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1Volume Andrea Da Poian Debora Foguel Marílvia Dansa Petretski Olga Tavares Machado Thompson Lima Bioquímica II Módulos 1 a 3 Andrea Thompson Da Poian Debora Foguel Marílvia Dansa Petretski Olga Lima Tavares Machado Volume 1 - Módulos 1 a 3 Bioquímica II Apoio: Material Didático Referências Bibliográfi cas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT. Copyright © 2005, Fundação Cecierj / Consórcio Cederj Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Fundação. ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO Andrea Thompson Da Poian Debora Foguel Marílvia Dansa Petretski Olga Lima Tavares Machado COORDENAÇÃO DE DESENHO INSTRUCIONAL Cristine Costa Barreto DESENHO INSTRUCIONAL E REVISÃO Alexandre Rodrigues Alves Carmen Irene Correia de Oliveira José Meyohas COORDENAÇÃO DE REVISÃO Maria Angélica Alves REVISÃO TÉCNICA Marta Abdala P749b Poian, Andrea Thompson Da. Bioquímica 2. v.1/ Andrea Thompson Da Poian. – Rio de Janeiro : Fundação CECIERJ, 2009. 132p.; 19 x 26,5 cm. ISBN: 85-89200-75-2 1. Bioquímica. 2. Metabolismo. 3. Bioenergética. I. Foguel, Debora. II. Petretski, Marílvia Dansa. III. Machado, Olga Lima Tavares. IV. Título. CDD: 5722009/1 Fundação Cecierj / Consórcio Cederj Rua Visconde de Niterói, 1364 – Mangueira – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20943-001 Tel.: (21) 2334-1569 Fax: (21) 2568-0725 Presidente Masako Oya Masuda Vice-presidente Mirian Crapez Coordenação do Curso de Biologia UENF - Milton Kanashiro UFRJ - Ricardo Iglesias Rios UERJ - Cibele Schwanke EDITORA Tereza Queiroz COORDENAÇÃO EDITORIAL Jane Castellani REVISÃO TIPOGRÁFICA Equipe CEDERJ COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO Jorge Moura PROGRAMAÇÃO VISUAL Alexandre d´Oliveira Bruno Gomes Cristiane Matos Guimarães ILUSTRAÇÃO Jefferson Caçador Salmo Dansa CAPA Eduardo Bordoni PRODUÇÃO GRÁFICA Andréa Dias Fiães Fábio Rapello Alencar Departamento de Produção Universidades Consorciadas Governo do Estado do Rio de Janeiro Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia Governador Alexandre Cardoso Sérgio Cabral Filho UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO Reitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho UERJ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Reitor: Ricardo Vieiralves UNIRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Reitora: Malvina Tania Tuttman UFRRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO Reitor: Ricardo Motta Miranda UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Reitor: Aloísio Teixeira UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Reitor: Roberto de Souza Salles Módulo 1 Aula 1 – Bioenergética - parte I_________________________________ 11 Olga Lima Tavares Machado Aula 2 – Bioenergética - parte II ________________________________ 15 Olga Lima Tavares Machado Aula 3 – Conceitos fundamentais do metabolismo __________________ 31 Olga Lima Tavares Machado Módulo 2 Aula 4 – Fotossíntese I - Princípios gerais _________________________ 41 Marílvia Dansa Petretski Aula 5 – Fotossíntese II - O processo de fotossíntese _________________ 47 Marílvia Dansa Petretski Aula 6 – A etapa fotoquímica ou fase clara da fotossíntese ____________ 57 Marílvia Dansa Petretski Aula 7 – O ciclo de Calvin ou etapa química da fotossíntese ___________ 73 Marílvia Dansa Petretski Aula 8 – Outros aspectos importantes da fotossíntese________________ 83 Marílvia Dansa Petretski Módulo 3 Aula 9 – A história da fermentação: do início aos dias de hoje ________ 95 Marílvia Dansa Petretski / Olga Lima Tavares Machado Aula 10 – Glicólise: oxidação de glicose a piruvato I _______________ 107 Marílvia Dansa Petretski / Olga Lima Tavares Machado Aula 11 – Glicólise: oxidação de glicose a piruvato II _______________ 119 Marílvia Dansa Petretski / Olga Lima Tavares Machado Bioquímica II SUMÁRIO Volume 1 Introdução ao Metabolismo Aulas 1 - Bioenergética - parte I. 2 - Bioenergética - parte II. 3 - Conceitos fundamentais do metabolismo. M ód u lo 1 CEDERJ8 Metabolismo, cujo antepositivo grego metabol – significa “mudança”, pode ser defi nido como a totalidade dos processos químicos do organismo. Conseqüentemente podemos admitir que a célula viva seja uma indústria química em miniatura, onde milhares de reações ocorrem em nível microscópico. Você pode pensar no metabolismo celular como um elaborado mapa rodoviário que representa as reações que ocorrem na célula. As reações são arranjadas em vias metabólicas intrincadas e bifurcadas, que transformam moléculas por uma série de etapas. As enzimas aceleram seletivamente cada etapa no labirinto de reações. Em analogia aos sinais de trânsito que controlam o fl uxo do tráfego e previnem acidentes, existem mecanismos que controlam o metabolismo por regulação de enzimas e, conseqüentemente, mantêm o balanço metabólico, impedindo defi ciências e excessos de metabólitos. Poderíamos então começar os nossos estudos apresentando algumas questões: 1 - Como as enzimas controlam todas estas reações? 2 - Como os seres vivos produzem e armazenam energia? 3 - De onde vem esta energia? 4 - Como um sistema biológico realiza trabalho? 5 - Por que algumas reações químicas liberam e outras absorvem calor? 6 - Para que servem as vias metabólicas? Tais questões serão respondidas ao longo de toda a disciplina Bioquímica II. Como você pôde observar, energia é o tema central do metabolismo, por isto é apropriado que comecemos o nosso estudo com uma introdução à bioenergética, a análise quantitativa de como o organismo ganha e utiliza energia. A bioenergética é uma parte especial de uma ciência que estuda as transformações da energia, que é chamada termodinâmica. INTRODUÇÃO AO METABOLISMO CEDERJ 9 O módulo Introdução ao metabolismo é composto por três aulas: Aula 1 – Bioenergética – parte I Aula 2 – Bioenergética - parte II Aula 3 – Conceitos fundamentais do metabolismo Após cada uma das aulas, você verá um resumo da mesma; no entanto os exercícios; referentes ao módulo serão apresentados após a Aula 3. Bioenergética - parte I Ao fi nal desta aula, você deverá ser capaz de: • Defi nir conceitos de energia, calor e trabalho. • Conhecer a primeira lei da termodinâmica. 11AULA ob je ti vo s Bioquímica II | Bioenergética - parte I CEDERJ1 2 Uma célula viva é um sistema dinâmico; ela cresce, move, sintetiza macromoléculas complexas e, seletivamente, direciona substratos para um ou outro compartimento. Todas estas atividades necessitam de energia; assim, a célula deve obter energia do meio onde está e deve utilizar esta energia com a maior efi ciência possível. As plantas a obtêm da luz do sol; animais usam a energia estocada nas plantas ou em outros animais que consomem. ENERGIA, CALOR E TRABALHO Uma palavra que usaremos com freqüência é sistema. Neste contexto, sistema é uma porção defi nida do espaço que foi selecionada para o nosso estudo. Pode ser uma simples bactéria, um tubo de ensaio contendo milhões de células, a Terra ou o universo. Tudo o que estiver em volta do sistema é o ambiente. Qualquer sistema pode conter uma certa quantidade de energia, que chamamos E. Os átomos e moléculas do sistema têm energia cinética de movimento e energia de vibração e rotação. Além destas, nós poderíamos incluir toda a energia preservada nas ligações químicas entre os átomos e a energia de interação nãocovalente entre as moléculas. A menos que um sistema esteja isolado, ele pode, em princípio, trocar energia com o ambiente e, assim, mudar a sua energia interna. Esta mudança pode acontecer de duas maneiras. Em uma o calor pode ser transferido de um sistema para outro. Na outra, o sistema pode realizar trabalho no seu ambiente ou pode sofrer um trabalho realizado pelo ambiente. O que denominamos trabalho, neste caso, pode ser, por exemplo, a contração muscular ou o movimento de um fl agelo de um protozoário. Certas convenções foram adotadas para descrever estas trocas de energia: INTRODUÇÃO CEDERJ 1 3 A U LA 1 M Ó D U LO 1 Figura 1.1: Esquema geral da fotossíntese. Nós denotamos calor pelo símbolo q. Um valor positivo de q indica que o calor do ambiente foi absorvido pelo sistema. Um valor negativo de q indica que o sistema perdeu calor para o ambiente. Nós denotamos trabalho pelo símbolo w. Um valor positivo de w indica que o trabalho é realizado pelo sistema no seu ambiente. Um valor negativo signifi ca que o ambiente realizou um trabalho sobre o sistema. A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA – LEI DA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA Você já deve ter ouvido, em suas aulas de ciências, a seguinte expressão: “Energia não se cria nem se perde, apenas se transforma”. A queda d’água de uma cachoeira (energia mecânica) pode acionar um dínamo (energia elétrica), que por sua vez pode movimentar um ventilador (energia mecânica), ou acender uma lâmpada (energia luminosa). Em todas essas transformações a energia não foi criada nem perdida, apenas transformada. De onde vem a energia dos reagentes? A luz do sol é a fonte original de energia. No processo de fotossíntese, as plantas assimilam a luz do sol através de pigmentos especiais. Açúcares são sintetizados utilizando essa energia e passam a ser fonte de energia química que poderá ser utilizada para formação de outras moléculas. Observe esse processo na Figura 1.1. Bioquímica II | Bioenergética - parte I CEDERJ1 4 Em (A) temos a energia cinética transformada somente em calor; Em (B) parte da energia cinética é usada para retirar a água (trabalho), e uma menor quantidade de energia é liberada como calor; Em (C) a energia cinética estocada no balde d’água suspenso pode ser usada para dirigir uma máquina hidráulica ou para qualquer outro trabalho. Figura 1.2: Transformação de energia. R E S U M O Nesta aula, você aprendeu que um sistema pode trocar energia com o meio ambiente e assim mudar sua energia. Vimos que esta mudança pode ocorrer na forma de calor ou trabalho. Você deve ter em mente o seguinte conceito: • a primeira lei da Termodinâmica é a lei da conservação da energia, ou seja, energia não se cria, só se transforma. Veremos, mais adiante, que os seres vivos são transformadores naturais de energia. Veja exemplos de transformação de energia na fi gura 1.2. Como mencionada anteriormente, a energia de um sistema pode ser mudada somente na forma de calor ou de trabalho. Tal mudança da energia interna de um sistema, a qual chamamos ΔE, pode ser matematicamente representada por: ΔE = q – w Essa equação expressa a primeira lei da Termodinâmica. Considere, por exemplo, alguns processos nos quais uma certa quantidade de calor é absorvida por um sistema e este realize trabalho sobre o ambiente. No caso onde q for igual a w, a ΔE será igual a zero. Bioenergética - parte II Ao fi nal desta aula, você deverá ser capaz de: • Analisar as direções das reações químicas a partir do entendimento dos conceitos de entropia, energia livre e da segunda lei da Termodinâmica. • Conhecer os compostos ricos em energia, ou seja, as fontes de energia dos sistemas biológicos. • Defi nir e entender a importância das reações acopladas. 2AULA ob je ti vo s Bioquímica II | Bioenergética - parte II CEDERJ16 INTRODUÇÃO AS DIREÇÕES DAS REAÇÕES QUÍMICAS – A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA – LEI DA TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA Conceito de entropia A primeira lei da Termodinâmica não fornece nenhuma informação sobre o sentido de uma reação química ou sobre o sentido de transferência de energia. Considere o seguinte exemplo: se colocarmos um cubo de gelo em um copo d’água à temperatura ambiente, ele derrete. Por que o inverso não ocorre? Se queimarmos um pedaço de papel, ele será transformado em CO2 mais água. Mas se misturarmos CO2 com água não formaremos um pedaço de papel. O tema comum nestes dois exemplos é este: processos favoráveis ocorrem espontaneamente em certas direções. Por quê? A primeira explicação seria a de que os sistemas sempre caminham para o estado de energia mais baixa. Assim, objetos caem espontaneamente em virtude do campo gravitacional. Mas tal explicação não seria adequada para o caso do gelo que se derrete; de fato, energia é absorvida neste processo. Nós podemos imaginar um outro experimento muito simples que daria uma indicação clara do que deve estar ocorrendo. Suponha que nós colocássemos, com muito cuidado, uma camada de água pura sobre uma solução de sacarose. Depois de algum tempo, nós verifi caríamos que a solução estaria cada vez mais uniforme, ou seja, as moléculas de sacarose iriam se distribuir pelo recipiente. Nesse tipo de transformação nenhuma mudança energética ocorreu. Certamente o inverso não aconteceria. O que procuramos deixar claro aqui é que os sistemas formados por moléculas têm uma tendência natural a se distribuir randomicamente. Na aula anterior, defi nimos energia, calor e trabalho. Falamos ainda sobre a primeira lei da Termodinâmica, ou seja, sobre a lei da conservação de energia. Nesta aula, tentaremos explicar o porquê de algumas reações ocorrerem espontaneamente e o de outras necessitarem de energia para acontecerem. Veremos ainda como nosso organismo utiliza reações que liberam energia para promover reações que necessitam de energia. CEDERJ 17 A U LA M Ó D U LO 1 2 Figura 2.1: Demonstração das reações espontâneas e não espontâneas. O grau de distribuição randômica ou grau de desordem é chamado entropia. Para demonstrarmos a mudança de entropia em um processo simples, considere a facilidade para desorganizar um quarto e o esforço para reorganizá-lo. Para isso, veja a Figura 2.1. Diremos então que a variação de entropia ΔS será a diferença entre a entropia do estado fi nal (Sf) e a entropia do estado inicial (Si), ou seja, ΔS = Sf – Si. Reação espontânea (aumento do grau de desordem, ou seja, aumento da entropia). Reação não espontânea – requer energia. Normalmente não medimos a entropia inicial ou fi nal, mas sim a ΔS. O aumento de entropia é representado por um sinal positivo, e a redução de entropia por um sinal negativo. Com relação à entropia, dois aspectos devem ser ressaltados: a) A entropia total sempre aumenta. A entropia pode aumentar ou diminuir no sistema ou no ambiente, mas, em todos os processos reais, a soma entrópica sistema + ambiente é sempre crescente. Pode-se afi rmar que a entropia do Universo está aumentando continuamente. Bioquímica II | Bioenergética - parte II CEDERJ18 b) O signifi cado da quantidade de entropia está associado à quantidade de energia que não realiza trabalho. Esta representa a energia inaproveitável em processos reais e é obtida pelo produto da variação da entropia (ΔS) pela temperatura absoluta do processo. Assim, teremos: Energia entrópica = TΔS Esta é também a defi nição formal de entropia. Para entendermos a segunda lei da Termodinâmica, precisamos ainda conhecer dois conceitos: entalpia e energia livre.Conceito de entalpia A entalpia, que chamamos H, é o conteúdo de energia de um sistema e pode ser percebido por sua variação, ΔH, que aparece em qualquer processo. Eis alguns exemplos em Bioquímica: – Entalpia de reação (ΔHr) – energia liberada ou absorvida quando ocorre uma reação química. – Entalpia de solução (ΔHs) – energia liberada ou absorvida quando uma substância se dissolve. – Entalpia de formação (ΔHf) – energia liberada ou absorvida quando se forma um composto. Conforme o comportamento da entalpia, as reações podem ser exotérmicas ou endotérmicas. Nas reações exotérmicas, o sistema perde calor; tal perda é indicada pelo sinal negativo do valor de ΔH. Por exemplo, quando dissolvemos NaOH em água ocorre aquecimento da solução em função do calor desprendido, fato que pode ser percebido pelo tato. Este calor irradia, ou seja, se perde pelo ambiente. Nas reações endotérmicas, o sistema ganha calor, o que é indicado pelo sinal positivo de ΔH. Quando dissolvemos o sal NH4Cl em água, ocorre resfriamento do sistema pelo calor absorvido na dissolução, o que também pode ser percebido pelo tato. A liberação ou absorção de calor não está diretamente ligada à realização de trabalho pelo sistema. Este aspecto será visto ao falarmos de energia livre. Conceito de energia livre – Energia de Gibbs “G” As moléculas de uma célula viva possuem energia devido às suas vibrações, rotações, translações e devido à energia que está estocada entre as ligações de átomos individuais. Veja uma representação disto na Figura 2.2. CEDERJ 19 A U LA M Ó D U LO 1 2 Na realidade, a energia livre é medida pela sua variação ΔG, e é aquela capaz de realizar trabalho em processos isotérmicos (processos que ocorrem à temperatura constante) e isobáricos (processos que ocorrem à pressão constante). Ela resulta da diferença entre a energia total (entalpia, ΔH) e a energia inefi caz (quantidade de entropia, TΔS). ΔG = ΔH - TΔS Energia que produz trabalho = Energia total - Energia inaproveitável A equação apresentada é a que rege a segunda lei da Termodinâmica. Ou seja, um processo ocorrerá espontaneamente quando ΔG for negativo e não será espontâneo quando ΔG for positivo. Figura 2.2: Descrição da Energia Livre. A Energia Livre (G) mede a energia da molécula que poderia em princípio ser usada para realizar trabalho à temperatura constante, como ocorre nos seres vivos. G é medido em unidades de quilocalorias/ mol ou quilojoules/mol. Conheça abaixo a defi nição de algumas unidades de medida de energia. O QUE É UM KJ? É uma unidade de energia. A unidade básica de energia é o Joule, nome dado em homenagem a um físico famoso. Um quilojoule (KJ) corresponde a 1.000 joules. A caloria é uma outra unidade de energia. Uma caloria corresponde a 4,185 joules. Veja um resumo destas informações na Figura 2.3. Unidade básica de energia = joule (J) 1quilojoule (KJ) = 1.000 J 1 caloria (cal) = 4,185 J 1 caloria alimentar = 1.000 cal = 1kcal = 4.185 J Figura 2.3: Unidades de energia. Bioquímica II | Bioenergética - parte II CEDERJ20 Quando os reagentes possuem uma energia livre menor do que o produto, como tornar possível a realização da reação? A solução é usar reagentes que tenham maior energia livre. Veja alguns exemplos, acompanhando a seqüência de eventos representada das Figuras 2.4.a a 2.4.d. Reagentes alternativos Reagentes Produtos En er g ia li vr e p ad rã o DG É positivo 0 U W Y B D U+B V+D V Reagentes alternativos Reagentes Produtos En er g ia li vr e p ad rã o DG É positivo 0 U W Y A B C D A+B C+D Figura 2.4.a: Os reagentes apresentam energia livre menor do que os produtos. O equilíbrio favorece a formação dos reagentes. Figura 2.4.b: Os reagentes apresentam energia livre menor do que os produtos. O equilíbrio favorece a formação dos reagentes. CEDERJ 21 A U LA M Ó D U LO 1 2 Figura 2.4.c: Os reagentes apresentam energia livre menor do que os produtos. O equilíbrio favorece a formação dos reagentes. Figura 2.4.d: Os reagentes apresentam energia livre maior do que os produtos. O equilí- brio favorece a formação dos produtos. Responda você agora à seguinte questão: uma reação endergônica (ΔH positivo), ou seja, uma reação que requer energia, pode ocorrer espontaneamente dentro de uma célula? Se você respondeu que sim, desde que o valor em módulo para a entropia (TΔS) seja maior do que ΔH, você está acompanhando o nosso raciocínio. Bem, podemos ir um pouco mais adiante, mas antes precisamos entender como a energia livre de um sistema depende da quantidade dos vários componentes da mistura de reação. Reagentes alternativos Reagentes Produtos En er g ia li vr e p ad rã o DG É positivo 0 W Y B D W+B X+D X Reagentes alternativos Reagentes Produtos En er g ia li vr e p ad rã o DG É positivo 0 Y B D Y+B Z+D Z Bioquímica II | Bioenergética - parte II CEDERJ22 Energia livre e concentração das substâncias Se nós tivermos uma mistura contendo NA moles do componente A e NB moles do componente B e assim sucessivamente, nós podemos escrever: G = NAGA + NBGB + NCGC + ..... Ou seja, a energia total do sistema é um somatório das energias parciais molares ou dos potenciais químicos dos vários componentes. Para facilitar nossos estudos, químicos e bioquímicos determinaram a energia livre de alguns componentes de interesse químico/bioquímico quando a concentração dos mesmos era 1 molar. Denominaram-na energia do estado fundamental, à qual chamaram G0. Em qualquer outra situação, a energia desses componentes seria proporcional a essa energia, conforme podemos expressar na seguinte equação: GA = GA0 + RT ln[A] GB = GB0 + RT ln[B], onde R é a constante absoluta dos gases (8.314 J/mol), T é a temperatura absoluta expressa em graus Kelvin. A importância destas equações é que elas nos permitem aplicar princípios termodinâmicos em problemas práticos. Em particular, elas nos permitem predizer a direção favorável dos processos reais. Considere a reação reversível; em equilíbrio: A + B = C + D A relação entre energia livre e energia padrão é dada pela equação: ΔG = ΔG 0 + RT ln [C] x [D] Em quaisquer concentrações de A, B, C e D quando a reação está em equilíbrio ΔG = 0, e: K = [C]eq x [D]eq [A]eq x [B]eq K é defi nida como a constante de equilíbrio. Este estado será atingido quando a velocidade de formação dos produtos C e D for igual à velocidade de formação (v) dos reagentes A e B. [A] x [B] CEDERJ 23 A U LA M Ó D U LO 1 2 reagentes produtos No equilíbrio v+ = v- e ΔG = 0 , tem-se ΔG0 = - RT lnK V + V - 4 pares de reagentes Equilíbrio atingido 8 pares de produto Figura 2.5: Representação de uma reação em equilíbrio na qual as concentrações dos produtos e dos reagentes são diferentes. Agora pense e responda! Será que podemos dizer que no equilíbrio químico a concentração dos reagentes é igual à concentração dos produtos? A resposta é não. No equilíbrio químico não é necessário que a concentração dos reagentes seja igual à concentração do produto. O equilíbrio químico ocorre quando a velocidade da reação nos dois sentidos é idêntica. No exemplo dado, o equilíbrio ocorre em uma situação em que existem mais moléculas de produtos do que de reagentes. Veja a Figura 2.5:Bioquímica II | Bioenergética - parte II CEDERJ24 E a vida? Será que ela existe quando o equilíbrio químico entre ser vivo e meio ambiente é atingido? Não. Somente quando um ser morre é que o equilíbrio químico é atingido. Veja a Figura 2.6. Figura 2.6: O equilíbrio entre sistema e meio é incompatível com a vida. COMPOSTOS RICOS EM ENERGIA E REAÇÕES ACOPLADAS O papel central das mudanças de energia em determinadas direções favoráveis às reações químicas é de grande importância para a Bioquímica. Para que uma via metabólica ocorra, ela deve ser termodinamicamente favorável. Entretanto, reações individuais da via podem ter um ΔG0 positivo e não serem, portanto, favoráveis. Como então as reações poderiam ocorrer de maneira efi ciente? Em alguns casos, in vivo, a chave é encontrada no fato de as concentrações entre os reagentes e produtos se encontrarem muito distantes do equilíbrio. Assim, se os reagentes se encontram em concentrações muito elevadas e se os produtos estiverem sendo continuamente removidos, o valor de ΔG0 pode se tornar ligeiramente negativo, tornando possível a reação. Outras vezes, poderemos acoplar reações para tornar possível outras reações. Veja o tópico a seguir. CEDERJ 25 A U LA M Ó D U LO 1 2 Reações acopladas Embora muitas reações possam ser favorecidas pela remoção efi ciente dos produtos, existem muitos casos em que isto não é sufi ciente. Há um outro modo muito importante no qual reações intrinsecamente desfavoráveis podem acontecer. Suponha por exemplo que nós tenhamos uma reação endergônica que seja parte essencial de uma via que, na sua totalidade, poderia gerar energia. Busquemos uma situação do nosso dia-a-dia para você entender melhor este processo: imagine que você queira montar uma loja para vender um produto de larga aceitação no mercado. Com certeza você espera ter lucros quando tudo estiver em pleno funcionamento. Sem dúvida você deverá gastar alguns recursos para iniciar seu projeto. Assim funcionam algumas vias metabólicas: você gasta alguma energia para tornar possível uma das etapas da vias, que é endergônica, para que outras etapas que forneçam energia cubram esse “gasto” inicial e ainda liberem energia para outras funções metabólicas. Vejamos como isto fi ca passo a passo: A ΔG0 = + 10kJ/mol C D ΔG0 = - 30kJ/mol Para que a primeira reação aconteça é preciso energia (reação endergônica), já a segunda reação libera energia. Dizer que as duas reações ocorrem de maneira acoplada seria o mesmo que somarmos as equações. Assim teríamos: A + C B + D ΔG0 = (+ 10kJ/mol) + (-30 kJ/mol) ΔG0 = - 20kJ/mol Acoplar reações endergônicas com reações exergônicas é um dos princípios mais importantes em Bioquímica. Tais ligações de processos favoráveis com processos desfavoráveis são usadas não somente para inúmeras reações, mas também para o transporte de materiais através de membranas, transmissão de impulsos nervosos e contração muscular. Bioquímica II | Bioenergética - parte II CEDERJ26 Compostos fosfatos de alta energia como estoque de energia Como vimos, acoplar reações é muito importante nos processos vitais; por isso existem diversas moléculas que conservam energia em sua estrutura e, assim, quando clivadas, podem liberar essa energia para permitir que uma reação endergônica possa acontecer. As moléculas consideradas “estoque” de energia mais importantes no nosso organismo são compostos fosforilados, que por hidrólise liberam seu grupo fosfato. Alguns deles, como o foso-enol-piruvato (PEP), a creatina-fosfato (CP) e a adenosina tri-fosfato (ATP), quando hidrolisados, liberam uma grande quantidade de energia (ΔG0 muito negativo). Talvez o mais importante destes compostos, e que você poderá encontrar com maior freqüência nos livros, seja o ATP. Por isso a estrutura dessa molécula, bem como as possíveis reações de hidrólises que ela pode sofrer, são apresentadas na Figura 2.7.a, 2.7.b e 2.7.c. Como você pode observar, a hidrólise da molécula de ATP pode proceder de duas maneiras: 1) o fosfato terminal pode ser clivado, formando uma molécula de adenosina difosfato (ADP) e uma molécula de fosfato inorgânico (Pi) (Figura 2.7.b); 2) a clivagem pode ocorrer na segunda ligação fosfo-di-éster para formar uma molécula de adenosina mono-fosfato (AMP) e uma molécula de pirofosfato inorgânico (PPi) (Figura 2.7.c). A primeira reação ocorre com maior freqüência in vivo, mas a energia liberada em ambas as clivagens é a mesma. A molécula de PPi também pode ser clivada e, neste caso, uma outra parcela de energia pode ser liberada. A razão pela qual a molécula de ATP é considerada uma das mais importantes moléculas de transferência de energia é que ela fi ca bem no meio da escala de potenciais de transferência de energia. Por isso, quando reações altamente exergônicas acontecem no nosso organismo, ou mesmo quando a luz incide sobre os organismos fotossintetizantes, podemos guardar parte dessa energia formando uma molécula de ATP e, quando necessitamos de energia para a realização de uma reação exergônica ou para a realização de um trabalho, podemos utilizar a energia armazenada nessa molécula. CEDERJ 27 A U LA M Ó D U LO 1 2 Figura 2.7.a: Estrutura da adenosina trifosfato (ATP). Figura 2.7.b: Hidrólise do ATP com clivagem do fosfato terminal. Libera 31 a 55 kJ/mol como calor. Libera adenosina difosfato e fosfato inorgânico. Figura 2.7.c: Hidrólise do ATP com clivagem na segunda ligação fosfo-di-éster. Libera 31 a 55 kJ/mol como calor. Libera adenosina monofosfato e pirofosfato inorgânico. NH2 N N N N C C CHC CH H H H O H OHOH H C2 O O OAdenina Ribose Fosfato O P O- O- O- O- Bioquímica II | Bioenergética - parte II CEDERJ28 Resumindo, podemos dizer: a energia de acoplamento é usada para permitir que uma reação desfavorável aconteça. O processo substitui a reação desfavorável por duas reações favoráveis. Na primeira etapa, o ATP reage para formar um intermediário rico em energia. Na segunda etapa, o intermediário libera essa energia para formação do produto. Como as células refazem as moléculas de ATPs gastas? Elas usam reagentes que possuem mais energia do que o ATP. Usam, por exemplo, a energia da luz, captada pelos cloroplastos. As plantas e os animais oxidam açúcares com a ajuda das mitocôndrias, liberando energia para a formação do ATP. Um detalhamento desses processos será visto nas aulas de fotossíntese, de glicólise, ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa. Na próxima aula, após defi nirmos alguns conceitos importantes para o entendimento do metabolismo, voltaremos a falar da importância do ATP como molécula transportadora de energia. CEDERJ 29 A U LA M Ó D U LO 1 2RESUMO Nesta aula, você aprendeu os conceitos de entropia, entalpia e energia livre de Gibbs. Você viu como essas grandezas se relacionam, ou seja, você aprendeu a segunda lei da Termodinâmica. Você aprendeu a identifi car o sentido das reações químicas e a importância dos compostos ricos em energia e das reações acopladas. Vamos resumir esses conceitos. O conteúdo de energia de um sistema é denominado entalpia; no entanto, normalmente medimos sua variação durante uma transformação, ou seja, o ΔH. Quando ΔH é positivo, a reação é endotérmica, e quando ΔH é negativo, a reação é exotérmica. Entropia é o grau de desordem; normalmente medimos a sua variação durante um processo, a uma determinada temperatura, ou seja, medimos o TΔS; aentropia do universo é sempre crescente. A energia livre das moléculas é denominada G. Ela é a energia de rotação, de translação e a energia contida entre as ligações químicas. Neste caso, também, em Bioquímica, usualmente medimos a sua variação durante uma reação química, ou seja, medimos o ΔG. A segunda lei da Termodinâmica dá informações sobre a espontaneidade de uma reação química, a qual pode ser visualizada pelo sentido do ΔG. Vimos que ΔG = ΔH - TΔS; para um ΔG negativo a reação é espontânea e para um ΔG positivo a reação não é espontânea. Se acoplarmos uma reação exotérmica a uma reação endotérmica, poderemos tornar possível a realização de uma reação termodinamicamente desfavorável. O ATP é o composto rico em energia mais utilizado nos organismos vivos. A energia contida em suas ligações é utilizada nas reações termodinamicamente desfavoráveis. Ele é reconstituído às custas da energia solar ou da energia contida em outras moléculas orgânicas. Conceitos fundamentais do metabolismo Ao fi nal desta aula, você deverá ser capaz de: • Conhecer as funções do metabolismo. • Dividir o metabolismo em estágios ressaltando a importância de cada um deles. • Conhecer a organização das vias metabólicas. • Conceituar catabolismo e anabolismo. • Identifi car os principais mecanismos de regulação metabólica. 3AULA ob je ti vo s Bioquímica II | Conceitos fundamentais do metabolismo CEDERJ32 INTRODUÇÃO FUNÇÕES DO METABOLISMO O metabolismo desempenha quatro funções básicas: 1 - Obter energia química do ambiente, por captura de energia solar ou por degradação de nutrientes ricos em energia. 2 - Converter moléculas de nutrientes (exógenas) em moléculas características do próprio organismo (endógenas). 3 - Polimerizar precursores monoméricos em produtos poliméricos, como proteínas, ácidos nucléicos, lipídios, polissacarídeos e outros componentes celulares. 4 - Sintetizar e degradar biomoléculas requeridas em funções celulares especializadas. ESTÁGIOS DO METABOLISMO O metabolismo pode ser dividido em estágios que refl etem o grau de complexidade ou tamanho das moléculas geradas No nível 1, temos as reações químicas de conversão de metabólitos poliméricos, como polissacarídeos, lipídeos e proteínas, em seus constituintes monoméricos, como monossacarídeos, ácidos graxos + glicerol e aminoácidos, respectivamente. No nível 2 do metabolismo, esses monômeros são quebrados em intermediários simples, como por exemplo: O destino dos componentes da dieta, após a digestão e absorção, constitui o metabolismo intermediário. Assim, ele procura não somente descrever a via metabólica percorrida individualmente pelas moléculas, mas também compreender suas inter-relações e os mecanismos que regulam o fl uxo de metabólitos através das vias metabólicas, envolvendo um amplo domínio. Glicose Piruvato Ácidos graxos acetil-CoA CEDERJ 33 A U LA M Ó D U LO 1 3 2CO H O 2 2 Carregadores de elétrons reduzidos e ATP GordurasProteínasGlicídeos Carregadores de elétrons reduzidos e ATP Aminoácidos Ácidos graxos + glicerol Acúcares simples (principalmente glicose) Carregadores de elétrons reduzidos e ATP Piruvato Acetil-Co A Cíclo do ácido cítrico Estágio 3 Estágio 2 Estágio 1 Figura 3.1: Esquema geral dos três estágios do metabolismo. As reações do metabolismo intermediário não envolvem um templete de ácido nucléico. A informação necessária para especifi car cada reação vem da estrutura da enzima que catalisa aquela reação. Um exemplo de reações metabólicas que dependem de um templete de ácido nucléico e, portanto, não é considerado metabolismo intermediário, é a síntese de proteínas. No nível 3, se tratarmos de organismos aeróbicos (aqueles que necessitam de oxigênio para sobreviver), a principal via é o ciclo de Krebs, onde os intermediários do nível 2 sofrem degradação completa a CO2, H2O. Por exemplo: Acetil-CoA CO2 e H2O Essas relações são esquematizadas na Figura 3.1. Açúcares simples (principalmente glicose) Bioquímica II | Conceitos fundamentais do metabolismo CEDERJ34 Seus metabólitos são formados seqüencialmente até o produto fi nal (F). Neste caso, o aumento da concentração do substrato (A), ou o aumento de qualquer intermediário (B, C, D ou E) resulta no aumento da concentração do produto (F). Um exemplo de via metabólica linear é a glicólise, a via de degradação da glicose (veja Aulas 9 e 10). Nesta via, a glicose é o substrato inicial e o piruvato é o produto fi nal. Nas vias metabólicas cíclicas, o produto fi nal (F) pode regenerar o substrato inicial (A). Um exemplo desta via é o ciclo de Krebs (veja Aulas 12 e 13). Este tipo de via metabólica pode ser representada da seguinte forma: ORGANIZAÇÃO DAS VIAS METABÓLICAS O metabolismo é formado por vias metabólicas que podem ser lineares ou cíclicas As vias metabólicas lineares podem ser representadas da seguinte forma: A B C D E F A D B CE F As vias cíclicas têm particularidades. Ao contrário das vias lineares, o aumento da concentração do substrato (A) não resulta necessariamente no aumento da concentração do produto (F). Na verdade, o aumento da concentração de qualquer um dos metabólitos desencadeia ativação ou aumento da velocidade da via como um todo. No metabolismo existem pontos de convergência de vias metabólicas diferentes. A molécula acetil-CoA é um desses pontos de convergência. Isso signifi ca que várias vias metabólicas têm como produto fi nal acetil-CoA, ou em alguns casos o produto fi nal da via é convertido nessa molécula. Chamamos então vias metabólicas convergentes aquelas que têm um produto comum. A B C D E A B C D E H CEDERJ 35 A U LA M Ó D U LO 1 3 Figura 3.2: Representação esquemática dos principais aspectos do catabolismo e do metabolismo. Por outro lado, nas vias metabólicas divergentes, um mesmo substrato pode sofrer reações distintas que vão determinar a rota metabólica daquela molécula. H I J K D E F G A B C Qualquer participante de uma reação metabólica, seja ele substrato, intermediário ou produto, é chamado metabólito, e as moléculas que não podem mais ser utilizadas pelo organismo e, portanto, devem ser eliminadas são denominadas catabólitos. Assim, no nosso organismo as moléculas de CO2 que eliminamos pela respiração e a molécula de uréia que eliminamos na urina são exemplos de catabólitos. CATABOLISMO E ANABOLISMO O metabolismo pode ainda ser dividido em duas principais categorias: Anabolismo – processos que envolvem primariamente a síntese de moléculas orgânicas complexas. Esses processos necessitam de energia. Catabolismo – processos relacionados à degradação de substâncias complexas com concomitante geração de energia. Veja um resumo destas informações na Figura 3.2. Bioquímica II | Conceitos fundamentais do metabolismo CEDERJ36 Esta distinção é arbitrária, especialmente porque muitos substratos das vias anabólicas são formados como intermediários nos processos catabólicos e vice-versa. Durante o catabolismo, observamos a oxidação das moléculas, e durante o anabolismo verifi camos redução das moléculas. Relembre que redução é um processo no qual ocorre ganho de elétrons e oxidação envolve perda de elétrons. No nosso organismo existem moléculasque auxiliam algumas enzimas nos processos de óxido-redução e, portanto, são denominadas coenzimas. São exemplos de coenzimas a nicotina adenina di-nucleotídeo (NAD), a fl avino-adenino dinucleotídeo (FAD). Veja a estrutura de algumas coenzimas, bem como o mecanismo pelo qual elas transportam moléculas de hidrogênio, na Figura 3.3. Quando essas coenzimas estão associadas ao hidrogênio, dizemos que elas estão reduzidas; quando elas perdem esses hidrogênios, dizemos que a coenzima está oxidada. Na Figura 3.2 você pode observar que durante o catabolismo ocorre a redução das coenzimas, ou seja, transformação de NAD e FAD em NADHH e FADH2, respectivamente. Por outro lado, no anabolismo ocorre a oxidação de NADPHH em NADP. Em resumo, se quisermos acompanhar os processos de óxido-redução podemos observar o teor de hidrogênio de uma molécula. Durante a oxidação, a molécula perde hidrogênios. Observe a Figura 3.3. C H H H H Metano C H H OH H Metanol C H O H Formaldeído C C H O OO HO Ácido fórmico O X ID A Ç Ã O Figura 3.3: Processo de oxidação da molécula de metano à molécula de dióxido de carbono. CEDERJ 37 A U LA M Ó D U LO 1 3 Ao contrário da primeira impressão, as vias de síntese e degradação de uma dada molécula não são as mesmas. Quase sempre os dois caminhos são bastante distintos um do outro. Embora apresentem reações enzimáticas e intermediárias comuns, são vias diferentes por possuírem diferentes enzimas catalisando pelo menos parte de suas reações. Essa é uma estratégia para evitar a redundância e o ciclo vicioso. Enzimas chaves vão ditar a regulação simultânea das vias opostas. PRINCIPAIS MECANISMOS DE REGULAÇÃO METABÓLICA Controle dos níveis das enzimas As concentrações das diversas enzimas intracelulares podem ser diferentes; assim, enzimas das vias centrais de produção de energia, como as da via glicolítica (Aula 10), devem ser mais abundantes do que as que realizam funções limitadas ou especializadas dentro da célula. Verifi camos ainda que os níveis de uma mesma proteína podem variar em função das necessidades de um determinado momento. Imagine, por exemplo, o que ocorre durante a amamentação: durante este período, os níveis das enzimas envolvidas na síntese da galactose (açúcar do leite) e da caseína (proteína do leite) estão muito aumentados, retornando a níveis basais quando a produção do leite não é mais necessária. Controle da atividade da enzima Basicamente, a atividade de uma enzima pode ser controlada de duas maneiras: 1) pela interação com um ligante; 2) por modifi cação covalente de uma molécula. Ligantes que controlam a atividade de uma enzima podem ser poliméricos, como por exemplo, interações proteína- proteína. No entanto, nós nos concentraremos nas interações com moléculas de baixo peso molecular, principalmente substratos e efetores alostéricos (veja a aula sobre enzimas na Bioquímica I). Assim, de um modo geral, quando a concentração de um substrato estiver aumentada dentro de uma célula, a atividade da enzima que utiliza este substrato será aumentada e, uma vez formada a quantidade de produto desejado, mecanismos de inibição desta enzima serão ativados. Muitas vezes, o produto fi nal de uma seqüência de reações poderá se associar à primeira enzima da via, inibindo-a. Bioquímica II | Conceitos fundamentais do metabolismo CEDERJ38 Modifi cações covalentes de uma enzima representam uma outra forma efetiva de regulação da atividade de uma determinada enzima. Você verá que a adição de um grupamento fosfato (fosforilação) a uma enzima acarretará para algumas delas o aumento de sua atividade; no entanto, para outras, a fosforilação poderá acarretar inibição da atividade. Fique atento quando, mais adiante, você for estudar os mecanismos de ativação das enzimas envolvidas na degradação e biossíntese do glicogênio (Aulas 27 e 28 desta disciplina)! Controles através de ligações covalentes normalmente estão associados com regulações em cascata, ou seja, a modifi cação ativa uma enzima, a qual ativa uma segunda enzima, que pode ativar uma terceira enzima, que fi nalmente atua sobre um substrato. Na Figura 3.4, observamos que cada molécula da primeira enzima ativada pode ativar dez moléculas da segunda enzima, ou seja, uma amplifi cação do sinal em dez vezes, e que cada uma dessas pode ativar dez moléculas da terceira enzima, amplifi cação do sinal em cem vezes, e por fi m cada uma destas pode ativar dez moléculas da quarta enzima. Teremos no fi nal deste processo uma amplifi cação de mil vezes do sinal inicial. Figura 3.4: Reações de ativação enzimática em cascata. Enzima inativa A Sinal modificador Enzima inativa A Enzima inativa C Substrato Produto Enzima inativa C Enzima ativa B Enzima ativa B amplificação 10 X amplificação 100 X amplificação 1000 X CEDERJ 39 A U LA M Ó D U LO 1 3 Controle por compartimentalização Outra estratégia efi ciente é a compartimentalização. Em geral, a via de síntese de uma dada molécula ocorre em um compartimento celular distinto daquele onde ocorre a sua via de degradação. Por exemplo, a via de degradação de ácidos graxos (Aula 24) ocorre nas mitocôndrias, enquanto a via de síntese de ácidos graxos (Aula 26) ocorre no citoplasma das mesmas células. Regulação hormonal Sobrepondo e permeando os mecanismos que operam dentro de uma célula estão as mensagens disparadas de um outro tecido ou órgão. Tais mensagens são transmitidas por hormônios. Um hormônio é um mensageiro químico, uma substância sintetizada em uma célula especializada que é transportada pela circulação até uma célula alvo, onde interage com receptores, resultando em mudanças específi cas na célula alvo. Estas mudanças são efetivadas por mecanismos regulatórios, tais como: mudanças na atividade de uma enzima em particular, mudanças na concentração de uma enzima e mudanças na permeabilidade da membrana para um substrato em particular. A ação dos hormônios será discutida em maiores detalhes no último módulo desta disciplina. Bioquímica II | Conceitos fundamentais do metabolismo CEDERJ40 RESUMO Nesta aula, você aprendeu que o metabolismo é o conjunto de reações que ocorre dentro da célula, tendo como funções obter energia química do ambiente; converter moléculas de nutrientes (exógenas) em moléculas características do próprio organismo (endógenas); sintetizar e degradar biomoléculas requeridas em funções celulares especializadas. O metabolismo pode ser dividido em três estágios; no nível 1 ocorrem as reações de conversão de metabólitos poliméricos em seus constituintes monoméricos; no nível 2 estes monômeros são quebrados em intermediários simples tais como moléculas de acetil coA; no nível 3 essas moléculas são transformadas em catabólitos para excreção. As vias metabólicas podem ser lineares ou cíclicas, convergentes ou divergentes. As reações de degradação, normalmente convergentes e associadas com liberação de energia, e a formação de coenzimas reduzidas fazem parte do catabolismo, enquanto as reações dependentes de energia e com utilização de coenzimas reduzidas fazem parte do anabolismo. O controle do metabolismo é feito por regulação dos níveis e das atividades das enzimas. Este controle é norteado por regulações alostéricas, por modulações covalentes, por compartimentalização e por regulação hormonal. Fotossíntese I - Princípios gerais 4AULA Bioquímica II | Fotossíntese I - Princípios gerais CEDERJ4 2 INTRODUÇÃO Um ecossistemaconsiste do conjunto de organismos de uma determinada área, mais os fatores abióticos com os quais eles interagem; em outras palavras, uma comunidade e o seu ambiente físico. Podemos considerar como um ecossistema um terrário ou um lago, uma fl oresta ou a biosfera inteira. Um ecossistema mantém-se através de dois processos que serão discutidos tomando-se a biosfera como ecossistema referência. São eles: A energia necessária para a manutenção da vida entra no ecossistema na forma de luz solar ou energia luminosa. Esta energia é convertida em energia química através da fotossíntese. Os organismos capazes de realizar a fotossíntese são chamados autotrófi cos. Fluxo de energia e Ciclos biogeoquímicos. Fotossíntese: Energia luminosa Energia química Os autotrófi cos convertem parte da energia solar que chega à superfície da Terra em energia química, e esta energia química pode ser estocada nas células ou convertida em trabalho celular. Como vimos anteriormente, este processo é baseado em transdução de energia. Energia luminosa Energia química Trabalho celular Normalmente, na natureza, os elementos químicos, como carbono, nitrogênio etc. são reciclados entre os componentes abióticos e bióticos do ecossistema. Organismos fotossintéticos ou fotossintetizantes adquirem estes elementos na forma inorgânica, do ar e solo, e os assimilam para a construção de moléculas orgânicas, algumas das quais serão consumidas por animais. Os elementos retornam na forma inorgânica ao solo e ar através do metabolismo de plantas e animais e por outros organismos (como bactérias e fungos) que degradam lixo orgânico e organismos mortos (os decompositores). Figura 4.1: Um gafanhoto se alimentando de uma folha. Esta imagem repre- senta a relação de inter- dependência metabólica entre os organismos. CEDERJ 4 3 A U LA 4 M Ó D U LO 2 Figura 4.2: O ciclo do carbono. Vegetais e outros organismos convertem CO2 e água em glicose e O2 através do processo de fotossíntese. Animais e outros organismos heterotrófi cos utilizam glicose e O2 no processo de respiração celular, devolvendo CO2 e H2O à atmosfera. Fluxo de energia e reciclagem química estão relacionados porque ambos ocorrem por transferência de substâncias através dos diferentes níveis alimentares (trófi cos) do ecossistema. Assim, o carbono que hoje é parte do corpo de um animal amanhã poderá estar na forma de CO2. Este gás será utilizado por vegetais e o carbono voltará à sua forma orgânica como amido, por exemplo. Esta molécula (que você conhece da Bioquímica I) é fonte de alimento para muitos animais e, assim, o carbono voltará a fazer parte da constituição de algum consumidor de amido. Não há desperdício. A matéria é reciclada. Entretanto, a energia (diferente da matéria) não pode ser reciclada, um ecossistema deve sobreviver graças a um contínuo infl uxo de energia nova de uma fonte externa (o sol). Nossas próximas aulas falam de como se dá esse fl uxo de energia que mantém a biosfera. Temos por objetivo mostrar a interdependência entre os diferentes processos usados pelos organismos para obtenção de energia e como essa interdependência é crucial para o equilíbrio biológico no nosso planeta. +CO +H O2 2 Glicose +O2 r e s p i r a ç ã o f o t o s s í n t e s e Bioquímica II | Fotossíntese I - Princípios gerais CEDERJ4 4 O CICLO DO CARBONO Na natureza, CO2 e H2O são combinados para formar carboidratos na fotossíntese. CO2 + H2O Carboidratos (fotossíntese) Tanto nos próprios vegetais como nos herbívoros, estes carboidratos são reoxidados para gerar CO2 e H2O, no processo conhecido como respiração celular. Parte da energia é aprisionada na forma de ATP. Carboidratos CO2 + H2O (respiração celular) ATP LUZ Os vegetais adquirem CO2 da atmosfera, por difusão através dos estômatos de suas folhas, e o incorporam à matéria orgânica que será parte de sua biomassa. Parte desse material orgânico torna-se fonte de carbono para os organismos heterotrófi cos (consumidores). A respiração de autotrófi cos e heterotrófi cos retorna o CO2 para a atmosfera (veja a Figura 4.2). O ciclo do carbono é relativamente rápido porque as plantas têm alta demanda de CO2, mas o gás está presente na atmosfera a uma concentração relativamente baixa (~0,03%). A cada ano, plantas removem 1/7 do CO2 da atmosfera, e isto é equilibrado pela respiração, que devolve esse CO2 à atmosfera. Parte do carbono pode ser desviado desse ciclo por um longo período de tempo. Isto acontece quando ele é acumulado em madeira e outros materiais orgânicos duráveis. O processo de decomposição desses materiais eventualmente recicla esse carbono para a atmosfera na forma de CO2, mas o fogo pode oxidar o material orgânico acumulado em madeira a CO2 mais rapidamente. Pense na situação atual: o CO2 fi xado na forma de combustíveis fósseis retorna à atmosfera rapidamente, certo? Ao mesmo tempo, diminui a cobertura vegetal. O que acontece com o nível de CO2 atmosférico? Você pode imaginar as conseqüências disso? ! CEDERJ 4 5 A U LA 4 M Ó D U LO 2 Alguns processos, entretanto, podem remover carbono por milhões de anos. Em alguns ambientes, o material orgânico é acumulado mais rapidamente do que os decompositores podem quebrar. Sob estas condições, no passado, estes depósitos formaram carvão e petróleo, os combustíveis fósseis. FLUXO DE ENERGIA A cada dia a Terra é bombardeada por 1022 joules de energia solar, o equivalente à energia de 100 milhões de bombas atômicas do tamanho da que foi lançada sobre Hiroshima na 2ª Guerra Mundial. A maior parte dessa energia é absorvida, desviada ou refl etida pela atmosfera ou pela superfície da Terra. Da radiação (luz visível, que atinge folhas e algas), somente 1% é convertido em energia química pela fotossíntese – a efi ciência varia com o tipo de planta, o nível de luz e outros fatores. Mesmo assim, isto é sufi ciente para a produção de, aproximadamente, 170 bilhões de toneladas de matéria orgânica por ano, globalmente. Vamos discutir aqui como acontece essa conversão. A fotossíntese, portanto, não somente fornece carboidratos para obtenção de energia por plantas e animais, mas é também o principal caminho pelo qual o carbono retorna à biosfera e é a principal fonte de O2 na atmosfera terrestre. ! EVOLUÇÃO, OXIGÊNIO E FOTOSSÍNTESE Acredita-se que, antes do surgimento dos organismos fotossintéticos, a atmosfera terrestre era pobre em O2 e rica em CO2. Organismos pré-fotossintéticos devem ter utilizado moléculas ricas em energia, presentes no meio e sintetizadas abioticamente. Sem a fotossíntese, estas fontes de energia teriam se esgotado e teria sido impossível a sobrevivência de organismos vivos. Os registros fósseis sugerem que fotossintetizantes apareceram há 3 bilhões de anos. A conversão gradual, de atmosfera primitiva não oxidante a uma atmosfera terrestre oxidante, permitiu o boom de organismos com metabolismo aeróbico e a evolução de animais (veja a Figura 4.3). Bioquímica II | Fotossíntese I - Princípios gerais Níveis de oxigênio na atmosfera (%) Bilhões de anos Formação da terra Formação de oceanos e continentes Primeiras células vivas Primeiras células fotossintetizante Liberação de O2 a partir da fotólise da água Respiração celular Origem das células eucarióticas fotossintetizantes Primeiras plantas e animais multicelula Primeiras vertebrados Hoje 20 10 Rápido acúmulo de O2 pela saturação do Fe12 nos oceanos0 1 2 3 4 CEDERJ4 6 Figura 4.3: Seqüência de eventos evolutivos e sua relação com os níveis de O2 atmosférico. Hoje a fotossíntese representa a última e única fonte de energia direta ou indireta para a maior parte dos organismos vivos (exceto bactérias terosófi las, que usam H2S e H2 como fonte de energia). Você viu nesta aula a importância da Fotossíntese para a manutenção da vida. Nas próximas aulas você verá os detalhes deste processo. Fotossíntese II – O processo de fotossíntese 5AULA Bioquímica II | Fotossíntese II - O processo de fotossíntese CEDERJ48 INTRODUÇÃO LOCALIZAÇÃO Cloroplastos Em todas as plantas e algas, a fotossíntese está localizada em estruturas especializadas chamadas cloroplastos. Em plantas, a maior parte dos cloroplastos é encontrada em células mesófi las, logo abaixo da superfície (cutícula) da folha (veja a Figura 5.1); cada célula contém entre 20 a 50 dessas organelas. As algas também têm cloroplastos, mas em geral apresentam um único cloroplasto muito grande em cada célula. Como as mitocôndrias, os cloroplastos são organelas semi- autônomas: carregam seu próprio DNA, que codifi ca algumas de suas proteínas, e os ribossomos necessários para a tradução de seus RNAs mensageiros. Existem evidências de que cloroplastos evoluíram de organismos unicelulares similares a cianobactérias. Como os procariontes fotossintetizantes não possuem cloroplastos, mas possuem membranas que desempenham o mesmo papel das membranas de cloroplastos, as cianobactérias lembram cloroplastos de vida livre. Os cloroplastos são formados por uma membrana externa livremente permeável e uma membrana interna seletivamente permeável (veja as Figuras 5.2 e 5.3). A membrana interna envolve um material análogo à matriz mitocondrial – que é chamado estroma. Na aula passada, falamos da importância da fotossíntese para a vida no planeta e já sabemos um pouco sobre os eventos evolutivos que culminaram na vida como a conhecemos hoje. Agora falaremos dessa via metabólica, sua localização celular, o que ocorre em cada uma das etapas e, é claro, um pouco da história. Vamos destacar as enzimas chaves quando chegar a hora. Não se preocupe com os nomes pontualmente, mas prefi ra sempre entender o processo e a lógica metabólica e fi siológica. Os nomes virão como conseqüência. Figura 5.1: Microscopia óptica de campo claro de células vegetais. Os cloroplastos aparecem como pequenos círculos em tom mais escuro. Cloroplastos Você conhece mito- côndrias e cloroplastos do ensino médio e também das aulas de Biologia Celular. ! CEDERJ 49 A U LA M Ó D U LO 2 5 Mergulhados no estroma estão os tilacóides, estruturas formadas por membranas que lembram sacos. Estes estão organizados empilhados como moedas, formando unidades chamadas grana. Grana são irregularmente conectados por extensões dos tilacóides chamadas lamela. A membrana dos tilacóides envolve um espaço interior chamado lúmen do tilacóide. A divisão de trabalho no cloroplasto é única. Absorção de luz e todas as reações que dependem de luz ocorrem na membrana dos tilacóides. As outras reações ocorrem no estroma. Singular = granum Plural = grana Figura 5.2: Estrutura de um cloroplasto. Granum Membrana Interna Estroma Tilacóide Membrana Externa Lamela Figura 5.3: Microscopia eletrônica de transmissão de uma célula vegetal (A) e um cloroplasto em destaque (B). Parede Celular Espaço com ar Núcleo Cloroplasto Vacúolo Citoplasma Membrana plasmática Grana Membrana do tilacóide Estroma Membranas interna e externa do cloroplasto Grânulo de amido a b Bioquímica II | Fotossíntese II - O processo de fotossíntese CEDERJ50 AS ETAPAS A fotossíntese é descrita, de uma maneira bem geral, como: onde (CH2O)n representa um carboidrato qualquer. CO2 + H2O (CH2O)n + O2, luz Entretanto, o processo pode ser dividido em duas etapas: 1) Reações do claro ou fase clara ou etapa fotoquímica. 2) Reações do escuro ou fase escura ou etapa química. Figura 5.4: Equação geral do processo de fotossíntese. CO2 + H2O + energia solar açúcar + CO2 CEDERJ 51 A U LA M Ó D U LO 2 5 A etapa fotoquímica Nesta etapa, a molécula de água é quebrada. O oxigênio de duas moléculas de água se combinam e formam O2. Os hidrogênios restantes se associam com moléculas chamadas aceptores de elétrons. Neste caso, o aceptor é o NADP (Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato), cuja forma reduzida é representada por NADPH. (veja a Figura 5.5). Figura 5.5: Nicotinamida Adenina dinucleotideo fosfato (NADP). O O O O H H H H H H H H H HOHO HO C N+ N+ N CH2 CH2 NH2 NH2 O O P P O- O- O O OPO H3 2 2- N N+ Assim, já na primeira etapa, a célula libera oxigênio (pela quebra da água) e forma um composto de alta energia (o NADPH). Na etapa fotoquímica há também a síntese de outra molécula de alta energia, conhecida como ATP (adenosina trifosfato). Essa etapa pode, então, ser representada da seguinte maneira: Dizemos então que, nesta fase, há conversão de energia solar em energia química (NADPH e ATP). H2O + NADP + ADP + Pi ½ O2 + H+ + NADPH + ATP luz RESUMINDO Na etapa fotoquímica, a energia luminosa é utilizada para quebrar a molécula de água e sintetizar NADPH e ATP. Bioquímica II | Fotossíntese II - O processo de fotossíntese CEDERJ52 Esquema 1 ATP + NADPH + CO2 (CH2O)n + NADP + ADP + Pi Esquema 2 ATP + NADPH + 6CO2 C6H12O6 + NADP + ADP+ Pi Etapa química ou Ciclo de Calvin A etapa química não depende diretamente da energia solar. Ela utiliza os produtos da etapa anterior para formar carboidratos. Lembre-se sempre de que sintetizar moléculas custa caro. A etapa química é uma fase de síntese de glicose e, portanto, precisa de energia. Esta energia é transferida pelas moléculas de alta energia produzidas na etapa fotoquímica (NADPH e ATP). Além de energia, é preciso matéria-prima para a construção. A matéria-prima é o CO2, que fornece os elementos necessários à construção do esqueleto carbonado. A seguir, representamos um esquema da etapa química, no qual o carboidrato construído é (CH2O)n (esquema 1) e um esquema em que este carboidrato é a glicose (esquema 2). Dizemos que esta fase é a fase de fi xação do CO2 em uma molécula orgânica. RESUMINDO Na etapa química, O CO2 é assimilado e fi xado, para sua posterior conversão em uma molécula orgânica. Este processo de síntese requer NADPH e ATP, sintetizados na etapa fotoquímica. Assim, somando-se as duas etapas: Etapa fotoquímica H2O + NADP + + ADP + Pi O2 + ATP + NADPH Etapa química ATP + NADPH + CO2 NADP + + ADP + Pi + glicose Temos: 6 H 2 O + 6 CO 2 C6H12O6 + 6 O2 luz luz Lembre-se de que para somar as duas etapas podemos cortar os componentes que aparecem nos dois lados das reações. Portanto, na soma, NADP+, ADP, Pi, ATP e NADPH podem ser eliminados. ! CEDERJ 53 A U LA M Ó D U LO 2 5 HISTÓRICO Até 1930, o modelo da fotossíntese especulava que o dióxido de carbono era quebrado e então a água era adicionada ao carbono resultante. 1 - CO2 C + O2 2 - C + H2O CH2O Neste modelo, era proposto que o O2 liberado durante a fotossíntese vinha como resultado da quebra do CO2. Este modelo caiu por terra graças a CornelisBernardus van Niel, um estudante (na época) que investigava a fotossíntese em bactérias que produziam carboidratos a partir de CO2 mas não liberavam oxigênio. Van Niel concluiu que, pelo menos em bactérias, o CO2 não é quebrado em carbono + O2. Esse grupo de bactérias requer H2S (sulfeto de H) e não H2O para a fotossíntese, formando glóbulos amarelos de enxofre como produto de excreção. Assim: CO2 + 2H2S CH2O + H2O + 2S Van Niel ponderou que a bactéria deveria quebrar H2S e usar o hidrogênio para produzir açúcar. Ele generalizou que todos os organismos fotossintetizantes requerem uma fonte de hidrogênio, mas que essa fonte pode variar: Em sulfobactérias: CO2 + 2H2 CH2O + H2O + 2S Em plantas: CO2 + 2H2O CH2O + H2O + O2 Esquema geral: CO2 + H2X CH2O + H2O + 2X Cornelis Bernardus van Niel (1897- 1985) era um engenheiro químico que trabalhava como microbiologista estudando taxonomia de bactérias. Trabalhou na estação marinha Hopkins, da Universidade de Stanford, na Califórnia, até 1962. Retirado de http: //www.asmusa.org/ mbrsrc/archive/pdfs/ 530287p75.pdf Bioquímica II | Fotossíntese II - O processo de fotossíntese CEDERJ54 Desta forma, Van Niel levantou a hipótese de que as plantas quebram água como fonte de hidrogênio, liberando O2 como um produto desta quebra. Nos vinte anos seguintes, a hipótese de Van Niel foi confi rmada graças ao uso de 18O – um isótopo pesado do oxigênio, utilizado como um traçador para mostrar o destino dos átomos de oxigênio na fotossíntese. Esses experimentos mostraram que o O2 gerado na fotossíntese é 18O somente se a H2O é a fonte do traçador. Se o 18O foi introduzido na planta na forma de CO2, a marcação não aparece no oxigênio produzido. Experimento 1: CO2 + 2H2O CH2O + H2O + O2 Experimento 2: CO2 + 2H2O CH2O + H2O + O2 É importante lembrar que os elétrons associados ao hidrogênio têm uma energia potencial muito maior em moléculas orgânicas do que na água. A energia é estocada em açúcares e outras moléculas orgânicas na forma de elétrons de alta energia. CEDERJ 55 A U LA M Ó D U LO 2 5R E S U M O Você viu nesta aula que a fotossíntese ocorre no cloroplasto das células vegetais e que ela pode ser dividida em etapa fotoquímica e etapa química. Na primeira etapa, a molécula de água é quebrada e os hidrogênios associam-se a aceptores de elétrons. O oxigênio molecular (O2), liberado na atmosfera, também é resultado desta etapa. Nesta fase são sintetizados NADPH e ATP. Na etapa seguinte, estas moléculas serão a fonte de energia para a síntese de glicose. Nas próximas duas aulas, você verá cada uma dessas etapas separadamente. Vamos discutir como cada uma acontece e qual a bateria enzimática responsável pela catálise das reações. Na Aula 6, veremos a etapa fotoquímica – aquela que depende de luz. Você conhecerá o papel da clorofi la e de outros pigmentos neste processo. Na aula seguinte (Aula 7), veremos como a célula vegetal utiliza o ATP e o NADPH, gerados na primeira fase, para sintetizar glicose e outros compostos. Lembre que os exercícios só virão no fi nal do módulo. Então... estamos prontos? Você já sabe o básico sobre fotossíntese. Agora vamos descrever a etapa fotoquímica – processo pelo qual a energia solar é capturada pelo cloroplasto – as moléculas envolvidas e a seqüência de reações. Na aula seguinte (Aula 7), explicaremos como ocorre a etapa química. A etapa fotoquímica ou fase clara da fotossíntese 6AULA ob je ti vo s Bioquímica II | A etapa fotoquímica ou fase clara da fotossíntese CEDERJ58 COMO AS REAÇÕES DA FASE CLARA CAPTURAM ENERGIA SOLAR? Como vimos anteriormente, a primeira etapa da fotossíntese transforma energia luminosa em energia química, como ATP e NADPH. Isso acontece graças a um conjunto organizado de moléculas presentes na membrana do tilacóide, presente nos cloroplastos. O evento mais importante, que é a origem de todo o processo, é a fotólise da água. A energia do sol é uma forma de energia conhecida como ENERGIA ELETROMAGNÉTICA OU RADIAÇÃO. A energia eletromagnética viaja em ondas. O comprimento de onda varia de menos de um nanômetro (para raios gama) até mais de 1km (para ondas de rádio). Essa variação é conhecida como espectro eletromagnético. A radiação conhecida como luz visível (400 a 700nm de comprimento de onda) é o segmento mais importante para a vida. EN E R G I A E L E T RO M A G N É T I C A O U R A D I A Ç Ã O A luz do sol é uma forma de energia eletromagnética ou radiação. Figura 6.1: Espectro eletromagnético. O olho humano é capaz de perceber apenas os comprimentos de onda correspondentes ao espectro visível. A maior parte do espectro eletromagnético é invisível. CEDERJ 59 A U LA M Ó D U LO 2 6 Não esqueça! A quantidade de energia é inversamente relacionada ao comprimento de onda da luz. ! A radiação também pode ser vista como partículas chamadas quanta ou fótons. A quantidade de energia é inversamente relacionada ao comprimento de onda da luz. Assim, um fóton de luz violeta tem duas vezes mais energia que o fóton de luz vermelha. A mesma parte do espectro que pode ser vista – a luz visível – é também a radiação que dirige a fotossíntese. Azul e vermelho são os dois comprimentos de onda mais efi cientemente absorvidos pela clorofi la (Figura 6.2) e, portanto, as cores mais usadas como energia para as reações da fotossíntese. CLOROFILA a CLOROFILA b R R = CH3 = C H O CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH CH CH CH CH CH2 C C C H C3 H C3 H C2 HC H H H O O O O O N N N N Mg R CH3 CH3 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH CH CH3 Figura 6.2: A molécula de clorofi la. Note o anel porfi rínico semelhante ao heme da hemoglobina (que você viu em Bioquímica I). No caso da clorofi la, o átomo central do anel é o magnésio. O grupo na posição representada por R diferencia as várias clorofi las. Observe a longa cauda de hidrocarboneto. Como você classifi caria essa molécula? Fonte: fai.unne.edu.ar/biologia/planta/fotosint.htm Substâncias que absorvem luz visível são chamadas pigmentos. Diferentes pigmentos absorvem diferentes comprimentos de onda, e o comprimento de onda absorvido desaparece, enquanto os outros são refl etidos. Se o pigmento absorve todos os comprimentos de ondas ele aparece preto. A habilidade de um pigmento para absorver vários comprimentos de onda de luz pode ser medida colocando-se uma solução do pigmento em um instrumento chamado espectrofotômetro. Então pense... por que a clorofi la é verde? Bioquímica II | A etapa fotoquímica ou fase clara da fotossíntese CEDERJ60 O pigmento chave quando se fala de fotossíntese é a clorofi la (Figura 6.2). Isso porque apenas a clorofi la pode participar diretamente das reações da fase clara que convertem energia solar em química. Mas outros pigmentos podem absorver luz e transferir a energia para a clorofi la, que então iniciará as reações. Alguns pigmentos encontrados nos cloroplastos: Clorofi la a Clorofi la b β- Caroteno Ficoeritrina Ficocianina Figura 6.3: O espectro de absorção de luz de diferentes pigmentos. A b so rç ão Clorofila a Clorofila b Ficoeritrina Ficocianina �- Caroteno violeta azul verde amarelo vermelho Comprimento de onda (nm) 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 CEDERJ 61 A U LA M Ó DU LO 2 6 COMO OS PIGMENTOS ESTÃO ORGANIZADOS? Os pigmentos estão organizados na membrana tilacóide em conjuntos de poucas centenas (~300) de moléculas de pigmentos. Essas membranas são ricas em glicolipídios e contêm grande quantidade de proteína. Os pigmentos estão ligados a algumas dessas proteínas. Clorofi las também interagem com lipídios de membrana por suas caudas hidrofóbicas. Estes conjuntos de pigmentos e proteínas estão organizados em fotossistemas. Existem dois fotossistemas na membrana tilacóide: Fotossistema I Fotossistema II COMO OS FOTOSSISTEMAS TRABALHAM? Em cada um dos fotossistemas há uma única clorofi la capaz de iniciar a reação. A localização dessa clorofi la no fotossistema é chamada centro de reação (alguns autores sugerem a existência de um par de moléculas de clorofi las a especializadas no centro de reação). Robert Emerson e Willian Arnold, em 1930, mostraram que, quando o sistema fotossintético da alga Chlorella operava na efi ciência máxima, somente uma molécula de O2 era produzida para cada 2.500 moléculas de clorofi la. A maior parte dessas moléculas não está diretamente engajada no processo fotoquímico, mas atua como moléculas antenas ou clorofi las antenas ou, ainda, complexo antena, absorvendo fótons e transferindo energia para os centros de reação. Em outras palavras: A energia de um fóton absorvido por qualquer molécula do complexo antena viaja pelo sistema de uma forma randômica, aleatória. Eventualmente (~10-10seg) a energia encontra o seu caminho para a molécula de clorofi la a no centro de reação. Bioquímica II | A etapa fotoquímica ou fase clara da fotossíntese CEDERJ62 A clorofi la do centro de reação difere das outras moléculas de clorofi la porque se encontra em um ambiente diferente, de forma que o seu nível de energia (no estado excitado) é um pouco menor. Desta forma, ela atua como uma armadilha para a energia absorvida pelos outros pigmentos do fotossistema. Complexo antena Centro de reação Energia redutora Energia luminosa Figura 6.4: A organização das moléculas de clorofi la nos fotossistemas. A maioria das moléculas de clorofi la absorve luz e transfere a energia para o complexo antena, também chamado molécula antena ou proteína antena. CEDERJ 63 A U LA M Ó D U LO 2 6 Cada complexo antena possui aproximadamente 300 moléculas de clorofi las. A energia é absorvida pelo centro de reação e os elétrons da clorofi la passam de um estado fundamental para um estado excitado. Estes elétrons de alta energia são então transferidos dos centros de reação para uma cadeia de tranportadores até o NADP para formar o NADPH. Figura 6.5: Seqüência de excitação do elétron da molécula aceptora pela luz solar. en er g ia Molécula aceptora de elétrons e- en er g ia en er g ia Estado fundamental e-e- e- Estado excitado Fóton e- Bioquímica II | A etapa fotoquímica ou fase clara da fotossíntese CEDERJ64 AS REAÇÕES NOS FOTOSSISTEMAS Os dois fotossistemas realizam diferentes reações e dependem de luz de diferentes comprimentos de onda. O fotossistema I pode ser excitado por luz de comprimentos de onda mais curtos que 700nm e o fotossistema II requer luz de comprimentos de onda mais curtos que 680nm para sua excitação. Fotossistema I - 700nm Fotossistema II - 680nm Os dois fotossistemas operam no cloroplasto para produzir NADPH (poder redutor), ATP e O2, porque estão interligados por uma cadeia de transporte de elétrons. Os dois fotossistemas são estruturalmente distintos no cloroplasto. No centro de reação do fotossistema I, uma clorofi la especializada é chamada P700; e no fotossistema II a clorofi la é chamada P680. Ambas absorvem luz vermelha e são moléculas idênticas. Suas poucas diferenças estão associadas com diferentes proteínas de membrana que afetam sua distribuição de elétrons e, portanto, apresentam pequenas diferenças no espectro de absorção. A absorção de luz nos centros de reação dos fotossistemas I e II produz um estado excitado de alta energia em suas clorofi las. Esse evento dispara uma série de REAÇÕES REDOX. RE A Ç O E S RE D O X Reações redox ou reações de oxidação e redução são reações de transferência de elétrons. Lembre- se: redução é ganho de elétrons e oxidação é perda de elétrons. CEDERJ 65 A U LA M Ó D U LO 2 6 ATP fóton fóton Estroma Membrana tilacóide Quinone NADP Redutase Ferredoxina Citocromo bf plastocianina e e Tilacoide Gradiente de prótons usados para gerar 2 H O O 4H 2H e-ePSII P680 NADPH PSI P700 2 2 + + – – – + Figura 6.6: As reações luminosas da fotossíntese produzem ATP e NADPH. A energia requerida nesta etapa é derivada da oxidação da água (fotólise). Em plantas esse processo envolve dois centros de rea- ção fotossintéticos ligados em série por uma cadeia transportadora de elétrons. O fotossistema II (FSII) usa energia luminosa para oxidar a água a O2 e então passa os elétrons para o fotossistema I (FSI). No fotos- sistema I o elétron é excitado novamente pela luz e é usado para reduzir a ferredoxina. A ferredoxina reduzida então reduz NADP+ a NADPH. Em ambos os fotossistemas, a primeira etapa é a transferência do elétron excitado pela luz do centro de reação para a cadeia de transporte de elétrons. A fonte desse elétron é a água, e o destino fi nal é a molécula de NADP+, que será reduzida a NADPH. Durante as reações luminosas, existem duas possíveis rotas para o fl uxo de elétrons. Fluxo cíclico – produz apenas ATP Fluxo não cíclico – produz ATP, NADPH, O2 Antes de falar dos tipos de fl uxos de elétrons, vamos apresentar os componentes do transporte de elétrons da fotossíntese na ordem em que estão presentes na membrana interna do cloroplasto, que é a ordem de funcionamento da cadeia transportadora: 1. Fotossistema II (P680) - conjunto de pigmentos ligados a proteínas. 2. Plastoquinona (PQ) - Chamada plastoquinona pela primeira vez em 1959 por Crane, por ser uma quinona encontrada em grandes quantidades no cloroplasto de vegetais superiores. No cloroplasto Elétron de baixa energia + luz = elétron de alta Bioquímica II | A etapa fotoquímica ou fase clara da fotossíntese CEDERJ66 Reação: PQ PQH2 O O H C3 H C3 CH3 CH3CH3 CH3 OH H C3 H C3 CH3 CH3 CH3 CH3 OH Figura 6.7: Plastoquinona oxidada (A) e reduzida (B). 3. Citocromo bf - recebe os elétrons da plastoquinona. O complexo protéico é formado por quatro subunidades: um citocromo f de 33kDa, um citocromo b563 de 23kDa (dois hemes), uma proteína ferro-enxofre (Fe-S) de 20kDa e uma proteína de 17kDa. 4. Plastocianina (Pc) - também é uma proteína integral de membrana que apresenta uma única cadeia polipeptídica de 10 500 Da. Esta proteína tem um centro constituído de um átomo de cobre envolvido por duas pontes de nitrogênio e duas pontes de enxofre, que lhe confere uma geometria tetraédrica. 5. Fotossistema I (P700) - conjunto de pigmentos ligados a proteínas. 6. Ferredoxina - é uma proteína ferro-enxofre solúvel, presente no estroma do cloroplasto. Figura 6.8: Plastocianina. Fonte: http://www.biologie. uni-hamburg.de/b-online/ e17/plasto.htm Cys Cys S S Fe S S Fe S S Cys Cys Cys Cys S S Fe S S Fe S S Cys Cys Fe S S Fe A B C Figura 6.9: Ferredoxina. (A) complexo ferro-enxofre de uma proteína Fe2S2 - presente em ferredoxinas vegetais; (B) complexo ferro-enxofre de proteínas Fe4S4
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