Buscar

Psicologia social Introdução e Mead

Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO
PSICOLOGIA SOCIAL
Qual o objeto de estudo da psicologia? 
O homem – objeto comum a todas as ciências humanas 
O sujeito psicológico – surge no discurso ocidental no final do século XIX e início do XX - Escolas
Começa a enunciar verdades a respeito de instâncias psicológicas: 
Psiquismo 
Cognição
Consciência/Inconsciente
Identidade/Self
2
“nesta dança de objetos observável ao longo de todo o século XX pode-se notar ainda um movimento de deslocamento do biológico para o cultural, do natural para o histórico, do individual para o coletivo;(...)buscando superar as concepções idealistas, subjetivistas e individualizantes.” (Filho e Martins pág15)
3
 O que é psicologia social? 
Área/campo de conhecimento
Disciplina
 “toda psicologia é social” porque:
“[...] não se pode conhecer qualquer comportamento humano isolando-o ou fragmentando-o, como se este existisse em si e por si.” (Lane, 1994:19). 
4
 Quando o comportamento se torna social?
 
É possível comportamentos que não sejam sociais nos seres humanos ?
5
Psicologia social vai estudar o comportamento dos indivíduos no que eles são influenciados socialmente. 
Nos estudos de Desenvolvimento Humano (PAPALIA, 2013)
Três âmbitos: físico, cognitivo e o psicossocial
MATURAÇÃO
AMBIENTE
HEREDITARIEDADE
6
INATO X ADQUIRIDO
NATIVISMO X EMPIRISMO
NATUREZA X EDUCAÇÃO 
HEREDITARIEDADE X AMBIENTE
7
 ABORDAGEM AMBIENTALISTA 
John Locke – filósofo (1632-1704)
Mente do recém-nascido é uma tabula rasa 
Adepto desse pensamento – John B. Watson (1878 – 1958)
Fundador behaviorismo 
Aprendizagem
8
 ABORDAGEM NATIVISTA
René Descartes – filósofo (1596-1650)
Mente do recém-nascido já tem estruturas “prontas” ao nascer 
Inteligência, personalidade, traços físicos, etc.
Herança biológica
Tendências do ser humano não podem ser alteradas por aprendizagem 
9
 ABORDAGEM NATIVISTA
Erros da abordagem
Herança genética – os genes – são bases para o desenvolvimento 
O que é inato não é necessariamente genético 
Polêmica entre instinto (inato) X adquirido (aprendido) permanece
10
 Maturação
Mudanças típicas esperadas no desenvolvimento do corpo e do cérebro 
Processos que “todas” as pessoas são submetidas
Ritmos e momentos variam nas pessoas – existe uma média
Quando o desvio da média é extremo se fala em precocidade ou retardo.
11
 Períodos Críticos e Sensíveis 
Konrad Lorenz (1957)
Fenômeno Imprinting (impressão) 
Predisposição para aprendizagem num 
Período crítico
Intervalo de tempo específico no qual um acontecimento ou sua ausência 	causa uma determinada mudança no desenvolvimento
Nos gansos esse período podia ser alterado, não era fixo.
12
 Períodos Críticos e Sensíveis 
Seres Humanos – Períodos Sensíveis
Plasticidade 
Há hipótese de período crítico para humanos – aquisição da linguagem – proposta por Eric Lenneberg (1967)
13
E como surge a PSICOLOGIA SOCIAL?
14
 Wundt – fundador da Psicologia como ciência experimental 
Na Alemanha – laboratório em Leipzig
10 Volumes – “Psicologia dos Povos”
Considerações psicológicas sobre qualidades intelectuais e morais dos povos
(Ericiera, 207)
 
15
 Silvia Lane faz a seguinte divisão:
Após a Primeira Guerra (1914- 1918) – começa uma grande sistematização dos fenômenos psicossociais 
Em 1950 – 2 tendências
16
Estados Unidos
Pragmática
Europa
Inclinações fenomenológicas 
Auge na 2º guerra mundial
Pesquisas experimentais
Outra contribuição texto do GUARESCHI
Sobre origem da Psicologia social é preciso ter em mente a existência na época de dois “movimentos” na Modernidade 
Esses movimentos estão presentes na história e nas origens da Psicologia Social. Quando ela migrou e lançou fortes raízes no resto do mundo, principalmente nos EUA 
17
18
Materialismo Científico
Fazer experimentos para descobrir leis
Individualismo Cartesiano
Descartes – (eu) “penso, logo existo”
Ética era se esforçar para encontrar regularidades – o homem perfeito
Não existe nada além da matéria/biológico
Individualismo como ideologia da cultura ocidental
Social/coletivo era irracional 
Outra contribuição texto do GUARESCHI
A herança de Wundt foi uma psicologia experimental que não era social para tornar a Psicologia ciência, mas escreveu sobre Psicologia dos Povos
A Psicologia se desenvolve depois com Watson – fundador do behaviorismo
Rejeita para a psicologia referência à consciência, à mente ou ao self – são sobrenaturais, pertencem a filosofia.
Privilegia referências ao observável, o externo, o material. 
19
 Viés pragmático dos EUA
Duas obras, publicadas no ano de 1908, fundação oficial da Psicologia Social moderna na América do Norte: 
Uma introdução à psicologia social, de William McDougall, e o livro Psicologia social: uma resenha e um livro texto, de Edward Ross (sociólogo)
Livro texto de Psicologia Social publicado em 1924, por Floyd Allport, um dos mais famosos psicólogos sociais behavioristas da época
20
 Viés pragmático dos EUA
Essa abordagem têm seu ápice na década de 60
PS voltada para estudos experimentais dos indivíduos
Governo está voltado para grupos minoritários e socialmente desprivilegiados 
Queriam levar esses indivíduos a serem previsíveis e produtivos 
Criar fórmulas de ajustamento e adequação do comportamento do indivíduo ao contexto social
Alguns teóricos: Kurt Lewin , Leon Festinger e Aroldo Rodrigues
21
 Kurt Lewin(1890-1947) 
Psicólogo europeu que migrou para os EUA
Influenciado pela gestalt – percepção
Focou na análise da influência dos estilos de liderança e do clima grupal sobre o comportamento dos membros do grupo
Dinâmica de grupo
22
 Kurt Lewin(1890-1947) 
Só existe grupo se existir coesão e sentimento de pertença;
Estes sentimentos são reforçados se cada membro perceber o grupo como forma de atingir objetivos individuais;
Mas o desenvolvimento da coesão pode levar ao aparecimento de padrões e finalidades de grupo que podem, dependendo da coesão, sobrepor-se aos objetivos individuais
O grupo, como entidade, é qualitativamente diferente da soma das suas partes.
23
 Kurt Lewin(1890-1947) 
O indivíduo, inserido num grupo, modifica o seu comportamento e induz mudanças nos comportamentos dos restantes membros do grupo;
É mais fácil alterar o comportamento de um grupo, como um todo, que o comportamento dos membros isolados;
24
 Kurt Lewin(1890-1947) 
Estilos de Liderança 
Liderança democrática: produzia normas grupais construtivas e independentes, que levavam à realização de um trabalho produtivo, independentemente da presença ou não do líder. 
Liderança laissez-faire: deixava os membros passivos.
Liderança autocrática: tornavam-se agressivos ou apáticos
25
 Leon Festinger (1919-1989) - College de Nova Iorque em 1939.
Influenciado por Lewin 
Teoria da Dissonância Cognitiva 
Tempestade de proporções catastróficas destruiria o Planeta Terra
Profecia revelou-se falsa, o grupo não abandonou suas crenças; buscou explicações para a sua não-realização
26
de como as pessoas intencionalmente deixam de enxergar aquilo que lhes desagrada, para que não notem eventos e informações vitais capazes de questionar seus comportamentos e convicções.
Conflito
Decisão
Dissonância Cognitiva
um mal-estar no individuo que tende a ser coerente consigo, na maneira de pensar e agir: quando não existe coerência a atividade mental tende a eliminar a dissonância, repondo um equilíbrio cognitivo e procurando organizar os conhecimentos pessoais
27
Teoria da Comparação Social
Um dos primeiros psicólogos  sociais a estabelecer a importância da comparação social 
a pressão na autoavaliação leva os indivíduos a unirem-se e a formarem grupos de modo que suas opiniões sejam uniformes
28
 Aroldo Rodrigues
PS busca regularidades prováveis no comportamento social humano.
Ex.:a maioria das pessoas quando frustradas reagem mais agressivamenteO psicólogo social busca criar situações de interação social e verificar os efeitos instigadores de comportamentos sociais
PS não abarca o social no sentido macroscópico (movimentos políticos, instituições, problemas urbanas...)
29
 Stanley Milgram (1933 - 1984) 
Psicólogo norte-americano  graduado da Universidade de Yale 
Experiência sobre a obediência à autoridade.
Pesquisador disfarçado levava os choques
Participante voluntário era orientado a ministrar os choques.
65% das pessoas obedeceram às ordens até o fim e deram o choque de 450V.
30
 Variações no procedimento Milgram (1974):
Proximidade da vítima:
Se a vítima só podia ser ouvida, 65% dos sujeitos iam até ao limite.
Se houvesse contato visual a percentagem baixava. Contudo, mesmo quando os sujeitos eram eles próprios a manter a mão do aprendiz sobre uma placa metálica, 30% iam até aos 450 volts.
Proximidade da figura de autoridade:
Quando o experimentador dava as instruções pelo telefone só 20.5% continuavam a obedecer;
       
31
Legitimidade da autoridade:
Quando a experiência era conduzida num edifício normal de escritórios a obediência caiu para 48%;
Influências sociais:
Se estivesse presente um segundo sujeito que obedecia, a obediência chegava aos 92%. 
Se o outro recusava, somente 10% dos sujeitos chega aos 450V.
Várias críticas com relação a questões éticas
32
Psicologia Social nos EUA
Crise 1970
Excessiva individualização psicológica
Os movimentos sociais ocorridos nos anos 
de 1970 (como o feminismo).
Questionamento das bases conceituais e metodológicas , no que tange à sua validade, relevância e capacidade de generalização 
33
 Viés Europeu
A partir da década de 60/70, com a crise da PS americana, solidifica sua identidade.
Tem uma preocupação maior com a análise psicossociológica não reducionista, enfatizando os aspectos sociais do comportamento humano.
É na interação social que os objetos adquirem significado para as pessoas.
34
 Viés Europeu
Uma pessoa é obrigada a orientar seus atos em função dos atos dos demais. Eles passam a ser essenciais para a formulção do comportamento.
Denuncia a perspectiva norte-americana por ser ideológica e afastada dos problemas sociais 
Buscava modelos científicos que impedissem novos desastres mundiais
Temas mais frequentes: identidade social e representações sociais 
35
Judeu, refugiou-se na França, trabalhou na reabilitação de vítimas da 2ª guerra
Buscou enfatizar a dimensão social do comportamento individual e grupal.
O indivíduo é moldado pela sociedade e pela cultura.
As relações intergrupais estão intimamente relacionadas a processos de identificação grupal e de comparação social. 
Henri Tajfel
 (1919-1982)
36
Identidade Social
3 postulados básicos:
(1) o autoconceito é derivado da identificação e pertença grupal; 
(2) as pessoas são motivadas a manter uma autoestima positiva;
(3) as pessoas estabelecem uma identidade social positiva mediante a comparação favorável de seu próprio grupo (in-group) com outros grupos sociais (out-groups)
37
Identidade Social
Experimentos com a técnica do paradigma dos grupos mínimos
Psicólogos dão falsas razões para o sujeito entrar num grupo X (ex.: um teste de personalidade)
Depois não deram razão nenhuma – de fato “grupo mínimo”
Depois se dava uma pequena quantia em dinheiro para cada e pedia para dividir com duas pessoas.
Não sabiam que era do grupo X ou do grupo Y
38
Identidade Social
Só o agrupamento já traz mudança de comportamento
Acabavam em sua maioria favorecendo com mais dinheiro os que pertenciam ao seu grupo.
O menor sentido de “eles” e´”nós” leva o sujeito a buscar favoritismos (pro seu grupo - endogrupo) e discriminações.
As pessoas fortificam seus grupos sociais ou distanciam-se deles, em relação ao lucro para sua auto-estima
Ex.: encontrar um amigo do bairro; uma amigo da faculdade; um parente.
39
Identidade Social
Eu posso me sentir melhor:
 se contribuo para o sucesso do meu endogrupo e reforço suas conquistas ou
se desqualifico as pessoas que estão no exogrupo (estratégia mais fácil e comumente escolhida)
O preconceito faz o sujeito se sentir melhor sobre si mesmo.
pessoas que vivenciam uma diminuição de sua autoestima tendem a expressar maior preconceito.
40
Identidade Social
A teoria da identidade social pode ser vista como uma abordagem que vem procurando elucidar o papel desempenhado pelo autoconceito nos processos e relações intergrupais, mediante a articulação de fenômenos de natureza sociocognitiva, motivacional e macrossocial que permeiam a vida coletiva. 
Crítica: promover a maior compreensão dos aspectos afetivos que se encontram subjacentes às formas mais hostis e destrutivas de comportamento intergrupal
41
Falecido 15 Novembro 2014
Psychanalyse: son image et son public. University Presses of France, 1961
A representação social da psicanálise, 1978. Zahar.
Serge Moscovici
 
 No Brasil
Importa a pragmática americana, principalmente nos cursos de formação em psicologia social
1970 – período – “Crise da psicologia social”
Congresso em Miami, 1976
Busca-se um campo de ação próprio à realidade de cada país e
Novos caminhos metodológicos 
43
Em 1979 – Congresso Lima, Peru
Proposta de uma psicologia social com base materialista-histórica e
Voltada para as condições próprias de cada país 
ALAPSO – Associação latino-americana de PS; experimental; Rodrigues
AVEPSO – Venezuela
ABRAPSO – Brasil
44
ABRAPSO – abre uma outra vertente de psicologia social no Brasil
Voltada para problemas sociais, econômicos e políticos
1980 os psicólogos sociais no Brasil dois pressupostos indissociáveis:
45
”PS como ciência básica, neutra, voltada para a descoberta de relações estáveis em meio a variáveis psicossociais, a partir dos quais, o tecnólogo social poderia solucionar problemas sociais, não de forma
improvisada, mas consciente.”
“PS cuja prática deveria ser constantemente revisada, dado o movimento histórico e social, uma vez que teoria e prática caminham juntas. Nesse sentido, a subjetividade deveria ser
reconhecida, sendo o indivíduo, não um produto de si mesmo, mas situado social e historicamente.”
46
Lane – representante da Psicologia Sócio-histórica
Levante as seguintes questões:
Qual o elo fundamental entre o indivíduo e a sociedade
a que ele pertence? 
Seria o homem um simples produto social? E a sua individualidade, sua personalidade? 
Linguagem, grupos, história: a individual e a social, são os aspectos fundamentais a serem estudados, mas como? 
(Lane, 1980:67-71).
47
Outra contribuição texto do GUARESCHI
George MEAD (1863- 1931; filósofo da Escola de Chicago, contribuiu para sociologia e psicologia social)
Escola de Chicago: Thomas e Park – Mead e William James e John Dewey 
Final do século XIX e início XX
Contribuem para a reforma social: mundo de imigração maciça e migração interna; urbanização e industrialização intensa.
Lewin é de 1890
48
Mead e William James e John Dewey 
Contra a psicologia estritamente Estrutural
Buscava desenvolver uma ciência do comportamento que via os seres humanos como ativos no seu próprio desenvolvimento 
Se classificava como comportamentalista social
Fundador do Interacionismo ou Interacionismo simbólico 
Lewin é de 1890
49
George MEAD (1863- 1931)
Teórico relevante – Wundt - revisou os primeiros quatro volumes da Psicologia social no seu período de estudos em Berlim (pós graduação em filosofia e psicologia).
Opôs-se ao reducionismo do behaviorismo compartilhou com Wundt a necessidade de pesquisas sobre a linguagem no comportamento para conseguir o entendimento do que é a mente. 
Para Mead a mente era um produto da linguagem, ao contrário de Wundt, que considerava a linguagem com um produto da mente. 
Lewin é de 1890
50
George MEAD 
Linguagem 
Assim como Vygotsky, Mead acredita que a mente surge e se desenvolve no processo social 
Os processos que o cérebro humano tornapossível, somente acontecem num grupo de indivíduos interagindo.
Mas para Vigotski o que caracteriza o SOCIAL é sua a natureza histórica e social 
Já Mead, a atividade social se caracteriza pela comunicação e interação interpessoal
Lewin é de 1890
51
George MEAD 
Linguagem 
“A linguagem não simboliza simplesmente uma situação ou objeto que já está ali de antemão; ela torna possível a existência ou o surgimento dessa situação ou objeto, pois isso é parte do mecanismo pelo qual essa situação ou objeto é criado.” (Mead, 1964) não há conflito com Vigotski aqui
Lewin é de 1890
52
Linguagem
Para os interacionistas a linguagem é plena de racionalidade
Conjunto de signos e significados – é simbólica
Linguagem: “surge e reside dentro do campo da relação entre o gesto de um organismo humano e sua subsequente conduta na medida em que é indicada ao outro organismo por este gesto.” (Mead, in Portugal, pag. 466)
Símbolos permitem as interações e de certa forma regulam as ações individuais 
53
Gesto de um organismo 
Gesto = ato social 
Reação de outro organismo
Significação
Significação
54
George MEAD
Dispensa as dicotomias: mente/corpo; indivíduo/sociedade; cultural/biológico 
Fundador do Interacionismo ou Interacionismo simbólico
Interacionismo – interação do indivíduo com a cultura, fundamental para que ocorra o desenvolvimento 
Lewin é de 1890
55
Interacionismo simbólico
Na interação é de suma importância os significados particulares trazidos pelo indivíduo, os quais também são obtidos na interação 
Construção da identidade do individuo = se dá nas relações sociais e no papel que desempenhamos na sociedade 
Lewin é de 1890
56
Temos 2 mundos:
Mundo da Objetividade – presente no contexto social
Mundo simbólico - cultural, das representações sociais, que é pessoal 
Mundo Simbólico 
É a ação de indivíduos e grupos no contexto da sociedade 
Símbolo contém o sentido que cada indivíduo dá as suas ações 
Sentido – também se encontra interligado com o processo de interação
57
Eu – indivíduo Nós – sociedade
Estão em interação constante construindo sentidos e significados para o meu e nosso agir 
Indivíduos de constituem mutuamente 
58
Significação pode ser concebida independente da consciência
Consciência que é “pedra angular” do indivíduo da modernidade é dispensável
 
A significação é organizada no campo da experiência social
O indivíduo é um efeito da experiência 
“Indivíduo e sociedade são produtos de um processo pré e extra individual, histórico e contextual.” 
59
O indivíduo tem mente e organismo 
Mente só se torna algo “individual/para si/particular” através do processo social da experiência 
*Crianças-lobo
Sujeito inserido pela primeira vez numa sociedade é considerado portador de uma mente por aqueles que já fazem parte do processo social determinado.
60
Crianças-lobo – 2 relatos mais antigos
Victor de Aveyron (cerca de 1788-1828) - Encontrado na França em 1798
Adotado pelo educador francês Jena Marc Gaspard Itard
Filme – O garoto selvagem (cineasta François Truffaut)
Posição ereta que se assemelhava com um animal
Emitia sons estridentes e incompreensíveis 
Amala (1 ano e meio) e Kamala (8 anos), encontradas na Índia, 1920 pelo reverendo J. A. L. Singh
Amala faleceu um ano depois de encontrada.
Kamala viveu até 1929.
Agiam como filhotes de lobo de forma incomum.
Controvérsias relacionadas com a veracidade da história. A maioria dos cientistas consideravam crianças com defeitos congênitos
A mente não é unitária; e passa por dois processos:
É a expressão de formas organizadas de experiências sociais – dos outros 
E também provém das atitudes do outro generalizado (é a comunidade ou grupo social que proporciona ao indivíduo sua unidade)
63
Uma outra distinção entre Mente e Eu
Mente – experiência reflexiva
Eu – experiência subjetiva – como algo que só o sujeito tem aceso (a sua subjetiva), mas não que dizer que seja autônoma ou isolada 
A subjetividade é valorizada pelo individualismo da modernidade 
64
Falecido 15 Novembro 2014
Psychanalyse: son image et son public. University Presses of France, 1961
A representação social da psicanálise, 1978. Zahar.
Serge Moscovici
 
Esse estudo
Compreender de que forma a psicanálise ao sair dos grupos especializados é ressignificada pelos grupos populares.
Retomando o texto do GUARESCHI, Moscovici se coloca contra a ideia do individualismo como mais racional e melhor 
Representações Sociais – “queria redefinir os problemas e os conceitos da psicologia social a partir desse fenômeno”
66
Vertente psicossocilógica de origem europeia
Condena a tradição norte-americana dominante
Busca uma primeira oposição na sociologia Durkheim
Representações Coletivas (Durkheim, 1912, 1978)
“a sociedade é uma realidade sui generis”
Sui generis – único, singular, original
67
As representações coletivas exprimem a sociedade; 
e são o produto de uma imensa cooperação que se estende no espaço e no tempo;
 combinação de ideias e sentimentos; 
acumulados através da experiência e saber das gerações.
Os indivíduos portam e usam as representações coletivas, mas elas não podem ser reduzidas ao conjunto de representações individuais.
 
Sui generis – único, singular, original
68
REPRESENTAÇÃO COLETIVA 
DUCKHEIM
REPRESENTAÇÃO SOCIAL
MOSCOVICI
69
"As representações em que estou interessado não são as de sociedades primitivas, nem as reminiscências, nos subsolos de nossa cultura, de épocas remotas. São aquelas da nossa sociedade presente, do nosso solo político, científico e humano, que nem sempre tiveram tempo suficiente para permitir a sedimentação que as tornasse tradições imutáveis. E sua importância continua a crescer, em proporção direta à heterogeneidade e flutuação dos sistemas unificadores – ciências oficiais, religiões, ideologias – e às mudanças pelas quais eles devem passar afim de penetrar na vida cotidiana e se tornar parte da realidade comum."(Moscovici,1984a:18-9)
70
Representações coletivas: duradouras, ligadas à cultura, transmitidas lentamente por gerações, “tradições”.
Representações sociais: tem curto período de vida, são “modismos”. 
71
As representações sociais: 
Tem como objetivo a elaboração de comportamentos e a comunicação entre indivíduos no quadro da vida cotidiana 
 são fenômenos que precisam ser explicados: sua estrutura e seus mecanismos internos 
Tem uma dupla natureza: social e psicológica 
Sui generis – único, singular, original
72
As representações sociais: 
Ela está na cabeça das pessoas, mas não é a representação de uma única pessoa (representação mental*); 
Para ser social ela necessita "perpassar" pela sociedade, existir a certo nível de generalização.
Sui generis – único, singular, original
73
“São “teorias” sobre saberes populares e do senso comum, elaboradas e partilhadas coletivamente, com a finalidade de construir e interpretar o real.” (OLIVEIRA E WERBA, 1998)
“Por serem dinâmicas, levam os indivíduos a produzir comportamentos e interações com o meio, ações que, sem dúvida, modificam os dois.” (OLIVEIRA E WERBA, 1998)
74
Qual a origem das representações sociais? 
Sociedade pensante 
Compreensões alcanças por indivíduos que pensam, mas não sozinhos 
Difere da sociologia: que o individuo é controlado por uma ideologia dominante 
Difere da psicologia comportamental: processamos os estímulos socias 
Sui generis – único, singular, original
75
Pensadores ativos que, mediante inumeráveis episódios cotidianos de interação social, "produzem e comunicam incessantemente suas próprias representações e soluções específicas para as questões que se colocam a si mesmos"(p.16)
76
Duas classes distintas de universos de pensamento:
Comunicação/conhecimento consensual 
Comunicação/conhecimento científico (reificado)
Universo reificado - se cristaliza na formalidade e na hierarquia do espaço científico; onde é geradoo não familiar 
77
Universo consensual - se constitui principalmente na conversação informal, na vida cotidiana e na produção das RS, as teorias do senso comum.
repassado geralmente pelos divulgadores científicos de todos os tipos: jornalistas, comentaristas econômicos, políticos, professores, propagandistas.
78
Ambas são eficazes e indispensáveis para a vida humana. Existe uma inter-relação entre elas.
A matéria-prima para a construção das realidades consensuais que são as Representações Sociais provém dos universos reificados
79
Processos Formadores das RS
OBJETIVAÇÃO: é o processo pelo qual buscamos tornar visível (concreto) uma realidade. Dar materialidade ao abstrato. Aliamos um conceito a uma imagem. Descobrir a qualidade icônica de uma ideia.
Ex: Ao se chamar de “pai” a Deus.
	O sexo feminino é o tabernáculo sagrado da vida 
80
Processos Formadores das RS
ANCORAGEM: é o processo pelo qual procuramos classificar, procurar um lugar para “encaixar”. Interpretar o objeto. Para isso usamos uma categoria valorativa anterior.
Ex: o que é AIDS? É a “peste” gay/câncer gay.
	Jodelet – Loucura (idiotas, vagabundos, epilépticos - maloqueiros)
Transformar o não familiar em familiar 
81
Moscovici, 1981: “por RS entendemos um conjunto de conceitos, proposições e explicações originado na vida cotidiana no curso de comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa sociedade, aos mitos e sistemas de crença das sociedades tradicionais; podem também ser vistas como a versão contemporânea do senso-comum.” (IN: OLIVEIRA E WERBA, 1998)
RS 
O QUE SÃO?
82
Jodelet, 1989 “ Uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, tendo uma visão prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social.” (IN: OLIVEIRA E WERBA, 1998)
RS 
O QUE SÃO?
83
Pesquisas 
NEVES, André Luiz Machado das et al. Representações sociais de professores sobre diversidade sexual em uma escola paraense. Psicol. Esc. Educ. 2015
software EVOC2003: centrais, intermediários, contrastes e periféricos. As análises apontaram que os sujeitos apresentam uma estrutura representacional que contempla a Diversidade Sexual determinada pelas cognições Respeito e Liberdade, que são os elementos centrais. Os intermediários foram: "Homossexualismo", "Opção Sexual" e Preconceito. Os de contrastes foram: Aceitação, Direitos Humanos, Família e Igualdade e os periféricos foram: Bissexual, Diferente, Heterossexual, Tipos de Atos Sexuais e Transexual. Os dados indicam que há dois grupos de professores em condições diferentes, os que já são mais tolerantes quanto à diversidade sexual e os que ainda não chegaram a essa condição.
84
Pesquisas 
PADILHA, Cristina dos Santos  e  OLIVEIRA, Walter Ferreira de. Representação social do terapeuta comunitário na rede SUS. Ciênc. saúde coletiva 2013
	profissionais sobre o que é ser terapeuta comunitário, entendido como alguém que humaniza as relações interpessoais no setor saúde
SOBRAL, Marcela Flores Cardoso  e  LIMA, Marcus Eugênio Oliveira. Representando as práticas e praticando as representações nos CRAS de Sergipe. Psicol. cienc. prof. 2013, 
	representações sociais que os usuários têm dos psicólogos e suas relações com as práticas desses profissionais nos CRAS de Sergipe
	ainda está mais vinculada à atuação na área clínica, que tem como prática fundamental a conversa e o conselho. 
85
Pesquisas 
MEDEIROS, Katruccy Tenório; MACIEL, Silvana Carneiro; SOUSA, Patrícia Fonseca de  e  VIEIRA, Giselli Lucy Souza. Vivências e Representações sobre o Crack: Um Estudo com Mulheres Usuárias. Psico-USF [online]. 2015,
representações sociais acerca do crack elaboradas por dependentes químicas em tratamento
o crack é representado como um elemento devastador e desagregador, responsável por causar abandono ou afastamento das funções femininas. Verificou-se ainda que a figura da mulher usuária é vista como um problema de ordem moral, ocasionando uma representação depreciativa.
86
Pesquisas 
RODRIGUES, Daniel Rohe Salomon da Rosa; CONCEICAO, Maria Inês Gandolfo  e  IUNES, Ana Luísa da Silva. Representações Sociais do Crack na Mídia. Psic.: Teor. e Pesq. [online]. 2015
analisadas 76 reportagens de 2009 do jornal Correio Braziliense, utilizando-se o software ALCESTE que gerou seis classes. Destacaram-se três representações sociais: droga como flagelo da humanidade, ações policiais indistintas contra usuários ou traficantes e internação do usuário como solução do problema. As representações sociais encontradas alinham-se com a abordagem estigmatizante e repressiva ao usuário de drogas que ainda o considera ora como criminoso, ora como doente e perpetuam sua clandestinidade e limitam a compreensão do fenômeno.
87
Referências Bibliográficas
SÀ, Celso Pereira de. Representações sociais: o conceito e o estado atual da teoria. IN: O conhecimento no cotidiano: as representações sociais na perspectivada psicologia social/Mary Jane P. Spink. (org), São Paulo: brasiliense, 1995.
 OLIVEIRA, F DE e WERBA, G. C. Representações sociais. In: Psicologia social contemporânea, STREY, M. N. (Org.) 9ª edição.Vozes: 2005. 
MOSCOVICI, S. A Representação Social da Psicanálise. Rio de Janeiro : Zahar,
1978.
Referências Bibliográficas
ERICEIRA, Ronald Clay dos Santos Texto completo: História e Vida Mental: A Psicologia dos Povos wundtiana. Proposta para sessão temática (ABRAPSO -2007) Doutorando em Psicologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social (UERJ).
GONÇALVES, Ruth Maria de Paula e YAMAMOTO, Oswaldo Hajime. Fundamentos Teórico-Práticos da Psicologia Social: um debate histórico e necessário. PSICOLOGIA POLÍTICA. VOL. 15. Nº 32. PP. 17-31. JAN. – ABR. 2015
GUARESCHI, Pedrinho. O que é mesmo psicologia social? uma perspectiva crítica de sua história e seu estado hoje. In JACÓ-VILELA, AM., and SATO, L., orgs. Diálogos em psicologia social [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2012. p. 25-45. ISBN: 978-85-7982-060-1. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. 
Referências Bibliográficas
PORTUGAL, Francisco Teixeira. Psicologia social em George Herbert Mead, na Escola de Chicago e em Erving Goffman. In: História da psicologia: rumos e percursos. JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L. e PORTUGAL, F. T. NAU: editora, 2007. 
DANIELS, Harry (org.) Uma introdução a Vygotsky. Edições Loyola, 2002

Continue navegando