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1 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS 2 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES PREFÁCIO O presente curso tem como objetivo repassar conceitos básicos de tratamento e as informações práticas para possibilitar a operação de sistemas de tratamento de efluentes tendo como foco principal o tratamento físico-químico por batelada. Ministrantes: Elizabeth Montemezzo – Química Industrial Fernanda Mengatto – Engenheira Química Ibanês Oliveira – Químico Industrial O presente trabalho tem apoio das seguintes empresas: Caxias do Sul, Março de 2008 3 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Aula Conteúdo programático Período 1ª 1. Noções Básicas de Química 1.1 Ácidos e Bases 1.2 pH (formas e equipamentos de medição) 18:00 – 20:00 2. Fontes de Geração de Efluentes 2.1 Efluente sanitários – Normas e tratamentos preliminares 2.2 Efluentes industriais – fontes orgânicas e inorgânicas – Formas e possibilidades de tratamento disponíveis 2.3 Segregação de Efluentes Líquidos a) segurança b) tratamento específico de algum contaminante c)separação visando facilitar manuseio/disposição final dos resíduos sólidos gerados d) Separação para garantir diluição e pré-tratamento. 2.4 Considerações Gerais 2.5 Amostragem de efluentes 20:15 – 22:15 2ª 3. Teoria básica do tratamento físico-químico 3.1 Tipos de tratamento – contínuo e batelada 3.2 Pré-tratamentos 3.3 Ajuste de pH 3.4 Coagulação 3.5 Floculação 3.6 Decantação 3.7 Tratamentos específicos de alguns contaminantes 3.7.1 Tratamento de cromo 3.7.2 Tratamento de cianetos 3.7.3 Precipitação de metais 3.7.4 Redução de nitrogênio 3.7.5 Redução de fósforo 3.8 Secagem do lodo 18:00 – 22:15 3ª 4. Equipamentos utilizados nas estações de tratamento de efluentes 4.1Tanques de homogeneização e acumulação 4.2 Decantadores 4.3 Tanques de lodo 4.4 Tanques de armazenagem de soluções 4.5 Sistemas de agitação 4.6 Secagem de lodo 4.6.1 Filtros de areia 4.6.2 Filtros de Bidin 4.6.3 Filtros-prensa 4.7 Outros equipamentos (filtração com carvão, troca iônica, evaporadores, eletrodiálise) 18:00 - 19:45 20:15 – 21:00 5. Procedimentos de Segurança 21:00 – 22:15 4ª 6. Destinação dos resíduos gerados no tratamento de efluentes 6.1 Classificação dos resíduos – NBR 10004 6.2 Formas de destinação 18:00 – 20:00 7. Legislação ambiental 8. Parâmetros analíticos de controle 9. Padrões de emissão 20:15 – 22:15 5ª 10. Aula prática 18:00 – 22:15 Total 20 horas 4 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 5 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 1. NOÇÕES BÁSICAS DE QUÍMICA Fenômeno Físico e fenômeno químico Fenômeno físico é aquele que não altera as propriedades fundamentais da matéria, sendo reversíveis. Ex: gelo derretendo, pedra sendo quebrada, filtração da água Fenômeno químico é aquele que altera as propriedades fundamentais da matéria, sendo geralmente irrevesíveis. Ex: queima da madeira, oxidação de cianetos, etc.. Misturas As misturas de duas ou mais substâncias podem ser homogêneas ou heterogêneas. As misturas homogêneas podem se classificar em três tipos diferentes: -Suspensões: partículas maiores que 1.000 Angstrons -Dispersões: partículas maiores que 10 e menores que 1.000 Angstrons -Soluções: partículas dispersas menores que 10 Angstrons Nos efluentes estarão presentes os três tipos de misturas, sendo um dos objetivos do tratamento a separação de alguns dos componentes destas misturas. Solubilidade No caso das soluções, temos o solvente (maior quantidade) e o soluto (menor quantidade). Alguns solutos tem solubilidade infinita em certos solventes (ex: água em álcool) e outros são praticamente insolúveis (ex: carbonato de cálcio em água). A maioria possui solubilidade relativa, dissolvendo apenas uma certa quantidade; se for adicionado em excesso, não se dissolve, formando um precipitado. A temperatura influi na solubilidade das substâncias, aumentando com a sua elevação. Cinética Química É o ramo da química que estuda a velocidade das reações químicas. A velocidade das reações químicas é influenciada por vários fatores, tais como: 6 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES -pH -temperatura -concentração e natureza dos reagentes -pressão -superfície de contato entre os reagentes -luz -eletricidade -estado físico dos reagentes -presença de catalisadores e/ou inibidores Hidrólise É a reação química reversível de dissociação de uma substância em partículas menores eletricamente carregadas, chamadas de cátions (positivas) e ânios (negativas). A hidrólise mais importante á a hidrólise da água: H2O -------------- H + + OH- cátion ânion Além da água muitas substâncias sofrem hidrólise, tais como sais, bases e ácidos. 1.1 ÁCIDOS E BASES Ácido, de acordo com Arrhenius, é toda substância que, em solução aquosa, se hidrolisa e libera única e exclusivamente os íons H+. Um exemplo é o ácido sulfúrico, de fórmula H2SO4, que é o acido mais utilizado em tratamento de efluentes e cuja compra é controlada pela Polícia Federal. H2SO4 -------- 2H + + SO4 –2 Quanto maior a quantidade de íons H+ liberados por um ácido, maior será a sua força 7 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES O conceito de ácido é o contraposto ao de base. Para medir a acidez de um meio se utiliza o conceito de pH . Base (também chamada de álcali) é qualquer substância que ao se hidrolisar, liberta única e exclusivamente o ânion OH– (íons hidroxila ou oxidrila ) em solução aquosa. As bases possuem pH entre 7,1 a 14 (a 25ºC). Em sua escala, caso o número indicado for próximo ao 7,1 é considerado base fraca. Dessa forma, a base será forte quando a base estiver próximo do 14 da escala do pH. Possuem sabor adstringente (ou popularmente, cica) e são empregadas como produtos de limpeza, medicamentos (antiácidos) entre outros. Muitas bases, como o hidróxido de magnésio (leite de magnésia) são fracas e não trazem danos. Outras como o hidróxido de sódio (NaOH ou soda cáustica ) são corrosivas e sua manipulação deve ser feita com cuidado. Os alcalinizantes mais utilizados, além da soda, são a cal e o carbonato de sódio. 1. 2 pH pH é o símbolo para a grandeza físico-química 'potencial hidrogeniônico'. Essa grandeza (potencial hidrogeniônico) é um índice que indica o grau de acidez,neutralidade ou alcalinidade de um meio qualquer. Quanto maior for a quantidade de íons H+ presentes numa solução, menor será seu pH pH ou Potencial de Hidrogênio Iônico é um parâmetro de medida da acidez, neutralidade ou alcalinidade de um meio qualquer. Sabemos que molécula de água H2O é formada por átomos, que estão transitando, denominados íons livres. Existem íons positivos H (hidrogênio) e os íons negativos OH (íons hidróxidos). Se a quantidade de íons positivos e negativos for a mesma, dizemosque o pH é neutro (7,0). 8 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES No caso de termos mais íons positivos, dizemos que o pH é ácido (< 7,0) No caso de termos mais íons negativos, dizemos que o pH é básico (>7,0) Medição do pH Para determinação do valor de pH do efluente, podemos lançar mão de dois tipos de medição: por meio de papel indicador ou pH-metro (medida eletroquímica) O papel indicador de pH apresenta a característica de determinação rápida do valor de pH, boa confiabilidade e reprodutibilidade. Suas limitações são em efluentes muito coloridos ou com grande concentração de oxidantes que causam descoloração, além do custo em si do papel indicador. O pH-metro oferece uma medição com bastante sensibilidade, podendo ser usado em soluções muito coloridas ou oxidantes. Necessita ser calibrado frequentemente e compensar as diferenças de temperatura do meio. pH metro e papel pH 9 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 2. FONTES DE GERAÇÃO DE EFLUENTES 2.1 EFLUENTES SANITÁRIOS O esgoto sanitário é composto por elementos físicos, químicos e biológicos, constituído de uma mistura de substâncias orgânicas e inorgânicas, suspensas ou dissolvidas na água. De maneira geral, os esgotos sanitários apresentam mais de 98 % de sua composição constituída de água. Porém, existem contaminantes entre os quais destacam-se: sólidos suspensos, compostos orgânicos (proteínas com 40-50%), carboidratos (25-30%), óleos e graxas com 10 %, nutrientes como nitrogênio e fósforo, metais, sólidos dissolvidos inorgânicos, sólidos inertes, sólidos grosseiros, compostos biodegradáveis e patogênicos. 2.2 EFLUENTES INDUSTRIAIS De onde vem os efluentes ? � Águas de lavagem sujas � Banhos esgotados ou contaminados � Vazamentos nos tanques e tubulações e águas de piso � Descarte de fluidos de usinagem Devido a dificuldade de se obter informações reais, sobre todos os processos existentes dentro de empresas que trabalham com tratamento de superfície, o primeiro passo para se definir qualquer tipo de processo de controle ambiental é a caracterização dos resíduos, bem como sua composição química e estado físico. A caracterização dos efluentes líquidos, nos dá um bom perfil do potencial poluente da empresa, identificando assim a presença dos elementos mais prováveis desta tipologia. 10 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Em galvanização: Cr 6+ , Cr 3+ , CN - , Fe, Zn, Cu, Ni, Sn; Em fosfatização: fosfatos, Fe, Zn, CN; Cr 3+ Em anodização: Al, Sn, Ni, F; Incluir na análise: DBO5, DQO, OD, pH, cor, turbidez, sólidos sedimentáveis, óleos e graxas. PRINCIPAIS TIPOS DE POLUENTES x DIVERSOS TIPOS DE ATIVIDADES Crômicos Cromo decorativo Cromo duro Passivadores cromatizantes Cianídricos Cobre e zinco alcalinos Prata Ouro Desengraxante c/cianeto Quelatizados Cobre e níquel químicos Passivadores para Fe e Al Óleo solúvel e não solúvel Usinagem de metais Retífica de metais 11 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Gerais inorgânicos Cobre e zinco ácidos Zinco alcalino s/cianeto Níquel eletrolítico Anodização Decapantes ácidos Desengraxantes s/cianeto Soluções ácidos ou alcalinas Estanho Chumbo Usinagem de metais Tratamento térmico, siderúrgicas e metalúrgicas primárias em geral 12 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 2.3 SEGREGAÇÃO DOS EFLUENTES LÍQUIDOS A separação dos despejos em correntes reunindo efluentes de acordo com suas características é geralmente feita pelos motivos a seguir: � Segurança; � separação por motivos de algum pré-tratamento específico � separação visando facilitar manuseio/disposição final dos resíduos sólidos gerados; � separação para garantir diluição pré-tratamento; � economia de produtos químicos. a) Segurança O exemplo principal de separação por motivos de segurança é a segregação dos efluentes alcalinos que contêm cianeto em uma corrente e efluentes ácidos em outra para evitar o desprendimento de HCN (gás cianídrico). HCN em condições normais de temperatura e pressão é um gás e sendo um ácido fraco, sua dissociação é reprimida em meio ácido o que pode resultar no seu desprendimento. CN - + H + → HCN ↑ b) separação por motivos de algum pré-tratamento específico Um exemplo clássico deste aspecto é a redução do Cromo hexavalente a cormo trivalente para possibilitar a remoção dos cromatos no processo de sedimentação. c) separação visando facilitar manuseio/disposição final dos resíduos sólidos gerados Em casos onde existem duas linhas que, em seu tratamento geram resíduos de classes diferenciadas, é importante a separação destes pois o custo de destinação pode ser muito diferente para os dois casos. Ex: Linha de fosfatização: resíduos classe IIA 13 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Linha de cromagem: resíduos classe I. d) Separação para garantir diluição e pré-tratamento. Em alguns casos, para efluentes muito concentrados, é necessária uma pré-diluição para que a eficiência obtida no tratamento físico-químico seja suficiente para o enquadramento do efluente tratado nos padrões de emissão. e) Economia de produtos químicos Em função do balanço de ácidos e alcalinos, pode ser conveniente separar um ácido ou alcalino não contaminado com cromo ou cianeto, respectivamente, para suprimir parte das necessidades de reagentes na etapa de neutralização. Cuidado deve ser tomado com banhos de desengraxante na hora de escolher um como fonte de alcalinizante para a neutralização final para assegurar que não contenha cianeto (desengraxante eletrolítico). Ex: Não há razão para misturar um efluente contendo cromo hexa, que normalmente já está em pH baixo, com um desengraxante (PH alcalino) quando sabe-se que a reação de redução se dará em um meio extremamente ácido (PH=2), Se isto ocorrer, haverá um gasto desnecessário de acidificante para retornar a mistura ao pH ideal. 2.4 CONSIDERAÇÕES GERAIS Os resíduos líquidos provenientes dos processos de tratamento de superfície de metais, podem ser agrupados basicamente em dois grupos principais: os concentrados e os diluídos. Os concentrados são descartados periodicamente e os diluídos são descartados, geralmente de forma contínua, pois provêm das águas de lavagem das peças, águas de lavagem de equipamentos e do piso e de purgas de equipamentos, como por exemplo dos lavadores de gases. Os resíduos líquidos provenientes dos processos industriais deverão ser segregados de acordo com sua classificação ou características químicas, 14 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES separadamente dos coletores pluviais, através de canaletas e/ou tubulações para os tanques de acúmulo (concentração). Convém que os tanques de acúmulo (concentração) sejam dimensionados com um volume que atenda a vazão diária de descarte de cada efluente, para garantir a execução de manutenção de equipamentos ou outra eventualidade na operação da Unidade de Tratamento de Efluente (ETE). Os pisos dos locais onde são gerados os resíduos líquidos deverão:• ser impermeáveis, para que não ocorram infiltrações no solo, • conter bacias de contenção, para que não haja misturas de efluentes com classes diferentes e com caídas para as canaletas de captação. • quando não houver inclinação suficiente, para a captação do efluente por gravidade, construir caixas de transferências e usar bombas químicas de recalque para cada efluente de classes diferentes. 2.5 AMOSTRAGEM DE EFLUENTES Para caracterizar a carga poluidora dos efluentes industriais é necessário o conhecimento prévio do processo industrial para a definição do programa de amostragem. As informações importantes a serem obtidas são: Lista de matérias-prima, principalmente aquelas que de alguma forma possam ser transferidas para os efluentes; fluxograma do processo industrial indicando os pontos nos quais são gerados efluentes contínuos ou intermitentes; identificar os pontos de lançamento de efluentes; definir o sistema de medição de efluentes e instalá-lo. O ritmo produtivo também deve ser conhecido, não só os horários dos turnos de trabalho, como também o das operações de limpeza, manutenção, ou por processos industriais sazonais (indústrias de frutas, produtos têxteis relacionados). A amostragem pode ser realizada de duas formas: A Amostra Simples representa o que está ocorrendo naquele momento. Se o manancial não varia muito, ela pode ser representativa. A Amostra Composta é formada por várias e pequenas alíquotas coletadas ao longo do tempo. À cada turno (8 horas, 24 horas), coletam-se alíquotas que formam as amostras compostas. 15 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES A amostra composta pode ser obtida por: • alíquotas pré-estabelecidas ou volume pré-estabelecido. • alíquotas variáveis, que são aquelas nas quais o volume varia de acordo com, a vazão (neste caso são amostras de alíquotas proporcionais à vazão), é por isto que em medições de água e esgoto, tem que se ter um vertedor perto do ponto de coleta da amostra. Dispositivos de Medição de Vazão Os medidores de vazão tradicionais são os vertedores triangulares, para baixas vazões, e as calhas parshall, para vazões maiores. Calha parshall Medidor de vazão triangular Q > 50 m3/h Q < 50 m3/h 16 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Existem dispositivos simples: para pequenas vazões, como por exemplo, cubagem. Anota-se o tempo que a água leva para encher um recipiente de volume conhecido. Como a vazão é o volume em função do tempo, é só dividir o volume do recipiente pelo tempo que se levou para enchê-lo. Se não se conhece o volume do recipiente, faz-se uma marca no recipiente, anota-se o tempo e depois vai-se aferir o volume em outro local. Existem locais de difícil acesso sendo praticamente impossível instalar um dispositivo para se medir a vazão, ou nos casos que os custos forem elevados para se instalar um vertedor só para se coletar uma amostra, pode-se adotar o seguinte procedimento: fecha-se a entrada do reservatório, mede-se a altura (h) e o tempo (T) que leva para se ter um desnível (_h). Isto deve ser feito sem que se prejudique o processo de fabricação. Em indústrias modernas há hidrômetros em cada seção para se controlar o consumo de cada seção da indústria ou etapa do processo. Aproveitam-se as medições parciais obtidas por estes hidrômetros em cada ramal ou seção para se chegar à vazão total. 3. TEORIA BÁSICA DO TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO 3.1 TIPOS DE TRATAMENTO A) Tratamento contínuo Este tratamento é normalmente utilizado para empresas que geram grandes vazões de efluentes, geradas de forma contínua. 17 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES A maior vantagem deste tipo de tratamento é o menor espaço físico utilizado para uma grande vazão gerada. As desvantagens são: � Alto custo de instalação devido á necessidade de muitos equipamentos de controle automatizados. � Flexibilidade reduzida para lidar com efluentes brutos fora dos padrões do projeto; � Dependência excessiva de instrumentação analítica do processo com os riscos associados; � Consumo de produtos químicos. O excesso de consumo de reagentes é menos controlável do que em sistemas de batelada; � A manutenção é crítica. Teoricamente, a disponibilidade do sistema de tratamento determina se a galvanoplastia pode ou não funcionar. B)Tratamento em batelada A grande vantagem do sistema de tratamento em regime de batelada é sua flexibilidade. Se bem projetado, é praticamente impossível lançar efluentes fora do padrão de emissão estabelecido. Embora possam ser totalmente instrumentados e automatizados, tal qual o sistema contínuo, a eficiência de tratamento não depende tanto do bom funcionamento dos mesmos, porque todos os parâmetros principais (pH, cianeto e cromo) podem ser verificados antes de proceder ao descarte do efluente. Os custos de manutenção costumam ser menor que no tratamento contínuo. Este sistema é mais Flexível para lidar com variações nas composições das correntes. Por esta razão é o sistema mais indicado para o tratamento de altas concentrações como o caso de galvânicas. 18 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES No sistema de bateladas as reações têm mais tempo para serem concluídas, o que diminui o excesso de reagentes, gerando uma economia de produtos químicos. 3.2 PRÉ-TRATAMENTOS Remove apenas sólidos muito grosseiros, flutuantes e matéria mineral sedimentável. Os processos de tratamento preliminar são os seguintes: 3.2.1 PENEIRAMENTO Tem como principal finalidade remover sólidos grosseiros suspensos, com granulometria superior a 0,25 mm. A superfície peneirante pode ser constituída por uma tela metálica de seda ou plástico, por uma chapa perfurada, por uma rede de barras ou por barramento com seção triangular. Os tipos de peneiras são: rotativas e estáticas. Peneira estática As peneiras podem ser instaladas recebendo o efluente por recalque ou por gravidade, situando-se antes ou depois do tanque de equalização e, preferencialmente. Deve ser evitado o uso de peneiras estáticas, como também rotativas, em águas residuárias, contendo gorduras (curtumes, por exemplo), recomendando-se, neste caso, o uso de peneiras autolimpantes. 3.2.2 GRADEAMENTO 19 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES A remoção dos sólidos grosseiros é obtida através da colocação de uma grade pela qual passa o efluente (uma espécie de “coador”). O líquido e os sólidos de menores dimensões atravessam a grade, ficando retidos apenas os sólidos maiores (SANTOS, 1999). Grade As grades singelas, de limpeza manual, são empregadas em instalações pequenas e com aberturas relativamente grandes. São instaladas à montante das grades comuns mecanizadas, bombas de grande capacidade, turbinas, etc. As grades mecanizadas exigem cuidadosa manutenção, e por isso, somente são adotadas nas instalações cujas características justificam seu emprego. 3.2.3 RETENÇÃO DE GORDURA As caixas de retenção de gordura são unidades destinadas a reter a gordura e materiais que flotam naturalmente. São utilizadas no tratamento preliminar de águas residuárias de frigoríficos, curtumes, laticínios,matadouros, etc. O princípio de separação se dá pela diferença de densidade entre as águas e as gorduras. A caixa deve ser construída de forma que o líquido tenha permanência tranqüila durante o tempo em que as partículas a serem removidas percorram desde o fundo até a superfície líquida. O tempo de detenção deverá situar-se entre 3 e 5 minutos, se a temperatura do líquido 20 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES se encontrar abaixo de 25°C. Acima desta temperatura, o tempo de detenção poderá ser maior, até 30 minutos. O formato da caixa deverá ser retangular, possuindo duas ou mais cortinas, uma próxima à entrada para evitar a turbulência do líquido e a outra próxima à saída. Em um dos lados da caixa, deverá haver uma calha para a remoção de gordura. Caixa de gordura 3.2.4 RETENÇÃO DE ÓLEO As caixas retentoras de óleo, ou caixas de separação água/óleo, se destinam a remover o óleo das águas residuárias provenientes de postos de lavagem e lubrificação de veículos, oficinas mecânicas, etc. O princípio de separação é similar às caixas retentoras de gordura porque, como o óleo é menos denso que a água, tende a flotar, permanecendo na superfície líquida. Uma vez que as águas residuárias, provenientes de lavagem de veículos, arrastam grande quantidade de areia e outros materiais inertes, é conveniente que as caixas de retenção de gordura sejam precedidas de unidades de desarenação. Para as águas residuárias provenientes de atividades industriais, como por exemplo da indústria petroquímica, onde as vazões são muito consideráveis e as concentrações de óleo elevadas, recomenda-se a adoção de separadores API ou tanques de flotação. Como nas caixas de gordura, o líquido deverá ter permanência tranqüila e mesmo tempo de detenção. 21 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES O formato da caixa deverá ser retangular, possuindo duas cortinas, uma próxima à entrada para evitar turbulência do líquido, e a outra próxima à saída, imersa até perto do fundo, para que os sólidos sedimentáveis sejam arrastados com o efluente. A forte inclinação do fundo em direção à saída evita o acúmulo de sólidos grosseiros sedimentáveis. Existem ainda óleos solúveis e insolúveis em água. Os solúveis são os mais difíceis de serem removidos, enquanto os solúveis são mais fáceis, permanecendo e sendo removidos na superfície. As atividades industriais que mais geram afluentes oleosos são as indústrias mecânica e automobilística, refinarias, poços de perfuração, etc. No caso de remoção do óleo insolúvel mais leve que a água, podem ser utilizados os sistemas citados, enquanto que para remover óleos solúveis é necessário diminuir a solubilidade. Os meios fortemente ácidos ou fortemente alcalinos diminuem a solubilidade, sendo neste caso utilizados ácidos ou álcalis e também dispersante. Coagulantes são também utilizados para separação de óleos solúveis juntamente com o lodo, enquanto o óleo insolúvel é removido pela superfície. 3.2.5 QUEBRA DA EMULSÃO ÓLEO-ÁGUA Ë a quebra da mistura entre óleo emulsionado e a água. Após a quebra, haverá a coalescência das gotas de óleo, podendo assim ser separados através de processos de gravidade diferencial. É importante coletarmos as águas oleosas antes de seu despejo geral. Este tipo de efluente também pode ser tratado através de processos de evaporação, onde a água é removida do sistema e não o contrário. O óleo residual pode ser reciclado posteriormente. 3.2.6 EQUALIZAÇÃO 22 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Em sistemas de tratamento contínuo é praticamente impossível operar a estação de tratamento sem ter a vazão regularizada, pois as variações bruscas impossibilitam o funcionamento de tanques de correção de pH, floculadores e decantadores, provocando também cargas de choques em tanques de aeração de lodos ativados. Além de regular vazões, o tanque de equalização tem finalidade de homogenizar o efluente, tornando uniformes: pH, temperatura, turbidez, sólidos, DBO, DQO, cor , etc. 3.3 AJUSTE DE PH A necessidade de correção de pH do efluente decorre do fato de a coagulação exigir valor ótimo, quando ocorre a formação dos flocos. Por isso é importante ensaios de floculação, visando determinar este valor. A correção do pH é uma solução técnica e econômica pois, além dos coagulantes serem mais caros que os ácidos, são necessárias dosagens menores de corretivos: 1ppm de ácido sulfúrico equivale a 2,5 ppm de sulfato de alumínio. O ácido sulfúrico é um acidificante muito utilizado, porém seu manuseio merece cuidados: os recipientes e equipamentos devem ser resistentes à corrosão e recomenda-se só utilizá-lo diluído. Para maior segurança operacional, a diluição deverá ser feita levando-se ácido à água e nunca ao contrário porque, caso ocorram respingos, estes poderão atingir o operador. Por outro lado, se o efluente for ácido, a correção poderá ser feita com alcanizantes: soda cáustica, carbonato de sódio, amoníaco ou cal − que é o produto mais utilizado. No caso de águas residuárias muito ácidas (pH abaixo de 3,0), é recomendada a correção com cal em duas ou mais etapas. 3.4 COAGULAÇÃO A coagulação é o processo de agregação de partículas devido a desestabilização de partículas coloidais. Os coagulantes dividem-se em duas categorias: 23 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Sais inorgânicos tais como o sulfato de alumínio Al2(SO4 )3, ou o cloreto férrico FeCl3 que, quando dosados em concentração alta o suficiente para exceder o limite de solubilidade do hidróxido metálico correspondente, formam um precipitado com superfície extremamente ativas. Polímeros inorgânicos, tais como silicato, ou sintéticos adicionados ao meio. Quando sintéticos, podem ter caráter não-iônico ou caráter iônico definido: aniônico ou catiônico, estes, sendo conhecido como polieletrólitos. Embora, polieletrólitos possam, teoricamente, causar coagulação por neutralização de cargas, o mecanismo principal parece ser a formação de pontes entre partículas. 3.5 FLOCULAÇÃO Após haver a coagulação, o efluente passará para a subseqüente mistura lenta, objetivando fazer com que os coágulos, que são pequenas partículas, se transformem em partículas maiores, denominadas flocos. A formação de flocos se dá à medida que há colisões entre as partículas ocorrem. Além disso é importante salientar que, para haver formação de flocos perfeitamente grandes e com densidade suficiente para boa sedimentação, o tempo de agitação deverá ficar em torno de 30 minutos. A formação de bons flocos ocorre quando se emprega dosagem de coagulante adequada. Pequenas dosagens não chegam a atingir o ponto isoelétrico, enquanto altas dosagens podem reverter o sinal das cargas, reestabilizando-as. O ponto ótimo de floculação deve ser sempre pesquisado por meio de Ensaio de Floculação ou Jar-Test. Os polieletrólitos são chamados comercialmente de “polímeros” e existem em dois estados: sólidos ou líquidos. Podem ser de quatro grupos funcionais diferentes: catiônicos, aniônicos, não-iônicos e anfóteros, sendo todos solúveis em água. Quimicamente, a maioria é formada por moléculas de poliacrilamidas com alto peso moleculare uma profusão de cargas elétricas ao longo da molécula. 24 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Os benefícios e vantagens de seu uso são: � aumento da eficiência global da ETE � melhora acentuada na turbidez da água tratada � maior facilidade na remoção de cor orgânica � redução no volume de uso de produtos químicos � redução no tempo de decantação � melhor compactação do lodo � melhor filtrabilidade do lodo 25 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Tanque de Floculação 3.6 DECANTAÇÃO A nucleação das partículas (compostas por hidróxidos, carbonatos ou sulfetos) na coagulação e floculação, permite que em poucos minutos, forme-se um precipitado e um sobrenadante. O sobrenadante é chamado de efluente clarificado e o precipitado de lodo. Este processo, onde ocorre a sedimentação do lodo é chamado de decantação. O tempo de decantação geralmente se situa entre 0,5 a 3 horas, quando a formação dos flocos é adequada. O lodo, após ser recolhido no fundo do decantador, é direcionado para algum sistema de desidratação (secagem) visando seu adensamento e redução de volume, podendo ser em leitos de secagem, centrífugas ou filtros-prensa. 3.7 TRATAMENTOS ESPECÍFICOS DE ALGUNS CONTAMINANTES 3.7.1 REDUÇÃO DE CROMO HEXAVALENTE Águas contendo cromo hexavalente (Cr+6) são muito tóxicas Dose máxima sem efeito tóxico ao homem é de 0,5 mg, sendo um composto conhecidamente cancerígeno. Cromo hexavalente só existe na água como consequência de poluição causada pelo homem 26 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES O Cromo hexavalente é facilmente reduzido para a forma trivalente mediante a dosagem de dióxido de enxofre (SO2), metabisulfito de sódio ou sulfato ferroso, este último, praticamente, não mais usado devido ás quantidades de lodo gerado. Somente na forma trivalente o cromo pode ser removido do efluente. Na forma hexavalente, ele permanece solubilizado. O reagente mais encontrado em uso hoje é o metabisulfito de sódio – Na2S2O5 – que em água forma bisulfito de sódio: Na2S2O5 + H2O → 2 NaHSO3 (a) A reação de redução dá-se em meio ácido, onde o bisulfito de sódio converte-se em ácido sulfuroso e bisulfato de sódio: NaHSO3 + H2SO4 → + H2SO3 + NaHSO4 (b) A redução de cromo hexavalente é rápida abaixo de pH 3,0: 2 H2CrO4 -2 + 3 H2SO3 - → Cr2(SO4)3 + 5 H2O (c) O fim da reação pode ser detectado visualmente pela coloração final verde garrafa, característica de cromo lll. Pelas equações acima, 1,5 mols de Na2S2O5 reagem com 2 mols de H2CrO4, ou seja, são necessários 2,74 kg de Na2S2O5 para reduzir 1 kg de Cr VI . Na prática, recomenda-se dosar um excesso de metabisulfito de ordem de 10 %. 27 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 3.7.2 OXIDAÇÃO DE CIANETOS Cianetos são substâncias extremamente tóxicas, com dose letal instantânea para o homem na ordem de 1mg/kg de peso. No adulto, acima de 18 mg já causa efeitos deletérios. Quando em solução aquosa, abaixo de pH 8, libera HCN, um gás mortal. A ação tóxica do cianeto se dá por asfixia (impede o oxigênio de chegar às células do corpo). Certos metais, como o níquel, podem reagir com cianeto, formando complexos de muito difícil destruição Os reagentes normalmente utilizados, por motivos de custo, são gás cloro e hipoclorito de sódio. Oxidação com cloro é preferida em grandes instalações porque o custo menor do cloro compensa o investimento inicial maior representado pelo dosador, ejetor e sistema de recirculação, sala de cilindros e equipamentos de segurança associados (lavador de gases, detectores de cloro e sistema de exaustão). Na maioria dos casos, o reagente utilizado é hipoclorito de sódio que contém de 10 a 13 % de cloro livre. Em instalações pequenas que empregam oxidação em batelada é cada vez maior o uso de hipoclorito sólido (hipoclorito de cálcio - Ca(OCI)2) que tem as vantagens adicionais de não perder cloro (desvantagem do hipoclorito de sódio) e com o mesmo poder oxidante ocupa bem menos espaço que no caso de hipoclorito de sódio. Independente da forma em que é usada a reação de oxidação é igual: CN - + OCl - → CNO - + Cl - (a) A reação acima ocorre em meio alcalino porém, abaixo de pH 10,0 a reação é lenta. Ao mesmo tempo, o pH deve ser mantido superior a 10,5, particularmente, em se tratando soluções concentradas de cianeto (> 500 mg/l, para minimizar o risco de desprendimento de cloreto de cianogênio CNCI). CN - + HOCl - → ClCN - ↑ + OH - (b) Pelo mesmo motivo, agitação vigorosa é necessária. Normalmente, a conservação de cianeto em cianato satisfaz a legislação ambiental e o cianato é convertido em CO2 e N2 por microorganismos presentes em rios e estações de tratamento biológico. No entanto, o cianato pode ser 28 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES oxidado completamente a CO2 e N2 por dosagem de cloro ou hipoclorito adicional porém, numa faixa baixa de pH 7,5 a 9,0. 2 CNO - + 3 OCl - + H2O → N2 + 2 HCO3 - + Cl - (c) Em pHs relativamente baixos (< 2,5), o cianato sofre hidrólise formando sulfato de amônia. Se a concentração de cianetos for alta, amônia poderá ser liberada. 2 NaCNO + H2SO4 + 4 H2O → (NH4)SO4 + 2 NaHCO3 (d) Com a exceção de cianetos de níquel que requerem até uma hora para a oxidação completar-se, os cianetos normalmente encontrados em efluentes de galvanoplastia são rapidamente convertidos em cianato pela reação a). Entretanto, se a fonte de cianeto for um processo de tratamento térmico empregando sais de cianeto fundidos, o efluentes conterá os complexos de ferro ferrocianeto [FeCN6] 4- e ferricianeto [FeCN6] 3- . Ferrocianeto é oxidado por hipoclorito a ferrocianeto o qual é extremamente resistente a oxidação. Entretanto, o ferrocianeto pode ser precipitado como o sal férrico dosando-se um excesso de FeCI3 (cloreto férrico) em meio alcalino. Na reação a) acima 2,73 kg de cloro, ou 22,75 kg de hipoclorito de sódio a 12 % são consumidos na oxidação de 1 kg de cianeto a cianato. Entretanto, um ligeiro excesso de reagente (5 a 10 %) é necessário para forçar a reação a conclusão. No caso da oxidação de cianetos de níquel, um excesso maior (20 %) deve ser utilizado para acelerar a reação. Reações químicas com peróxido: NaCN + H2O2 + H2O → NaCNO + 2H2O 2NaCNO + H2O2 → 2CO2 + 2NaOH + N2 O uso de peróxido leva a oxidação de complexos cianídricos pelo seu caráter mais enérgico sendo que o pH do tratamento deve ser maior que 10 e menor que 12. O tempo de reação pode ser diminuido pela adição de íons cobre (catalisador) na faixa de 1 mg/l. 29 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES São necessários 2,6 a 7,8 Kg de peróxido 200 vol. para oxidar 1kg de cianeto a cianato . Peróxido é um oxidante enérgico e não seletivo. Cuidados no manuseio! 3.7.3 PRECIPITAÇÃO DE METAIS As correntes de efluentes pré-tratadas são unidas para a próxima etapa no processo de tratamento que, normalmente, é denominada “neutralização”. Dependendo do balanço de ácidos e alcalinos da instalação de galvanoplastia, será necessário dosar um ácido ou um reagente alcalino para alcançar o pH ótimo para a precipitação dos metais pesados presentes. Com a segregação e volumes de estocagem adequada pode-se projetar a etapa de neutralização com equipamentos de dosagem para apenaso componente deficitário no balanço de ácidos e alcalinos. 30 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Constatamos em projetos com alguma deficiência no conceito de segregação, ou com volumes de equalização inadequados, que é, difícil obter uma faixa estreita de controle de pH, com dosagem de ácido e alcalinizante num único tanque de neutralização. Qualquer desvio maior na corrente de chegada é capaz de iniciar uma guerra entre os “set-point” que controlam a dosagem de ácido e de alcalinizante. Na etapa de precipitação de metais, é ajustado o pH para uma faixa de valor (normalmente, de 8,0 a 9,0) em que as concentrações de metais em solução atendem o padrão de emissão pré-determinado. O termo de neutralização, então, é somente parcialmente válido para este processo. Neutro significa pH 7,0 ou alguma faixa de valor cuja média é 7,0 (exemplo: 7,0 ± 0,5). Os metais podem ser precipitados na forma de hidróxidos, sulfetos ou complexos orgânicos. Para a maior parte da base técnica em que um projetista se apóia para definir a etapa de precipitação de metais, recorre-se á química analítica ou, mais especificamente, aos fundamentos de análise gravimétrica. Em comum com gravimetria, curvas de solubilidade em função de pH, ou em função de concentração relativa de algum íon comum são elaboradas e o valor de pH de precipitação quantitativa determinado. Entretanto, devido ao fundo iônico variável com que nos deparamos nos efluentes de galvanoplastia (que podem ser grandes mesmo dentro de uma única instalação) os resultados obtidos não são referências imutáveis. Adicionalmente, em vários trabalhos publicados, específicos ao tratamento de efluentes de galvanoplastia, encontram-se valores de solubilidade mínima, e pH correspondente para diversos metais e as formas em que são precipitados. Estes valores são uma base importante para o projetista na hora de definir esta etapa do processo. Entretanto o pH e dosagens de produtos químicos coadjuvantes (coagulantes, floculantes etc.) têm as suas faixas de variação estabelecida durante a partida da unidade. Na figura abaixo, podemos observar de forma gráfica os problemas associados com a definição do valor de ajuste de pH da etapa de neutralização/precipitação de metais: a) As solubilidades mínimas teóricas ocorrem em valores diferentes de pH 31 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES b) Para cada mistura de íons metálicos, a faixa de pH de ajuste adotada deve proporcionar concentrações aceitavelmente baixas embora, provavelmente; não sejam as solubilidades mínimas para estes metais. c) Chama a atenção o comportamento anfotérico de cromo e zinco; na medida em que o pH sobe, suas solubilidades começam a aumentar devido a resolubilização do precipitado. d) Fica evidenciada a importância da calibração e funcionamento correto do controlador de pH. Ao mesmo tempo, para sistemas contínuos, o projeto, em termos de equipamentos de dosagem e seu dimensionamento, eficiência de agitação, projeto do próprio tanque (para evitar curto circuito hidráulico) e a filosofia de controle adotado, tem um papel fundamental em obter, na prática, uma estreita faixa de controle de pH. e) As curvas foram preparadas com amostras contendo misturas de íons metálicos. Entretanto, como mencionado anteriormente, complexantes, certos 32 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES ânions e amônia podem ter um efeito desfavorável dificultando a remoção de alguns metais na forma de seus hidróxidos. f) Escolha de alcalinizantes. Quimicamente, cal - Ca(OH)2, e soda cáustica – NaOH, proporcionam o mesmo resultado: a formação do hidróxido metálico que se deseja remover da solução. Porém, normalmente, cal proporcionam melhores resultados pelos seguintes motivos: • sulfato de cálcio tem solubilidade reduzida (precipita sulfato); • reage com carbonatos presentes na água para formar um precipitado muito ativo em agregar outras partículas. Este efeito pode ser aumentado dosando-se, também, carbonato de sódio. Entretanto, os reagentes tem que ser dosados separadamente e a presença de sódio não ajudará na precipitação de sulfato. • a presença de um cátion bivalente mais solúvel tende a favorecer a precipitação de outros cátions polivalentes menos solúveis (ou seja, os metais pesados que desejamos remover da solução). Faixas de pH para Precipitação de Metais (hidróxidos ou óxidos) Metal PH ideal Metal PH ideal Ag+1 9 Al+3 7 - 8 Au+3 8 Cd+2 8 Cr+3 8 Cu+1 e Cu+2 10 Ni+2 10 Fé+2 e Fé+3 8 Pb+2 8 Zn+2 8 - 9 3.7.4 REDUÇÃO DE NITROGÊNIO O nitrogênio, assim como o fósforo, é um nutriente proveniente, em grande parte, dos esgotos ou de processos industriais que contenham produtos nitrogenados, tais como amônia e nitritos. O incremento destes nutrientes nos ecossitemas aquáticos causam a eutrofização, que é o resultado de um acentuado crescimento de algas além de problemas de transparência, gosto e odor, dificultando o tratamento das águas. 33 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES A remoção deste nutriente é normalmente realizada através de sistemas de tratamento biológico, tais como lodo ativados ou lagoas de estabilização ou por processo químicos, que normalmente consomem um alto volume de reagentes. Os tratamento químicos mais utilizados são: � cloração ao breakpoint: oxidação da Amônia pelo cloro, produzindo gás nitrogênio; � stripping: esgotamento do nitrogênio através da volatilização da Amônia em pH elevado associado a aeração; � troca iônica: combinação de cloração com adsorção de cloraminas em colunas de carvão ativado; � separação por membranas seletivas. 3.7.5 REDUÇÃO DE FÓSFORO O fósforo pode ser eliminado do efluente através de processos biológicos ou físico-químicos. Dos processos físico-químicos os mais utilizados são a precipitação química, a osmose reversa e a eletrodiálise. Na precipitação de fósforo, utilizamos o sulfato de alumínio ou cloreto férrico ou cal, mas o que dá melhor resultado é uma combinação de cloreto férrico e cal, podendo obter-se eficiência da ordem de 95%. As dosagens dependem das características dos efluentes e devem ser obtidas experimentalmente. Reações: Fe+3 + PO4 -3 ---------------- FePO4↓ Ca+2 + PO4 -3 ---------------- Ca3(PO4)2↓ Os processos biológicos de tratamento reproduzem em escala de tempo e área aos fenômenos de autodepuração que ocorrem na natureza. Os tratamentos biológicos de esgotos e efluentes industriais têm como objetivo remover a matéria orgânica dissolvida e em suspensão, através da transformação desta em sólidos sedimentáveis (flocos biológicos), ou gases. 34 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Os produtos formados devem ser mais estáveis, tendo os esgotos ou efluentes industriais tratados um aspecto mais claro, e significativa redução da presença de microorganismos e menor concentração de matéria orgânica. Os processos de tratamento biológicos têm como princípio utilizar a matéria orgânica dissolvida ou em suspensão como substrato para microorganismos tais como bactérias, fungos e protozoários, que a transformam em gases, água e novos microorganismos. 3.8 SECAGEM DO LODO O lodo de uma estação de tratamento de efluentes deve ser disposto em lugar apropriado, um aterro industrial ou aterro sanitário (lodo biológico), dependendo da classificação do resíduo, incineração, co- processamento, etc. Antes da disposiçãoexiste a necessidade de condicionar o lodo para o transporte e disposição, principalmente com relação ao teor de umidade. Para isso são geralmente utilizados filtros de areia, filtros de bidin, filtros-prensa, adensadores de lodo, entre outros equipamentos, geralmente dependentes do tamanho da empresa e quantidade de efluentes a ser tratado. A redução da umidade tem um impacto direto no custo de disposição do resíduo, pois geralmente paga-se por quilo de lodo a ser depositado nos aterros. Este lodo deverá ser acondicionado em saco plástico e lacrado em tambor de aço. A destinação final dos resíduos pressupõe a secagem prévia devido à segurança ambiental para armazenamento, transporte e destino final, bem como em relação aos custos de destinação. A legislação ambiental e as empresas administradoras de aterros de resíduos perigosos não recebem lodos com água livre e ou que apresentem umidade superior a 70%. 35 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Na ausência de espaço físico na empresa, para a instalação de tanques para adensamento de lodo, há a necessidade de utilização de filtros prensa e unidades mais compactas. Abaixo, observa-se a forma de montagem de um filtro de areia. 0,75 m 0 ,8 0 m Brita (15 cm) Areia (10 cm ) Tijolos (21 furos) 0 ,4 5 m Para poder dar a devida destinação final a qualquer resíduo industrial, aconselha-se seguir a seguinte seqüência: 1) Caracterização e identificação do resíduo: Consiste na visualização física do resíduo, conhecimento aprofundado do processo gerador e a subseqüente classificação do resíduo conforme a NBR 10.004. 2) Avaliação do resíduo em função de sua viabilidade financeira e disponibilidade tecnológica: Avaliar se o resíduo é reciclável ou não. Deve-se verificar se o resíduo ainda possui componentes de valor financeiro e, em caso afirmativo, se existe uma tecnologia capaz de recuperar este componente. 36 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 4. EQUIPAMENTOS MAIS UTILIZADOS NAS ETES 4.1Tanques de homogeneização e acumulação 4.2 Decantadores 4.3 Tanques de lodo 4.4 Tanques de armazenagem de soluções 4.5 Sistemas de agitação Os sistemas de agitação podem ser mecânicos ou por ar comprimido. Principalmente quando há sobra de ar comprimido na empresa, este sistema é amplamente utilizado por seu baixo custo de instalação, pois pode ser construído com uma simples tubulação de PVC perfurada. 37 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Outra vantagem deste sistema é que a potência de agitação pode facilmente ser regulada com a maior ou menor vazão de ar. No entanto, existem sistemas mais elaborados que fazem uso de distribuidores de ar como o mostrado na figura abaixo: Sistema de agitação por ar comprimido Os sistemas de agitação mecânica também são amplamente utilizados mas a variação da potência de agitação deve ser dada através de um redutor de velocidade ou através de um variador de freqüência acoplado ao motor. 38 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 39 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 4.6 Secagem de lodo FILTROS DE AREIA FILTRO-PRENSA 40 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 4.4 Outros equipamentos (filtração com carvão, troca iônica, evaporadores, eletrodiálise) ADSORÇÃO EM CARVÃO ATIVADO Existem substâncias que agem como adsorventes , fixando em sua superfície outras substâncias que produzem gosto, cor e matéria orgânica dissolvida que causa DQO. Entre estas substâncias, figura em primeiro lugar o carvão ativado, substância adsorvente que possui uma elevada área superficial muito porosa, com a vantagem de possibilidade de reter inúmeras substâncias, tais como fenol, fosfatos, nitratos, sólidos suspensos, matéria orgânica, óleos, detergentes, etc.. O tempo de contato no leito de carvão varia entre 15 a 40 minutos. O leito deve ser periodicamente lavado para desobstrução. ELETRODIÁLISE A eletrodiálise é um processo de separação em que a solução é submetida a um potencialelétrico por dois eletrodos, ocasionando uma corrente elétrica de cátions para o eletrodo negativo (catodo) e de ânions para o eletrodo positivo (anodo). No interior da célula de eletrodiálise, há membranas seletivas de um só tipo de íons, existindo membranas permeáveis a cátions e permeáveis a ânions somente. 41 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES As membranas mão deixam atravessar os íons de sinais iguais aos delas e a eficiência de remoção de sais dissolvidos aumenta com o número de membranas instaladas e células em série. A eletrodiálise é usada na dessalinização e desmineralização de águas, sendo um método prometedor na remoção de fósforo e nitrogênio. Para evitar problemas de obstrução é necessário que o efluente esteja perfeitamente clarificado e periodicamente é necessário efetuar limpeza das membranas. OSMOSE REVERSA 42 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Consiste em aplicar uma pressão muito superior á pressão osmótica de uma solução, no compartimento de uma solução concentrada. Ocorre assim inversão de fluxo devido à pressão exercida, forçando a passagem de solvente e retendo soluto. É utilizada na desmineralização e dessalinização de águas, sendo ainda pouco comum no tratamento de efluentes devido ao seu alto custo. TROCA IÔNICA O processo consiste na fixação, em uma superfície sólida (fase estacionária), de íons da solução(fase móvel), que se trocam pelos íons da fase estacionária. Atualmente são usadas resinas sintéticas, existindo de dois tipos: -catiônicas: são capazes de reter cátions da solução, trocando-os por cátions sódio ou hidrogênio -aniônicas: são capazes de reter ânions, trocando-os por ânions hidroxila. 43 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Estas resinas, quando esgotam sua capacidade de troca, podem ser “regeneradas” . Do processo de regeneração, se gera um pequeno volume de líquido com alta concentração de contaminantes que pode ser recuperada. Caso não seja possível sua recuperação, o mesmo deverá ser disposto adequadamente como resíduo perigoso. Nos processos galvânicos a troca iônica poderá ser empregada com vantagem econômica, quando existe a recuperação e reuso de metais. 44 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 5.SEGURANÇA No tratamento de efluentes são empregadas substâncias irritantes e tóxicas que podem causar queimaduras, irritações, intoxicações e morte. • A exposição contínua e prolongada sem a devida proteção, a essas substâncias pode provocar laringites, bronquites agudas e crônicas, hemotises, anemias, leucemias, pneumonias, gangrena pulmonar, tuberculose, alergias e muitas outras doenças. • Como proteção, a indústria deve possuir equipamentos captadores que dificultem a emanação de vapores e gases para o ambiente, e todos os trabalhadores devem usar EPIs adequados. • Conhecer o produtoquímico usado por seu nome usual e nome oficial • Ler os rótulos das embalagens antes de usar • Observar atentamente a simbologia dos produtos químicos perigosos Classificação das substâncias • 1 - Explosividade • 2 - Gases sob pressão ou com reação química; • 3- Inflamabilidade de líquidos (vapores) e gases ou líquido sujeito a auto- aquecimento; • 4 - Inflamabilidade de sólidos ou sólidos sujeitos a auto-aquecimento; • 5 - Efeito oxidante (favorece incêndio); • 6 - Toxicidade ou risco de infecção; • 7 - Radioatividade; • 8 - Corrosividade; • 9 - Risco de violenta reação espontânea; • X - A substância reage perigosamente com água (utilizado como prefixo do Código Numérico). 45 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES VIAS DE CONTAMINAÇÃO EXEMPLOS COMBUSTÃO EXPONTÂNEA 46 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES • INALAÇÃO: Gases, vapores e poeiras. É a principal via de contaminação, pois os alvéolos pulmonares apresentam uma superfície de 80 a 90 m² no homem adulto. Após serem absorvidas pelos alvéolos pulmonares, as substâncias passam ao sangue e são então disseminadas pelo organismo. • INGESTÃO: • Pode ser considerada uma via secundária, pois ninguém em sã consciência ingere agentes químicos nocivos. Porém, caso ocorra, causa intoxicações muito sérias com graves seqüelas que podem causar a morte. • ABSORÇÃO: • Ocorre quando a substância química entra em contato com a pele e pode ocorrer: • Pequena irritação na superfície • Combinação da substância com as proteínas da pele provocando sensibilização • Penetração pela pele, atingindo o sangue. Toxicidade das substâncias • As Substâncias Irritantes podem agir sobre o sistema digestivo provocando dores intestinais, náuseas, vômitos e diarréias, além de provocar ardor nos olhos e no aparelho respiratório. 47 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES • As Substâncias Hipnóticas causam uma tendência à sonolência com efeitos mais ou menos deletérios, dependendo do produto e do indivíduo. Como exemplo, temos os solventes clorados, dos quais destacamos o percloroetileno. • As Substâncias Deletérias provocam, inicialmente, um estado de delírio, progredindo até o estado de coma. Como exemplo, citamos os solventes aromáticos como o tolueno (contida na cola de sapateiro). • As Substâncias Convulsivas são as que provocam convulsões seguidas por colapso e são geralmente fatais. Como exemplo, citamos os cianetos. • ÁCIDO SULFÚRICO (H2SO4): Substância que em contato com a pele e olhos ocasiona queimaduras graves, dermatoses, ulcerações, destruição dos tecidos, conjuntivites, lesões na córnea e cegueira. Deve-se tomar cuidado nas diluições: adicionar sempre ácido na água e nunca o contrário. O contato de ácido sulfúrico concentrado com soda cáustica pode provocar explosões! • ÁCIDO MURIÁTICO (HCl): Substância que em contato com a pele e olhos ocasiona queimaduras graves e possível perda de visão. Os vapores do ácido produzem efeito irritante nas vias respiratórias. Este ácido não deve ser armazenado próximo a substâncias inflamáveis ou oxidantes, como, por exemplo ácido nítrico e nem próximo de metais (risco de emanação de hidrogênio inflamável) • ÁCIDO CRÔMICO (CrO3) Pode causar intoxicações agudas ou crônicas. No primeiro caso os sintomas serão gastrite e nefrite agudas. No caso crônico, produz ulceras gástricas, bronquites e perfuração do septo nasal. Casos mais críticos podem levar ao câncer de fígado e /ou leucemia • SODA CÁUSTICA (NaOH): Tanto no estado sólido com em solução líquida, produz poeiras e vapores com ação fortemente corrosiva sobre todos os tecido do organismo. Pode causar queimaduras e ulcerações profundas. 48 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES • CAL (CaO): É bem menos corrosivo que a soda cáustica, porém forma uma poeira muito fina que causa irritação nas vias respiratórias e nos olhos. Em contato prolongado com a pele causa ressecamento e queimaduras leves. • HIPOCLORITO DE SÓDIO (NaOCl): Substância perigosa que em contato com a pele e olhos causa queimaduras. Em contato com ácidos libera vapores de cloro extremamente tóxicos e sufocantes, podendo matar por sufocamento. • METABISSULFITO DE SÓDIO (Na2S2O5) Ao ser dissolvida em água e em contato com ácidos libera dióxido de enxofre, gás muito irritante, lacrimejante e sufocante. 49 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 50 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES PRIMEIROS SOCORROS • No caso de intoxicação por cianetos a rapidez pode significar a diferença entre a vida e a morte. • Retirar a vítima do local do acidente e levá-la para ar livre e fresco. Aplicar respiração artificial se necessário. Se possível ministrar oxigênio. • Provocar vômito. Um bom emético é água morna salgada. • O antídoto consiste me injeções endovenosas de nitrito de sódio a 3% seguidas de tiossulfato de sódio a 50% aplicadas exclusivamente por um médico. • Nas queimaduras com ácidos , lavar o local atingido com água em abundância e passar uma solução de bicarbonato de sódio a 5%. Aplicar uma boa pomada para queimaduras. • Nas queimaduras com soda, lavar o local atingido com água em abundância e passar uma solução de vinagre a 50%. Aplicar uma boa pomada para queimaduras. No caso de queimadura nos olhos, a primeira ação é lavá-los com água em abundância. Se a queimadura foi com ácidos, lavar os olhos com uma solução de bicarbonato de sódio a 5%. Caso seja produto alcalino (soda), lavar com água boricada e em qualquer caso, encaminhar imediatamente a um médico • Caso ocorreu envenenamento por ácidos ou soda, jamais provocar vômito. Caso a pessoa esteja consciente, ministrar um suavizante para diminuir os danos aos órgãos internos. O suavizante mais fácil é o leite. 51 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES LEMBRETE: • TODO PRODUTO QUÍMICO MERECE RESPEITO!!! • NADA SUBSTITUI PARTES DE SEU CORPO!!!! 52 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 6. DESTINAÇÃO FINAL ADEQUADA AO RESÍDUO 6.1 Classificação dos resíduos – NBR 10004 Resíduos sólidos - são resíduos sólidos ou semi-sólidos resultantes de atividade industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição em geral. Periculosidade de um resíduo: Característica apresentadas por um resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas pode apresentar: - Riscos à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices. - Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. 6.1.1 RESÍDUOS CLASSE I O resíduo Classe I - é aquele que possui pelo menos uma das características abaixo: - Inflamabilidade: líquidos com ponto de fulgor menor que 60 °C. não-líquidos que à 25 °C e 1 atm queimem vigorosamente e persistentemente quando inflamados. - Característica Oxidante: resíduos que liberam oxigênio, estimulando incêndios. - Corrosividade: materiais aquosos com pH < 2 ou pH >12,5 ou materiaisque corroem o aço (SAE 1020) mais do que 6,35 mm ao ano à 55 °C. - Reatividade: reagir violentamente com água. Ser instável e reagir violentamente de forma espontânea. Possuir cianetos ou sulfetos. - Toxicidade: possuir D50 oral < 50 mg/kg ou DL50 dermal < 200 mg/kg. Lixiviado possuir concentração de substância superior ao especificado no Anexo G da 53 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES NBR 10.004. Possuir substância específica da listagem 4 (Pb, Cr 3+ , Cr 6+ , Be, Cd, Cn - , Ar, Se). Ser restos de embalagens de substância especificadas na listagem 5 . - Patogenicidade: possuir microorganismos patogênicos ou suas toxinas. 6.1.2 RESÍDUOS CLASSE II Os Resíduos Classe II subdividem-se em dois tipos: Classe II A – Resíduos não inertes Classe II B – Resíduos inertes Classe II A – Não inertes são os que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - perigosos ou classe II B – inertes. O resíduos classe II A – não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. São aqueles resíduos que nos testes de solubilização e lixiviação, realizados conforme as orientações da NBR 10004, tornam a água não potável. Classe II B – resíduos que não sofrem transformações físicas, químicas ou biológicas significativas a ponto de acarretar risco à saúde e ao meio ambiente (restos construção, vidros, certos plásticos e borrachas de difícil decomposição). Também podemos definir como os resíduos que após os testes de solubilização e lixiviação, realizados conforme as orientações da NBR 10004, com água destilada, continuam deixando a água potável. 6.2 Formas de destinação 54 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Antes de realizar a destinação final de um resíduo, deve-se avaliar as possibilidades de reutilização, redução e reciclagem, que são preferenciais aos outros tipos de destinação. Para os não recicláveis existem três principais destinações. � Aterro Industrial; � Incineração convencional – realizada em incineradores, propriamente ditos; � Co-processamento – incineração realizada em fornos de cimenteiras. � Land-farming Aterro Industrial: Consiste na disposição dos resíduos em valas construídas especificamente para este fim, prevendo-se o isolamento destes em relação ao solo. O resíduo, preferencialmente deve conter baixo teor de matéria orgânica, pois esta poderá em função do tempo se decompor e gerar gases dentro do aterro o que pode comprometer a estrutura física do aterro. O resíduo tem que ser sólido ou de estrutura consistente, com um teor máximo de 70% de umidade. Caso o seja, ao amontoar no aterro, este material não irá sustentar outro que o sobrepuser. Um aterro industrial deve conter os seguintes controles: � Drenagem de águas pluviais; � Sistema de impermeabilização; � Sistema de detecção de vazamentos; � Drenagem e tratamento de líquidos percolados; � Drenagem de gases; � Cobertura final; � Poços de monitoramento do lençol freático. 55 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 56 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Incineração: Processo de decomposição através da oxidação térmica à alta temperatura, superior a 1.200°C, objetivando destruir a fração orgânica do resíduo e reduzir seu volume. Co-processamento: Incineração em fornos de cimento: o resíduo deverá possuir poder calorífico adequado (superior a 2000 kcal/kg). O resíduo não deve possuir cloro em sua composição, pois, nestes casos, pode durante a incineração provocar a formação de dioxinas e furanos, compostos altamente tóxicos para a saúde do homem e dos animais. O limite de metais presentes também deve ser controlado, já que a legislação de emissões atmosférica é extremamente restritiva quanto às concentrações finais de metais volatilizados. 57 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Landfarming: é um processo de degradação do material por microorganismos em um terreno por escarificação contínua do resíduo com a terra. É como se a terra fosse arada continuamente e misturada com o resíduo. Este resíduo deverá estar isento de metais ou materiais orgânicos tóxicos. Abaixo apresentamos uma sugestão para destinação final de determinados resíduos industriais, em função de sua composição ou características típicas: � Incineração em fornos de cimento: restos de tintas, óleos usados, resíduos de varrição de fábrica, etc. � Aterro químico: resíduos sólidos contendo metais. � Incineração: compostos com alto teor de cloro, agrotóxicos, produtos químicos líquidos. � Landfarming: resíduos com baixo poder calorífico e composto essencialmente de matéria orgânica (emulsão de óleos minerais, ou outro material orgânico emulsionado com água, etc.). 58 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 8.LEGISLAÇÃO AMBIENTAL As vantagens de a empresa estar em conformidade com a legislação ambiental são : � diminuição de riscos pela prevenção; � redução de gastos com multas, indenizações e medidas compensatórias; � melhor colocação do produto no mercado pelo marketing ambiental; � exigência do consumidor por produtos mais limpos; � imagem da empresa. PRINCIPAIS LEIS AMBIENTAIS � Constituição Federal de 1988 – Artigo 225 � Lei federal 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente � Lei federal 9.605/98 – Lei dos crimes Ambientais � Decreto federal 9.985/00 – Especifica as sanções às condutas lesivas ao meio ambiente � Lei Estadual do RS 11.520/00 - Código Estadual do Meio Ambiente � Lei 9921/93 – Dispõe sobre a gestão de resíduos sólidos no RS � Resolução CONAMA nº 06/88 – Dispõe sobre controle de resíduos industriais � Resolução CONAMA nº 09/93 – Dispõe sobre destino de óleo lubrificante usado ou contaminado � Resolução CONAMA nº 237/97 – Licenciamento Ambiental � Resolução CONAMA nº 357/05 – Classificação das águas e emissão de efluentes líquidos � Resolução CONSEMA N º 128/2006 � Resolução CONSEMA N º 129/2006 � Lei federal Nº 10.165/00 - institui a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental Cabe lembrar que cada Estado e/ou Município possui legislação própria a respeito, que pode ser mais restritiva que a legislação Federal. 59 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 60 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Abaixo, apresentam-se alguns itens importantes das legislações acima citadas: CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 225 - TODOS têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, BEM DE USO COMUM DO POVO e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao PODER PÚBLICO E À COLETIVIDADE o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA Lei Federal 6.938/81 - PNMA Art. 14 § 1º sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade... PORQUE DEVO LICENCIAR MINHA EMPRESA? Art. 10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividadesutilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. ETAPAS DE LICENCIAMENTO LICENÇA PRÉVIA (LP) - Base preliminar do planejamento da implantação, alteração ou ampliação do empreendimento. Aprova a viabilidade ambiental do empreendimento. LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI) - Instalação do empreendimento ou atividade, ela autoriza o início da obra/empreendimento. LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO) – Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores. 61 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS IBAMA - Órgão Ambiental Federal Atividade - Brasil e em país limítrofe; Atividade - em dois ou mais Estados; Atividade - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados. FEPAM - Órgão Ambiental Estadual Atividade - mais de um município ou em unidades de conservação de domínio estadual; Atividade - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais municípios. MUNICÍPIO – Secretarias de Meio Ambiente Atividade - for de impacto local; Atividade - for delegado pelo Estado; LEI FEDERAL Nº 10.165/00 Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental - TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. Art. 17-D. A TCFA é devida por estabelecimento e os seus valores são os fixados no Anexo IX desta Lei. § 2º O potencial de poluição (PP) e o grau de utilização (GU) de recursos naturais de cada uma das atividades sujeitas à fiscalização encontram-se definidos no Anexo VIII desta Lei. 62 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES 8.PADRÕES ANALÍTICOS Parâmetros analíticos São os indicadores utilizados para o dimensionamento e o controle da poluição por efluentes industriais. Após a utilização das águas pelas indústrias, os diversos resíduos e ou energias são incorporados alterando-lhes as suas características físicas, químicas e sensoriais, gerando assim os efluentes líquidos. Para a avaliação da carga poluidora dos efluentes industriais e esgotos sanitários são necessárias as medições de vazão in loco e a coleta de amostras para análise de diversos parâmetros sanitários que representam a carga orgânica e a carga tóxica dos efluentes. Os parâmetros utilizados são conjugados de forma que melhor signifiquem e descrevam as características de cada efluente. Características dos poluentes Nas indústrias as águas podem ser utilizadas de diversas formas, tais como: incorporação aos produtos; limpezas de pisos, tubulações e equipamentos; resfriamento; aspersão sobre pilhas de minérios,etc. ; para evitar o arraste de finos e sobre áreas de tráfego para evitar poeiras; irrigação; lavagens de veículos; oficinas de manutenção; consumo humano e usos sanitários. Além da utilização industrial da água, esta também é utilizada para fins sanitários, sendo gerados os esgotos que na maior parte das vezes são tratados internamente pela indústria, separados em tratamentos específicos ou tratados até conjuntamente nas etapas biológicas dos tratamentos de efluentes industriais. As águas residuárias, neste caso os esgotos sanitários, contêm excrementos humanos líquidos e sólidos, produtos diversos de limpezas, resíduos alimentícios, produtos desinfetantes e pesticidas. Principalmente dos excrementos humanos, originam-se os microorganismos presentes nos esgotos. Os esgotos sanitários são compostos de matéria orgânica e inorgânica. Os principais constituintes orgânicos são: proteínas, açúcares, óleos e gorduras, microorganismos, sais orgânicos e componentes dos produtos saneantes. Os principais constituintes inorgânicos são sais formados de ânions (cloretos, sulfatos, nitratos, fosfatos) e cátions (sódio, cálcio, potássio, ferro e magnésio) (VON SPERLING, 1996). As características dos efluentes industriais são inerentes à composição das matérias primas, das águas de abastecimento e do processo industrial. A concentração dos poluentes nos efluentes é função das perdas no processo ou pelo consumo de água. 63 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Poluição térmica, devido às perdas de energia calorífica nos processos de resfriamento ou devido às reações exotérmicas no processo industrial, também é importante fonte de poluição dos corpos hídricos. Neste caso o parâmetro de controle é a temperatura do efluente. Características sensoriais dos efluentes notadamente o odor e a cor aparente são muito importantes, pois despertam as atenções inclusive dos leigos podendo ser objeto de atenção das autoridades. O odor nos efluentes industriais pode ser devido à exalação de substâncias orgânicas ou inorgânicas devidas a: reações de fermentação decorrentes da mistura com o esgoto (ácidos voláteis e gás sulfídrico); aromas (indústrias farmacêuticas, essências e fragrâncias); solventes (indústrias de tintas, refinarias de petróleo e pólos petroquímicos); amônia do chorume. A cor dos efluentes é outra característica confusamente controlada pela legislação. O lançamento de efluentes coloridos atrai a atenção de quem estiver observando um corpo hídrico. A cor no ambiente é a cor aparente, composta de substâncias dissolvidas (corantes naturais ou artificiais) e coloidais (turbidez). As características físico-químicas são definidas por parâmetros sanitários que quantificam os sólidos, a matéria orgânica e alguns de seus componentes orgânicos ou inorgânicos. Os compostos com pontos de ebulição superiores ao da água serão sempre caracterizados como componentes dos sólidos. Os sólidos são compostos por substâncias dissolvidas e em suspensão, de composição orgânica e ou inorgânica. Analiticamente são considerados como sólidos dissolvidos àquelas substâncias ou partículas com diâmetros inferiores a 1,2 µm e como sólidos em suspensão as que possuírem diâmetros superiores. Os sólidos em suspensão são subdivididos em sólidos coloidais e sedimentáveis/ flutuantes. Os sólidos coloidais são aqueles mantidos em suspensão devido ao pequeno diâmetro e pela ação da camada de solvatação que impede o crescimento dessas partículas. É importante ressaltar que partículas com diâmetro entre 0,001 e 1,2 µm são coloidais (suspensão), mas pela metodologia analítica padronizada são quantificadas como sólidos dissolvidos. Os sólidos sedimentáveis e os flutuantes são aqueles que se separam da fase líquida por diferença de densidade. Além do aspecto relativo a solubilidade, os sólidos são analisados conforme a sua composição, sendo classificados como fixos e voláteis. Os primeiros de composição inorgânica e os últimos com a composição orgânica. A seguir pode-se observar um esquema de composição de sólidos: 64 CURSO PARA OPERADORES DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES Pelo exposto é importante ressaltar que as análises dos sólidos não distinguem se estamos tratando de substâncias com composição química definida e conhecida,
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