5 pág.

Pré-visualização | Página 1 de 3
B i a n c a L o u v a i n I m u n o l o g i a C l í n i c a | 1 ............... vacinas ............... A vacinação é o processo que estimula as respostas imunes adaptativas protetoras contra os microrganismos por meio da exposição a formas ou componentes não patogênicos de microrganismos. Toda vez que falamos de vacina, falamos de profilaxia, prevenção. Existem algumas formas de imunização: Imunização passiva – é obtida pela transferência ao indivíduo de anticorpos produzidos por um animal ou outro ser humano. Esse tipo de imunidade produz uma rápida e eficiente proteção, que, contudo, é temporária, durando em média poucas semanas ou meses. A imunidade passiva natural é o tipo mais comum de imunidade passiva, sendo caracterizada pela passagem de anticorpos da mãe para o feto por meio da placenta e também pelo colostro. Também temos a ativa que ocorre através da soroterapia (exemplo, soro anti-tetânico) Imunização ativa – ocorre quando o próprio sistema imune do indivíduo, ao entrar em contato com uma substância estranha ao organismo, responde produzindo anticorpos e células imunes (linfócitos T). Esse tipo de imunidade geralmente dura por vários anos, às vezes, por toda uma vida. Os dois meios de se adquirir imunidade ativa são contraindo uma doença infecciosa (natural) e a vacinação (artificial). - QUE CARACTERÍSTICAS UMA VACINA PRECISA TER PARA SER EFETIVA? Ser segura – produzir poucos efeitos colaterais Protetora – tem que ativar todos os braços da imunidade adaptativa, ou seja, linfócitos T e posteriormente linfócitos B com consequente produção de anticorpo Baixo custo por doses – pois as vacinas são administradas, normalmente, em massa Estabilidade biológica – nesse caso, tem a ver com a estabilidade da preparação, seu transporte. Todas as vacinas produzidas no país são produzidas pela Fiocruz/Farmanguinhos, mas algumas vacinas vão para Amazônia, por exemplo. Dessa forma, há uma necessidade de o antígeno estar preservado desde o momento da fabricação até sua chegada De mais fácil administração possível – o ideal seria que todas as vacinas fossem orais [ VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ] Não existe via de administração perfeita, toda via terá prós e contras. Alguns contras estão relacionados ao próprio sistema imunológico, como no caso das vacinas de mucosa, em que a imunidade fica restrita a mucosa. Outros estão relacionados a logística, como a utilização de agulhas. É muito mais demorado aplicar uma vacina por via parenteral que por via oral. Existem diversas vias pelas quais as vacinas podem ser administradas: Vacinas anais (em experimento) – a vantagem seria para HIV e HPV, por exemplo, que são doenças contraídas por mucosas Parenterais – pode ser intramuscular, subcutânea ou intradérmica Vias de mucosa – oral e intranasal - VIA PARENTERAL: As vias que são parenterais têm uma relevância imunológica muito grande por induzir uma resposta sistêmica. A administração por via muscular induz o acúmulo do antígeno para que este seja liberado gradualmente, mas, principalmente, para que ele seja drenado para o linfonodo mais próximo daquele local administrado. Isso porque toda resposta imunológica adaptativa começa a nível de órgão linfoide secundário. B i a n c a L o u v a i n I m u n o l o g i a C l í n i c a | 2 - VIAS DA MUCOSA: Já as vias de mucosas estabelecem uma imunidade de mucosa. Para que ocorra imunização a nível de mucosa é necessário o estímulo da produção de IgA. Como a vacina é um meio de prevenção, caso a pessoa entre em contato com o vírus por via oral (mucosa oral), ele automaticamente terá IgAs para neutralizar o antígeno. Um exemplo é a vacina da "gotinha" para poliomielite. [ COMO TUDO COMEÇOU... ] A única doença humana a ser intencionalmente erradicada da população foi a varíola, e isso se deu por meio de um programa mundial de vacinação. A varíola é causada por um vírus e tem como característica a abertura de pústula na pele. As antigas civilizações passavam varetas nas pústulas abertas e arranhavam os indivíduos sadios, na tentativa de fazer com que esses indivíduos se tornassem protegidos. No final do século 18, o médico Edward Jenner foi o primeiro a tentar induzir a resposta sistemática e o primeiro a padronizar a vacinação. Nessa época a Europa estava passando por uma epidemia de varíola bovina causada por um vaccinia bovino (cowpox) e que tinha uma semelhança muito grande com a doença humana (smallpox). Em seus estudos observou que fazendeiras que manipulavam os gados se tornavam protegidas, mesmo que o gado estivesse cheio de pústulas, elas não contraiam a doença. Então ele passou a drenar o conteúdo dessas pústulas e drenar em seres humanos. Embora o material viesse de um bovino, os indivíduos se tornavam protegidos já que provavelmente eles tinham estruturas muito semelhantes com o vírus humano, resultando em resposta cruzada. [ VACINAÇÃO ] Uma vacina para ser eficaz precisa de duas características: Ativar fortemente o sistema imunológico – imunidade inata imunidade adaptativa linfócitos T linfócitos B Induzir memória – a memória aperfeiçoa a habilidade do sistema imune de combater infecções persistentes e reincidentes. É a principal razão pelo qual vacinas e infecções conferem proteção longa e duradoura A principal função da vacinação é induzir células B a produzirem anticorpos. Esses anticorpos são capazes de neutralizar micróbios e toxinas, opsonização e fagocitose de microorganismos, citotoxidade celular dependente de anticorpo (ACDD), lise de microorganismos, ativação do complemento, inflamação e fagocitose de microorganismos opsonizados com fragmentos do complemento. - PORQUE TOMAR VÁRIAS DOSES DE UMA VACINA? O objetivo de tomar várias doses é que vamos aumentando a população de células de memória através da troca de classe da IgM para IgG até chegarmos em um determinado número de células de memória que garanta um número suficiente de células de IgG para proteção. Garantir a indução de resposta imune Aumentar o número de células de memória Induzir mudança do isotipo (IgM IgG) Ao entrarmos em contato pela primeira vez com o antígeno, é gerado uma resposta aguda caracterizada pela produção de IgM. Ao fim da resposta aguda ocorre uma contração dessa resposta, então essas células morrem. Contudo, algumas sobrevivem e vão permanecer como uma população de memória. Para isso elas trocam de classe de IgM para IgG. B i a n c a L o u v a i n I m u n o l o g i a C l í n i c a | 3 Em um segundo contato com o mesmo antígeno, a resposta será potenciada, ou seja, será mais rápida e eficaz, além de ser predominantemente IgG. Ao fim dessa segunda resposta ocorre uma estabilização dessa população de memória, que é maior que a da primeira resposta. Ou seja, o platô é ligeiramente superior. E a cada novo contato (ou dose) o platô será maior até o momento em que ele se estabiliza por completo – normalmente após a segunda ou terceira dose. - FATORES QUE INFLUENCIAM NA VACINAÇÃO: Existem situações que podem alterar a resposta imunológica do paciente à vacinação. Idade – determinadas idades não favorecem a resposta imunológica necessária Sexo Gravidez Pacientes imunossuprimidos [ GERAÇÕES DAS VACINAS ] As vacinas que temos atualmente no mercado são divididas em quatro gerações – a depender da composição da vacina e do mecanismo imunológico pelo qual ela atua. 1ª geração – parasitos vivos ou mortos 2ª geração – moléculas ou subunidades definidas 3ª geração – vacinas gênicas (plantas ou animais) 4ª geração – vacinas autólogas - PRIMEIRA GERAÇÃO – ATENUADO OU MORTO: É caracterizada por vacinas que utilizam microorganismos inteiros, seja ele atenuado ou morto. As vacinas compostas por microrganismos não patogênicos intactos são produzidas pelo tratamento dos