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LEVANTAMENTOS EPIDEMIOLÓGICOS EM ODONTOLOGIA Os levantamentos epidemiológicos são estudos que fornecem informações básicas sobre a situação de saúde bucal e/ou as necessidades de tratamento odontológico em uma população , em um determinado tempo e local . Devem ser realizados periodicamente. Os resultados são usados principalmente em políticas de saúde. Os objetivos são: conhecer a magnitude dos problemas odontológicos, monitorar mudanças ao longo do tempo, níveis e padrões das doenças, conhecer as prevalências e as severidades das doenças, conhecer as necessidades de tratamento associadas às doenças, permitir analisar o comportamento das doenças ao longo do tempo, documentar a distribuição das doenças, permitir o planejamento de políticas de saúde mais adequadas e subsidiar, de forma indireta, a avaliação de serviço. PROTOCOLO DE PESQUISA Refere-se ao planejamento que antecede a efetuação de um levantamento. Os objetivos do protocolo são: planejar adequadamente o trabalho, assegurando que a coleta de dados será feita com qualidade, facilitando o trabalho de campo e análise, além de garantir coleta de informações objetivas e úteis. No processo de obtenção de dados deve-se garantir coleta uniforme importante na comparação de informação, a reprodutibilidade (garante que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, consiga repetir a mesma coisa que foi feita em seu levantamento utilizando outra população), o estudo precisa ser válido (consegue reproduzir dentro dele o que acontece na realidade como um todo, ou seja, em toda população) e confiabilidade. Metodologicamente, descreve-se o desenho de estudo. Nos levantamentos, utiliza-se o estudo transversal, em que se coleta exposição e desfecho ao mesmo tempo e pode-se medir apenas a prevalência (prevalência de cárie, de doença periodontal, por exemplo). Nesse estudo, não observa-se causalidade. Além disso, deve-se ter coleta de informações básicas para o planejamento, como o número de setores censitários, distribuição da população e número de escolas e alunos. Ainda na metodologia, deve-se escolher uma população de referência, ou seja, as pessoas sob investigação, que pode ser estabelecida pelo censo (população inteira) ou a amostra da população de origem. Nesta última, deve-se generalizar/representar a população como um todo. Para isso, calcula-se o tamanho da amostra para saber se representa a população ou não. No início do protocolo também deve-se estimar perdas, ou seja, adiciona-se a estimativa de perda ao valor da amostra mínima. NÃO deve compensar a perda no momento da avaliação pois corre risco de viés. A seleção da amostra deve respeitar a diversidade da população, ou seja, o critério de amostragem deve ser aleatório ou probabilístico, quando se faz por sorteio e se obtém ao acaso. Nesse caso, todos apresentam a mesma chance de escolha e não corre o risco de viés. A amostragem também pode ser não-probabilística, quando é obtida de forma Manuella Soussa Braga - 3p intencional/ por conveniência. Nessa última não consegue generalizar (o resultado é válido só para o grupo de pesquisa) e corre o risco de viés. AMOSTRAGENS 1. Casual simples É probabilística. Feita por sorteio e todas as unidades têm igual probabilidade de seleção. 2. Sistemática Faz-se uma lista e escolhe a partir de um intervalo de amostragem. Por exemplo: faz uma lista com todos os alunos colocando uma numeração para cada e determina que a cada dois da lista, será selecionado um. Para evitar o viés, não pode colocar a ordem de acordo com sua preferência. 3. Estratificada Faz-se a estratificação em grupos homogêneos e depois faz a retirada da amostra simples ou sistemática nos grupos. Pode ser feito quando quer balancear, por exemplo, o mesmo grupo de homens ou de mulheres na amostra. 4. Amostragem por duplo estágio (conglomerado) Primeiro, faz-se o sorteio das unidades primárias, depois as unidades secundárias por amostragem casual ou sistemática. O aumento do número da amostra leva à perda da homogeneidade. POPULAÇÃO DE REFERÊNCIA - FAIXAS ETÁRIAS MAIS ESTUDADAS 5 anos: dentição decídua completa 12 anos: dentição permanente completa 15 anos: dentição permanente sob um período de risco 35 a 44 anos: saúde bucal de adultos 65 a 74 anos: saúde bucal de idosos VARIÁVEIS AVALIADAS 1. Informações demográficas (sexo, idade, cor, raça etc) 2. Informações socioeconômicas 3. Autopercepção e impactos em saúde bucal 4. Condições dentárias 4.1 Anomalias dentofaciais (má oclusão, por exemplo) 4.2 Condições dentárias (índice de estética dental e espaço-desalinhamento-diastema) 4.3 Oclusão (overjet, mordida aberta, relação molar) 4.4 Prótese dentária (uso e necessidade de prótese) 4.5 Fluorose dentária (índice de Dean) 5. Condição periodontal 5.1 Índice de sangramento após sondagem (percentual de dentes com sangramento) 5.2 Índice periodontal comunitária (CPI) 5.3 Índice de Perda de Inserção (PIP) 6. Experiência de Cárie 6.1 Índice de CPO-D Manuella Soussa Braga - 3p CONTROLE DE QUALIDADE Deve-se garantir que tudo é feito da mesma forma e, nesse caso, deve haver calibração dos envolvidos e dos materiais utilizados. Na equipe de trabalho sempre tem o examinador, anotador e o monitor que controla a qualidade do trabalho. Essa equipe deve ser previamente treinada e calibrada, tendo por objetivo assegurar uniformidade diagnóstica e padrão adotado, minimizando variações entre observadores. CALIBRAÇÃO: 1. Etapa teórica 2. Exercício clínico-epidemiológico 3. Calibração propriamente dita 4. Discussão dos resultados Na etapa teórica, apresenta-se a equipe, os objetivos, os índices utilizados e os critérios utilizados para diagnóstico. No exercício clínico-epidemiológico, há fixação dos critérios diagnósticos, todos os examinadores vão examinar as mesmas pessoas e há discussão de divergências. Na calibração propriamente dita, repete-se os exames nas mesmas pessoas para comparar se os resultados estão concordando tanto intra-examinadores (reexame) quanto inter-examinadores (Kappa). Na discussão dos resultados, faz-se um estudo piloto testando os aspectos operacionais (materiais,transporte, tempo) em uma amostra pequena. Em relação aos materiais, avalia os materiais clínicos, de escritórios, fichas, EPI, estima o número de exames diários, fichas de exame. CRONOGRAMA Faz-se no início do levantamento logo após a calibração, pois evita que os critérios se percam. É preferível que distribua poucos exames por observador, pois a pessoa pode se cansar ao percorrer do estudo (diariamente 4h e 30 exames ininterruptamente). LOGÍSTICA Preenche o cabeçalho da ficha antes, já sorteia os reexames (garante qualidade da coleta e afere reprodutibilidade do próprio observador) e faz o agendamento e divulgação previamente. QUESTÕES ÉTICAS Termo de consentimento livre e esclarecido Retaguarda de serviços para pessoas com necessidade de tratamento DIGITAÇÃO Elaboração de banco de dados para posterior análise ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Qual a distribuição segundo idade e sexo? Qual a taxa de resposta do estudo segundo idade? Qual a prevalência de cada condição estudada? Qual a distribuição da frequência de índices segundo severidade? Manuella Soussa Braga - 3p DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS A divulgação deve ser pública, a partir de um relatório, por razões técnicas, políticas e administrativas. A população deve ter pleno conhecimento dos indicadores de saúde-doença. LEVANTAMENTOS EPIDEMIOLÓGICOS EM SAÚDE BUCAL NO BRASIL Levantamentos nacionais: 1986: Ministério da Saúde 1993: Serviço Social da Indústria (apenas estudantes do SESI) 1996: Ministério da Saúde e Entidades Odontológicas 2003: Projeto SBBrasil (implantação do Brasil Sorridente) 2010: Projeto SBBrasil Resultados: Diminuição do CPO-D aos 12 anos Norte e Nordeste com maiores índices de CPO-D Piora da saúde bucal ao longo da vida (aumenta índice de CPO-D nos idosos) 2003x2010: o índice de CPO-D diminui e o número de crianças de 12 anos livres de cárie aumenta, o índice de CPO-D entre adolescentes e adultos também diminui (políticas de saúde bucal) Número de dentes cariados e perdidos diminuiu e o número de dentes tratados aumentou Os levantamentos nacionais tem por objetivo nortear políticas públicas que, geralmente, tem por objetivo: diminuir a cárie, reabilitação de pacientes e diminuição de desigualdades. Manuella Soussa Braga - 3p
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