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FAE/POS GRADUAÇÃO Liderança Estratégica Thamyres Redondo Penachio Ventura 01 de junho de 2020 CADA UM TEM A EMPRESA QUE MERECE A muito se ouve a afirmação de que cada empresa tem o profissional que merece, porém eu não acredito em vias de mão única. É claro que o popular karma “aqui se faz, aqui se paga” possui traços reais e arrisco-me a descrevê-lo como uma energia conspiratória que se molda em volta de cada indivíduo nas mais diversas situações da nossa vida. No entanto, existe também o outro lado dessa energia, e que pode ser evidenciada nos mais diversos contextos como, por exemplo, no ambiente, nas pessoas e nas situações que nos colocam à prova. Nós emanamos emoções, características e personalidade subliminarmente para tudo que está ao nosso redor. Somos como uma esponja que suga e libera resíduos, e esses resíduos são a essência que direcionam a forma como os outros e o ambiente respondem a nós. Sendo assim, posso então afirmar que o que me fazem, eu mereço? Na minha opinião, sim. Ao pensar no ambiente profissional, por exemplo, ainda é muito comum o uso do termo “motivação”, mas o real sentido dessa palavra se perde nas lideranças mais frágeis. Motivar uma pessoa significa incentivá-la através de estímulos a fim de atingir um objetivo. Porém a estimulação não é algo constante ou copiável e, por esse motivo, não pode ser aplicado de forma massiva e unificada. É claro que existem, sim, benefícios comuns dentro das empresas para incentivar a produção no ambiente de trabalho, mas um bom gestor vai muito além disso. O líder precisa compreender que para ativar certos gatilhos nas pessoas ao seu redor, uma chama deve ser acessa de dentro para fora, ou seja, ativar a energia pessoal e intima, muitas vezes escondida, em cada um dos indivíduos com quem se relaciona. Em outras palavras, conhecer o próximo. Dessa forma, afirmo dizer que uma motivação eficaz trabalha com desejos profundos e feridas abertas, gera empatia e conquistar pela percepção. Sendo assim, os estímulos motivacionais são os meios necessários para se atingir as aspirações pessoais, e tal habilidade é extremamente rara. Se tal premissa é verdadeira e sabemos a receita do bolo, por que se torna tão difícil solucionar crises no gerenciamento de uma empresa? Eu lhe respondo o real motivo por trás de nossas falhas: o despreparo. Nós seres humanos somos muito mais preparados para resolver problemas externos a nós do que internos. A escola, por exemplo, nos ensina a solucionar problemas lógicos e interpretar textos, mas não temos aulas sobre desenvolvimento emocional. Esse fato desenvolve adultos capazes de interpretar e reagir ao ambiente a sua volta, mas que não são capazes de se compreender e de se entender como pessoa. Por isso, muitos vivem uma vida inteira, uma vida em que se iludem a acreditar que foi boa, mas que na verdade termina sem que essas pessoas realmente conheçam quem elas realmente são, e o porquê de serem dessa maneira. Uma vida vazia, onde os sonhos muitas vezes não são atingidos. Essa falta de tato humano para com nós mesmos é um verdadeiro desafio, um mal da humanidade. Eu então lhes pergunto: como representantes podem liderar um grupo de pessoas se não conhecem nem a si mesmos? Essa estratégia de manipulação foi adotada há milhares de anos, e hoje é uma estrutura cultural encrustada na essência da sociedade moderna. Os chefes não querem que os subordinados detenham poder interno. Nas organizações, por exemplo, não se prepara líderes, pois não há projeções pensadas para o recurso humano de uma organização, uma vez que todo o foco é direcionado para o lado monetário, lucro. Capitalismo, outro mal da humanidade. A constante disputa por poder e mercado leva os gigantes a não desenvolver líderes capazes de lidar com as crises internas e externas, de direcionar uma equipe de forma eficaz. As organizações não desenvolvem esses profissionais por medo de moldar um elemento que pode vir a trabalhar no seu concorrente, pelo tempo que leva para capacitar um bom profissional e, principalmente, pelo investimento financeiro que uma atividade dessas demanda. Esses três pontos assustam os gestores a curto prazo, pois esses não são capazes de pensar à longo prazo, fato esse que os levará a crises gerenciais no futuro. FAE/POS GRADUAÇÃO Liderança Estratégica Thamyres Redondo Penachio Ventura 01 de junho de 2020 A insegurança e despreparo dos nosso líderes detém a essência por trás do motivo pelo qual a maioria das pessoa aceita certos ambientes e condições em suas vidas sem pestanejar, ainda que desgostosas. Essas normalmente são as mesmas pessoas que não se conhecem, não reconhecem o seu potencial e não acreditam em si mesmas, portanto, tornam-se manipuláveis. Isso porque esse indivíduos passam a acreditar que o que os outros fazem para ela é o que ela merece, pois ela se julga unicamente pela forma como os outros a veem. Infelizmente, pessoas que não se conhecem tornam-se medíocres. E apesar do uso dessa palavra ser demasiadamente forte, o real significado por trás dela é que não há uma essência clara em pessoas com esse perfil, ou seja, são ordinárias, quase sem graça. Esse perfil de individuo é muito fácil de ser manipulado e, a analogia para isso é simples, um copo vazio pode ser preenchido por qualquer tipo de líquido. Mas, e se o copo estiver cheio? Então, estamos falando de um indivíduo com conteúdo, que se opõe a esse pensamento, e se enquadra no perfil dos idealizadores. Então, falar de liderança, pessoas e organizações vai muito além do que se vê? Claro que sim. Uma organização é formada por pessoas, gerida por pessoas e movida por pessoas. Uma empresa não evolui sem recursos humanos, mas um ser humano sobreviveria sem uma empresa. Tal fato evidencia outro apontamento relevante acerca das organizações, que dependem de um elemento, mas que não se preocupam em cultivar as habilidades de seus colaboradores. Não é à toa que a despretensão da maioria dos negócios ao longo dos anos proporciona hoje um movimento contrário, ou seja, uma marca passa a adquirir relevância pelo que pratica, acredita e entrega para todos os seus pontos de contatos. Mas esse movimento não surge do nada, afinal, por trás de grandes estratégias há líderes natos. Observei em empresas que trabalhei traços muito claros de tudo que foi mencionado acima, ainda que tais empresas eram de pequeno porte. Já atuem em organizações em que a energia dos colaboradores era extremamente tóxica e bastava pisar dentro da sede que a energia do meu ser parecia esvair-se. Também tive experiências profissionais em que a “motivação” era supérfluo e nenhum indivíduo era valorizado por seu potencial, pelo contrário, seu desempenho sempre era medido pelos fracassos, uma verdadeira tortura. Em ambos os casos, ao presenciar essas situações de baixo poder de liderança, situações por vezes antiéticas, pude notar que tais atitudes e ambiente eram promovidas pelos próprios diretores. Em outras palavras os pressupostos culturais da empresa eram voltados para as gestões mais rústicas. E nesses casos, a tal da “motivação” era uma estratégia mascarada. Na época, jovem, com pouca experiência, acreditava que o mundo empresarial era daquela forma e aceitava tal situação. Porém, com o amadurecimento, veio os questionamentos e as dúvidas. Será que precisa ser assim? Foi nesse momento que decidi que as coisas precisam ser diferentes, por mim. Eu não compartilhava daquela crença, eu não me sentia bem. Eu percebi que aquela situação estava apagando a minha essência dia após dia. Eu precisava do emprego? Sim, mesmo assim tomei coragem de fazer algo por mim, afinal, se eu não fizesse, quem faria? Então posso afirmar que por um momento acreditei que as empresas eram boas para mim e por ser imatura e não enxergar a gravidade da situação, eu tive a empresa que eu merecia na época. Um fato incontestável é que nossas vidas são feitas de escolhas. Todo e qualquer indivíduo detém o poderde decidir o que é o bom ou ruim para ele e, normalmente, tais escolhas são fundamentadas nas nossas crenças e valores. Esses elementos são extraídos do círculo social no qual nos envolvemos, crescemos e pertencemos. Por esse motivo, é um pretexto comum para muitos de nós olharmos mais para fora do que para dentro, e a falta desse olhar holístico nos torna passíveis e suscetíveis a assumir cargos dentro de departamentos e empresas na qual nós não nos identificamos. Por isso, sorria, acredite e viva, pois só você é capaz de enxergar a sua essência sem julgamentos. Você precisa parar de acreditar que olhar para dentro é algo que poucos têm a capacidade de fazer, afinal, quando não tivermos mais nada nesse mundo, nós sempre podemos contar com a nossa própria companhia.
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