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PRÁTICA SIMULADA IV (CÍVEL) - CCJ0150 Título Caso Concreto 12 Descrição 37 ° Exame da OAB Direito Civil. Adaptado. Gustavo ajuizou, em face de seu vizinho Leonardo, ação com pedido de indenização por dano material suportado em razão de ter sido atacado pelo cão pastor alemão de propriedade do vizinho. Segundo relato do autor, o animal, que estava desamarrado dentro do quintal de Leonardo, o atacara, provocando-lhe corte profundo na face. Em consequência do ocorrido, Gustavo alegou ter gasto R$ 3 mil em atendimento hospitalar e R$ 2 mil em medicamentos. Os gastos hospitalares foram comprovados por meio de notas fiscais emitidas pelo hospital em que Gustavo fora atendido, entretanto este não apresentou os comprovantes fiscais relativos aos gastos com medicamentos, alegando terse esquecido de pegá-los na farmácia. Leonardo, devidamente citado, apresentou contestação, alegando que o ataque ocorrera por provocação de Gustavo, que jogava pedras no cachorro. Alegou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado na indenização o valor gasto com medicamentos. Houve audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas ouvidas declararam que a mureta da casa de Leonardo media cerca de um metro e vinte centímetros e que, de fato, Gustavo atirava pedras no animal antes do evento lesivo. O juiz da 40.ª Vara Cível de Curitiba proferiu sentença condenando Leonardo a indenizar Gustavo pelos danos materiais, no valor de R$ 5 mil, sob o argumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e por considerar razoável a quantia que o autor alegara ter gasto com medicamentos. Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, Leonardo foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6 mil. A sentença foi publicada e, após uma semana, Leonardo, não se conformando com a sentença, procurou advogado. EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 40ª VARA CÍVEL DE CURITIBA – PARANÁ Processo n°... LEONARDO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do Registro Geral n°..., inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob o n°..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado em..., representado por seu advogado, vem respeitosamente interpor RECURSO DE APELAÇÃO em face de GUSTAVO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do Registro Geral n°..., inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob o n°..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado em... Requer desde já intimação do recorrido para, querendo, oferecer as contrarrazões e, ato contínuo, sejam os autos remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para os fins aqui aduzidos. Termos em que pede deferimento. Local/Data Advogado/OAB RAZÕES RECURSAIS Apelante: Leonardo Apelado: Gustavo Processo de origem n°: ..., 40º Vara Cível da Comarca de Curitiba EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, EMÉRITOS DESEMBARGADORES, I – PRELIMINARMENTE: DA SENTENÇA EXTRA PETITA A sentença ora apelada, trouxe matéria não apresentada pela parte apelada, de forma a ferir a restrição da sentença aos limites do pedido, elencados nos artigos 1411 e 4922 do Código de Processo Civil, devendo dessa forma, ser decretada nulidade processual. II – DOS FATOS Gustavo ajuizou, em face de seu vizinho Leonardo, ação com pedido de indenização por dano material em razão de ter sido atacado pelo cão pastor alemão de propriedade do vizinho. Segundo relato do ora autor, o animal, que estava desamarrado dentro do quintal de Leonardo, o atacara, provocando-lhe corte profundo na face. Em consequência do ocorrido, o mesmo alegou ter gasto R$ 3 mil em atendimento hospitalar e R$ 2 mil em medicamentos. Os gastos hospitalares foram comprovados por meio de notas fiscais emitidas pelo hospital em que o autor fora atendido, entretanto este não apresentou os comprovantes fiscais relativos aos gastos com medicamentos, alegando ter se esquecido de pegá-los na farmácia. O Apelante, apresentou, àquela época, contestação, alegando que o ataque ocorrera por provocação de Gustavo, que jogava pedras no cachorro. Afirmou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado na indenização o valor gasto com medicamentos. Em audiência de 1 Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. 2 Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. instrução e julgamento, testemunhas declararam que a mureta da casa de Leonardo media cerca de um metro e vinte centímetros e que, de fato, Gustavo atirava pedras no animal antes do evento lesivo. O juiz da 40.ª Vara Cível de Curitiba proferiu sentença condenando Leonardo a indenizar Gustavo pelos danos materiais, no valor de R$ 5 mil, sob o argumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e por considerar razoável a quantia que o autor alegara ter gasto com medicamentos. Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, Leonardo foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6 mil. III – FUNDAMENTOS Resta provado, em fase de instrução por meio de testemunhas, nexo de causalidade entre a conduta do agente e o ocorrido. Uma vez que o apelado estava jogando pedras no animal, comprova-se sua culpa, nesse sentido encontra-se o artigo 936 do Código Civil. Conforme o citado artigo, “o dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior”. Uma vez comprovada a culpa da vítima, não há que se falar em indenização por parte do apelante, nesse sentido se encontra o seguinte julgado do TJ/DF: APELAÇÃO. DIREITO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, ESTÉTICOS E MATERIAIS. ATAQUE DE CÃES FEROZES. RESPONSABILIDADE DO DONO DO ANIMAL PELOS DANOS POR ELE CAUSADOS. ART. 936, DO CC. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA COMPROVADA. CAUSA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. DEVER DE INDENIZAR AUSENTE. 1. Nos termos do art. 936, do CC, o dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. Trata-se de responsabilidade objetiva, em que o dever de indenizar surge a partir da verificação da ocorrência do dano e da presença do nexo causal. Tal responsabilidade só é elidível por prova – a cargo do dono do animal – de que o dano adveio por culpa exclusiva da vítima ou do caso fortuito. 2. Tendo sido demonstrada a culpa exclusiva da vítima pelos ataques dos cães, caracterizando, dessa forma, excludente de responsabilidade da parte ré, não há que se falar em dever de indenizar. 3. Apelo não provido. (TJ-DF 07217147320188070001 DF 0721714- 73.2018.8.07.0001, Relator: ARNOLDO CAMANHO, Data de Julgamento: 18/12/2019, 4ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 03/02/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.) IV – DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: I. deferimento da nulidade da sentença extra petita; II. reforma da sentença reconhecendo a culpa exclusiva do autor, ora apelado; III. o não reconhecimento do valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) referentes a supostos gastos, não comprovados, com medicamentos. Nestes termos, pede deferimento. Local/Data Advogado/OAB
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