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mínimo, mas desenvolve um papel estratégico da implementação de uma série de políticas sociais. Na contemporaneidade, as atividades do setor moderno e integrado da economia se entrelaçam entre si, efetivam transações envolvendo diversos capitais: capital financeiro, capital bancário, capital tecnológico, capital digital, capital social, para poder competir e obter lucros e acúmulo de capital. Analisando o neodesenvolvimentismo nós podemos considerar, em âmbitos gerais, que é um novo projeto do capital, visto que anteriormente, com o neoliberalismo, tinha-se o princípio categórico, o máximo de investimento e atenção para o setor econômico e o mínimo para a área social. Assim o Estado era chamado como Estado mínimo, porém essa fundamentação passa a configurar-se por uma outra lógica na atualidade, onde não se considera mais um capitalismo selvagem, mas um capitalismo voltado também para o desenvolvimento social concomitantemente. A busca incansável do crescimento econômico flexiona a lógica de “máximo para o econômico e mínimo para o social”, base da ideologia neoliberal, para passar a assentar-se na ideia de um “capitalismo humanizado” sem, no entanto, romper com o conservadorismo, que é base da formação social, econômica e política brasileira. Trata-se de um novo projeto do capital, que busca equilibrar crescimento econômico e desenvolvimento social (CASTRO, 2013, p. 363). O novo desenvolvimentismo emerge da nova face das políticas sociais compensatórias de inclusão social forjada, forçada e precária, com o intuito de estimular o sistema capitalista na garantia de que todas as necessidades serão saciadas pelo consumismo. UNI O Estado era chamado como Estado mínimo, porém essa fundamentação passa a configurar-se por uma outra lógica na atualidade, onde não se considera mais um capitalismo selvagem, mas um capitalismo voltado também para o desenvolvimento social concomitantemente. HOJE TEMOS UM ESTADO DE DIREITO! Ou, pelo menos é o que a população brasileira pretende ter, um Estado democrático de direito. TÓPICO 1 | O SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO, LIBERALISMO E NEOLIBERALISMO 85 Segundo Castro (2013, apud PRATES, 2014, p. 6), Na perspectiva caracterizada como neodesenvolvimentista, o mercado ampliado onde transitam diferentes interesses, demandas e classes, é utilizado, ideologicamente, como lugar de referência onde as distâncias sociais são diminuídas pelo fetiche do direito ao consumo que dissimula uma “integração” social, que na verdade se configura como “inclusão forçada” e precária com fins de estimular o mercado. O que percebemos é que o impulso das políticas sociais através de programas de transferência de renda, direcionados às camadas populacionais mais necessitadas, gera uma falsa e ilusória integração social. Não podemos negar os avanços consideráveis e conquistas no âmbito das políticas sociais, porém promoveu a precarização existencial. Castro (2013, p. 363) especifica que “A inovação da transferência de recursos através do cartão em conta bancária imprime um certo status de cidadania aos pobres, historicamente identificados como os não cidadãos”. De forma crítica, estamos aqui enfatizando as políticas sociais como compensatórias, visto que não estamos seguindo a lógica de pensamento e perspectiva do neoliberalismo, que se transformou na atualidade em neodesenvolvimentismo, mas sim, tendo como fundamento e base a perspectiva crítico-dialética. Assim, sobre as políticas compensatórias, Castro (2013, p. 363) também esclarece que: As políticas compensatórias, contemporaneamente, destacadas no âmbito das políticas sociais, são reflexos deste novo ciclo de reordenamento do capital, que tem no Estado uma intervenção mais atuante na extrema pobreza. Sob a ótica de equilibrar crescimento econômico e desenvolvimento social, o Brasil tem dado ênfase às políticas de transferência de renda, e segue no seu percurso de buscar o desenvolvimento econômico, desta feita, como país emergente que tem alcançado, nos últimos anos, patamares satisfatórios na economia mundializada. A ideia de integralidade e universalidade, descentralização, participação e controle social, em âmbitos gerais, se passa uma visão da efetivação da cidadania plena teoricamente falando, no entanto, simultaneamente esse projeto de neodesenvolvimetismo produz fragmentos sociais. Podemos considerar esses fragmentos sociais, como, por exemplo a passividade humana, o conformismo, a indiferença, a neutralidade, a omissão, a apatia e a inércia coletiva, tanto é que os movimentos sociais organizados desapareceram do cenário nacional na contemporaneidade e as pessoas deixaram de expor suas ideias, interesses e reivindicações, evitam se expor e pouco protestam ou lutam por direitos ou valores em que acreditam, evitam qualquer tipo de conflito. Martins (1998, p.16), sobre a neutralidade, enfatiza: A neutralidade consideravelmente nos torna omisso da modificação dos fatos expostos e nos traz a marca que contrariamente poderíamos 86 UNIDADE 2 | O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL acreditar que não tivemos nada com o acontecido partimos do contrário. Que pela nossa neutralidade prejudicamos a possibilidade de uma transformação construtora de possibilitar igualdade ou reconhecer diferenças, estas diferenças são contrárias a lógica da desigualdade. Podemos constatar que uma das estratégias do “neodesenvolvimentismo” é o incentivo ao consumo com o objetivo de estimular a economia para que o país venha a um patamar competitivo e imponente no processo da mundialização econômica, porém, para alcançar esse fim, utiliza como meio as políticas de transferência de renda, que são focadas na extrema pobreza. Nesse sentido, a função do Estado "neodesenvolvimentista" é regular e impulsionar cada vez mais de forma eficiente o crescimento econômico, porém com inclusão social. É o estilo do capitalismo não mais selvagem, mas com a lógica de um sistema capitalista humanizado que garante a cidadania através das políticas sociais e, desse modo, melhorando ou aumentando, mesmo que seja no mínimo e aparente, o índice de indicadores sociais. Pressupõe uma retomada ou alavancada do crescimento e desenvolvimento do país. FIGURA 15 – ESTRATÉGIAS NEOLIBERAIS E NEODESENVOLVIMENTISTAS UNI É antiga e bem conhecida essa história de utilização das políticas sociais pelo Estado como processo e forma de regulação, controle e determinação das relações econômicas. Nesse sentido, podemos alterar o ditado de que os fins justificam os meios, pois a lógica do neodesenvolvimentismo é que os meios justifiquem o fim, e não o contrário, pois o que mais importa é o consumo, o poder econômico. FONTE: A autora (2015) TÓPICO 1 | O SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO, LIBERALISMO E NEOLIBERALISMO 87 E é nesse contexto atual, de um Estado neodesenvolvimentista, que o Serviço Social circula, adentrando nas políticas sociais, procurando responder às necessidades humanas conforme os ramos da ética, da ética profissional. Por isso o assistente social não pode deixar de aprofundar cada vez mais o tema da complexidade, que também condiz com o tema da “questão social”, numa perspectiva de atitude crítica, reflexiva e interventiva no enfrentamento à pobreza e da desigualdade social em todos os âmbitos, para a melhoria da qualidade de vida das pessoas na sociedade em todos os sentidos. Pouco tempo atrás, a pobreza era entendida em termos de rendimento ou de falta deste, significava não ter meios econômicos para pagar por uma boa alimentação, ter uma habitação adequada, ter recursos para pagar as contas mensais de água, energia, entre outros, para a sobrevivência necessária, e só. Mas a pobreza não consiste apenas em rendimentos ou numa alimentação