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AUXÍLIO SEGURANÇA NA GINÁSTICA ARTÍSTICA PROF DRA. BÁRBARA RAQUEL AGOSTINI OBJETIVOS Estudar os tipos de auxílio- segurança existentes na GA; Estudar os procedimentos de auxílio-segurança utilizados nos elementos técnicos de base da GA. Porque professores não se encorajam a desenvolver os conteúdos de GA? Acreditarem que seja uma atividade perigosa, que ofereça muitos riscos aos seus participantes; Os equipamentos são muito caros, difíceis de serem acomodados e manuseados; Eu não pratiquei e não acredito que seja interessante para os alunos; Existem muitas habilidades e progressões diferentes na Ginástica Artística que seria impossível ter idéia por onde começar ou em que ordem ensiná-las; A maioria dos alunos não têm nem força nem flexibilidade necessárias para serem bem sucedidos nesses exercícios. (Russel, 1980) ISSO VAI DE ENCONTRO COM O QUE VOCÊ PENSA??? Ao invés de nos preocuparmos em encontrar justificativas para não desenvolver a atividade, deveríamos tentar buscar alternativas para podermos desenvolvê-la. Auxílio e Segurança em Ginástica Artística Na Ginástica Artística, o praticante desafia as leis da física, buscando o domínio do corpo nas mais variadas situações: em posições invertidas, em rotações, em diferentes alturas e equipamentos. Este fato poderia levar alguns professores a considerarem a Ginástica Artística como uma atividade perigosa. Porém, o risco de lesões e acidentes ocorre em qualquer forma de atividade física. A causa de muitos acidentes é proveniente da falta de conhecimento e bom senso dos próprios professores e não da atividade em si. SENDO ASSIM: Pode-se criar um ambiente seguro, sem prejudicar o prazer e a obtenção dos benefícios proporcionados pela prática da Ginástica Artística? Um estudo realizado por Ralph & Pritchard (1985), onde os professores deveriam atribuir critérios de importância para vários itens relacionados a um bom professor de Ginástica, revelou que eles consideravam o item “segurança” como o critério mais importante (98%). Com relação aos acidentes que não podem ser previstos não seria possível agir. Entretanto, aqueles que seriam previsíveis deveriam receber a devida atenção e precaução. Os acidentes podem ter causas intrínsecas e extrínsecas. Intrínsecas Fator psicológico: (emoção; medo; falta ou excesso de confiança; dependência do professor) ➪ Fator biológico: (fadiga; perda da ação reflexa; preparação física e/ou aquecimento inadequados; recuperação insuficiente; presença de distúrbios fisiológicos) ➪ Disciplina: (falta de atenção e concentração; não obediência ao professor e às regras; utilização incorreta dos equipamentos) Extrínsecos ➪ Fator pedagógico: (orientação inadequada no ensino das habilidades e na utilização dos equipamentos; ajuda inadequada) ➪Instalações: (piso; iluminação; altura do teto; espaço entre os equipamentos) ➪ Equipamentos: (má conservação e/ou instalação) Para a Segurança na Ginástica Olímpica, poderíamos considerar os seguintes passos, segundo a United States Gimnastics Federation (1993) 1. Exame médico e avaliação funcional 2. Condicionamento Físico: treinamento de força, potência, flexibilidade, resistência muscular e cardiovascular. 3. Vestimenta dos ginastas: roupas justas e com o mínimo de zíper, fivelas, etc. cabelos bem presos, sem relógios, correntes ou outros tipos de objetos que possam oferecer riscos, calçados adequados. •4. Inspeção regular dos equipamentos e instalações. 5. Desenvolver habilidades apropriadas para o nível dos alunos. 6. Supervisão e Registro do plano de aulas e dos dados dos alunos. 7. Aquecimento e Relaxamento. Fatores de Segurança Russell e Kinsman (1986) ; McDuff (1989); Schembri (1983) AMBIENTE FÍSICO: ➪ Luminosidade; temperatura; limpeza e tipo do piso ➪ Obstruções no solo (pregos, ganchos, buracos, saliências, etc.); atividades próximas a parede; disposição dos equipamentos; área de aterrissagem em volta dos equipamentos; ➪Adaptação dos equipamentos à idade, tamanho e nível de habilidade do grupo; ➪ Estabilidade dos equipamentos de apoio; utilização de colchões e suas combinações de forma adequada para cada tipo de aterrissagem. O PROFESSOR - Orientar seus alunos para que evitem colisões ao se deslocarem ao redor dos equipamentos; - Familiarizá-los com o manuseio, transporte, montagem e desmontagem dos equipamentos; - Não permitir roupas soltas, relógios, correntes, cabelos longos soltos; - Conscientizá-los para que não ultrapassem suas capacidades; - Ensinar algumas noções de primeiros socorros, dependendo da idade dos alunos; - Ele também é responsável pela ajuda manual, ou seja, na assistência física para a execução dos movimentos. O ALUNO - Deveria ser preparado fisicamente para a atividade; Além da preparação física, o aquecimento também deve ser realizado; - A progressão das habilidades deve ser respeitada, de modo que desenvolva a confiança dos aluno; - Além disso, as habilidades devem ser apropriadas à idade, condição física e mental de cada aluno; - Seguindo-se uma progressão adequada para cada habilidade, provavelmente o fator de risco associado à ela diminuirá. Fatores de Segurança Russell e Kinsman (1986); McDuff (1989); Schembri (1983) Os aparelhos: Checar constantemente; Realizar o ajuste da altura dos aparelhos; Conferir o estado dos colchões e colocá-los em volta dos aparelhos; Fatores de Segurança Russell e Kinsman (1986); McDuff (1989); Schembri (1983) Vestimenta e acessórios: Ressaltamos que o contato com o aparelho se faz pelas mãos, olhos e pés; Devem estar livres de quaisquer objetos; Fatores de Segurança Russell e Kinsman (1986); McDuff (1989); Schembri (1983) O profissional Deve orientar seus alunos para que evitem colisões; Familiarizá-los com manuseio, transporte, montagem e desmontagem; Ter noções de primeiros socorros. IMPORTANTÍSSIMO PERGUNTAR A SI MESMO: TENHO O CONHECIMENTO SUFICIENTE PARA ENSINAR ESSA HABILIDADE? Fatores de Segurança Russell e Kinsman (1986); McDuff (1989); Schembri (1983) A AJUDA MANUAL: Assistência física direta prestada ao praticante durante a execução da habilidade. Deve ser utilizada quando: 1) Assistência leve, que permita ao praticante sentir; 2) Quando permite ao praticante sentir a melhor forma da posição; 3) Quando permite a um praticante concentra-se em um aspecto da habilidade (correção das mãos, ou cabeça...) Ainda sobre a ajuda manual: O profissional é o responsável pela ajuda; Esta deve ser a mínima possível; Outros colegas podem ajudar? (condicionamento/coordenação/técnica de ajuda) Ajudar significa ter tudo sob controle e estar pronto para o praticante; É assumir a responsabilidade por essa pessoa; Se divide em: ajuda manual; suporte e acompanhamento Compreender os fatores que afetam a força: Quantidade de força; Direção da força; O ponto de aplicação da força; A sequência de aplicação da força; O tempo de aplicação da força. George (1980) Quantidade de força O movimento não acontece sem aplicação da força; Iniciantes: melhor em excesso e diminuir conforme a performance aumenta; Apoiar-se bem sobre os pés, flexionar os quadris, estar próximo e manter contato físico. A direção da força Atua exatamente na direção que foi aplicada; Serve para produzir, modificar ou alterar movimento; Deve ser aplicada num ângulo de 90 em relação ao plano do corpo do ginasta. O ponto de aplicação da força Qualquer aplicação de força externa afeta a ação giratória; Para produzir um efeito giratório a aplicação de força deve ser mais longe possível do centro de massa A sequência de aplicação da força Cada habilidade segue a ordem: início, execução, finalização. A assistência não é necessária em todas as fases; O ajudante tb tem determinada quantidade de forçadisponível; O tempo de aplicação da força Capacidade de avaliar: como o ginasta produz força para iniciar, controlar e finalizar a habiliadade; É desenvolvida por tempo e experiência; O ato de ajudar é também uma habilidade. Deve ocorrer O QUANTO FOR NECESSÁRIO E O MÍNIMO POSSÍVEL. Nunomura (2005) WETTSTONE (1979) Princípios para nortear a ajuda manual: - Antecipar os possíveis problemas e estar pronto para lidar com eles; - Observar atentamente a cabeça do ginasta; - Realizar a ajuda o mais próximo possível do movimento; - Utilizar 2 ajudas caso a habilidade precise; - Demonstrar atitude de alerta constante; - Ter força e experiência suficiente. - Pois: se o movimento exige MUITA ajuda manual, o executante não está preparado para executá-lo. ATENÇÃO A AJUDA NUNCA DEVE SER UTILIZADA PARA ACELERAR O APRENDIZADO DAS HABILIDADE E PARA SUPRIR A FALTAS DE PREPARO FÍSICO. COLLINS (1991) SEGURANÇA E ATERRISAGENS Ensino das aterrisagens: - Os alunos caem de inúmeras formas e sob diferentes partes do corpo, vindo de diferentes alturas e a partir de diversos movimentos; - Nada mais coerente que ensinar a “cair” (Russell, 1986); - Irão desenvolver repertório motor de aterrisagens. A aterrissagem O tipo de aterrissagem mais observado não é aquela sobre os dois pés. Muito pelo contrário, os alunos “caem” de inúmeras formas, sobre diferentes partes do corpo, vindo de diferentes alturas e movimentos. O aluno deve aprender as várias formas de aterrissar como rolar, virar para o lado, finalizar em ponte ou voltar à posição inicial. Quanto mais elevado for o nível do aluno, mais riscos surgem em função da complexidade dos movimentos. Um estudo realizado pelo NCAA Injury Surveillance (in McnittGray et al., 1994) revelou que 23% dos acidentes em homens e 37% em mulheres na Ginástica Olímpica ocorreram nas aterrissagens mal finalizadas. Segundo Leguet (1987), praticar Ginástica Artística não significa sempre movimentar-se sobre o aparelho (e solicitar ajuda), significa também ajudar seus colegas: sem os outros se pode, mas pode-se menos. O progresso de cada um depende da confiança mútua, da cooperação efetiva e, apropriar-se da atividade gímnica, significa também integrar todos os conhecimentos, os hábitos de ajuda (contribuir ativamente para o sucesso de um parceiro). E: A qualidade técnica na execução dos movimentos é um fator determinante na segurança dos ginastas e sempre deve ser enfatizado que é preferível realizar tarefas mais simples do que tentar movimentos que ainda não sejam dominados completamente, o que oferece um risco maior de falhas e acidentes, assim comprometendo todo o trabalho da equipe e dos próprios ginastas individualmente. Tipos de auxílio-segurança 1. Pessoal 2. Material 3. Metodológico 4. Psicológico. Auxílio-segurança pessoal Deve ser entendido como o auxílio direto dado ao executante por um ou mais companheiros ou o próprio professor, sendo este um procedimento habitual nas sessões de aprendizagem e aprimoramento. Além da garantia da integridade física, o “auxílio-segurança pessoal” também objetiva a ajuda na realização de uma tarefa proposta, porém ainda não dominada completamente. Neste caso o “auxílio-segurança pessoal” acontece mais intensamente nos treinamentos cotidianos. É fundamental que os professores, e os próprios ginastas, dominem completamente as técnicas de “auxílios e segurança pessoal” nos mais diversos movimentos e situações da Ginástica Artística, devendo a aprendizagem destas técnicas fazer parte dos programas dos cursos de formação de professores de Educação Física, sendo tão fundamental o ensino e o treinamento dessas técnicas quanto o ensino das técnicas previstas para o aprendizado dos exercícios de Ginástica Artística. É certo afirmar que o meio auxiliar mais utilizado na Ginástica Artística, tanto na iniciação quanto no nível de alta performance é o “auxílio-segurança pessoal”. O responsável(eis) pelo “auxílio-segurança pessoal” deverá(ão) estar próximo(s) ao executante, em postura adequada para acompanhar e reagir imediatamente, se necessário ou, se for o caso, auxiliar na realização da tarefa. A(s) pessoa(s) que realiza(m) o “auxílio-segurança pessoal” deve(m) acompanhar a execução do movimento, intervindo diretamente na fase crítica do mesmo, acompanhando o ginasta até a finalização segura. Auxílio-segurança material Santos (2001), define que segurança material é aquela oferecida pela escolha adequada do material a ser utilizado na realização das tarefas, além da forma como este material é disposto para os treinamentos ou competições e ainda, como se dá a utilização do mesmo. Considerando o auxílio na realização das tarefas propostas, deve ser observada a possibilidade de utilização de meios auxiliares, sejam eles materiais ou pessoais, na facilitação da aprendizagem e/ou do aprimoramento dos exercícios da Ginástica Artística. Auxílio-segurança metodológico Este tipo de auxílio-segurança refere-se à metodologia aplicada no ensino das tarefas próprias da Ginástica Artística. Dentre as inúmeras possibilidades de ação, deve ser dedicada atenção especial às explicações das tarefas, dos procedimentos a serem adotados, não deixando de promover uma análise clara e objetiva do exercício a ser aprendido, sempre de forma dialética. Desse modo, a tarefa pode ser apresentada e vivenciada de forma global, podendo então, ser segmentada e trabalhada parte a parte, caso a mesma ainda não tenha se efetivado. Auxílio-segurança psicológico Santos (2001) afirma que é possível entender que a segurança psicológica nunca acontece isoladamente, ela sempre é gerada por procedimentos desenvolvidos principalmente nos treinamentos, muitas das vezes em situações simples. O preparo do treinador é fundamental para que isso aconteça da forma mais natural possível e esteja presente no cotidiano dos ginastas. A autonomia na tomada de decisões é um grande fator a ser desenvolvido a fim de promover uma maior segurança psicológica da equipe, que por sua vez só poderá ser atingida se desenvolvida e aprimorada individualmente. Tipos de meios auxiliares Elementos materiais que facilitam o aprendizado, o aprimoramento dos exercícios, e os que também oferecem segurança aos atletas na execução dos exercícios da Ginástica Artística. 1. Meios auxiliares para impulso 2. Meios auxiliares para amortecimento 3. Meios auxiliares para sustentação Meios auxiliares para impulso Possibilitam aos ginastas um aumento de impulso na realização dos exercícios nos diferentes aparelhos e no solo. Exemplo: A utilização do Mini tramp na aprendizagem do “Mortal para Frente”. Meios auxiliares para amortecimento Auxiliam os ginastas na finalização de algumas tarefas, principalmente nas acrobacias e nas saídas dos aparelhos, abrandando o choque da chegada do corpo ao solo ou numa retomada do aparelho. Exemplo: A utilização de um colchão fofo, de espuma, colocado em frente a um aparelho, para a finalização de um exercício ou sobre um aparelho, para atenuar o choque do corpo sobre o mesmo. Meios auxiliares para sustentação Oferecem sustentação aos ginastas durante a realização das tarefas propostas, isto é, são os que impedem o ginasta cair, auxiliam na sustentação ou atenuam a sua queda durante o exercício. Exemplo: A utilização de um cinto de segurança preso ao ginasta, na aprendizagem de um “Duplo Mortal” de saída na Barra. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCAZAR, A. Lesiones Típicas del Deporte. Instituto Nacional de Educación Física de Buenos Aires, Argentina. S.Ed. 1976; MCNITT-GRAY, J.L.; MUNKAZY, B.A.; WELCH, M.; HEINO, J. Kinetics of Successful and Unsuccessful Gymnastics Landings. TECHNIQUE, 14: p.27-30, 1994. United States Gymnastics Federation Publication; RALPH, M. & PRITCHARD, O. What is happening to the Teaching of Gymnastics in Schools? The British Journal of Physical Education, 16: p.5-9, 1985. RIZZUTO, D.M. Safety in Gymnastics.Selected Coaching Articles Officiating Techniques, 47- 50, 1989. Published by AAHPERD, USA; RUSSELL, K. Gymnastics - Why is it in School Curricula Leisure and Movement - Journal of the Saskatchewan Physical Education Association, 6: p.7-11, 1980. Saskatchewan, Canada. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS RUSSELL, K. & KINSMAN, T. National Coaching Certification Program: Introductory Gymnastics Level 1. Gymnastics Canada Gymnastique Publication, Ontario, Canada. 1986; UNITED STATES GYMNASTICS FEDERATION - USGF. Guide to Gymnastics. USGF Publication. 1995; UNITED STATES GYMNASTICS FEDERATION - USGF. Rookie Coaches Gymnastics Guide. Human Kinetics Publishers, Inc. 1993; WEIGART, D. Preventing Injuries. International GYMNAST, March, 53, 1987. USGF Publication; WERNER, P. Teaching Children Gymnastics: Becoming a Master Teacher. Human Kinetics Publishers, Inc. 1994.
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