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Dicas sobre Empresarial Temas Diversos 2 A franquia é um contrato empresarial e, em razão de sua natureza, não está sujeito às regras protetivas previstas no CDC. A relação entre o franqueador e o franqueado não é uma relação de consumo, mas sim de fomento econômico com o objetivo de estimular as atividades empresariais do franqueado. O franqueado não é consumidor de produtos ou serviços da franqueadora, mas sim a pessoa que os comercializa junto a terceiros, estes sim, os destinatários finais. STJ. 3ª Turma. REsp 1602076-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 A franqueadora pode ser solidariamente responsabilizada pelos danos causados pela franqueada aos consumidores. STJ. 3ª Turma. REsp 1.426.578-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/6/2015 A filial apresenta as seguintes características: * é uma espécie de estabelecimento empresarial; * possui natureza jurídica de universalidade de fato; * não pode ser considerada como sujeito de direitos; * não ostenta personalidade jurídica própria. Ao contrário, faz parte do acervo patrimonial da matriz, partilhando os mesmos sócios, contrato social e firma ou denominação da matriz; * é apenas um instrumento para o exercício da atividade empresarial (Rubens Requião). 3 O fato de ter sido criada uma filial não afasta a unidade patrimonial da pessoa jurídica, que, na condição de devedora, deve responder com todo o ativo do patrimônio social. “Considerar o estabelecimento empresarial uma pessoa jurídica é errado, segundo o disposto na legislação brasileira. Sujeito de direito é a sociedade empresária, que, reunindo os bens necessários ou úteis ao desenvolvimento da empresa, organiza um complexo de características dinâmicas próprias. A ela, e não ao estabelecimento empresarial, imputam-se as obrigações e asseguram-se os direitos relacionados com a empresa” (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V. 1, 13ª ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 99). É certo que a filial possui um número próprio de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) diferente da matriz. No entanto, isso ocorre apenas para facilitar a fiscalização pela administração tributária, não servindo como argumento para afirmar que foi afastada a unidade patrimonial da empresa. Além disso, a inscrição da filial no CNPJ é derivada da inscrição do CNPJ da matriz. As filiais não são "pessoas" distintas de sua sede, de sorte que, nesse contexto, a obrigação tributária é da sociedade empresária como um todo, composta por sua matriz e filiais. A filial é uma espécie de estabelecimento empresarial, que faz parte do acervo patrimonial de uma única pessoa jurídica, não ostenta personalidade jurídica própria, e não é pessoa distinta da sociedade empresária. Dessa forma, o patrimônio da empresa matriz responde pelos débitos da filial e vice-versa, sendo possível a penhora dos bens de uma por outra no sistema BacenJud." (STJ, AgRg no REsp 1.490.814/SC 4 EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA – EIRELI: - Constituída por uma única pessoa, a qual é titular da totalidade do capital social; - Capital social, devidamente integralizado (momento da constituição), não inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País (integralização não poderá ocorrer com prestação de serviços) - Deve constar no nome empresarial a expressão “EIRELI”, após a firma ou denominação social; - Pessoa natural só pode figurar em uma única EIRELI; - Responsabilidade do empresário individual é direta e limitada, ou seja, a princípio as dívidas da PJ não poderão recair sobre os bens pessoais do seu titular (ter em mente que é possível a desconsideração da personalidade jurídica nas hipóteses legais) - Aplica-se subsidiariamente regras da sociedade limitada (art. 1052 e ss); - O administrador poderá ser o titular ou outra pessoa qualquer; - EIRELI pode ter natureza simples ou empresária. Simples: registro civil; empresária: junta comercial. 5 Não confundir CESSÃO DE CRÉDITO PRO SOLUTO E PRO SOLVENDO com PAGAMENTO PRO SOLUTO E PRO SOLVENDO Cessão de Crédito: # Na cessão pro soluto o cedente responde pela existência e legalidade do crédito, mas não responde pela solvência do devedor; # Na cessão pro solvendo o cedente responde também pela solvência do devedor. Pagamento: # O pagamento pro soluto é quando o título equivale a dinheiro. Há a extinção da relação obrigacional com o pagamento através do título # No pagamento pro solvendo primeiramente se recebe o título dado em pagamento e somente após dá-se a quitação. A entrega do título não encerra a relação obrigacional, que somente será concluída com o resgate do título. 6 Perfis da empresa O professor Ricardo Negrão, ao tratar sobre os perfis da empresa, leciona que o conceito poliédrico desenvolvido por Alberto Asquini concebe quatro perfis à empresa, visualizando-a, como objeto de estudos, por quatro aspectos distintos, a saber: Perfil subjetivo: consiste no estudo da pessoa que exerce a empresa, ou seja, a pessoa natural (empresário individual) ou a pessoa jurídica (sociedade empresária) que exerce atividade empresarial. Perfil objetivo: foca-se nas coisas utilizadas pelo empresário individual ou sociedade empresária no exercício de sua atividade. São os bens corpóreos e incorpóreos que instrumentalizam a vida negocial. Em suma, consiste no estudo da teoria do estabelecimento empresarial. Perfil funcional: refere-se à dinâmica empresarial, isto é, a atividade própria do empresário ou da sociedade empresária, em seu cotidiano negocial. Nesse aspecto, empresa é entendida como exercício da atividade (complexo de atos que compõem a vida empresarial). Perfil corporativo ou institucional: estuda os colaboradores da empresa, empregados que, com o empresário, envidam esforços à consecução dos objetivos empresariais. Pelo fato do aspecto corporativo submeter-se às regras da legislação laboral no direito brasileiro, Waldírio Bulgarelli prefere dizer que, no Brasil, a Teoria Poliédrica da Empresa foi reduzida à Teoria Triédrica da Empresa, abrangendo tão-somente os perfis subjetivo, objetivo e funcional, que interessam à legislação civil. (André Santa Cruz). 7 CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS - Quanto à forma de transferência: a) Título ao portador ( aquele que circula pela mera tradição, sem identificar o credor); b) Título nominal ( identifica expressamente o credor, e sua transferência ocorre por endosso nos títulos nominais à ordem ou por cessão civil nos títulos nominais não à ordem). - Quanto ao modelo: a) modelo livre (a lei não estabelece uma padronização obrigatória, exemplo é letra de câmbio e nota promisória); b) modelo vinculado ( submissão a uma rígida padronização fixada pela lei, exemplo é o cheque e duplicata). - Quanto à estrutura a) ordem de pagamento (letro de câmbio, cheque e duplicata); b) promessa de pagamento ( nota promissória). - Quanto à hipótese de emissão a) causal ( somente pode ser emitido nas hipóteses taxativas legais, exemplo a duplicata que só será emitida em situação de compra e venda mercantil ou um contrato de prestação de serviços); b) abstratos ( sua emissão não está condicionada a nenhuma causa pré- estabelecida na lei, a exemplo do cheque). 8 Sobre o AVIAMENTO: -A doutrina amplamente majoritária entende que o AVIAMENTO (“Goodwill of a trade”) é o potencial de lucratividade do estabelecimento empresarial. Ele não é um elemento do estabelecimento. -Aviamento subjetivo: está relacionado à pessoa do empresário, a reputação que esse empresário possui. -Aviamento objetivo: envolve a reputação do próprio negócio em si, o estabelecimento. Esse aviamento objetivo pode ser negociado(ex.: franquia). -Cada bem (material ou imaterial) apreciado de forma isolada possui um valor determinado, porém, quando apreciados em conjunto organizado, a valoração econômica é acrescida de um PLUS. Este sobrevalor ou valor agregado tem sido referido na doutrina como fundo de comércio. A rigor, o aviamento não pode ser considerado como sinônimo do fundo de empresa, mas com este guarda estrita relação eis que o aviamento é um fator que determina o sobrevalor. AVIAMENTO: Aviamento é expressão que significa, em síntese, a aptidão que um determinado estabelecimento possui para gerar lucros ao exercente da empresa. Embora não se confunda com a clientela, está a ela intrinsecamente relacionado. Trata-se, enfim, de uma qualidade ou atributo do estabelecimento, que vai influir sobremaneira na sua 9 valoração econômica.A doutrina ainda costuma subdividir o aviamento em objetivo (ou real), quando derivado de condições objetivas, como o local do ponto, e subjetivo (ou pessoal), quando derivado de condições subjetivas, ligadas às qualidades pessoais do empresário.É em função do aviamento, sobretudo, que se calcula o valor de um estabelecimento empresarial, como dito acima.A clientela, por sua vez, é o conjunto de pessoas que mantém com o empresário ou sociedade empresária relações jurídicas constantes. Alguns também usam a expressão freguesia, embora tecnicamente as expressões tenham significados distintos. A clientela é uma manifestação externa do aviamento, significando todo o conjunto de pessoas que se relacionam constantemente com o empresário. Sua proteção jurídica é determinada pelas normas do direito concorrencial e pelos diversos institutos técnico-jurídicos que viabilizam a livre-iniciativa e a livre concorrência. Portanto, a clientela, a exemplo do aviamento, também não é um elemento do estabelecimento, mas apenas uma qualidade ou um atributo dele. 10 PONTO EMPRESARIAL: Um dos principais elementos do estabelecimento empresarial é o chamado ponto de negócio, local em que o empresário exerce sua atividade e se encontra com a sua clientela. Nos dias atuais, não se deve entender o ponto de negócio apenas como local físico, em função da proliferação dos negócios via internet. Assim, o ponto pode ter existência física ou virtual. Este seria o site, ou seja, o endereço eletrônico por meio do qual os clientes encontram o empresário. Em suma: o site de determinado empresário individual ou sociedade empresária é o seu ponto empresarial virtual ou ponto de negócio virtual. 1. Estabelecimento comercial é todo complexo organizado, para o exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária. É uma universalidade de fato. 2. Trespasse é a cessão ou alienação do Estabelecimento. A alienação, como também, usufruto e o arrendamento, somente produz efeito em relação a terceiros depois que os interessados averbarem o contrato à margem da inscrição do empresário no órgão de registro de empresa e o ato for publicado expresso ou tácito com a alienação. 3. A alienação do estabelecimento somente será eficaz na ausência de dividas. Havendo credores, estes deverão ser notificados e consentir em até 30 dias, de modo expresso ou tácito com a alienação. 4. O trespasse faz ocorrer a subrogação ao adquirente, salvo se o contrato tiver por objeto prestação de caráter pessoal. Contudo, a subrogação do contrato de 11 locação relativo do imóvel em que se encontra instalado o estabelecimento empresarial não ocorre. Há necessidade de autorização do locador (art 13. 8245/91)
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