B i a n c a L o u v a i n F a r m a c o l o g i a I I | 1 ........... introducao a antibioticos ........... Definição: os antibióticos são substâncias produzidas por microorganismos vivos ou através de processos semi-sintéticos, os quais inibem o crescimento de outros microorganismos e, podem, eventualmente, destruí-los. Eles têm capacidade de lesar ou matar os microrganismos invasores sem prejudicar as células do hospedeiro. A caracterização do microrganismo é decisiva para selecionar o fármaco apropriado. Sendo assim, a antibioticoterapia tem como objetivo o diagnóstico etiológico para consequente diagnóstico de certeza ou, ao menos, presuntivo. Ele pode ser usado: Tratamento empírico antes da identificação do microorganismo – administração imediata do fármaco antes da identificação bacteriana e dos testes de suscetibilidade. De modo geral, o fármaco antimicrobiano usado para tratar a infecção deve ser selecionado depois da identificação do microrganismo e do estabelecimento de sua sensibilidade aos fármacos. Entretanto, no paciente criticamente doente, esse atraso pode ser fatal, e o tratamento imediato e empírico é indicado. Observação: o tratamento empírico é muito comum na prática, já que a maior parte das infecções tem características próprias delas e dificilmente é feito a cultura para saber qual bactéria que está causando o quadro; Tratamento definitivo de infecções bacterianas – depois que um patógeno foi cultivado, a sua suscetibilidade a antimicrobianos específicos resulta na escolha adequada do antibiótico, da farmacocinética (dose, intervalos e duração para que não haja favorecimento de resistência). Essas doses estão sempre relacionadas a concentração inibitória para ação do microorganismos e podem ser corrigidas por lesão por toxicidade. Algumas classes químicas tem um índice de toxicidade bem definidos; Profilaxia de infecções bacterianas – impede uma possível contaminação quando se sabe que haverá uma porta de entrada. Um exemplo onde a profilaxia é usada é nas cirurgias. Observação: a precaução principal de sucesso para antibioticoterapia tem a ver com a resistência do microrganismo e conhecimento do mesmo. Resumidamente, o tratamento definitivo é quando se sabe qual o agente que deve ser eliminado e empírico é quando suspeita de determinado patógeno e é escolhido um antibiótico capaz de tratar o quadro – normalmente de amplo espectro. [ ESPECTRO DE AÇÃO ] O espectro de ação está relacionado a ação do antibiótico contra o microrganismo. Os antibióticos têm como alvo principal a bactéria, contudo, alguns antibióticos não agem exclusivamente nas bactérias e alguns terão ação antifúngica. Estreito espectro – atuam somente nas bactérias gram-positivas. Exemplo: penincilina G, estreptomicina e eritromicina; Largo espectro – além das gram-positivas, atuam nas bactérias gram-negativas – principalmente as cefalosporinas – bactérias aeróbias e anaeróbias. Também podem atuar contra fungos e protozoários. Exemplo: tetraciclinas e cloranfenicol. As penincilinas mais novas abragem uma parte das bactérias gram-negativas, mas não da forma proporcional para interferir. Por isso ainda são classificadas como pequeno espectro. B i a n c a L o u v a i n F a r m a c o l o g i a I I | 2 [ CLASSIFICAÇÃO ] - QUANTO A ORIGEM: De origem natural – provenientes de fungos, outras bactérias ou plantas Semi-sintético ou sintético – desenvolvidos com características e semelhanças a antibióticos. São produzidos para ter ação fora do nosso organismo, ou seja, não vai agir sobre nossos tecidos e células e sim nos microorganismos onde está ocorrendo a infecção. - QUANTO A ESTRUTURA QUÍMICA: Sulfonamidas e drogas relacionadas: sulfametoxazol, dopsona (DDS, sulfona); Quinolonas: norfloxacina, ciplofroxacina; Antibioticos β-lactâmicos: classe que abrange grande parte dos antibióticos. Penicilinas, cefalosporinas, carbapenemas, monobacâmicos. Observação: os monobactâmos agem da mesma forma das penincilinas, mas com outra resposta esperada. Até mesmo por reações alérgicas e resistência; Tetraciclinas: o único com aplicação terapêutica é a doxiciclina; Derivados do nitrobenzeno: cloranfenicol; Aminoglicosídeos: gentamicina, neomicina. Observação: tem elevado índice de toxicidade (bem característico com oto e nefro toxicidade, podendo, com dose e duração, causar surdez). Justifica o fato de ser muito usado para uso tópico; Macrolídeos: eritromicina, roxitromicina, azitromicina; Polipeptídicos: polimixina B, bacitracina; Glicopeptídicos: vancomicina, teicoplanina; Poliênicos: anfotericina B, nistatina. - ESPECTRO DE AÇÃO: Estreito espectro; Amplo espectro. - AÇÃO SOBRE O MICROORGANISMO E TEMPO: Também podem ser classificados quanto ao tipo de ação sobre o microorganismo: Bacteristático (ação lenta): inibem o crescimento e a reprodução bacteriana no soro ou urina, sendo as mesmas destruídas pelo sistema de defesa do paciente. Não podem ser usados em pacientes imunocomprometidos. Nesse caso, o nível plasmático tem que ser mantido constante e o tratamento demora mais. Bactericida (ação rápida): comprometem alguma função vital da bactéria levando a morte da mesma. Exterminam a bactéria quando alcançam o seu alvo de ação. Devido à sua ação antimicrobiana mais agressiva e efetiva, os bactericidas são, em geral, de escolha no paciente gravemente enfermo e imunocomprometido. Tanto os bacteristáticos como os bactericidas dependem do reconhecimento de estruturas da parede ou estruturas internas onde essas bactérias podem desenvolver o mecanismo de resistência. B i a n c a L o u v a i n F a r m a c o l o g i a I I | 3 [ CIM e CBM ] Concentração inibitória mínima (CIM): é a menor concentração que previne o crescimento visível do microrganismo após 24 horas de incubação. Concentração bactericida mínima (CBM): é a menor concentração de antibacteriano que resulta em diminuição de 99,9% na contagem de colônias após incubação noturna em caldo de cultura – raramente realizado. [ COMBINAÇÕES DE ANTIBIÓTICOS ] O fato do antibiótico ser bactericida ou bacteristático pode tornar favorável ou desfavorável sua associação. A combinação é feita para sinergismo de ação. Observação: sinergismo é a soma do efeito e não o aumento da potência do fármaco. - ASSOCIAÇÕES FAVORÁVEIS PARA SINERGISMO: Exemplo: um bactericida atua na parede celular e outro atua na síntese proteica. Enquanto um mata com a faca o outro mata com a arma. Bactericida + bactericida: exemplo de fármacos bactericida: β-lactâmicos com aminoglicosídeos Bacteriostático + bacteriostático: quando associados tem ação bactericida. Exemplo: sulfonamida com trimetoprima (ambos bacteriostáticos). As sulfonamidas vão agir em uma determinada enzima e o trimetoprima em outra enzima de outra etapa. Quando sozinhas esses antibióticos têm efeito bacteriostático, quando associadas tem efeito bactericida. - ASSOCIAÇÕES NÃO FAVORÁVEIS: Bacteriostático + bactericida: não é recomendado, inúmeros antimicrobianos atuam somente quando os microrganismos estão se multiplicando. Dessa forma, o bacteriostático pode impedir a ação do alvo do bactericida e a ação do bactericida fica desperdiçada. Exemplo: as bacteriostáticas tetraciclinas podem interferir no efeito bactericida de penicilinas e cefalosporinas. Outra preocupação por associações não recomendadas é o risco da pressão de seleção e o desenvolvimento de resistência aos antimicrobianos por administrar uma associação desnecessária. [ VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ] Embora tenhamos conhecimento do agente etiológico que está promovendo o quadro infeccioso, o antibiótico pode ser altamente capaz de combater a infecção, mas incapaz de chegar ao local. Ou seja, as características locais (vascularização, modificação