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DERMATOSES BOLHOSAS AUTOIMUNES Bolha: lesão com coleção líquida > 1cm. Deve ser descrita em termos de tensão, tipo de conteúdo, localização e tamanho. FISIOPATOLOGIA Na epiderme há queratinócitos que aderem entre si por meio de desmossomos, composto por desmogleínas. Nas dermatoses autoimunes, existem autoanticorpos anti-desmossomos ou anti componentes da membrana basal, que destroem essas moléculas causando a separação dos queratinócitos. Esse espaço é então preenchido por fluido vindo da derme, formando as bolhas, que podem ser intraepidérmicas ou subepidérmica caso haja alteração na membrana basal: Intraepidérmico: disjunção dos queratinócitos Subepidérmica: disjunção na membrana basal OBS.: para diferenciar quanto a localização, utiliza-se o histopatológico. Para determinar o tipo deve ser realizada imunofluorescência. DOENÇAS INTRAEPIDÉRMICAS • Pênfigo vulgar • Pênfigo foliáceo clássico • Pênfigo foliáceo endêmico • Pênfigo vegetante • Pênfigo herpetiforme • Pênfigo por IgA • Pênfigo paraneoplásico • Pênfigo induzido por medicamentos Os anticorpos nessas doenças reagem com moléculas de adesão intercelular. Os imunorreagentes são depositados entre os queratinócitos, as pontes intercelulares desaparecem e os queratinócitos se separam um do outro, uma mudança conhecida como acantólise. PÊNFIGO VULGAR ✓ Não tem predileção por raça ou sexo ✓ Acomete indivíduos de meia idade ✓ 70% dos casos de pênfigo ✓ Existe predisposição genética Por ser autoimune, pode estar relacionado com outros distúrbios, sendo os mais comuns timoma ou miastenia gravis, sendo frequente a associação. Quadro clínico: Maioria dos pacientes tem lesão mucosa, que podem abrir o quadro. Geralmente são erosões mal definidas, que demoram a cicatrizar. O envolvimento é raramente localizado. São mais frequentes lesões em couro cabeludo, face, axila, virilha e todos pontos de pressão Bolhas: superficiais, líquido claro, base eritematosa ou normocrômica. O conteúdo se torna turvo e rompe-se provocando erosão no local, associada a dor ➔ Sinal de Nikolsky: realização de pressão na pele aparentemente normal, próxima à lesão, induz ao descolamento epidérmico que indica atividade da doença (rompe a bolha). Diagnóstico: histopatológico + imunofluorescência Tratamento: corticoide em dose imunossupressora • Prednisona 1-1,5mg/kg/dia o Profilaxia para estrongiloidose • Se grave, imunobiológicos: azaitioprina • Permanganato de potássio e antisséptico tópico para reduzir risco de infeções Terapia tópica (lesões iniciais): corticoide tópico ➔ Pênfigo vulgar grave refratário: pulsoterapia por 5 dias + ciclofosfamida + plasmaferese PÊNFIGO FOLIÁCEO E SUAS VARIANTES Endêmico no Brasil, conhecido como “fogo selvagem”. Etiopatogenia: FATORES GENÉTICOS Antígenos ambientais podem desencadear a resposta imunológica do fogo selvagem, que é uma predisposição genética ligada ao HLA-DRB1 FATORES AMBIENTAIS Dentre os antígenos, existem os presentes nos borrachudos (simulídeos), que são endêmicos nessas regiões. Indivíduos infectados têm 4x mais chance de desenvolver a doença. Quadro clínico: ✓ Crianças e adultos jovens ✓ Bolhas e vesículas flácidas que se rompem facilmente → erosões dolorosas que “queimam” ✓ Progressão lenta, poupa mucosa oral ✓ Após a cura pode ter hiperpigmentação ✓ É menos grave que o pênfigo vulgar ✓ Sinal de Nikolsky positivo Evolução: 1) Forma frustra (localizada): predomínio das lesões nas áreas seborreicas (face, couro cabeludo e tronco superior) 2) Forma invasivo-bolhosa (generalizada): pode já iniciar de forma generelizada ou evolui da forma localizada para o acometimento de todo o corpo em semanas ou meses. 3) Forma eritrodérmica. Diagnóstico: histopatológico + imunofluorescência Diagnóstico diferencial: dermatite seborreica, impetigo Tratamento: • Doença localizada: corticoide tópico – prednisolona 20-40 mg/dia • Corticoide sistêmico + imunossupressores (azatioprina, ciclofosfamida) em quadros extensos • Remissão espontânea NÃO é frequente Evolução: O pênfigo foliáceo é geralmente considerado uma doença benigna que responde bem ao tratamento e pode remitir. Entretanto, como o pênfigo vulgar, ele também pode seguir um curso muito crônico por muitos anos e estar sujeito a repetidas recidivas DOENÇAS SUBEPIDÉRMICAS ✓ Penfigóide bolhoso ✓ Penfigóide das membranas mucosas ✓ Herpes gestacional ✓ Dermatose por IgA linear ✓ Dermatite herpetiforme ✓ Epidermólise bolhosa adquirida ✓ Lúpus eritematoso bolhoso Essas doenças acometem a membrana basal, nas placas de ancoragem, gerando uma lesão mais profunda. PENFIGÓIDE BOLHOSO Erupção que ocorre, de preferência, em pessoas idosas, sem predileção por raça ou sexo Caracterizada por bolhas subepidérmicas, tensas, grandes, generalizadas, atingindo a pele e, ocasionalmente, a mucosa oral, por mecanismo imunológico. Etiologia: A causa é desconhecida, mas está relacionado com a presença de autoanticorpos contra componentes da membrana basal Quadro clínico: • A erupção pode iniciar-se por lesões eritematosas e/ou urticariformes, como bolhas generalizadas, tensas, grandes, às vezes hemorrágicas, em base eritematosa ou em pele normal, não agrupadas, com predileção pelas superfícies de flexão • As mucosas (oral e nasal) podem ser atingidas em cerca de 30% dos casos, porém, em geral, não deixam cicatrizes (frequentes no penfigoide cicatricial). • O estado geral do paciente pode estar comprometido. • Alguns fármacos podem desencadear quadros clínicos e imunopatológicos idênticos ao PB (D-penicilamina, captopril, furosemida, espironolactona, sulfassalazina, penicilinas etc.). Os pacientes desse subgrupo tendem a ser mais jovens que os da apresentação clássica. • Assim como os pênfigos, o PB pode ser desencadeado ou agravado pela radiação ultravioleta (UV), radioterapia, PUVA, queimadura e enxertos cutâneos. Diagnóstico: clínico (idosos com bolhas tensas generalizadas, prurido e sinal de Nikolsky NEGATIVO) + histopatológico + imunofluorescência Tratamento: prednisona 40-80 mg/dia. Pode associar citotóxicos REFERÊNCIAS Teixeira TA, Fiori FCBC, Silvestre MC, Borges CB, Maciel VG, Costa MB. Pênfigo foliáceo endêmico refratário na adolescência- sucesso terapêutico com imunoglobulina intravenosa. An Bras Dermatol. 2011;86(4 Supl 1):S133-3. Cunha PR, Barraviera SRCS. Dermatoses bolhosas autoimunes. An Bras Dermatol. 2009;84(2):111-24. Rook's Textbook of Dermatology, 4 Volume Set, 9th Edition, capter 40. Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti,Evandro A.
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