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Clínica de pequenos animais III

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Clínica de pequenos animais III 
Clínica cirúrgica 
Profº Drº Rafael Magdanelo Leandro
Profª Drª Andrea Barbosa
Profº Drª Adriana Tomoko Nishiya
· Profilaxia da infecção
· Definições:
- Infecção: entrada e multiplicação de um agente infeccioso (bactérias, fungos, protozoários, vírus) no organismo de um animal, que por sua vez, desenvolverá uma resposta imunológica.
- Colonização: presença de microrganismos, porém não há resposta imunológica.
- Contaminação: presença de microrganismos em materiais e superfícies inertes.
- Esterilização: procedimentos físicos e químicos utilizados para a destruição de TODOS os microrganismos em objetos inanimados. Exemplo: material cirúrgico.
- Desinfecção: destruição da MAIOR PARTE dos microrganismos patogênicos (forma vegetativa, não esporos) em objetos inanimados. Exemplo: pisos, paredes, mesa cirúrgica.
- Assepsia: uso de técnica cirúrgica e procedimentos adequados para prevenir a contaminação dos tecidos durante a intervenção cirúrgica.
- Antissepsia: utilização de produtos sobre a pele ou mucosa para reduzir/ destruir a maioria dos microrganismos patogênicos em objetos animados.
· Fatores locais que predispõem à infecção:
- Lesão tecidual extensa;
- Redução da irrigação sanguínea;
- Corpo estranho;
- Tecidos necróticos;
- Tensão na sutura;
- Hematomas e seromas;
- Espaço morto;
- Excesso de material de sutura;
- Fio inadequado.
· Classificação das cirurgias quanto potencial de infecção:
1) Limpas: 
- Realizadas em tecidos estéreis, na ausência de processos inflamatórios e infecciosos, ou técnica asséptica. 
- Exemplos: esplenectomia, cirurgia cardíaca. 
- Risco de infecção: 2 à 6%.
2) Potencialmente contaminadas/ Limpas contaminadas:
- Flora microbiana pouco numerosa, ocorre penetração em trato digestivo, respiratório ou urinário, mas sem contaminação significativa.
- Exemplos: enterotomia, piometra.
- Risco de infecção: 2 à 9,5%.
3) Contaminadas:
- Flora Bacteriana abundante, mas sem supuração e necrose local, menos de 4 horas. Necessidade de lavagem da área contaminada com soro aquecido.
- Exemplos: fratura exposta, cirurgias oncológicas.
- Risco de infecção: 5 à 28%.
4) Infectadas:
- Há lesão local causada pela proliferação bacteriana (necrose e exsudação).
- Exemplos: enterotomia com peritonite, ruptura de útero com piometra.
- Risco de infecção: >30%.
· Diagnóstico da infecção cirúrgica:
- Deiscência parcial ou total da incisão;
- Abertura da incisão;
- Secreção purulenta local;
- Febre;
- Sinais cardinais da inflamação.
· Técnica asséptica:
- Manutenção e desinfecção do ambiente cirúrgico;
- Esterilização dos instrumentais, equipamentos e materiais cirúrgicos;
- Preparação e antissepsia da equipe cirúrgica;
- Preparação e antissepsia da pele do paciente;
- Uso de técnica cirúrgica adequada;
- Tratamento pós-operatório apropriado.
· Material cirúrgico:
1) Lavagem:
- Manual: escova e detergente.
- Lavadoras ultrassônicas.
2) Empacotamento:
- Bolsa papel ou plástico selado pelo calor.
3) Esterilização:
- Físico: calor. Úmida – autoclave (130°C por 30 min). Seco – estufa (160° por 2 horas).
- Químico: álcool – etanol, isopropílico. Aldeídos – glutaraldeído 2%. 	Clorexidine. Formolaldeído. Iodóforos 7,5%.
· Preparo paciente:
- Tricotomia;
- Limpeza da pele com anti-sépticos (álcool 70% e clorexidine ou iodados).
· Equipe cirúrgica:
- Paramentação: gorro, máscara e propé.
- Antissepsia das mãos e antebraços.
- Vestir avental e luvas cirúrgicas.
· Sistema reprodutor masculino
· Anatomia:
Descida testicular: 
1) Fase abdominal: 25 à 60 dias de gestação.
2) Fase inguinal: nascimento à 20 dias de idade.
Testículo passa pelo anel inguinal e leva consigo o peritônio.
3) Fase extra-abdominal: 20 dias à 6 meses de idade. 
O peritônio que desceu com o testículo para a bolsa escrotal agora se denomina túnica vaginal, que também se prende a cauda do epidídimo para não haver uma possível torção testicular.
Há também o desenvolvimento do plexo pampiniforme que consiste nas veias testiculares enoveladas na artéria testicular, para haver resfriamento do sangue. 
· Orquiectomia:
- Cães: incisão pré-escrotal aberta ou fechada.
- Gatos: incisão na bolsa escrotal.
- Técnica:
1) Incisão na pele pré-escrotal;
2) Incisão na túnica vaginal para exteriorização do testículo;
3) Soltar a túnica vaginal do epidídimo por meio de tração;
4)Colocação de 3 pinças hemostáticas no cordão espermático;
5) Excisão do testículo (entre segunda e terceira pinça);
6) Realizar ligadura do cordão espermático abaixo da primeira pinça, utilizando fio de Nylon 2.0 ou 3.0;
7) Sutura da túnica vaginal utilizando ponto simples separado;
8) Sutura de subcutâneo e pele com ponto simples separado.
· Vasectomia:
- Inibe a fertilidade sem interferir na libido ou comportamento do animal.
- Técnica:
1) Incisão pré-escrotal;
2) Incisão na túnica vaginal;
3) Tração do ducto deferente e sutura das extremidades;
4) Remoção de um pequeno segmento do ducto deferente;
5) Sutura da pele.
* Cuidado para não ligar a porção vascular, pois supre o aporte sanguíneo, necrosando assim os testículos.
· Afecções testiculares:
1) Anorquidismo:
- Ausência dos dois testículos.
2) Monorquidismo:
- Ausência de um dos dois testículos.
3) Criptorquidismo:
- Não migração de um ou ambos os testículos até o escroto.
- Defeito testicular congênito mais comum.
- Hereditário e recessivo.
- Raças predispostas: Chiuhauhuas, Schnauzers miniaturas, Pomerânios, Poodles, Huskies Siberianos, Yorkshires.
- Temperatura corporal anormal para os testículos (excessiva).
- Maior risco de torções e neoplasias.
- Localização ectópica pode ser pré-escrotal, inguinal ou abdominal (maior risco de torção).
- Diagnóstico: após 6 meses de idade, palpação e ultrassonografia.
- Tratamento: orquiectomia bilateral (extra-abdominal: incisão pré-escrotal e intra-abdominal: laparotomia exploratória retroumbilical).
4) Orquite:
- Cuidado com Brucella!
- Pouco frequente, uni ou bilateral.
- Associada à epididimite.
- Sinais clínicos: aguda – testículos edemaciados e há dor; crônica: testículos diminuídos e não há dor.
- Diagnóstico: clínico, ultrassonografia e urinálise.
- Tratamento: quadro inicial e não há dor – medicamentoso; quadro agudo com dor – orquiectomia.
5) Neoplasias testiculares:
- Ocorrência: mais em machos criptorquidas e idosos.
- Sinais clínicos: aumento de volume testicular, dor, sinais de feminização (hiperestrogenismo = sertolinomas).
- Tratamento: orquiectomia e quimioterapia se necessário.
- Sertolinomas: acomete testículos intra ou extra-abdominais; geralmente são unilaterais; metastáticos; alopecia simétrica bilateral, pele adelgaçada com pigmentação, ginecomastia, atrofia peniana; tratamento – orquiectomia e quimioterapia; síndrome paraneoplásica.
- Seminomas: testículos normais ou ectópicos; uni ou bilateral; pode estar associado a outras neoplasias testiculares; tratamento – orquiectomia e quimioterapia.
- Leydigomas: acomete testículos em bolsa escrotal; maioria são benignos; associado a HPB, hérnias perineais e adenomas perianais; atrofia do testículo contralateral; tratamento – orquiectomia.
· Afecções penianas/ prepuciais:
1) Fimose:
- Inabilidade de expor o pênis através do orifício prepucial.
- Sinais clínicos: distensão prepucial por urina, não visualização do orifício prepucial, corrimento prepucial purulento ou hemorrágico.
- Tratamento: reconstrução do orifício prepucial.
2) Parafimose:
- Inabilidade de retrair o pênis para o interior do prepúcio.
- Sinais clínicos: pênis edemaciado, exposto e dolorido; sangramento e necrose peniana.
- Tratamento: compressas geladas, lavar e tentar reposicionar o pênis; orquiectomia, correção cirúrgica do orifício prepucial; amputação do pênis se necessário.
3) Neoplasias penianas:
- Verificar viabilidade das estruturas e integridade da uretra.
- Benignos: hemangiomas, TVT, papilomas, histiocitomas.
- Malignos: melanomas, mastocitomas, hemangiossarcomas.
· Afecções prostáticas:
1) Hiperplasia prostática benigna:
- Ocorrência: cães não castrados e idosos.- Sinais clínicos: disúria, hematúria, tenesmo, hérnia perineal.
- Diagnóstico: RX e ultrassonografia, palpação retal, biópsia aspirativa guiada por US.
- Tratamento: orquiectomia (próstata regride seu tamanho após 2 a 3 semanas).
2) Abscessos prostáticos:
- Acúmulo de material purulento dentro do parênquima prostático.
- Ocorrência: machos idosos não castrados, com HPB ou cistos prostáticos.
- Predisposição: prostatites, cistite, hematógena.
- Sinais clínicos: dor, disúria, disquezia, hipertermia, depressão, êmese.
- Diagnóstico: RX, ultrassonografia e exames laboratoriais.
- Tratamento: clínico – fluidoterapia, antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios; cirúrgico – drenos múltiplos, omentalização.
3) Cistos prostáticos:
- Cavidade não séptica preenchida por fluido, intra ou extra prostático.
- Ocorrência: cães machos, inteiros, raças grandes, associado à HPB ou metaplasia prostática.
- Únicos ou múltiplos.
- Sinais clínicos: depressão, estrangúria, incontinência urinária, corrimento peniano, massa abdominal palpável.
- Diagnóstico: RX e ultrassonografia (citologia aspirativa), análise do fluido prostático.
- Tratamento: cistos pequenos – orquiectomia; cistos grandes – omentalização e marsupialização.
4) Neoplasias prostáticas:
- Poucos frequentes.
- Ocorrência: animais idosos, castrados ou não.
- Tipos: carcinomas indiferenciados ou adenocarcinomas, sarcomas ou hemangiossarcomas.
- Altamente invasivos e com grande potencial metastático.
- Tratamento: prostatectomia e quimioterapia.
- Prognóstico: reservado a mau.
· Laparotomia
· Definição:
- Abertura da cavidade abdominal.
· Indicações:
- Cirurgias que necessitam de acesso à cavidade abdominal, como por exemplo, a OSH, enterotomia, cistotomia, nefrectomia, esplenectomia.
· Anatomia cirúrgica:
· Tipos:
1) Linha média ventral: mais comum; acesso a todos os órgãos abdominais. Pode ser cranial (pré-umbilical) ou caudal (retro umbilical) ao umbigo.
2) Pelo flanco.
3) Paracostal: paralelo a última costela (biópsia hepática).
4) Paramediana: paralela a linha média.
· Técnica cirúrgica:
- Abertura:
1) Incisão de pele;
2) Divulsão do tecido subcutâneo (tesoura Mayo);
3) Tração para cima do músculo reto abdominal (fáscia externa e externa) com a pinça Allis;
4) Incisão da linha alba (avascularizada);
5) Aumento da incisão (tesoura Mayo);
6) Colocação dos afastadores de Farabeuf);
7) Acesso a cavidade abdominal.
- Fechamento:
1) Sutura do músculo reto abdominal com fio sintético absorvível (poliglactina) ou não absorvível (Nylon), na espessura de 1.0, 2.0 ou 3.0, ponto simples interrompido ou simples contínuo;
2) Sutura do subcutâneo com ponto Cushing, colchoeiro ou ponto simples contínuo;
3) Sutura de pele com ponto simples interrompido, simples contínuo, Wolf ou colchoeiro.
· Sistema reprodutor feminino
· Ovariosalpingohisterectomia (OSH):
1) Definição:
- Retirada dos ovários, do útero e dos ligamentos que os sustentam (ligamento largo e suspensório).
2) Indicações:
- Endometrite, piometra, torção uterina, prolapso uterino, fetos enfisematosos, neoplasia ovariana, neoplasia uterina, evitar cio ou reprodução.
3) Anatomia cirúrgica:
4) Técnica OSH:
1) Incisão caudal na linha média, divulsão subcutâneo e incisão da linha alba, abrindo a cavidade abdominal;
2) Cólon descendente é elevado e tracionado para o lado direito do abdômen para expor o ovário esquerdo;
3) Tração do útero para visualização do pedículo ovariano (ligamento suspensório, veia e artéria ovariana e ovário);
4) Colocação de 3 pinças hemostáticas;
5) Incisão entre a pinça 2 e 3;
6) Ligadura abaixo da pinça 1 (feito a mão, nó de cirurgião e 6 completos verdadeiros);
7) Ligadura entre as pinças 1 e 2;
8) Colocação das 3 pinças no corpo do útero;
9) Incisão entre a pinça 2 e 3;
10) Ligadura entre a pinça 1 e 2;
11) Incisão abaixo da pinça 1 e sutura do coto;
12) Fechamento da cavidade abdominal.
5) Complicações pós-OSH:
- Hemorragias, ligadura de ureter e vasos renais, granuloma e fístula por fio de sutura, deiscência de pontos, eventração (deiscência do músculo), evisceração (exposição de vísceras).
· Piometra:
1) Definição: processos inflamatório e infeccioso do útero.
2) Ocorrência: cadelas inteiras de meia idade a idosas.
3) Fisiopatologia:
- No diestro ocorre a formação do corpo lúteo com aumento da progesterona que diminui a motilidade uterina, aumenta a quantidade de glândulas endometriais e aumenta a secreção dessas. Pode haver fechamento da cérvix ou permanecer aberta = características propicias para a permanência do corpo lúteo e chegada do espermatozoide para possível formação do embrião.
- Sem a cópula, bactérias oportunistas saem do trato genito urinário e chegam até o útero, onde se proliferam, ocasionando toda uma infecção.
- Cérvix fechada = piometra fechada (sem secreção – difícil diagnóstico); Cérvix aberta = piometra aberta (com secreção).
- Pode assim, ocorrer a migração dessas bactérias para a circulação sanguínea, pois o útero é altamente vascularizado. Quando na corrente sanguínea, induz a formação de imunocomplexos, podendo levar a sinais de toxemia. Tais complexos são depositados nos rins, causando uma glomerulonefrite imuno mediada, diminuindo a taxa de filtração glomerular com sinais de azotemia.
- As bactérias também inibem os receptores de ADH, causando poliúria associada à polidipsia.
- Todos esses fatores compõem um quadro de septicemia.
4) Diagnóstico: 
- Ultrassonografia: visível aumento de volume dos cornos uterinos, com conteúdo anecogênico e com alta celularidade.
- Hemograma: leucocitose com desvio a esquerda.
- Bioquímico: aumento de ureia e creatinina.
5) Tratamento:
- Cirúrgico: OSH.
- Clínico: fluidoterapia, antibiótico, antitérmico, analgésico, protetor gástrico. Não utilizar anti-inflamatório – fazem vasoconstrição das arteríolas renais = menor filtração e maior azotemia.
6) Prognóstico:
- Bom a ruim, depende das lesões já provocadas.
- Ruim (DRC).
· Neoplasias mamárias
· Definição:
- Transformação de um tipo celular do tecido glandular mamário.
· Tipos:
- Benigno: proliferação desconhecida, perda da função, invade tecidos vizinhos.
- Maligno: câncer.
· Características da célula neoplásica maligna:
- Potencial metastático: linfonodos, pulmão, baço e fígado.
- Invade tecidos vizinhos.
- Proliferação descontrolada.
- Perda da função: perda da diferenciação.
- Produz fatores angiogênicos.
· Anatomia cirúrgica:
- Cadelas: 10 mamas.
- Gatas: 8 mamas.
- Linfonodos: axilar – M1, M2 e M3; inguinal – M4 e M5.
- Artérias e veias: torácica interna caudal – M1 e M2; epigástrica superficial caudal – M3, M4 e M5.
Metástases = M1 com células neoplásicas células neoplásicas migram para circulação por meio da drenagem da artéria e veia torácica interna veia cava átrio direito ventrículo direito pulmões átrio esquerdo ventrículo esquerdo corpo (baço e fígado).
· Ocorrência:
- Cadelas: 1ª neoplasia mais comum; 10 a 12 anos; inteiras; 50% de malignidade.
- Gatas: 3ª neoplasia mais comum; 12 a 14 anos; inteiras; 80 a 90% de malignidade.
- Glândula mamária = hormônio dependente. Progesterona – aumento do número de células glandulares da mama. Estrógeno – aumento do número de células do ducto da glândula mamária.
- Castração precoce: diminui estrógeno e progesterona; diminui tamanho da vulva, causando dermatite perivulvar, demora no fechamento do disco epifisário, incontinência urinária (7 a 20%, estrógeno não estimula o esfíncter uretral).
- Cadelas: castração antes do primeiro cio = 0,5% de chance de desenvolver neoplasia mamária; castração depois do primeiro cio = 8%; castração depois do segundo cio = 26%.
- Gatas: castração antes dos 6 meses = 91% menos risco; castração antes de 1 ano = 86% menos risco.
· Sinais:
- Nódulos únicos ou múltiplos;
- Pedunculados ou sésseis;
- Ulcerados ou não;
- Crescimento rápido ou lento;
- Aderidos ou não;
- Sólidos ou císticos;
- Secreção presente ou ausente.
· Diagnóstico:
- Citologia: PAAF (60% de precisão);
- Biópsia + histopatológico (neoplasia benignaou maligna, inflamação, hiperplasia);
- RX tórax: avaliar linfonodo esternal e pulmões;
- Ultrassonografia: avaliar baço e fígado;
- Tomografia.
· Tratamento:
- Cirúrgico (neoplasia benigna ou maligna): biópsia excisional, mastectomia local, mastectomia regional (mamas com a mesma vascularização + linfonodos), mastectomia unilateral (cadeia inteira unilateral + remoção dos linfonodos), mastectomia total ou bilateral.
- Amostra para exame histopatológico: corar com nanquim + vinagre de maçã, avaliação das margens cirúrgicas, tipo histológico e avaliação dos linfonodos.
- Carcinomas: simples I, II e III; complexo I, II e III; misto I, II e III; anaplásico I, II e III. Graus variam de acordo com o pleomorfismo, invasão vascular e linfática.
- Indicação quimioterapia: histopatológico = maior que 3 cm, margens comprometidas, simples grau III, linfonodo positivo.
- Quimioterapia: 4 a 6 sessões a cada 21 dias com Doxorrubicina – IV. Esse quimioterápico inibe a enzima topoisomerase II, não deixando o DNA celular se multiplicar.
· Carcinoma inflamatório de mama:
- Não há indicação de tratamento cirúrgico.
- Evolução: 3 semanas.
- Sobrevida: 30 dias.
- Sinais clínicos: dor, edema, aumento de temperatura, formação em placa, edema de membro, acomete mais de uma glândula.
- Diagnóstico: citologia, histopatológico de pele.
- Tratamento: apenas paliativo.
- Prognóstico: estadiamento – I = 500 dias; II = 420 dias; III = 210 dias; IV = 90 dias.
		
· Neoplasias de pele e subcutâneo
· Mastocitoma canino:
· Definição:
- Neoplasia maligna originada de mastócitos (maior proliferação, invade tecidos vizinhos, perda da função, metástases, angiogênese).
Mastócito normal – sistema imunológico libera histamina (eritema, vasodilatação, edema e prurido).
 Célula do mastocitoma canino
· Ocorrência:
- Principal neoplasia cutânea do cão.
- Adultos a idosos.
- Raças braquicefálicas, Labradores, Goldens.
- Localização: membros, tronco e cabeça.
· Tipos histológicos:
- Grau I, II e III.
- Baixo/ alto grau.
· Sinais:
- Nódulos únicos ou múltiplos.
- Edema, eritema, aumento da temperatura local, prurido.
- Alopécicos ou não.
- Ulcerados ou não.
- Circunscritos.
- Macios (pode ser confundido com lipoma).
· Diagnóstico:
- PAAF (precisão de 70 a 80%).
- Biópsia incisional + histopatológico.
- Linfonodos: PAAF ou biopsia incisional.
- Ultrassonografia abdominal: metástases (linfonodos, baço e fígado).
· Tratamento:
- Cirúrgico: retirar 2 cm de margens laterais e 1 fáscia de músculo da margem cirúrgica profunda (apenas no graus I e II); remoção do linfonodo mais próximo.
- Quimioterapia: Vimblastina (2mg/m²) IV a cada 7 dias (não permite formação dos fusos mitóticos das células tumorais); Prednisona (2mg/kg) SID VO; citorredução tumoral antes da cirurgia; tratamento pós-cirúrgico.
· Carcinoma epidermóide:
· Definição:
- Neoplasia maligna originada da célula epitelial da pele.
· Ocorrência:
- Pelo branco rarefeito (radiação solar).
- Alterações herdadas.
- Alterações genéticas.
- Cão: abdômen ventral, face medial do joelho.
- Gato: ponta de orelha, têmporas, nariz, lábio superior, pálpebras.
· Sinais:
- Lesão plana, ulcerada e úmida.
- Única ou múltiplas.
- Sanguinolenta.
- Superfície irregular.
- Crostosa.
· Diagnóstico:
- Biópsia excisional + exame histopatológico.
- Citologia: PAAF, imprint.
- Metástases: células neoplásicas invadem camada das células basais, infiltrando-se na derme, osso e músculo. Também podem atingir vasos linfáticos (linfonodo local, metástase pulmonar) e vasos sanguíneos (metástase pulmonar).
· Tratamento:
- Cirúrgico: 1 cm de margem, 1 fáscia muscular da margem profunda, retirar linfonodos próximos.
- Terapias secundárias à cirurgia: criocirurgia, imunoterapia, terapia fotodinâmica, quimioterapia.
· Sarcoma de aplicação felino:
· Definição:
- Neoplasia maligna originada de células mesenquimais. 
· Ocorrência:
- Apenas em felinos.
- Adultos a idosos.
- 1 : 10.000.
- Tórax, abdômen e região interescapular.
· Sinais:
- Formações aderidas.
- Irregulares.
- Macias a firmes.
- Meses a anos para sua formação.
· Diagnóstico:
- Citologia: PAAF.
- Biópsia incisional e histopatológico.
- RX de tórax (verificar se há metástase via hematógena).
- Infiltração local (invade músculos e ossos).
- Tomografia para avaliar a extensão do tumor.
· Tratamento:
- Cirúrgico: 5 cm de margens + músculo inferior.
· Hérnias
· Definição:
- Saída ou projeção de órgãos abdominais através de um defeito na parede do abdômen.
· Tipos:
- Externas: umbilical, inguinal ou inguino-escrotal, perineal.
- Internas: diafragmática, hiatal, peritônio-pericárdica.
- Hérnia verdadeira: possui conteúdo herniário (órgãos), anel herniário (defeito), saco herniário (envoltório e membrana perineal).
- Hérnia falsa: conteúdo e anel.
- Redutíveis: conteúdo volta para a cavidade abdominal.
- Irredutíveis: conteúdo não retorna à cavidade abdominal – encarcerada (conteúdo aderido) e estrangulada.
· Hérnia diafragmática:
· Causa mais comum: adquirida (trauma).
· Fisiopatologia:
- A pressão fisiológica do tórax é negativa e a abdominal é positiva, quando há um trauma e ocorre a ruptura diafragmática, os órgãos abdominais invadem a cavidade torácica, fazendo com que o pulmão fique comprimido. 
· Sinais clínicos:
- Dispneia.
- Taquipneia.
- Cianose taquicardia cianose respiratória aumento da taxa de CO2 fornecer oxigenioterapia.
-Anorexia.
- Êmese.
· Diagnóstico:
- RX tórax.
- Gasometria (casos mais graves).
· Tratamento:
- Clínico: oxigenioterapia, analgesia e fluidoterapia.
- Cirúrgico: laparotomia pela linha média ventral, redução da hérnia com herniorrafia com ponto simples contínuo, antes de fechar o último ponto há de se restabelecer a pressão negativa do tórax (superinflar pulmões), toracocentese. 
* Caso não haja conteúdo gástrico, esperar 24 horas para a realização da cirurgia, pois nesse primeiro momento o risco de óbito do paciente é maior.
· Hérnia perineal:
· Definição:
- Projeção de órgãos abdominais através de um defeito no diafragma pélvico.
· Causas:
- Atrofia muscular perineal.
- Cães idosos, machos, inteiros (HPB), caudectomizados.
* Encarceramento de vesícula urinária = retenção urinária = aumento dos níveis de ureia e creatinina (azotemia) = apatia, anorexia e êmese.
· Diagnóstico:
- Inspeção e palpação.
- Ultrassonografia.
- Função renal.
· Tratamento:
- Sondagem uretral ou cistocentese.
- Fluidoterapia e antieméticos.
- Cirúrgico: três técnicas – aproximação dos músculos perineais; colocação de malha cirúrgica; retalho do músculo obturador interno.
- Pós-operatório: laxante e lavagem da ferida cirúrgica com clorexidine degermante.
· Hérnia inguinal (fêmeas) e escrotal (machos):
· Definição:
- Projeção de órgãos abdominais através de um defeito no anel inguinal.
· Causas:
- Fêmeas: cadelas, idosas, inteiras, hérnia adquirida por ação hormonal.
- Machos: cães, filhotes, hérnia congênita.
· Sinais:
- Aumento de volume (fêmeas – região inguinal e machos – região escrotal).
· Diagnóstico:
- Inspeção e palpação.
- Ultrassonografia.
· Tratamento:
- Herniorrafia com ponto simples separado.
- Fêmeas: deixar orifício para passagem do funículo + OSH.
- Machos: deixar orifício para artéria e veia epigástrica caudal superficial + orquiectomia.
· Hérnia umbilical:
· Definição:
- Projeção de órgãos abdominais através de um defeito na cicatriz umbilical.
· Causa:
- Congênita.
· Sinais:
- Aumento de volume na região da cicatriz umbilical.
- Macia.
- Flutuante e móvel.
- Quando há estrangulamento = dor e consistência firme.
· Diagnóstico:
- Inspeção e palpação.
- Ultrassonografia.
· Tratamento:
- Herniorrafia: incisão da pele, incisão em saco herniário, redução do conteúdo, sutura com ponto simples interrompido (músculo reto + fáscia externa).
 
· Sarcomas
· Definição:
- Neoplasia maligna de origem mesenquimal em órgãos parenquimatosos.
· Tipos:
- Fibrossarcoma: tecido conjuntivo.
- Lipossarcoma: tecido adiposo.
-Leiomiossarcoma: musculatura lisa.
- Rabdomiossarcoma: musculatura esquelética.
- Hemangiossarcoma: vasos sanguíneos.
- Osteossarcoma: ossos.
- Condrossarcoma: tecido cartilaginoso.
· Hemangiossarcoma:
- Origem: endotélio vascular.
- Predisposição: raças como Pastor Alemão e Golden; cães de pelagem branca e curta.
- Apresentações: visceral (baço; maior malignidade), cutâneo (menor malignidade), base do coração.
- Metástase: pulmão, fígado e cérebro.
- Diagnóstico: biópsia (incisional ou excisional, depende do órgão) + histopatológico.
- Cutâneo: nódulo avermelhado e arroxeado, podendo ser ulcerado.
- Baço: pode haver abaulamento de abdômen, mais comum chegar em emergência (nódulo rompido).
- Base do coração: tamponamento cardíaco (síncope, PA aumenta em primeiro momento depois diminui).
- Tratamento: excisão cirúrgica; baço = esplenectomia; cutâneo = excisão dos maiores nódulos e eletroquimioterapia nos menores; base do coração: pericardiocentese, pericardectomia + quimioterapia para evitar metástases).
- Diagnóstico diferencial baço: hiperplasia nodular senil, fibrohistiocitoma (maior malignidade que o hemangiossarcoma), mielolipomas e hematomas.
- Sempre realizar quimioterapia adjuvante (Doxorrubicina), exceto em casos de hemangiossarcoma cutâneo excisionado com margem e quando paciente for cardiopata.
- Prognóstico: 4 meses; com quimioterapia = 6 a 8 meses; hemoperitôneo com quimioterapia = 4 meses.
· Osteossarcoma:
- Neoplasia maligna óssea que produz e reabsorve tecido ósseo.
- Etiologia: ainda não é bem esclarecida.
- Tumor ósseo primário mais comum em cães.
- Predisposição: cães de raças grandes e gigantes, em gatos é muito raro.
- Apresentação: osteossarcoma apendicular (75% dos casos); osteossarcoma axial; osteossarcoma extra-esquelético (raro); osteossarcoma multicêntrico (raro).
- Os osteossarcomas não atravessam articulações.
- Metástase: altamente metastático, via hematógena – pulmão; raramente acomete linfonodos.
- Osteossarcoma apendicular: claudicação, firme, dolorido.
- Osteossarcoma axial: aumento de volume, aderido, não ulcerado, dolorido.
- Tratamento: não há cura; intenção de cura = cirurgia (amputação) + quimioterapia obrigatória (Carboplatina); tratamento paliativo.
· Oftalmologia
· Anatomia olho:
· Exames oftalmológicos:
- Sala escura: é necessária uma sala escura para correta visualização das estruturas.
- Lupa de magnificação: auxilia na visualização de estruturas do olho.
- Foco de luz: estruturas anteriores a úvea anterior.
- Teste de Schirmer: avalia a porção aquosa da lágrima.
- Fluoresceína: úlcera na córnea.
- Rosa bengala: ceratite por herpesvírus felino.
- Oftalmoscopia direta e indireta.
- Tonometria (identação/aplanação): mede pressão intraocular.
- Biomicroscopia (lâmpada de fenda).
- USG.
- Eletroretinografia.
· Dermóides:
- Massa de tecido semelhante à pele, com localização ectópica . 
- Composição: epitélio queratinizado, vasos sangüíneos, tecido fibroso, gordura, nervos, glândulas, músculos e pelos.
- Localizaçã: límbica temporal, conjuntiva, esclera e córnea.
- Congênita, acomete cães e gatos.
- Sinais e Sintomas: Irritação ocular importante, com ceratite crônica, edema e pigmentação 
 - Tratamento: Remoção cirúrgica total do tecido ectópico.
· Entrópio:
- É a inversão das margens palpebrais, devido a espasmos musculares, que pode causar irritação ocular grave.
- Sinais e sintomas: epífora, blefaroespasmo (olho fechado), fotofobia, conjuntivite, ceratite, úlcera de córnea. 
- Acomete cães e gatos. 
- Raças predispostas: Shar-pei, Chow-chow, Labrador, Buldogue inglês, Basset hound, Rottweiler, gatos Persas, mainy coon. 
- Tratamento: correção cirúrgica. Técnica de Holtz-Celsus (mais utilizada) - incisão milímetros abaixo/acima da rima da pálpebra, retirando uma fita de músculo e suturando a pele. Técnica do pregueamento palpebral – filhotes Técnica de Ritidectomia - retira pregas de pele por lifting fascial.
· Obstrução ducto nasolacrimal:
- Caracteriza-se por lacrimejamento uni ou bilateral acompanhado de “mancha lacrimal”. Drenagem do ducto é obstruída levando ao escorrimento da lágrima pela face do animal, manchando o pelo.
- Raças predispostas: Poodle, Maltês, Lhasa apso, gatos persa.
- Sinais e sintomas: mancha amarronzada no canto medial do olho (por substância lactoferrina na lágrima), podendo ter odor desagradável, causando assadura se não for limpa. 
- Diagnóstico: teste de Jones (fluoresceína em colírio, verificar se sairá ou não pelo nariz após a aplicação.)
- Tratamento: clínico - mudança alimentar, antibioticoterapia ATB (Espiramicina e doxiciclina); cirúrgico - lavagem da via lacrimal para desobstrução ( água destilada + hialuronidase).
· Úlcera de córnea:
- Sinais e sintomas: desconforto ocular, dor, blefaroespasmo, descarga ocular (secreção) Lesões constantes podem levar a atingir diferentes camadas da estrutura protetora. Há uma doença congênita que causa úlceras espontâneas (a falta de hemidesmossomas).
- Tratamento: Clínico- antibiótico, acetilcisteína, sulfato de condroitina, EDTA 0,35%, soro autólogo, colar protetor. Usar substâncias cicatrizantes e evitar mais lesões. Caso não cicatrize em 15 dias, vai para cirurgia. 
Cirúrgico - Ceratotomia em grade (úlceras superficiais) - Lesionar o estroma para estimular a inflamação e cicatrização de dentro para fora. Recobrimento (flap) de terceira pálpebra - logo em seguida, para oferecer proteção e aumentar a vascularização. Curetagem (úlceras profundas) Recobrimentos conjuntivais (pediculado ou em 360º).
· Sequestro corneal:
- É uma desordem do estroma corneal dos felinos, principalmente da raça Persa É uma necrose central Secundário a uma úlcera de córnea refratária, podendo ser uni ou bilateral Outros nomes: necrose de córnea, mumificação de córnea.
- Sinais e sintomas: epífora, blefaroespasmo, , congestão ocular, presença de área enegrecida e com bordos destacados no centro da lesão 
- Tratamento: Clínico: antibioticoterapia tópica, AINES, acetilcisteína, sulfato de condroitina Cirúrgico: ceratectomia superficial; recobrimento de terceira pálpebra.
· Sistema urinário
- Rins se localizam em região retroperitoneal.
- Uretra machos = prostática, membranosa e peniana.
· Nefrectomia:
- Indicações: neoplasia renal, trauma renal grave, pielonefrite resistente, hidronefrose, ruptura de ureter proximal.
- Técnica: laparotomia pela linha média ventral, incisar peritônio para trazer o rim mais ventralmente, dissecção romba para soltar o rim dorsalmente, quando houver ótima visualização renal é realizada a ligadura dos ureteres rente à vesícula urinária.
- Cirurgia realizada somente quando a afecção é unilateral e houver boa avaliação do rim contralateral.
· Ruptura de vesícula urinária:
- Causa uroabdômen (acúmulo de urina na cavidade abdominal).
- Causas: traumas (fratura de coxal), obstrução uretral, cistite grave (cistite necrosante).
- Sinais clínicos: recém-traumatizados (diagnóstico diferencial); aumento de volume abdominal; sensibilidade abdominal; azotemia/uremia: êmese, diarreia, apatia, anorexia e hematúria.
- Sondar para haver confirmação.
- Diagnóstico: palpação abdominal (líquido livre, bexiga com tamanho reduzido); sondagem uretral; RX (uretrocistografia); ultrassonografia (líquido livre em abdômen, bexiga vazia); abdomnocentese (análise líquido).
- Tratamento: estabilizar paciente antes de entrar em cirurgia, fluidoterapia, antibioticoterapia, cirurgia: remoção de tecidos desvitalizados, cistorrafia com fio sintético absorvível, lavagem da cavidade abdominal.
· Litíase:
- Ocorrência: 5 a 10 % em rins e ureteres; 80 a 95% em bexiga e uretra.
- Frequência: estruvita, oxalato de cálcio.
- Mais frequente em cães.
- Causas: diminuição da micção, diminuição do volume urinário, ph urinário ácido, anormalidades metabólicas, concentração de cristaloides na urina, infecção urinária.
- Sinais clínicos: hematúria, disúria, iscúria, sinais de cistite, obstrução total da uretra, dor abdominal.
- Exames complementares: urinálise,urocultura e antibiograma, ultrassonografia, RX simples e contrastado, ureia e creatinina, análise do urólito.
- Tratamento: dieta para dissolução (no caso de estruvita); remoção cirúrgica do urólito; litotripsia (apenas em forma de laser); hidropropulsão (quando urólito estiver em uretra, empurra o cálculo de volta para a bexiga).
- Acesso ao rim para retirada de cálculo = pielotomia (apenas quando há dilatação significativa da pelve renal) ou nefrotomia (quando não há identificação da pelve renal).
· Ureterolitíase:
- Ureterotomia (microcirurgia).
- Bypass urinário ureteral (substituição dos ureteres pelo Bypass).
- Duplo J (dilata o ureter).
· Urolitíase vesical:
- Mais frequentes.
- Obstrução uretral em fêmeas é raro, casuística muito maior em machos.
· Cistotomia (cálculo vesical):
- Laparotomia pela linha média ventral.
- Incisão ventral ou dorsal na bexiga.
- Sutura em 2 planos com ponto simples interrompido, uma sutura invaginante e outra simples ou duas invaginanates.
- Fio absorvível sintético.
- Não incisar em trígono vesical.
· Obstrução uretral:
- Cálculos uretrais ou estenoses.
- Obstrução parcial ou total.
- Base do osso peniano é o local de obstrução uretral mais frequente nos cães.
- Sinais clínicos: distensão da bexiga, disúria, hematúria, iscúria, dor abdominal, azotemia.
- Diagnóstico: sondagem uretral (impossibilidade de introdução da sonda); cães = obstrução caudal ao osso peniano; gatos = cristais + muco; RX simples = cálculos radiopacos ou radiotransparentes; uretrocistografia; ultrassonografia.
- Tratamento: sondagem uretral; cistocentese e fluidoterapia; sonda uretral e/ ou hidropropulsão + cistotomia; uretrotomia (raro) ou uretrostomia (pré-escrotal, escrotal, perineal).
- Uretrostomia pré-escrotal: sutura mucosa uretral/corpo esponjoso em pele. 
- Uretrostomia escrotal: uretra mais calibrosa e superficial, menos volume de tecido cavernoso.
- Uretrostomia perineal: penectomia em felinos.
· Penectomia felinos:
- Indicações: obstrução completa, obstrução recidivante, necrose ou estenose da extremidade peniana.
- Incisão ao redor do prepúcio e escroto; orquiectomia; muscúlo isquiocavernoso isolados; divulsão até as glândulas bulbouretrais; secção músculo retrator do pênis; incisão uretral até gls. bulbouretrais; amputação da uretra e pênis remanescente; sutura da uretra na pele com ponto simples interrompido.
 
· Sistema digestório: Síndrome dilatação e torção gástrica
· Definição:
- Síndrome aguda caracterizada por dilatação rápida e significativa do estômago por conteúdo líquido e gasoso, associado ao seu mau posicionamento, com concomitante disfunção cardiorrespiratória evoluindo para choque.
· Anatomia:
- Aorta abdominal se ramifica e forma o trombo celíaco que é composto por 3 grandes vasos: artéria gástrica esquerda (curvatura menor), artéria hepática (artéria gastro-epiplóica direita) (curvatura maior) e artéria esplênica (curvatura menor).
- Curvatura maior e curvatura menor são as partes mais vascularizadas do estômago.
· Incidência:
- Cães de raças grandes e tórax profundo (Dogue Alemão é o mais acometido).
- Qualquer idade.
- Sem predisposição sexual.
- Taxa de mortalidade: 18 a 56% em tratados.
· Fatores de risco:
- Raça: Dogue Alemão e raças grandes e gigantes.
- Peso: cães mais magros.
- Idade.
- Profundidade do tórax.
- Manejo alimentar.
- Esplenomegalia (baço mais pesado funciona como um pêndulo para o estômago) e esplenectomizados.
- Comportamento: apetite voraz.
- Exercício após ingestão de alimentos.
- Histórico familiar.
- Dieta: composição e frequência menor.
* Prevenção de torção gástrica para raças grandes/ gigantes (principalmente Dogue Alemão): indicação de cirurgia para fixação gástrica em parede abdominal.
· Patogenia:
- Dilatação (aerofagia, fermentação carboidratos, difusão) pode levar à um quadro de torção.
- Sentido da torção: horário (até 360° e é o tipo mais comum) e anti-horário (máximo 90°).
- Quanto maior a dilatação, maior a gravidade do caso.
- Dilatação gástrica leva a compressão da veia cava caudal e veia porta, que gera um retorno venoso menor, diminuindo a pré-carga e pós-carga cardíaca e diminuindo também o débito cardíaco, fazendo com que a frequência cardíaca se torne elevada para tentar compensar esse quadro de menor retorno venoso, causando assim uma má perfusão sanguínea, levando a um quadro de isquemia celular.
- Todo esse quadro acaba gerando uma acidose metabólica.
- Há a compressão diafragmática pela dilatação gástrica, fazendo com que não haja uma boa expansão do tórax (diminui taxas de O2), gerando uma taquipneia para uma possível compensação do sistema.
- Assim, gera maior consumo de O2 para poder haver uma maior contração muscular causada pela dificuldade respiratória.
- Todo esse quadro acaba levando o animal a hipóxia, acidose respiratória e consequentemente acidose metabólica. 
- Por todo o quadro, há vasoconstrição, gerando extravasamento de líquido para o exterior dos vasos sanguíneos, fazendo edema em órgãos abdominais e com essa perda de líquido, faz com que piore o débito cardíaco. 
- O sistema nervoso simpático tenta compensar todos esses danos liberando noradrenalina e adrenalina, que ativam o sistema renina-angiotensina-aldosterona, que faz vasoconstrição, retendo sódio para haver assim, retenção de líquido dentro dos vasos. 
- A taquicardia gera um menor tempo de diástole, causando pouca irrigação coronariana fazendo um quadro isquêmico no coração, levando à arritmias. As arritmias nessa síndrome também pelo quadro de isquemia pancreática que faz com que esse órgão libere fatores depressores do miocárdio.
- O tempo de evolução depende do grau de dilatação.
- A isquemia na mucosa do sistema digestório, causa necrose da parede desses órgãos, podendo levar as bactérias digestórias para a circulação causando um choque séptico e também à ruptura gástrica, extravasando conteúdo gástrico para a cavidade abdominal. Com a dilatação gástrica há também a distensão das artérias gástricas, podendo-as romper causando hemorragia.
- O choque séptico faz com que haja um quadro de SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica), e com a circulação prejudicada os linfócitos não conseguem migrar para todos esses sítios inflamatórios (choque séptico = liberação de inúmeros mediadores inflamatórios).
- Isquemia renal causa uma menor taxa de filtração glomerular, levando esse animal à um quadro de insuficiência renal aguda.
- Assim, com todos essas lesões e descompensações o sistema neuroendócrino para, redistribuindo a circulação apenas para cérebro e coração, fazendo uma falência múltipla de órgãos levando o animal a óbito.
- Choque obstrutivo Sepse SIRS.
· Sinais clínicos:
- Distensão progressiva e timpânica do abdômen.
- Mímica de vômito.
-Sialorreia.
- Inquietação.
· Sinais de choque:
1) Fase compensatória:
- Taquicardia e taquipneia.
- Normotensão ou hipotensão.
- Aumento TPC.
- Mucosas pálidas.
- Temperatura normal com mucosas frias.
2) Choque endotóxico: SIRS
- Taquicardia (>150 bpm) e taquipneia (>20 mpm).
- Hipotensão e normotensão.
- Aumento TPC.
- Mucosas congestas.
- Temperatura >39,5°C.
- Leucocitose com desvio a esquerda.
- Acidose.
3) Choque não compensado:
- Bradicardia.
- Pulso fraco.
- Depressão respiratória.
- Ausência de preenchimento capilar.
- Mucosas pálidas.
- Extremidades frias e hipotermia.
· Diagnóstico:
- Exame clínico.
- RX: ditalação X torção (linha de compartimentalização).
· Tratamento pré-operatório:
- Fluido isotônico (em membro torácico): 80 – 90mg/kg em 30 a 60 minutos.
- Colóides (hetastarch) DESUSO.
- Solução NaCl hipertônica 7,5% (4 a 5 ml/kg).
- Dopamina ou Dobutamina.
- Oxigenioterapia.
- Descompressão gástrica (tubo orogástrico em casos de dilatação e gastrocentese percutânea em casos de torção).
- Corticosteroides: prednisolona (10mg/kg IV) ou succinato de metil prednisolona (30mg/kg IV).
- Antioxidantes: deferoxamine (50mg/kg IM ou IV).
- Antibiótico de amplo espectro.
- AINE: flunixin meglumine.
- Analgésico: dipirona/ tramadol.
- Monitorizaçãocardíaca.
- Lidocaína: infusão contínua: antiarrítmico, anti-inflamatório, pró-cinético e analgésico.
· Tratamento cirúrgico:
- Laparotomia: descompressão (sonda); esplenectomia se viável e necessário; reposicionamento; gastrotomia se necessário; gastrectomia (parcial - avaliar viabilidade, se estômago estiver muito necrosado = eutanásia); gastropexia se possível (incisional é a mais realizada – fixação do piloro no peritônio); lavagem da cavidade.
· Tratamento pós-operatório:
- Fluidoterapia: 8 a 10ml/kg/hora.
- Anemia: transfusão sanguínea.
- Analgésicos: opióides.
- Antibióticos.
- Antagonista H2.
- Manter monitor cardíaco.
· Complicações:
- Choque: tratamento inadequado da hipovolemia e hipotensão anestésica; séptico – absorção de bactérias e toxinas.
- Arritmias: 30 a 50% dos casos nas primeiras 12-36 horas; taquicardia ventricular ou VPC; causas: distúrbio hidroeletrolítico (hipocalemia), isquemia do miocárdio e fator depressor do miocárdio.
- Síndrome de reperfusão: RLO, mediadores da inflamação e outras toxinas; quelantes de ferro (deferoxamine), inibidores da xantina-oxidase (allopurinol) e captadores de radicais livres (dimetil sulfóxido).
- Necrose e perfuração gástrica.
· Prognóstico:
- Reservado a mau.
- Necrose gástrica: sobrevida de 10 a 54%.
- Sem necrose: 86 a 95%.
- Taxa de recidiva: com gastropexia = <10% e sem gastropexia = >80%.
· Sistema digestório: Intestino delgado
· Anatomia:
- Abdômen: espaço retroperitoneal e espaço peritoneal.
- Peritônio visceral (serosa) recobre os órgãos que são evaginações (meços – sustenta sistema digestório) do peritônio parietal.
- Os meços são responsáveis pela passagem de vasos e nervos.
- Duodeno, íleo, ceco estão localizados no abdômen dorsal médio.
- Intestino: mucosa, submucosa, camada muscular, serosa.
- Borda mesentérica: onde vasos e meços se fixam no intestino.
- Borda anti-mesentérica: onde não há fixação de vasos e meços.
- O acesso cirúrgico é realizado em borda anti-mesentérica pois possui menor vascularização.
· Obstruções intestinais:
1. Etiologia:
- Obstruções intraluminais: interrompe o fluxo aboral. Geralmente são causadas por corpos estranhos, não afetando as camadas intestinais.
- Obstruções intramurais: espessamento da camada mucosa, submucosa e/ou muscular. Normalmente causadas por neoplasias (carcinomas). 
- Compressões extramurais: afecções fora do intestino, como, aderências, hérnias, neoplasias em outros órgãos abdominais, etc.
- Corpos estranhos, neoplasias e hematomas intramurais, intussuscepções, aderências e encarceramentos.
2. Fisiopatologia:
- Simples: não há má perfusão intestinal.
- Estranguladas: mais grave, há má perfusão intestinal, causando isquemia da parede e alterações das camadas. Primeiro há necrose das camadas mucosas e submucosas. Há o aumento da compressão vascular, fazendo assim, que a pressão hidrostática também aumente, extravasando muito líquido para o interior das alças, gerando um ambiente propicio para a multiplicação bacteriana. Assim, o segmento anterior à obstrução se distende com a grande quantidade de líquido e gás formado. Já o segmento posterior à obstrução, há menor distensão que o anterior, pela menor quantidade de líquido e gás. Todas essas complicações causam um quadro de toxemia e peritonite no animal obstruído.
3. Sinais clínicos:
- Obstrução proximal: manifestações mais agudas. Anorexia, vômito profuso e frequente (várias vezes ao dia), desidratação, depressão, dor abdominal e diarreia.
- Obstrução distal: sinais mais brandos. Anorexia ou hiporexia, vômito com menor frequência, desidratação, perda de peso, doa abdominal, distensão das alças por gás e liquido diarreia, tenesmo ou constipação.
- Obstrução parcial (corpos estranhos, pólipos, abscessos): vômito esporádico, hiporexia, diminuição do volume de fezes, emagrecimento progressivo, diarreia crônica.
4. Diagnóstico: 
- Histórico.
- Exame físico.
- Radiografia simples ou contrastada/ Ultrassonografia.
5. Tratamento clínico:
- Restabelecer equilíbrio hidroeletrolítico (ringer lactato).
- Antibióticos (quinolonas - Ciprofloxacino, Metronidazol).
- Analgésico/ Antiespasmódico.
- Antiemético de ação central (Ondansetrona, Ranitidina).
6. Tratamento cirúrgico:
- Avaliação da viabilidade intestinal (coloração – rósea, pulso das artérias presente, peristaltismo presente).
- Inspecionar toda a cavidade abdominal.
- Cuidados com assepsia.
· Obstruções por corpos estranhos:
1. Locais:
- Duodeno.
- Junção íleo-ceco-cólica.
2. Sintomas:
- Dependem do grau e local de obstrução.
3. Diagnóstico:
- Radiografia: segmentos proximais dilatados (CE radiopaco – não visualização, trânsito contrastado).
- Ultrassonografia e endoscopia.
4. Tratamento clínico:
- Monitorar CE.
5. Tratamento cirúrgico:
- Enterotomia + enterorrafia.
- Enterectomia + enteroanastomose.
6. Corpos estranhos lineares:
- Mais frequente em gatos.
- Sempre examinar base da língua.
- Pregueamento das alças.
- Laceração da borda mesentérica = peritonite.
- Tratamento: liberar extremidade da base da língua, gastrotomia e enterotomias múltiplas.
· Intussuscepção:
1. Componentes: 
- Intussuscepto: segmento invaginado.
- Intussuscipiente: segmento envolvente.
2. Fisiopatologia:
- Obstrução circulatória gera isquemia e edema na alça intestinal, causando necrose e posterior peritonite.
3. Etiologia:
- Aumento do trânsito intestinal (infecções).
- Corpo estranho linear.
- Neoplasias intestinais.
- Aderências.
4. Sintomas:
- Vômitos (se intussuscepção for jejuno-jejunal = vômito fecalóide).
- Dor abdominal.
- Fezes com muco ou sangue ou aquesia.
5. Diagnóstico:
- Histórico.
- Palpação abdominal.
- Radiografia: obstrução intestinal, massa de tecido mole tubular, obstruções parciais – contraste.
- Ultrassonografia: lesão em forma de alvo/rocambole, acúmulo de líquido proximal e diminuição do peristaltismo.
6. Tratamento:
- Redução manual quando não houver necrose.
- Enteroanastomose.
- Entero pregueamento (evitar recidivas múltiplas).
7. Prognóstico: 
- Depende da causa e estado geral do paciente.
· Técnicas cirúrgicas:
1. Enterotomia:
- Indicações: corpo estranho, corpo estranho linear e biópsias.
- Incisão na borda anti mesentérica e longitundinal do tamanho necessário.
- Para enterorrafia: sutura aposicional pegando todas as camadas (invaginante causa estenose e evaginante causa deiscência de pontos). Fio absorvível ou inabsorvível 3-0 ou 4-0, Nylon, Vycril ou Monocryl.
2. Ressecção e anastomoses intestinais:
- Indicações: intussuscepções, corpo estranho e neoplasias.
- Sempre fechar os meços com ponto simples interrompido e fio absorvível sintético.
- Anastomoses possíveis de serem realizadas são a término-terminal, latero-lateral e término-lateral.
- Sutura com ponto simples interrompido, fio monofilamentado absorvível ou não 3-0 ou 4-0.
3. Pós-operatório:
- Fluidoterapia.
- Antibiótico de amplo espectro e analgésicos.
- Após 8-12 horas: oferecer água.
- Após 12-24 horas: dieta pastosa.
- Após 48 a 72 horas: reiniciar dieta normal fracionada (4 a 5 vezes ao dia).
· Sistema digestório: Intestino grosso
- Afecções em intestino grosso são menos frequentes e normalmente são extramurais.
· Constipação e obstipação:
- Constipação: dificuldade de eliminar fezes ressecadas e é resolvido clinicamente (laxante, lavagem).
- Obstipação: acúmulo de fezes ressecadas, intratável apenas clinicamente, necessário procedimento cirúrgico.
1. Etiologia:
- Primárias: acúmulo de material.
- Secundárias: obstruções por estenoses ou processos dolorosos.
2. Apresentação clínica:
- Mais frequente em animais idosos.
- Histórico: fraturas de coxal, ingestão de ossos.
- Sintomas: anorexia, vômitos, dor abdominal, tenesmo.
- Diagnóstico: radiografia.
3. Tratamento clínico:
- Laxantes: óleo mineral, lactulose.
- Enemas.
- Ordenha do conteúdo por palpação abdominal.
4. Tratamento cirúrgico:
- Colotomia.
- Sutura em 1 ou 2 planos.
- Fio Nylon 3-0 ou 4-0.
5. Pós-operatório:
- Antibióticos.
- Laxantes.
- Dieta.
- Tratar causa primária.
· Prolapso de reto:
-Parcial/ Anal ou completo.
- Fatores predisponentes: parasitismo intestinal, colites, prostatites, neoplasias, hérnia perineal, cistites, distocia.
- Diagnóstico: apresentação e causa primária.
- Exames complementares: coproparasitológico, hemograma, bioquímica, radiografia abdominal e ultrassonografia.
- Diagnóstico diferencial: intussuscepção.
- Tratamento: depende da viabilidade da alça.
Redução do prolapso: gelo e dextrose 50% ou açúcar; redução manual (com sedação) e fazer sutura em bolsa de fumo.
Ressecção e anastomose do reto: em casos de necrose.
Colopexia: casos recidivantes.
· Cabeça e pescoço
· Pavilhão auricular:
· Otohematoma:
1. Definição:
- Coleção líquida entre a face interna da pele e a cartilagem do pavilhão auricular.
2. Causas:
- Otite e doenças cutâneas (auto-traumatismo – prurido).
- Fragilidade capilar (mais raro).
3. Tratamento:
- Punção: apenas em casos muito recentes e menores. Aplicar bandagens compressivas após. 
- Inserção de dreno (brinco): mais utilizado. Drenagem contínua do líquido, cicatrizando a pele na cartilagem, eliminando o espaço morto. Realizar duas incisões paralelas e entre elas se faz a divulsão da pele e se insere uma pinça hemostática para a colocação do dreno (sonda uretral), após procedimento manter animal com bandagem compressiva. Brinco permanece em torno de 15-20 dias na orelha do animal (até cicatrização).
- Cirurgia: se realiza quando há recidiva por conta de formação de cápsula fibrosa. Se faz incisão longitudinal ao longo de todo o hematoma, fazer pontos em U entre pele e cartilagem, sempre na vertical. Após cirurgia, prende orelha sobre a cabeça com bandagem e fazer retirada de pontos após 15-20 dias.
· Anatomia ouvido:
· Ressecção lateral do canal vertical:
- Indicações: estenose do canal por hiperplasia do epitélio, lesões neoplásicas da parede lateral, otite externa crônica não responsiva ao tratamento clínico.
- Manter tratamento clínico.
- Principal complicação: deiscência de pontos.
· Ablação do canal vertical:
- Indicações: otite hiperplásica irreversível, trauma ou neoplasia do canal vertical.
· Ablação total do conduto auditivo externo:
- Indicações: otite externa crônica pós-aeração, calcificação da cartilagem auricular interna, hiperplasia epitelial severa levando à estenose do conduto e neoplasia do conduto horizontal.
- Osteotomia da bula timpânica.
- Complicações: paralisia do nervo facial, fístula ou deiscência de pontos, celulites e infecção, síndrome vestibular: alterações posturais, nistagmo e head tilt. Complicações ocorrem em 26 a 82% dos casos.
- Antes da cirurgia realizar cultura e antibiograma e realizar antibioticoterapia adequada 30 dias antes e 30 dias após procedimento.
- Síndrome vestibular pode ser permanente.
· Glândulas salivares:
· Mucoceles ou sialoceles:
- Definição: formações que contém saliva revestida por tecido fibroso no subcutâneo ou submucosa quando há ruptura do ducto salivar da glândula afetada. Não são cistos.
- Acomete mais as glândulas sublinguais e mandibulares.
- Predisposição: qualquer idade, Poodles e Dachshunds.
- Etiologia: não são bem estabelecidos. Traumas e sialolitos (cálculos salivares).
- Apresentação: volume cervical ventral indolor e flutuante, rânula (mucocele sublingual em cavidade oral – embaixo da língua).
- Diagnóstico: paracentese, sialografia e biópsia do material excisado.
- Tratamento: punção NÃO é opção de tratamento. Cervicais – sialodenectomia + drenagem da mucocele. Rânula – marsupialização.
· Corpo estranho esofágico:
- Locais: entrada do tórax, base do coração e esôfago caudal.
- Apresentação clínica: obstrução parcial ou total, regurgitação de sólidos, mímica de vômito, engasgo, salivação, inquietação, letargia, inapetência. 
- Perfuração esofágica: pneumomediastino, pneumotórax, mediastinite, pleurite, piotórax = febre, depressão e dispneia.
- Pneumonia por aspiração.
- Diagnóstico: radiografia simples ou esofagograma, esofagoscopia.
- Tratamento: 
1. Endoscopia: pinça endoscópica.
2. Gastrotomia: empurrar corpo estranho para o estômago.
3. Esofagotomia ou ressecção e anastomose: sutura em dois planos.
- Pós-operatório: endoscopia sem perfuração (2 dias de jejum e dieta pastosa), esofagotomia ou endoscopia com perfuração (3 a 7 dias sem ingestão de alimento), tratamento suporte. 
· Esofagostomia:
- Indicações: anorexia e distúrbios da cavidade oral ou faringe.
- Contraindicações: distúrbios do esôfago (esofagite, estenoses e megaesôfago).
· Traqueostomia:
- Temporária ou definitiva.
- Temporária: cirurgias bucais ou craniais na traqueia, obstruções de vias aéreas superiores.
- Definitiva: obstruções respiratórias superiores que não podem ser corrigidas com êxito.
· Feridas
- Debridação.
- Lavagem com antisséptico.
- Bandagem (cicatrização por segunda intenção).
- Sutura? (Avaliar).
· Processo de cicatrização:
- 3 fases: inflamação, proliferação e maturação ou remodelamento.
Inflamação: predomínio de neutrófilos.
Proliferação: predomínio de macrófagos.
Maturação: predomínio de fibroblastos.
1. Fase inflamatória: 
2. Fase de proliferação:
- Tecido de granulação (fibroblastos + novos capilares + tecido fibroso).
- Proliferação e migração epitelial (epitelização).
- Contração da ferida: de 3 a 6 dias após a lesão, 0.6 a 0.7 mm ao dia, miofibroblastos.
- Depende da elasticidade da pele.
- Tecido frágil.
3. Fase de maturação e remodelamento:
- Deposição e organização das fibras colágenas.
- Máxima deposição de colágeno (17 a 20 dias).
· Cicatrização úmida das feridas:
- O ambiente úmido permite uma ótima cicatrização.
- Acelera o desbridamento seletivo.
- Acelera epitelização.
- Estimula granulação.
- Reduz dor e prurido.
· Classificação das feridas:
1. Etiologia (força):
- Abrasão (fricção): aspecto ralado, camadas superficiais.
- Avulsão ou deluvamento: arrancar a pele. Deluvamento mecânico e deluvamento fisiológico (lesão vascular).
- Incisão: cortantes, sem perda tecidual significativa.
- Laceração: perda tecidual, ferida irregular.
- Perfuração.
2. Grau de contaminação e duração: 
- Classe 1: 0 a 6 horas, contaminação mínima.
- Classe 2: 6 a 12 horas, contaminação significativa.
- Classe 3: 12 h ou mais, contaminação grosseira ou infecção.
3. Grau de contaminação:
- Ferida asséptica.
- Ferida limpa contaminada.
- Ferida contaminada.
- Ferida infectada.
· Fatores locais e a infecção da ferida:
- Predispõe infecção: corpo estranho, tecidos necróticos, tensão na sutura, hematomas e seromas, espaço morto, excesso de material de sutura, fio inadequado.
· Fatores sistêmicos e a infecção:
- Doenças sistêmicas: diabetes melitus, HAC, anemia, uremia, viroses felinas, idosos.
- Agentes farmacológicos: corticosteroides (inibe inflamação e consequente cicatrização), quimioterápicos e anti-inflamatórios.
· Queimaduras:
- Primeiro grau: epiderme.
- Segundo grau: epiderme e extensão variadas da derme.
- Terceiro grau: toda pele e tecidos subjacentes. 
- Tratamento: retirada precoce dos tecidos desvitalizados, primeiro e segundo grau – cicatrização por segunda intenção, terceiro grau – reconstrução? 
· Cuidados com a ferida:
- Controle da contaminação.
- Desbridamento dos tecidos mortos, sujidades e debris.
- Promoção de drenagem adequada.
- Manutenção do leito vascular viável.
- Escolha do método adequado de tratamento.
- Proteger durante o transporte.
- Avaliar as condições gerais do paciente.
- Avaliar a ferida.
- Extremidades: avaliar integridade vascular, neural e ortopédica.
- Proteger a ferida durante a preparação da pele circunjacente.
- Cabeça: proteger os olhos.
- Se necessário, banhar o paciente.
· Soluções para lavagem das feridas:
1. Água corrente: indicações – periferia da lesão, feridas com contaminação grosseira. Desvantagens – dano celular.
2. Solução salina e ringer lactato: indicação – feridas limpas. Vantagens – isosmóticas e estéreis. Desvantagem – sem ação antimicrobiana.
3. Clorexidine: indicação – feridas contaminadas. Vantagens – largo espectro, ação residual, sem absorção significativa ou toxicidade.Desvantagens – inflamação sinovial, precipita em ringer lactato ou solução fisiológica, gram negativas resistentes.
4. Iodo povidine: indicação – feridas contaminadas ou infectadas. Vantagens – largo espectro e não irritante. Desvantagens – inativado por material orgânico, tóxico para tecidos em cicatrização, absorção sistêmica. Forma detergente é irritante. 
5. Peróxido de hidrogênio 3%: indicações – feridas grosseiramente contaminadas com potencial para infecção anaeróbica. Vantagem – ação esporocida. Desvantagens – poder bactericida mínimo, enfisema dos tecidos, citotóxico.
6. Líquido de Dakin (hipoclorito de sódio): liquefaz tecido necrótico, bactericida, reduz resistência da cicatriz, maior tempo de cicatrização. 
· Antibioticoterapia:
- Staphylococcus intermedius, Streptococcus sp, Pasteurella (mordidas).
- Antibióticos sistêmicos – indicações: lesões profundas em fáscias e musculatura, presença de tecido necrótico após o debridamento, animais imunossuprimidos e sinais de infecção local instalada ou sistêmica.
- Antibióticos mais indicados: Cefalosporinas, Amoxicilina + Ácido clavulânico, Enrofloxacino, mordidas: Pasteurella sp – Ampicilina ou Amoxicilina.
· Debridamento:
- Necrose = prejudica cicatrização, favorece a infecção.
- Remoção de material estranho, tecido necrótico e microrganismos.
- Cirúrgico: em planos ou em blocos.
- Mecânico: bandagens aderentes.
- Enzimático: quimiotripsina ou colagenase.
- Autolítico.
- Biocirúrgico.
· Tipos de fechamento de feridas:
- Primeira intenção ou fechamento primário: suturas aposicionais, cirurgias reconstrutivas.
- Segunda intenção: retração e epitelização.
- Terceira intenção: fechamento primário retardado – 48 a 72 horas após lesão, antes do tecido de granulação. Fechamento secundário – com tecido de granulação (> 5 dias após a lesão).
1. Fechamento primário:
- Condições: contaminação mínima, lesão recente, hemostasia adequada, ausência de tensão e espaço morto na ferida.
- Técnica: sutura em planos, fio inabsorvível monofilamentado 3-0 ou 4-0, inserção de dreno?
2. Segunda intenção:
- Contração e epitelização.
- Feridas extensas e contaminadas.
- Maior retração cicatricial.
- Feridas abertas sempre devem ser cobertas por bandagens.
- Reavaliar: excesso de tecido de granulação, inversão nos bordos da ferida, fibrose e tecido de granulação pálido e liso.
· Bandagens:
- Importância: limpeza, menos edema e hemorragia local, elimina espaço morto, maior conforto, imobiliza tecido lesado, minimiza tecido cicatricial, secreções, aquece e mantém a umidade.
- Composta por três camadas: contato, intermediária e externa ou protetora.
1. Camada de contato:
- Funções: desbridar tecidos, carrear a medicação, absorver exsudato e minimizar dor e perda de líquido.
- Aderente: seca ou úmida, gaze troca diária.
- Não aderente: oclusiva ou semioclusiva, drena sem maceração, cicatrização úmida, gaze com nitrofurazona ou petrolatum, ou outras pomadas.
- Feridas fechadas (cirúrgicas): não aderente com pouca capacidade de absorção. Seca – troca a cada 7 dias.
2. Camada intermediária:
- Funções: proteção, absorção, restrição de movimento, redução de espaço morto e edema.
- Composição: algodão hidrofílico.
- Fraturas associadas: talas.
3. Camada externa:
- Fixação.
- Faixa de fita crepe ou elástica.
- Esparadrapo.
- Cuidados com as bandagens: aplicação uniforme, muito apertada prejudica a circulação, acompanhamento diário e cuidados especiais com as extremidades.
· Medicamentos tópicos:
1. Açúcar: antibacteriano, maior epitelização, menor edema, formação do tecido de granulação.
2. Ketanserina 0,25% (Regepil): estimula fibroblastos, evita granulação excessiva.
3. Alantoína + óxido de zinco + clorexidine (Alantol): debridamento químico, estimula proliferação celular, antisséptico.
4. Bacitracina + neomicina (Nebacetin): feridas pequenas e contaminadas, largo espectro, baixa absorção e toxicidade.
5. Nitrofurazona: largo espectro, hidrofílico, hidrossolúvel, retarda a epitelização da ferida.
6. Colagenase, fibrolisina (Fibrase, Iruxol mono): degrada tecido necrótico, exsudato e coágulos, pouco eficaz em grandes áreas de necrose, controversa.
7. Sulfadiazina de prata 1% (Dermazine, Kuraderm): debridamento e estimula epitelização, gram positivas e negativas, sensação de frescor, curativos BID, indicada para queimaduras.
8. Aloe vera, acemanan: atividade antimicrobiana (Pseudomonas), estimulam os fibroblastos, pode formar excesso de granulação.
10. Ácidos graxos essenciais (Dersani): promovem quimiotaxia e angiogênese, mantém o meio úmido, aceleram o processo de granulação tecidual, auxiliam o debridamento autolítico.
· Curativos comerciais:
1. Hidrocolóides e hidrogéis: absorvente, autoadesivo, mantém ambiente úmido, desbridamento autolítico, promovem a epitelização, conforto.
2. Drenos: indicações – contaminação residual, hematomas e espaço morto. Podem ser passivos e ativos.
· Cirurgias reconstrutivas
· Anaplastias:
- Indicações: grandes defeitos cutâneos originados por excisão de neoplasias ou traumatismos.
- Linhas de tensão: elasticidade local, a tensão na sutura causa isquemia tecidual e deiscência, incisões e suturas devem ser preferencialmente paralelas a linha de tensão. 
- Técnica para alívio da tensão: divulsão, expansores cutâneos, pré-sutura (walking suture).
- Z-plastia.
- Técnica V – Y.
· Flaps cutâneos:
- Flaps locais: avanços, pediculados.
- Flaps axiais.
- Enxertos livres.
- Fatores que influenciam na escolha da técnica: localização da ferida, elasticidade do tecido adjacente, suprimento sanguíneo regional.
- Flaps pediculados: são segmentos da epiderme e derme destacadas parcialmente de locais doadores e usadas para cobrir defeitos, possuem suprimento sanguíneo. Escolha do local doador: elasticidade da pele e circulação.
- Flap axial: incluem uma artéria e uma veia cutânea direta em sua base, devem ser levantados e transferidos dentro do seu raio, geralmente são em L ou retangulares.
- Flap em ilha: retalho microvascular.
- Flaps compostos: miocutâneos.
· Enxertos:
- Transferência de um segmento de derme e epiderme livres para um local receptor distante.
- Espessura completa (derme/epiderme) ou parcial (epiderme e derme parcial).
- Condições do leito receptor: vascularização adequada, ausência de contaminação, ausência de secreções (contato adequado), pouco movimento (bandagens).
- Falência: movimento, infecção e separação enxerto/ leito receptor.
- Tipos: espessura total (lâmina, ilha ou malha) e parcial.

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