pessoas com capacidades contributivas muito diferentes ficam sob a mesma alíquota. Todos aqueles com rendimento acima de R$4.664,68 são igualados, pagando uma alíquota de 27,5%. Ou seja, tanto quem ganha R$4.664,68 quanto quem ganha R$100.000,00 paga a mesma alíquota. Nessa toada, conforme preceitua Mary Elbe Queiroz[footnoteRef:9], “não se justifica o argumento de que, proporcionalmente, o valor que cada um assume é diferente, pois, apesar de numericamente maior, o peso proporcional do IR torna-se menor em relação aos que ganham mais”. [9: QUEIROZ, Mary Elbe. Imposto Sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Pág. 372.] E, além do desrespeito à progressividade em si, pode se dizer que a sistemática da tabela do Imposto de Renda fere também o princípio da capacidade contributiva, pois ao longo dos anos, nos quais houve atualização monetária sobre o salário mínimo, os valores mínimos para fins de incidência do Imposto não foram atualizados, o que gera muitas vezes uma tributação desigual. E isso, porque acaba-se tributando cada vez mais contribuintes que tem menos renda e que anteriormente eram abrangidos pela faixa de isenção, mas que com as atualizações anuais passaram a ser tributados. E o mesmo ocorre considerando a hipótese de restrição às deduções da base de cálculo do Imposto de Renda. 6. Existe identidade entre o IR fonte e o IR anual ou trata-se de impostos autônomos (isto é, há apenas uma ou mais de uma regra-matriz de incidência tributária)? Seria a retenção na fonte mero objeto de dever instrumental? Justifique a resposta. (Vide anexos V, VI, VII). Resposta: Existe identidade entre o IR Fonte e o IR Anual, pois compõem um único tributo, havendo diferença apenas quanto ao regime de apuração e recolhimento. Ademais, a Regra Matriz de Incidência Tributária é a mesma para os dois impostos. Todavia, nos casos de Retenção na Fonte, existem duas relações jurídicas, uma entre fisco e contribuinte, onde este deve o imposto em virtude da renda auferida, e a segunda entre substituto e fisco, de ordem administrativa, na qual por conveniência foi definido que o substituto deve recolher o imposto devido pelo contribuinte. Neste sentido entende-se que a retenção na fonte é um dever instrumental, pois o substituto atua como um órgão arrecadador não compondo a relação jurídica, consoante explica Heleno Taveira Torres: “Agente de retenção é o sujeito que fica “no lugar” do contribuinte, pagando o tributo em nome deste, porque assim dispôs a lei, mesmo sem guardar qualquer relação pessoal ou material com o fato jurídico tributário. Trata-se de um “intermediário” legalmente interposto para os fins de arrecadação tributária, suportando uma obrigação tributária acessória, meramente de natureza formal, relativamente à entrega do dinheiro ao Estado, como um fazer algo no interesse da arrecadação e da fiscalização. (...) Tal substituição consiste apenas em uma singular estrutura de arrecadação do tributo (relação de dever instrumental), pela substituição do sujeito passivo real (previsto na legislação relativa ao tributo devido como sendo um contribuinte do mesmo) por um outro sujeito passivo, apenas para os fins de arrecadação, haja vista sua particular situação em relação ao fato gerador do tributo.” 7. Analise os efeitos jurídicos inerentes ao contribuinte e à fonte pagadora em cada um dos casos abaixo arrolados. Retenção – Fonte pagadora Recolhimento – Fonte pagadora (Pessoa Jurídica) Declaração do rendimento na Declaração de Ajuste Anual – DAA, entregue pela pessoa física (Pessoa Jurídica) (empregado ou prestador de serviços) em 30 de abril Caso 1 Retém Recolhe Declara rendimento e retenção Caso 2 Retém Recolhe Não declara rendimento nem retenção Caso 3 Retém Não recolhe Declara rendimento e retenção Caso 4 Retém Não recolhe Não declara rendimento nem retenção Caso 5 Não retém Recolhe Declara rendimento e retenção Caso 6 Não retém Recolhe Não declara rendimento nem retenção Caso 7 Não retém Não recolhe Declara rendimento e retenção Caso 8 Não retém Não recolhe Não declara rendimento nem retenção Resposta: Segue abaixo a resposta da questão. - Caso 1: Não houve irregularidade tanto para a fonte quanto para o contribuinte. - Caso 2: O contribuinte sofrerá a imposição de multa pela ausência de declaração (descumprimento de dever instrumental/obrigação acessória). - Caso 3: A empresa será multada por descumprimento do dever de recolher e juros sobre valor não repassado. Poderá ainda, sofrer processo por crime contra a ordem tributária. - Caso 4: Será aplicada multa de mora e multa por descumprimento de dever instrumental à empresa, além de sujeição desta às penalidades resultantes da prática de crimes contra a ordem tributária. Ao contribuinte, em razão do descumprimento do dever instrumental de apresentar declaração, será imposta multa. - Caso 5: A empresa sofrerá multa em razão do descumprimento do dever de reter. - Caso 6: Ambos sofrerão a imposição de multa por descumprimento de obrigação acessória. - Caso 7: À empresa sofrerá multa por descumprimento de dever instrumental. O contribuinte deverá recolher o tributo devido no ajuste anual. - Caso 8: A empresa será multada por descumprimento de dever instrumental somado à multa de mora e pagamento do IR. 8. Há a incidência de IR fonte ou do IR anual sobre Stock Options? Pressupondo a possibilidade de que venham a ser tributados, como definir a sua base de cálculo? Em outros termos, a base de cálculo do IR recairia sobre o preço da aquisição das ações, o preço do mercado ou sobre o preço em que elas são vendidas? Analise os anexos VIII e IX, expressando sua concordância ou não, de forma justificada. Resposta: As “Stock Options” são remunerações baseadas em ações. A empresa, passado um certo período de tempo, fornece ao funcionário a opção de adquirir ações da empresa a um valor pré-determinado. O funcionário, dessa forma, adquire o direito a comprar as ações no futuro, mas não é obrigado a comprá-las de fato e não precisa pagar qualquer valor caso não as compre, podendo comprar as ações a um preço abaixo do mercado e, após algum tempo estabelecido pela empresa, as ações podem ser vendidas. Destarte, percebe-se possível o enquadramento das “Stock Options” como de natureza salarial ou de investimento. E isso, porque a operacionalização de giro comercial destas “ações” ocasiona em acréscimo patrimonial para quem compra abaixo do preço de mercado e posteriormente as vende por um preço mais elevado. De toda forma, destaca-se que no Brasil, não há legislação específica sobre o tema, o que causa certa insegurança jurídica. Todavia, existem discussões doutrinárias sobre a questão, cujo posicionamento majoritário é no sentido de que a natureza jurídica do plano de “Stock Options” é de contrato mercantil, desvinculado do contrato de trabalho. Contudo, conforme já mencionado, ainda existe um cenário de insegurança jurídica, e é nesses termos que explicam os doutrinadores Dimas S. Tafelli e Talita Fernanda Titz Santana[footnoteRef:10], in verbis: [10: https://www.ibet.com.br/tributacao-de-stock-options/, acesso em 04/10/2019. ] “(...) a posição da Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), em sentindo contrário, em sessão de março de 2018, manteve a autuação lavrada em face de instituição bancária, que exige contribuição previdência sobre valores de fevereiro, março, abril, junho, setembro e dezembro de 2009, incidentes sobre as remunerações pagas a alguns diretores por meio da outorga de opções de compra de ações (Proc. nº 16327.721357/2012-24, Acórdão 9202-006.628). A decisão, por voto de qualidade – desempate do presidente – concluiu que a emissão da opção de compra de ações transmutava-se em remuneração desde 1996, após análise de documentos enviados pelo banco à Security Exchange (SEC). Por outro lado, em dezembro de 2018, o próprio Carf entendeu que no contexto de operação de mercado de oferta pública de ações, as vantagens diferenciadas