tiver sido traída mais de uma vez, sua experiência de vida vai 
energizar negativamente as palavras “casamento” e “fidelidade”. Essa 
pessoa, provavelmente irá desenvolver uma crença de que 
casamento é ruim e que não existe fidelidade. É provável que venha 
ter problemas ao estabelecer novos relacionamentos com este tipo de 
crença, pois o menor sinal de desconfiança reforçará sua crença 
sobre a infidelidade com energia negativa. 
Apesar de muitos casamentos não darem certo e de existir 
infidelidade, não é verdade que todos são ruins ou que não exista 
fidelidade. A crença é uma verdade para quem a possui, mas não 
necessariamente é uma verdade absoluta, científica ou justificável. 
 
3.3.1. De Onde Vêm as Crenças 
Certa vez, li um artigo chamado “O mal de nossos pais” de 
Orlando Pavani que retratava exatamente a fonte primária de nossas 
crenças. O texto começava assim: 
“Quando nascemos, iniciamos um processo de absorção de 
informações sem precedentes e que acaba formatando nossa 
percepção das coisas e, consequentemente, nosso comportamento, 
sem estimular um processo crítico que venha a catalisar e consolidar 
as informações absorvidas. Os primeiros emissores dessas 
informações foram nossos pais, depois, amigos e em seguida 
professores, dentre várias outras fontes de absorção em nossas vidas”. 
 
 
49 
 
O que está escrito no texto acima é que aprendemos a 
pensar como os outros pensam e a se comportar como os outros se 
comportam. Assim, a experiência de vida de cada um irá energizar os 
frases, palavras e conceitos aprendidos, que por sua vez definirão 
nossas crenças. De forma resumida, a crença é criada a partir de 
nossa interação com o ambiente (convívio) e energizada, positiva ou 
negativamente, por aquilo que experimentamos em nossa vida 
individual. 
É importante dizer que há diversos níveis de energia sobre 
uma crença. A presença desta hierarquia faz com que tenhamos 
crenças mais energizadas (mais sólidas) e crenças menos 
energizadas. O principal determinante do grau de intensidade de uma 
crença é a quantidade de vezes, ou ainda, a quantidade de energia 
armazenada sobre ela. Quanto mais vezes vivenciarmos determinada 
situação, mais expressiva será a energia depositada sobre ela. Ou 
ainda, quanto mais intensa for a situação vivenciada, maior será o 
potencial de validação da crença. 
Por exemplo: você já deve ter ouvido de alguém que fazer 
day trade é perigoso. Esta pessoa pode nunca ter feito um day trade, 
mas terá aprendido com alguém que day trade é arriscado. Imagine 
que esta mesma pessoa, por qualquer motivo, decida fazer day trade, 
mas continue acreditando que é arriscado. Se ela errar a primeira 
operação, o que é de se esperar? É provável que ela valide sua 
crença de que day trade é, de fato, arriscado. A cada operação 
perdedora haverá um depósito de energia sobre a ideia “operar no 
intra day é arriscado”, chegando ao ponto de tal afirmação se 
transformar na mais pura verdade para ela. 
Com essa crença consolidada, as possibilidades de 
sucesso são irrisórias, já que esta pessoa interpretará toda 
informação proveniente do mercado partindo da premissa de que “day 
trade é arriscado”. Ela dará muito mais peso às informações que 
 
50 
 
corroborarem com esta afirmação do que às oportunidades de lucro 
geradas pelo mercado. 
 
3.3.2. Impacto das Crenças em Nossas Vidas 
No sentido mais amplo, nossas crenças moldam a maneira 
como vivemos nossas vidas. Como descrevi acima, não nascemos 
com elas, mas sim as adquirimos e acumulamos conforme o que 
experimentamos e aprendemos a acreditar. 
No livro “Trade in the Zone”, Mark Douglas faz quatro 
segmentações sobre a maneira pela qual as crenças impactam 
nossas vidas. Vejamos: 
 
 1ª - Crenças gerenciam nossa percepção e interpretação 
sobre as informações provenientes do mundo. 
A intensidade da crença pode e muitas vezes causa a 
alteração da percepção, isto é, esta mesma pessoa na maioria das 
vezes não consegue mudar de opinião, mesmo diante de algo objetivo 
que contraponha a opinião gerada pela crença. Essa “cegueira” é 
causada pelo desconhecimento de outra versão sobre a informação, 
ou ainda, pela falta de aceitação de outras possibilidades. 
Nos cursos e palestras que ministro sobre trading, costumo 
colocar um gráfico no projetor e perguntar aos presentes o que cada 
um vê. Agora te pergunto, quão homogêneas você acha que são as

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