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Hemorragia Digestiva Hemorragia Digestiva Alta Associada à Doença Ulcerosa Péptica (cerca de 10%-15% dos doentes) e Varizes Esofágicas Quadro Clínico marcado pela presença de hematêmese e melena. "Perfil" do paciente com HDA é o hepatopata, etilista, tabagista, diabético, que não trata adequadamente sua doença de base. Sangramento pode levar ao choque hemorrágico! Taquicardia, taquipneia, hipotensão, pulsos finos, cianose, maior tempo de enchimento capilar. Hb e Ht não diagnosticam hemorragia aguda. O diagnóstico de choque hemorrágico é CLÍNICO! Também não predizem reposição volêmica. ou necessidade de transfusão de sangue. Primeira medida a ser realizada no paciente que chega ao PS com HDA: REPOSIÇÃO VOLÊMICA! ... DEPOIS pode-se fazer EDA para tentar corrigir a HDA. No entanto, o essencial é estabilizar o paciente! EDA em paciente instável = Maior risco de broncoaspiração e complicações; redução da acurácia diagnóstica. Manejo: A. Estabilizar - Garantir VA - Reposição volêmica (solução cristaloide; hemoderivados); MOV; Estabelecer sonda nasogástrica (ajuda a "limpar" o conteúdo para a EDA e avaliar o conteúdo da hemorragia) e colher exames laboratoriais. Ideal é manter Hb, com concentrado de hemácias: > 9 (pacientes graves) > 7 (pacientes em melhor estado) Infundir plaquetas se <50.000 Pode-se transfundir plasma fresco se houver sangramento secundário à perda de fatores de coagulação, ou para prevenção de agravamento do sangramento, p. ex. Prescrição Inicial 1. Jejum 2. Soro glicosado + KCl+NaCl 3. Ringer lactato (para expansão volêmica) 4. Concentrado de hemácias 5. Omeprazol (EM TODO PACIENTE COM HDA DEVEMOS FAZÊ-LO EM ALTA DOSE! Recomendação A) 6. Metoclopramida ou Eritromicina (facilitam a EDA, pois são procinéticos que "limpam" o estômago) 7. Terliptessina ou Octreotídeo Para HDA por rompimento de varizes esofágicas / 9. Ceftriaxona B. Diagnosticar Tentar identificar fatores de risco... Uso de AINE → Úlcera péptica Hepatopatia crônica → Varizes, hipertensão porta Vômitos em excesso → Sd. Mallory Weiss (laceração gastroesofágica) Refluxo crônico → Esofagite Perda de peso; disfagia; QC insidioso → Malignidade EDA → Bate o martelo no diagnóstico! C. Tratar EDA é diagnóstico e terapêutico Aspecto sangrante, necrótico Ingestão de adrenalina + Clipagem → Comum Em 50% dos casos, param sozinhos Sangramento exuberante, raramente “para sozinho”. Úlcera Péptica Diagnóstico - Classificação de Forrest (Lembrar de Forrest Gump) Forrest I: Sangramento ativo IA - em jato / 90% de chance de ressangrar IB - lento "babando sangue!" - 20% de chance de ressangrar Forrest II: Parece que sangrou há pouco... IIA : Vaso visível / 50% de chance de ressangrar IIB : Coágulo / 20% de chance de ressangrar IIC : Hematina (pigmento ferruginoso derivado do sangue) / 10% de chance de ressangrar Forrest III: Aparentemente já cicatrizou. Úlcera de base lenta. 5% de chance de ressangramento. Forrest IA, IIA: É comum fazer outra EDA, para acompanhar melhor risco de sangrar Manejo: Omeprazol 40 mg 12/12h Interromper AINE Tratar H pylori, se houver ... Se for caso refratário → CIRURGIA (Se bem que operar úlcera péptica é exceção atualmente) Duodenal: Sutura hemostática (rafia) + Piloroplastia +/- Vagotomia e antrectomia Gástrica: Gastrectomia subtotal + vagotomia + piloroplastia Varizes Esofágogástricas Situação bem mais grave do que úlcera péptica! Paciente hepatopata, cirrótico, complicado... De difícil manejo clínico! Logo, temos que ser agressivos. Tratamento → Análogos da somastotastina (vasoconstrição esplâncnica): Terlipressina; Octreotídeo. Mudam a mortalidade, mas são específicas para paciente que sangra por VARIZES HEMORRÁGICAS, no qual temos objetivo de sanar a irrigação arterial! ...+ 7 dias de ATB: Ceftriaxona 1g IV por 07 d.Após alta, Norfloxacina 400 mg VO 12/12h por 07 dias. Temos que estabilizar o paciente! Caso contrário, ele irá descompensar! Hepatopata: Lactulose, meta 3 evacuações/dia; vigiar Sd. Hepatorrenal Prevenir recorrência: beta-bloq + EDA seriadas! Se falha terapêutica: - Balão esofágico (infla e traciona, comprimindo as varizes de 24-48h). Pode causar perfuração e isquemia. - TIPS - Shunt intrahepático portossistêmico - Eletivo! Dispositivo desce pela cava, chega na veia hepática, onde perfuramos o parênquima até atingir a veia porta. Ali, fazemos como um stent, fazendo um sistema porto-cava! Assim, evitamos a origem do sangramento. No entanto, o sangue não é filtrado pelo fígado. Logo, o sangue 'sujo' com ureia e creatinina, amônia vai direto pro sangue, podendo gerar complicações como encefalopatia. Derivações portossistêmicas; ‘porto-cava’: Cirurgicamente, buscava-se descomprimir o sistema-porta. Entretanto, é apelidado de derivação porto-cova (kkkk) porque funcionava pouco na prática. "Resumão" do Manejo Origem varicosa 1. Varizes esofágicas 2. Gastropatia hipertensiva portal → beta-bloq 3. Varizes gástricas esofágicas → Ligadura elástica Hemorragia Digestiva Baixa Quadro Clínico Idosos: Doença diverticular, angiodisplasia, CCR Jovens: Hemorroida, DII Queixa em comum → Hematoquezia Anemia (sangramento crônico, por vezes imperceptível) Pode haver enterorragia, culminando em choque hemorrágico (assim como no paciente com HDA) HDB é mais autolimitada do que a HDA. Também sangra menos. Diagnóstico Inicialmente, devemos excluir outras causas de sangramento pelas fezes Toque retal, anuscopia, sigmoidoscopia; sonda nasogástrica, endoscopia Padrão ouro para HDB → Colonoscopia! Requer preparo do cólon Moderada acurácia (se não preparar bem o paciente, a visualização de estruturas pode ser prejudicada) Terapêutico (Permite encontrar o foco de sangramento) Se paciente estiver com enterorragia e choque, a colonoscopia não é necessária, por ser demorada e com pouca acurácia. Logo, paciente nessas condições vai direto para a cirurgia. Se for estável ou de moderada intensidade, primeiro estabilizamos o paciente e, 24-48h depois, fazemos a colonoscopia. Em alguns casos, a colonoscopia pode ser eletiva. O exame mais sensível para sangramento digestivo baixo é a Cintilografia com Hemácias Marcadas. Fluxo sanguíneo de 0,1 mL/min; busca identificar a origem e percurso do sangramento. Pode preceder a angiografia. Indicada para sangramento contínuo. Após a cintilografia, sabendo estimar a região do sangramento, pode-se realizar a angiografia, que já possibilita a terapêutica. Enteroscopia: Visa ultrapassar barreiras anatômicas da colonoscopia EDA: vai até Treitz. Colono: vai até a válvula ileocecal. Com a enteroscopia, pode-se adentrar o delgado. Requer anestesia geral, biópsia e terapia. Cápsula endoscópica: Filma tudo, inclusive o delgado (difícil de visualizar). Pouco invasivo, em especial em caso de suboclusão. Em caso de sangramento obscuro (exames não identificam local do sangramento) e sangramento oculto (sangue oculto nas fezes ou anemia ferropriva), se repete o tratamento endoscópico (EDA, colono). O delgado pode ser avaliado por um dos seguintes métodos: cintilografia, angiografia, endoscopia de delgado, cápsula endoscópica, enteróclise, endoscopia intraoperatória. Cuidado para o paciente não cronificar em casos como esse. Por vezes, é recomendada até a colectomia total! No entanto, deve-se avaliar caso a caso.Tratamento - Reposição volêmica - Correção de distúrbios associados (NÃO PRESCREVER OMEPRAZOL PARA HDB) - Transfusão, buscando manter Hb entre 8 e 9 h/d, - Poucas evidências para análogos da somatostastina, como octreotide. Diverticulose - importante causa de HDB É autolimitada. Pode-se tratar endoscopicamente, com injeção de epinefrina, eletrocoagulação e hemoclipes. Ocasionalmente, pode ressangrar. Angiodisplasia - sangramento, emaranhado de vasos frágeis na base da mucosa que podem sangrar. A princípio, não tratar se encontrada em exame de rastreio. Só cauterizar, fazer injeção de adrenalina se realmente estiver sangrando. Pode-se fazer o plasma de argônio (quase um grande "cauterizador elétrico" Se encontrar angiodisplasia em exame de rastreio, deixar rolar! Só tratar se for causa de HDB. Outras causas de sangramento Neoplasia → Cirurgia Colite; Doença de Crohn → Tratamento Clínico Divertículo de Meckel → Cirurgia
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