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Trabalho Revolução Industrial

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Thiago Gomes 
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Comecemos com a revolução industrial, isto é, com a Inglaterra. Este, à primeira vista, é um ponto de partida caprichoso, pois as repercussões desta revolução não se fizeram sentir de uma maneira óbvia e inconfundível. p. 36.
Foi somente na década de 1830 que a literatura e as artes começaram a ser abertamente obsedadas pela ascensão da sociedade capitalista, por um mundo no qual todos os laços sociais se desintegravam exceto os laços entre o ouro e o papel-moeda. p. 36.
A Comédie Humaine de Balzac, o mais extraordinário monumento literário dessa ascensão, pertence a esta década. Até 1840 a grande corrente de literatura oficial e não oficial sobre os efeitos sociais da revolução industrial. p. 36.
O espectro do Manifesto Comunista, abriram caminho pelo continente. O próprio nome de revolução industrial reflete seu impacto relativamente tardio sobre a Europa. p. 37.
Os socialistas ingleses e franceses — eles próprios um grupo sem antecessores — só o inventaram por volta da década de 1820, provavelmente por analogia com a revolução política na França. p. 37.
Não podemos entender o vulcão impessoal da história sobre o qual nasceram os homens e acontecimentos mais importantes de nosso período e a complexidade desigual de seu ritmo. P..37
O que significa a frase “a revolução industrial explodiu”? Significa que a certa altura da década de 1780, e pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas. p. 37.
Este fato é hoje tecnicamente conhecido pelos economistas como a “partida para o crescimento autossustentável”. Nenhuma sociedade anterior tinha sido capaz de transpor o teto que uma estrutura social pré-industrial. p. 37.
Uma tecnologia e uma ciência deficientes, e consequentemente o colapso, a fome e a morte periódicas, impunham à produção. p.37.
Sua pré-história na Europa pode ser traçada, dependendo do gosto do historiador e do seu particular interesse, até cerca do ano 1000 de nossa era, se não antes, e tentativas anteriores de alçar voo. p. 37.
A partir da metade do século XVIII, o processo de acumulação de velocidade para partida é tão nítido que historiadores mais velhos tenderam a datar a revolução industrial de 1760. p. 37.
Chamar este processo de revolução industrial é lógico e está em conformidade com uma tradição bem estabelecida, embora tenha sido moda entre os historiadores conservadores. p. 38.
De fato, a revolução industrial não foi um episódio com um princípio e um fim. Não tem sentido perguntar quando se “completou”, pois sua essência foi a de que a mudança revolucionária se tornou norma deste então. p. 38.
Ela ainda prossegue; quando muito podemos perguntar quando as transformações econômicas chegaram longe o bastante para estabelecer uma economia substancialmente industrializada. p. 38.
Na Grã-Bretanha, e portanto no mundo, este período de industrialização inicial provavelmente coincide quase que exatamente com o período de que trata este livro. p. 38.
Pois se ele começou com a “partida” na década de 1780, pode-se dizer com certa acuidade que terminou com a construção das ferrovias e da indústria pesada na Grã-Bretanha na década de 1840. p. 38. 
Sob qualquer aspecto, este foi provavelmente o mais importante acontecimento na história do mundo, pelo menos desde a invenção da agricultura e das cidades. p. 38.
Se tivesse que haver uma disputa pelo pioneirismo da revolução industrial no século XVIII, só haveria de fato um concorrente a dar a largada: o grande avanço comercial e industrial de Portugal à Rússia. p. 38.
Todos eles tão preocupados com o crescimento econômico quanto os Administradores de hoje em dia. Alguns pequenos Estados e regiões de fato se industrializaram de maneira bem impressionante, como por exemplo a Saxônia e a diocese de Liège. p. 38.
Qualquer que tenha sido a razão do avanço britânico, ele não se deveu à superioridade tecnológica e científica. Nas ciências naturais os franceses estavam seguramente à frente dos ingleses. p. 39.
Vantagem que a Revolução Francesa veio acentuar de forma marcante, pelo menos na matemática e na física, pois ela incentivou as ciências na França enquanto que a reação suspeitava delas na Inglaterra. p. 39.
Os franceses produziram inventos mais originais, como o tear de Jacquard (1804) — um aparelho mais complexo do que qualquer outro projetado na Grã-Bretanha — e melhores navios. p. 39.
Os alemães possuíam instituições de treinamento técnico, como a Bergakademie prussiana, que não tinham paralelo na Grã-Bretanha, e a Revolução Francesa criou um corpo único e impressionante. p. 39.
A educação inglesa era uma piada de mau gosto, embora suas deficiências fossem um tanto compensadas pelas duras escolas do interior e pelas universidades democráticas, turbulentas e austeras da Escócia calvinista, que lançavam uma corrente de jovens racionalistas, brilhantes e trabalhadores. p. 39.
Felizmente poucos refinamentos intelectuais foram necessários para se fazer a revolução industrial. Suas invenções técnicas foram bastante modestas, e sob hipótese alguma estavam além dos limites de artesãos que trabalhavam em suas oficinas ou das capacidades construtivas de carpinteiros. p. 39.
Dadas as condições adequadas, as inovações técnicas da revolução industrial praticamente se fizeram por si mesmas, exceto talvez na indústria química. Isto não significa que os primeiros industriais não estivessem constantemente interessados na ciência. p.39.
A solução britânica do problema agrário, singularmente revolucionária, já tinha sido encontrada na prática. Uma relativa quantidade de proprietários com espírito comercial já quase monopolizava a terra. p. 40.
Era cultivada por arrendatários empregando camponeses sem terra ou pequenos agricultores. Um bocado de resquícios, verdadeiras relíquias da antiga economia coletiva do interior. p. 40.
As atividades agrícolas já estavam predominantemente dirigidas para o mercado; as manufaturas de há muito tinham-se disseminado por um interior não feudal. A agricultura já estava preparada para levar a termo suas três funções fundamentais numa era de industrialização. p. 40.
Fornece um grande e crescente excedente de recrutas em potencial para as cidades e as indústrias; e fornecer um mecanismo para o acúmulo de capital a ser usado nos setores mais modernos da economia. p. 40.
Um considerável volume de capital social elevado o caro equipamento geral necessário para toda a economia progredir suavemente já estava sendo criado. p. 40.
As exigências específicas dos homens de negócios podiam encontrar a resistência de outros interesses estabelecidos; e, como veremos, os proprietários rurais haviam de erguer uma última barreira para impedir o avanço da mentalidade industrial entre 1795 e 1846. p. 40.
O homem de negócios estava sem dúvida engajado no processo de conseguir mais dinheiro, pois a maior parte do século XVIII foi para grande parte da Europa um período de prosperidade e de cómoda expansão econômica. p. 40
Além disso, as revoluções industriais pioneiras ocorreram em uma situação histórica especial, em que o crescimento econômico surge de um acúmulo de decisões de incontáveis empresários e investidores particulares. p. 41
Como poderiam saber o que ninguém sabia até então, que a revolução industrial produziria uma aceleração ímpar na expansão dos seus mercados? Dado que as principais bases sociais de uma sociedade industrial tinham sido lançadas, como quase certamente já acontecera na Inglaterra de fins do século XVIII. p. 41
Estas considerações se aplicam em certos aspectos a todos os países nessa época. Por exemplo, em todos eles a dianteira no crescimento industrial foi tomada por fabricantes de mercadorias de consumo de massa principalmente, mas não exclusivamente, produtos têxteis. p. 41
Uma vez iniciada a industrialização na Grã-Bretanha, outros países podiam começar a gozar dos benefícios da rápida expansão econômica que a revolução industrial pioneira estimulava. p. 41
A indústria têxtil saxônica, incapaz de criarseus próprios inventos, copiou os modelos ingleses, às vezes com a supervisão de mecânicos ingleses. p. 42
Entre 1789 e 1848, a Europa e a América foram inundadas por especialistas, máquinas a vapor, maquinaria para processamento e transformação do algodão e investimentos britânicos. p.42
Além do mais, a Grã-Bretanha possuía uma indústria admiravelmente ajustada à revolução industrial pioneira sob condições capitalistas e uma conjuntura econômica que permitia que se lançasse à indústria algodoeira e à expansão colonial. p. 42
A indústria algodoeira britânica, como todas as outras indústrias algodoeiras, tinha originalmente se desenvolvido como um subproduto do comércio ultramarino, que produzia sua matéria-prima. p. 42
Inicialmente eles não foram muito bem sucedidos, embora melhor capacitados a reproduzir competitivamente as mercadorias grosseiras e baratas do que as finas e elaboradas. p.42
Dando assim uma chance aos substitutos da indústria algodoeira nativa. Mais barato que a lã, o algodão e as misturas de algodão conquistaram um mercado doméstico pequeno porém útil. Mas suas maiores chances de expansão rápida estavam no ultramar. p. 42
De fato, durante todo o período de que trata este livro, a escravidão e o algodão marcharam juntos. Os escravos africanos eram comprados, pelo menos em parte, com produtos de algodão indianos, mas, quando o fornecimento destas mercadorias era interrompido pela guerra ou uma revolta na índia ou arredores. p. 42 - 43.
As plantações das índias Ocidentais, onde os escravos eram arrebanhados, forneciam o grosso do algodão para a indústria britânica, c em troca os plantadores compravam tecidos de algodão de Manchester em apreciáveis quantidades. p. 43
A indústria algodoeira foi assim lançada, como um planador, pelo empuxo do comércio colonial ao qual estava ligada; um comércio que prometia uma expansão não apenas grande, mas rápida e sobretudo imprevisível. p. 43
Entre 1750 e 1769, a exportação britânica de tecidos de algodão aumentou mais de dez vezes. Assim, a recompensa para o homem que entrou primeiro no mercado com as maiores quantidades de algodão era astronómica e valia os riscos da aventura tecnológica. p.43
Foi precisamente o que conseguiu a indústria algodoeira britânica, ajudada pelo agressivo apoio do governo nacional. Em termos de vendas, a revolução industrial pode ser descrita, com a exceção dos primeiros anos da década de 1780, como a vitória do mercado exportador sobre o doméstico. p. 43
Pois dentro destas áreas a indústria britânica tinha estabelecido um monopólio por meio de guerras, revoluções locais e de seu próprio domínio imperial. p. 44
Duas regiões merecem particular atenção. A América Latina veio realmente depender de importações britânicas durante as guerras napoleônicas, e, depois que se separou de Portugal e Espanha. p. 44
Tornou-se quase que totalmente dependente economicamente da Grã- Bretanha, sendo afastada de qualquer interferência política dos seus possíveis competidores europeus. p.44
Por volta de 1840, adquiriu o equivalente quase à metade do que importou a Europa. As índias Orientais haviam sido, como vimos, o exportador tradicional de tecidos de algodão, encorajada pela Companhia das índias Orientais. p. 44
Os panos de algodão da revolução industrial inverteram pela primeira vez esta relação, que tinha até então se mantido em equilíbrio por uma mistura de exportações de lingotes e roubo. p. 44
O algodão, portanto, fornecia possibilidades suficientemente astronómicas para tentar os empresários privados a se lançarem na aventura da revolução industrial e também uma expansão suficientemente rápida para torna- lá uma exigência. p. 44
A expansão da indústria podia ser facilmente financiada através dos lucros correntes, pois a combinação de suas vastas conquistas de mercado com uma constante inflação dos preços produzia lucros fantásticos. p. 45
Mas a indústria do algodão tinha outras vantagens. Toda a sua matéria- prima vinha do exterior, e seu suprimento podia portanto ser expandido pelos drásticos métodos que se ofereciam aos brancos nas colónias a escravidão e a abertura de novas áreas de cultivo. p.45
A partir da década de 1790, o algodão britânico encontrou seu suprimento, ao qual permaneceram ligadas suas fortunas até a década de 1860, nos novos estados sulistas dos EUA. p.45
Em toda parte a tecelagem foi mecanizada uma geração após a fiação, e em toda parte, incidentalmente, os teares manuais foram morrendo vagarosamente, ocasionalmente se rebelando contra seu terrível destino, quando a indústria não mais necessitava deles. p.46
A perspectiva tradicional que viu a história da revolução industrial britânica primordialmente em termos de algodão é portanto correta. A primeira indústria a se revolucionar foi a do algodão, e é difícil perceber que outra indústria poderia ter empurrado um grande número de empresários particulares rumo à revolução. p. 46
Até a década de 1830, o algodão era a única indústria britânica em que predominava a fábrica ou o “engenho” o nome derivou-se do mais difundido estabelecimento pré-industrial a empregar pesada maquinaria a motor a princípio (1780-1815), principalmente na fiação, na cardação e em algumas operações auxiliares. p. 46
A produção fabril em outros ramos têxteis teve desenvolvimento lento antes da década de 1840, e em outras manufaturas seu desenvolvimento foi desprezível. p. 46
Com isto não se pretende subestimar as forças que introduziram a inovação industrial em outras mercadorias de consumo, notadamente outros produtos têxteis, alimentos e bebidas, cerâmica e outros produtos de uso doméstico, grandemente estimuladas pelo rápido crescimento das cidades. p. 46
Os produtos de algodão constituíam entre 40 e 50% do valor anual declarado de iodas as exportações britânicas entre 1816 e 1848. Se o algodão florescia, a economia florescia, se ele caía, também caía a economia. p. 47
Suas oscilações de preço determinavam a balança do comércio nacional. Só a agricultura tinha um poder comparável, e no entanto estava em visível declínio. p. 47
Não obstante, embora a expansão da indústria algodoeira e da economia industrial dominada pelo algodão zombasse de tudo o que a mais romântica das imaginações poderia ter anteriormente concebido sob qualquer circunstância, seu progresso estava longe de ser tranquilo. p. 47
Esse primeiro tropeço geral da economia capitalista industrial reflete-se numa acentuada desaceleração no crescimento, talvez até mesmo um declínio, da renda nacional britânica nesse período. p. 47
Essa primeira crise geral do capitalismo não foi puramente um fenómeno britânico. P.47
A transição da nova economia criou a miséria e o descontentamento, os ingredientes da revolução social. p. 47
O descontentamento não estava ligado apenas aos trabalhadores pobres. Os pequenos comerciantes, sem saída, a pequena burguesia, setores especiais da economia eram também vítimas da revolução industrial e de suas ramificações. p. 47
Entretanto, um outro aspecto desta diferença de renda nacional entre pobres e ricos, entre o consumo c o investimento, também trazia contradições com o pequeno empresário. p.48
Depois das guerras napoleônicas: era o pequeno que sofria e que, em todos os países e durante todo o século XIX, exigia crédito fácil e financiamento flexível. Os trabalhadores e a queixosa pequena burguesia, prestes a desabar no abismo dos destituídos de propriedade. p.48
Do ponto de vista dos capitalistas, entretanto, estes problemas sociais só eram relevantes para o progresso da economia se, por algum terrível acidente, viessem a derrubar a ordem social. p. 48
Se a taxa de retorno do capital se reduzisse a zero, uma economia em que os homens produziam apenas para ter lucro diminuiria o passo até um “estágio estacionário” que os economistas pressentiam e temiam. p. 48
Destas, as três falhas mais óbvias eram o ciclo comercial de boom e depressão, a tendência de diminuição da taxa de lucro e o que vinha a dar no mesmo a escassez de oportunidades de investimento lucrativo. p. 48
As crises periódicas daeconomia, que levavam ao desemprego, quedas na produção, bancarrotas eram bem conhecidas. No século XVIII elas geralmente refletiam alguma catástrofe agrária fracassos na colheita etc. p. 48
Depois das guerras napoleônicas, o drama periódico do boom e da depressão em 1825-6, em 1836-7, em 1839-42, em 1846-8 dominou claramente a vida econômica da nação em tempos de paz. p. 48- 49
Entretanto, os homens de negócios comumente consideravam que as crises eram causadas ou por enganos particulares, ex. super. especulação nas bolsas americanas ou então por interferência externa nas tranquilas atividades da economia capitalista. p. 49
Não se acreditava que elas refletissem quaisquer dificuldades fundamentais do sistema. p. 49
O mesmo não ocorria com a decrescente margem de lucros, que a indústria algodoeira ilustrava de maneira bastante clara. p. 49
Inicialmente esta indústria beneficiou-se de imensas vantagens. A mecanização aumentou muito a produtividade isto é, reduziu o custo por unidade produzida da mão-de-obra, que de qualquer forma recebia salários abomináveis já que era formada em grande parte por mulheres e crianças. p. 49
Depois de 1815, estas vantagens começaram a diminuir cada vez mais devido à redução da margem de lucros. Em primeiro lugar, a revolução industrial e a competição provocaram uma queda dramática e constante no preço dos artigos acabados mas não em vários custos de produção. p. 49
Assim como as vendas totais cresceram vertiginosamente, também cresceram os lucros totais mesmo em suas taxas decrescentes. Tudo o que se precisava era uma expansão astronómica e contínua. p. 50
Eles podiam ser comprimidos pela simples diminuição, pela substituição de trabalhadores qualificados, mais caros, e pela competição da máquina com a mão-de-obra que reduziu o salário médio semanal dos tecelões. p. 50
Os fabricantes de algodão partilhavam o ponto de vista de que o custo de vida era mantido artificialmente alto pelo monopólio da propriedade fundiária, piorado ainda pelas pesadas tarifas protetoras que um Parlamento de proprietários de terra tinha assegurado às atividades agrícolas britânicas. p. 50
A indústria estava assim sob uma enorme pressão para que se mecanizasse isto é, baixasse os custos através da diminuição da mão-de-obra, racionalizasse e aumentasse a produção e as vendas, compensando com uma massa de pequenos lucros por unidade a queda nas margens. p. 50
Havia uma pressão semelhante sobre o índice de rentabilidade do capital, que a teoria contemporânea tendeu a identificar com o lucro. p. 51
Mas é também evidente que, num sistema de empresa privada, o investimento de capital extremamente dispendioso que se faz necessário para a maior parte deste desenvolvimento não é assumido provavelmente pelas mesmas razões que a industrialização do algodão ou outros bens de consumo. p. 51
Ele só passa a existir no curso de uma revolução industrial, e os que colocaram seu dinheiro nos altíssimos investimentos exigidos até por metalúrgicas bem modestas em comparação com enormes engenhos de algodão são antes especuladores, aventureiros e sonhadores do que verdadeiros homens de negócios. p.51
Felizmente essas desvantagens afetavam menos a mineração, que era principalmente a do carvão, pois o carvão tinha a vantagem de ser não somente a principal fonte de energia industrial do século XIX, como também um importante combustível doméstico. P. 52
O crescimento das cidades, especialmente de Londres, tinha causado uma rápida expansão da mineração do carvão desde o final do século XVI. p. 52
Esta imensa indústria, embora provavelmente não se expandindo de forma suficientemente rápida rumo a uma industrialização realmente maciça em escala moderna, era grande o bastante para estimular a invenção básica que iria transformar as indústrias. p. 52
A linha férrea ou os trilhos sobre os quais corriam os carros era uma resposta óbvia; acionar estes carros por meio de máquinas era tentador; acioná-los ainda por meio de máquinas móveis não parecia muito impossível. p.52
Nenhuma outra inovação da revolução industrial incendiou tanto a imaginação quanto a ferrovia, como testemunha o fato de ter sido o único produto da industrialização do século XIX totalmente absorvido pela imagística da poesia erudita e popular. p. 53
As primeiras pequenas linhas foram abertas nos EUA em 1827, na França em 1828 e 1835, na Alemanha e na Bélgica em 1835 e até na Rússia em 1837. Indubitavelmente, a razão é que nenhuma outra invenção revelava para o leigo de forma tão cabal o poder e a velocidade da nova era. p. 53
A estrada de ferro, arrastando sua enorme serpente emplumada de fumaça, à velocidade do vento, através de países e continentes, com suas obras de engenharia. p. 53
De fato, sob um ponto de vista econômico, seu grande custo era sua principal vantagem. p. 53
Sem dúvida, no final das contas, sua capacidade para abrir países até então isolados do mercado mundial pelos altos custos de transporte, assim como o enorme aumento da velocidade e da massa de comunicação por terra que possibilitou aos homens e às mercadorias, vieram a ser de grande importância. p. 53
A razão para esta expansão rápida, imensa e de fato essencial estava na paixão aparentemente irracional com que os homens de negócios e os investidores atiraram-se à construção de ferrovias. p. 54
A maioria delas foi projetada numas poucas explosões de loucura especulativa conhecidas como as "coqueluches ferroviárias" de 1835-7 e especialmente de 1844-7; e a maioria foi construída em grande parte com capital, ferro, máquinas e tecnologia britânicos. p.54
Na Grã-Bretanha nas primeiras duas gerações da revolução industrial foi que as classes ricas acumulavam renda tão rapidamente e em tão grandes quantidades que excediam todas as possibilidades disponíveis de gasto e investimento. p. 54
Mas o grosso das classes médias, que constituíam o principal público investidor, ainda era dos que economizavam e não dos que gastavam, embora haja muitos sinais de que por volta de 1840 eles se sentissem suficientemente ricos tanto para gastar como para investir. P.54
Uma moderna sociedade de bem-estar social ou socialista teria sem dúvida distribuído alguns destes vastos acúmulos para fins sociais. No período que focalizamos nada era menos provável. p.55
O investimento estrangeiro era uma possibilidade óbvia. O resto do mundo para começar, basicamente velhos governos em busca de uma recuperação das guerras napoleônicas e novos governos tomando emprestado, com seus costumeiros ímpetos e liberalidades, para fins indeterminados. p. 55
Traçar o ímpeto da industrialização é somente uma parte da tarefa deste historiador. A outra é traçar a mobilização e a transferência de recursos econômicos, a adaptação da economia e da sociedade necessárias para manter o novo curso revolucionário. p. 56
O primeiro e talvez mais crucial fator que tinha que ser mobilizado e transferido era o da mão-de-obra, pois uma economia industrial significa um brusco declínio proporcional da população agrícola. p. 56
O rápido crescimento das cidades e dos agrupamentos não agrícolas na Grã-Bretanha tinha há muito tempo estimulado naturalmente a agricultura, que felizmente é tão ineficiente em suas formas pré-industriais. p. 56
O vasto aumento na produção, que capacitou as atividades agrícolas britânicas na década de 1830 a fornecer 98% dos cercais consumidos por uma população duas a três vezes maior que a de meados do século XVIII. p. 57
Tudo isto, por sua vez, foi obtido pela transformação social e não tecnológica: pela liquidação (com o “Movimento das Cercas”) do cultivo comunal da Idade Média com seu campo aberto e seu pasto. p. 57
Em termos de produtividade econômica, esta transformação social foi um imenso sucesso; em termos de sofrimento humano, uma tragédia, aprofundada pela depressão agrícola depois de 1815, que reduziu os camponeses pobres a uma massa destituída e desmoralizada. p.57
A experiência do século XX tem demonstrado que este problema é tão crucial e mais difícil de resolver do que o outro. p. 58
A mão-de-obra tinha tambémque aprender a responder aos incentivos monetários. P.58
Os empregadores britânicos daquela época, como os sul-africanos de hoje em dia, constantemente reclamavam da “preguiça” do operário ou de sua tendência para trabalhar até que tivesse ganho um salário tradicional de subsistência semanal, e então parar. p. 58
Outra maneira comum de assegurar a disciplina da mão-de-obra, que refletia o processo fragmentário e em pequena escala da industrialização nesta fase inicial, era o subcontrato ou a prática de fazer dos trabalhadores qualificados os verdadeiros empregadores de auxiliares sem experiência. p. 58
Ao lado desse problema de fornecimento de mão-de-obra, os de fornecimento de capital eram insignificantes. Inversamente à maioria dos outros países europeus, não havia escassez de capital aplicável na Grã-Bretanha. p.59
A maior dificuldade era que os que controlavam a maior parte desse capital no século XVIII — proprietários de terra, mercadores, armadores, financistas etc. p.59
Nem havia qualquer dificuldade quanto à técnica comercial e financeira pública ou privada. Os bancos e o papel-moeda, as letras de câmbio, apólices e ações, as técnicas do comércio ultramarino e atacadista, assim como o marketing, eram bastante conhecidos. p. 59
Na teoria, as leis e as instituições comerciais e financeiras da Grã-Bretanha eram ridículas e destinadas antes a obstaculizar do que a ajudar o desenvolvimento econômico; por exemplo, elas tornavam necessária a promulgação de caros “decretos privados. p. 60
A Revolução Francesa forneceu aos franceses — e, através de sua influência, ao resto do continente — mecanismos muito mais racionais e eficientes para tais propósitos. p. 60
Na prática, os britânicos se saíram perfeitamente bem e, de fato, consideravelmente melhor que seus rivais. p. 60
Deste modo bastante empírico, não planificado e acidental, construiu-se a primeira economia industrial de vulto. Pelos padrões modernos, ela era pequena e arcaica, e seu arcaísmo ainda marca a Grã-Bretanha de hoje. p. 60
Pelos padrões de 1848, ela era monumental, embora também chocasse bastante, pois suas novas cidades eram mais feias e seu proletariado mais pobre do que em outros países. p.60
E tanto a Grã-Bretanha quanto o mundo sabiam que a revolução industrial lançada nestas ilhas não só pelos comerciantes e empresários como através deles, cuja única lei era comprar no mercado mais barato e vender sem restrição no mais caro. p. 60
Os deuses e os reis do passado eram impotentes diante dos homens de negócios e das máquinas a vapor do presente. p. 60.

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