4 pág.

Pré-visualização | Página 1 de 2
B i a n c a L o u v a i n I m u n o l o g i a C l í n i c a | 1 ............ imunidade tumoral ............ O câncer é um grave problema de saúde em todo o mundo e uma das causas mais importantes de morbidade e mortalidade e seria mais comum se não existisse o efeito protetor da imunidade. O fenótipo maligno dos cânceres é resultado de defeitos na regulação da proliferação celular, resistência das células tumorais à morte apoptótica, capacidade das células tumorais de invadir os tecidos do hospedeiro e formar metástases para locais distantes e evasão tumoral dos mecanismos de defesa imune. [ PILARES DO CÂNCER – THE HALLMARKS OF CANCER ] O câncer não é somente um processo de células autônomas, são células com linhas energéticas desreguladas. A maneira como usam glicose, aminoácidos é completamente diferente das células convencionais. Podemos dizer que o câncer tem quatro pilares: Vias energéticas desreguladas Escape da resposta imune Instabilidade genômica Inflamação como promotor tumoral Observação: quando falamos de câncer estamos falando apenas dos tumores malignos capazes de fazer metástase. Outra característica é a sua instabilidade genômica, já que precisa de mutações e uma vez transformada, passa a acumular mutações. Há uma forte associação entre inflamação crônica e o aparecimento de câncer devido a constante agressão com processo inflamatório associado à tentativa de regeneração. É uma linha muito tênue. Exemplo: úlcera gástrica, tabagismo. [ VIGILÂNCIA IMUNOLÓGICA ANTI-TUMORAL ] O câncer seria algo ainda mais comum se não existisse o efeito da imunidade, que está vigiando a todo momento o organismo. Quando dizemos que não é somente um processo de células autonômicas estamos dizendo não é um processo somente de células que perderam a capacidade de controlar sua proliferação. Na verdade, ela está crescendo por existir uma "permissão" do sistema imune, já que não está havendo uma resposta imunológica adequada para conter essa proliferação. O tumor que teve um sistema de escape do sistema imunológico foi o que conseguiu se estabelecer. Sendo assim, o tumor não pode ser caracterizado como um problema único da célula, já que há uma grande interação entre ele e o sistema imune. Os tumores estimulam respostas imunes adaptativas específicas. O TCD8 tem duas funções principais: Imunidade tumoral Imunidade anti-viral. Quanto mais um tumor está infiltrado por linfócitos T associados ao aumento de linfonodos drenantes, melhor o prognóstico. Contudo, não pode ser um infiltrado por células Treg, já que são imunosupressoras. Ou seja, as respostas imunes são capazes de inibir o crescimento tumoral. Pensando assim, pacientes com imunodeficiências, como na AIDS, estão mais suscetíveis a tumores. As setas vermelhas indicam células malignas. Setas amarelas indicam infiltrado inflamatório rico em linfócitos. B i a n c a L o u v a i n I m u n o l o g i a C l í n i c a | 2 [ ANTÍGENOS TUMORAIS ] É qualquer molécula reconhecida por células T ou por anticorpos nas superfícies de células tumorais. São antígenos expressos em células tumorais, mas não em células normais. A todo momento estamos sendo expostos a microorganismos oncogênicos, contudo, este não segue adiante pela existência de uma resposta imunológica adequada. Caso o sistema imunológico de um indivíduo seja capaz de reagir contra um tumor, este deve expressar antígenos que são vistos como não próprios pelo sistema imunológico daquele indivíduo. O que os linfócitos TCD8 reconhecem para fazer uma resposta imune antitumoral? Como já dito, a célula tumoral é uma célula própria, ou seja, não deveria ser reconhecida pelo sistema imunológico. Porém, durante o processo de formação e estabilização do tumor, podem ser expressos novos antígenos nessa célula tumoral o qual o sistema imunológico não é tolerante. Resumidamente, uma célula exposta a um agente carcinogênico começa a expressar um novo antígeno que é alvo de uma resposta imune e o TCD8 passa a gerar uma resposta contra. Observação: a P53 é um gene supressor de tumor e está vigiando a todo momento o material genético. Ao perceber uma alteração celular, ele induz a apoptose. A inativação de P53 leva à tumores. Proteínas próprias superexpressas – em vários tumores humanos, os antígenos que provocam respostas imunológicas são proteínas não mutadas que são expressas acima do normal. Não era de se esperar que esses antígenos próprios recrutassem respostas imunológicas, mas suas expressões aberrantes podem ser suficientes para ocasionar tais reações. Exemplo: proteínas próprias que são expressas apenas no período neonatal, como a alfafetoproteína que só existe na vida fetal, e são expressas em alguns tumores de fígado do adulto. [ RESPOSTA DO LINFÓCITO TCD8 ] Todas essas classes de antígenos podem ser expressas por tumores e ser alvo do linfócito TCD8. A resposta imune contra tumores é uma resposta convencional de linfócitos TCD8. O tecido tumoral expressa o antígeno que será captado e englobado por APCs. Após ser processado, será exibido pelo MHC I e posteriormente reconhecido pelas células TCD8 do linfonodo drenante daquela região. Esse TCD8 é específico contra o tumor e é ativado para matá-lo através da secreção de perforinas (abre poros na superfície celular) e granzima (ativadora de caspases envolvidas na apoptose celular). - EVASÃO DAS RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS PELOS TUMORES: As respostas imunes frequentemente falham em verificar o crescimento tumoral, porque os tumores evoluem no hospedeiro para escapar do reconhecimento imunológico ou resistir aos mecanismos imunológicos. Ou seja, as células tumorais desenvolvem diversos mecanismos de resistência ao reconhecimento e destruição imunológica. O ambiente do tumor é muito complexo e imunossupressor. Além das células tumorais, temos diversas células do sistema imune e outras células acessórias não imunológicas (exemplo fibroblastos). B i a n c a L o u v a i n I m u n o l o g i a C l í n i c a | 3 Quais os mecanismos de evasão do tumor para fugir da resposta imunológica? Os tumores podem induzir os baixos níveis de coestimuladores B7 nas APC, o que resulta no envolvimento preferencial do receptor inibitório CTLA-4 nas células T em vez do receptor estimulador CD28. O CTLA-4 é uma molécula inibitória expressa após a ativação do linfócito T (que precisa do primeiro sinal, que é o TCR reconhecendo o peptídeo + MHC). Ele liga também em B7 (assim como as coestimulatórias) mas com afinidade 10 vezes maior, deslocando as ligações do CD28. Esse CTLA-4 pode estar expresso nas células T ou fisiologicamente nas células Treg. Outros tumores param ou diminuem a expressão de moléculas do MHC classe I, e assim não podem exibir antígenos para as células TCD8. Não haverá ativação de TCD8. Entretanto, outros tumores podem produzir citocinas imunossupressoras, como o TGF-β e IL-10, ou expressar ligantes para os receptores inibitórios da célula T como PD-1 e CTLA-4. Estas são mecanismo de evasão do tumor para fugir da resposta imunológica. Observação: a exaustão do linfócito T é o mecanismo de desligamento do linfócito T, que envolvem as moléculas PD-L1 e CTLA-4. [ IMUNOTERAPIAS ANTI-TUMORAIS ] É o tratamento (nesse caso, contra o câncer) que promove a estimulação do sistema imune, através de substâncias modificadoras, resultando em aumento da eficiência da resposta efetora ou diminuição da resposta reguladora. - TERAPIA ANTICORPOS MONOCLONAIS: As imunoterapias baseadas em anticorpos monoclonais representam a maior evolução para o tratamento do câncer. Por atuarem especificamente na célula tumoral, elas acabam sendo melhores que as quimioterápicas, que não são seletivos. Por isso acabam tendo muito menos efeitos colaterais. Os anticorpos se ligam aos antígenos