Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
James R. McGuigan R. Charles Moyer e Frederick H. deB. Harris James R. McGuigan, R. Charles Moyer e Frederick H. deB. Harris ECONOM IA EM PRESAS DE APLICAÇÕES, ESTRATÉGIA E TÁTICAS A economia de empresas preocupa-se com a alocação de recursos e com as decisões estratégicas e táticas tomadas por analistas, gestores e consultores. Suas técnicas procuram cumprir os objetivos da organização da maneira mais eficiente, considerando ao mesmo tempo as limitações explícitas e implícitas para alcançar o(s) objetivo(s). Pensando nisso, este livro é organizado em torno dos temas comuns de rivalidade da linha de produtos e maximização da riqueza do acionista, tendo como principal objetivo proporcionar as ferramentas analíticas e a percepção gerencial essenciais para a análise e solução daqueles problemas que possuem consequências econômicas significativas tanto para a empresa quanto para a sociedade. Além disso, a obra enfatiza os usos no mundo real das empresas, aplicando a teoria a diversos casos e exemplos. Aplicações Livro-texto para os cursos de MBA em Finanças e Administração e para os cursos de graduação em Economia e Administração, na disciplina economia de empresas. Leitura complementar nas disciplinas microeconomia e macroeconomia. APLICAÇÕES, ESTRATÉGIA E TÁTICAS 9 7 8 8 5 2 2 1 0 6 8 0 6 ISBN 10 85-221-0680-0 ECONOMIA EMPRESASDE Para suas soluções de curso e aprendizado, visite www.cengage.com.br ISBN 13 978-85-221-0684-4 ISBN 10 85-221-0684-3 9 788522 106844 APLICAÇÕES, ESTRATÉGIA E TÁTICAS TRADUÇÃO DA 11ª EDIÇÃO NORTE-AMERICANA ECONOMIA EMPRESASDE TRADUÇÃO DA 11ª EDIÇÃO NORTE-AMERICANA Outras Obras Administração Estratégica --- Tradução da 7ª edição norte-americana Michael A. Hitt, R. Duane Ireland e Robert E. Hoskisson Economia Internacional Robert J. Carbaugh Estatística Aplicada à Administração e Economia --- 2ª edição David R. Anderson, Dennis J. Sweeney e Thomas A. Williams Fundamentos de Economia: Volume 1 --- Macroeconomia José L. Carvalho, James D. Gwartney, Richard L. Stroup e Russell S. Sobel Fundamentos de Economia: Volume 2 --- Microeconomia José L. Carvalho, James D. Gwartney, Richard L. Stroup e Russell S. Sobel Macroeconomia --- Princípios e Aplicações Robert E. Hall e Marc Lieberman Matemática Aplicada à Administração e Economia --- 2ª edição S. T. Tan Matemática Aplicada à Administração, Economia e Contabilidade Afrânio Murolo e Giácomo Bonetto Princípios de Macroeconomia --- Tradução da 5ª edição norte-americana N. Gregory Mankiw Princípios de Microeconomia --- Tradução da 5ª edição norte-americana N. Gregory Mankiw C M Y CM MY CY CMY K AF_Economiaempresas2_alteracao.ai 4/7/10 4:52:33 PMAF_Economiaempresas2_alteracao.ai 4/7/10 4:52:33 PM Economia de Empresas 01-Olho.indd i01-Olho.indd i 06.04.10 18:02:1306.04.10 18:02:13 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índice para catálogo sistemático: 1. Economia de empresas 338.5024658 McGuigan, James R. Economia de empresas : aplicações, estratégias e táticas / James R. McGuigan, R. Charles Moyer, Frederick H. deB. Harris; [tradução Roberto Galman]. São Paulo : Cengage Learning, 2010. Título original: Economics for managers 11 ed. norte-americana 1. Administração de empresas 2. Economia de empresas I. Moyer, R. Charles. II. Harris, Frederick H. deB. III. Título. 10-00693 CDD-338.5024658 01-Olho.indd ii01-Olho.indd ii 07.04.10 10:59:4307.04.10 10:59:43 Economia de Empresas James R. McGuigan JRM Investments R. Charles Moyer Babcock Graduate School of Management Wake Forest University Frederick H. deB. Harris Babcock Graduate School of Management Wake Forest University Tradução: All Tasks e Angela Tourinho Nery Revisão Técnica: Luiz Alberto Bertucci Professor de fi nanças do Departamento de Ciências Administrativas da Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em Administração pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Aplicações, Estratégia e Táticas Tradução da 11a edição norte-americana Austrália • Brasil • Japão • Coreia • México • Cingapura • Espanha • Reino Unido • Estados Unidos 01-Olho.indd iii01-Olho.indd iii 06.04.10 18:02:1606.04.10 18:02:16 Impresso no Brasil. Printed in Brazil. 1 2 3 4 5 6 7 15 14 13 12 11 Economia de Empresas Tradução da 11a edição norte-americana James R. McGuigan R. Charles Moyer Frederick H. deB. Harris Gerente Editorial: Patricia La Rosa Editora de Desenvolvimento: Danielle Mendes Sales Supervisora de Produção Editorial: Fabiana Alencar Albuquerque Título original: Economics for Managers – 11th Edition (ISBN 13: 978-0-324-53942-4; ISBN 10: 0-324-53942-8) Tradução da 1a edição: Roberto Galman Tradução da 2a edição: All Tasks e Angela Tourinho Nery Revisão Técnica da 1a edição: Gilberto Myamoto Revisão Técnica da 2a edição: Luiz Alberto Bertucci Copidesque: Rita de Cássia da Cruz Revisão: Marcos Soel Silveira Santos e Ariadne Escobar Diagramação: Join Bureau Capa: Souto – Crescimento de Marca © 2008 South Western, parte da Cengage Learning. © 2011 Cengage Learning Edições Ltda. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão, por escrito, da Editora. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106 e 107 da Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Esta editora empenhou-se em contatar os responsáveis pelos direitos autorais de todas as imagens e de outros materiais utilizados neste livro. Se porventura for constatada a omissão involuntária na identifi cação de algum deles, dispomo-nos a efetuar, futuramente, os possíveis acertos. Para informações sobre nossos produtos, entre em contato pelo telefone 0800 11 19 39 Para permissão de uso de material desta obra, envie seu pedido para direitosautorais@cengage.com ISBN-13: - - - - ISBN-10: - - - Cengage Learning Condomínio E-Business Park Rua Werner Siemens, 111 – Prédio 20 – Espaço 4 Lapa de Baixo – CEP 05069-900 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3665-9900 – Fax: (11) 3665-9901 Sac: 0800 11 19 39 Para suas soluções de curso e aprendizado, visite www.cengage.com.br 01-Olho.indd iv01-Olho.indd iv 09.04.10 15:45:1309.04.10 15:45:13 Para minha família J.R.M. • Para Sally, Laura e Craig R.C.M. • Para Nancy, Taylor, Sarah, Roger Sherman e Ken Elzinga F.H.B.H. 01-Olho.indd Sec1:V01-Olho.indd Sec1:V 06.04.10 18:02:2106.04.10 18:02:21 01-Olho.indd Sec1:VI01-Olho.indd Sec1:VI 06.04.10 18:02:2106.04.10 18:02:21 Prefácio XI C A P Í T U L O 1 Introdução e Objetivos da Empresa 1 Temas do Capítulo 1 Desafio Gerencial Plano de Gratificações pelo Desempenho dos Executivos: General Electric 2 O Que é Economia de Empresas? 4 O Modelo de Tomada de Decisão 4 O Papel dos Lucros 5 Objetivo da Empresa 7 Separação de Propriedade e Controle: O Problema Principal-agente 10 Implicações da Maximização da Riqueza do Acionista 13 O Que Deu Certo/O Que Deu Errado Saturn Corporation 14 O Que Deu Certo/O Que Deu Errado Eli Lilly Deprimida pela Perda da Patente do Prozac 15 Resumo 20 Exercícios 21 Caso: Projetando um Contrato de Incentivos Gerenciais 22 Caso: Redução dos Gases do Efeito Estufa 23 C A P Í T U L O 2 Conceitos Fundamentais de Economia 25 Temas do Capítulo 25 Desafio Gerencial Gerenciamento de Receitas na American Airlines 26 Oferta e Demanda: Uma Rápida Revisão 27 Análise Marginal 36 O Conceito de Valor Presente Líquido 40 Significado e Medição do Risco 43 O Que Deu Certo/O Que Deu Errado Long-Term Capital Management (LTCM) 48 A Relação Entre Risco e Retorno 51 Resumo 53 Exercícios 53 A P Ê N D I C E 2 A Cálculo Diferencial – Técnicas em Gerenciamento 56 Relação Entre Análise Marginal e Cálculo Diferencial 56 Desafio Gerencial Um Esqueleto no Armário do Stealth Bomber 57 Aplicações do Cálculo Diferencial a Problemas de Otimização 64 DiferenciaçãoParcial e Otimização Multivariada 69 Resumo 72 Exercício 72 C A P Í T U L O 3 Análise da Demanda 75 Temas do Capítulo 75 Desafio Gerencial Reforma do Sistema de Atendimento Médico- -Hospitalar e os Impostos sobre Cigarros 75 Relações de Demanda: A Tabela de Demanda e a Curva de Demanda 77 Elasticidade-Preço da Demanda 79 Perspectivas Internacionais Livre-Comércio e a Elasticidade-Preço da Demanda: Nestlé 95 Elasticidade-Renda da Demanda 95 Elasticidade-Preço Cruzada da Demanda 97 Outras Medidas da Elasticidade da Demanda 101 Efeito Combinado das Elasticidades da Demanda 102 Resumo 103 Exercícios 104 Caso: Preço da Camisa de Golfe 109 C A P Í T U L O 4 Estimativa da Demanda 111 Temas do Capítulo 111 Desafio Gerencial Demanda por Transporte Público 112 Estimativa da Demanda Usando Técnicas de Pesquisa de Marketing 113 Estimativa Estatística da Função de Demanda 114 Modelo de Regressão Linear Simples 118 Modelo de Regressão Linear Múltipla 131 Resumo 136 Exercícios 137 Caso: Estimativa da Demanda de Refrigerantes 143 A P Ê N D I C E 4 A Problemas na Aplicação do Modelo de Regressão Linear 145 Introdução 145 Modelos de Regressão Não Linear 154 VII S U M Á R I O 02-Sumario.indd VII02-Sumario.indd VII 06.04.10 18:04:1006.04.10 18:04:10 VIII Economia de Empresas Transformação Semilogarítmica 155 Transformação Logarítmica Dupla 155 Transformação Recíproca 156 Transformação Polinomial 157 Resumo 157 Exercícios 157 C A P Í T U L O 5 Economia da Produção 161 Temas do Capítulo 161 Desafio Gerencial O que Deu Errado na Desregulamentação do Setor de Eletricidade na Califórnia? 162 A Função de Produção 163 Funções de Produção com uma Variável 166 O Que Deu Certo/O Que Deu Errado Gargalos de Produção na Unidade Montadora da Boeing 168 Determinação da Utilização Ótima do Insumo Variável 172 Função de Produção com Insumos Variáveis Múltiplos 174 Determinação da Combinação Ótima dos Insumos 179 Um Processo de Produção Ótimo com Proporções Fixas 182 Rendimentos de Escala 187 Resumo 192 Exercícios 192 Caso: Função de Produção: Empresa Wilson 197 A P Ê N D I C E 5 A Maximização da Quantidade Produzida Sujeita a uma Limitação de Custos 198 Exercício 199 C A P Í T U L O 6 Análise de Custos 201 Temas do Capítulo 201 Desafio Gerencial Estrutura de Custos da US Airways 202 O Significado e o Cálculo do Custo 202 Funções de Custo de Curto Prazo 207 Funções de Custo de Longo Prazo 214 Economias e Deseconomias de Escala 217 Perspectivas Internacionais De que Modo as Empresas Japonesas Lidam com o Problema do Tamanho 221 Resumo 223 Exercícios 224 Caso: Análise de Custos 228 A P Ê N D I C E 6 A Custos de Longo Prazo com uma Função de Produção Cobb-Douglas 230 Exercícios 233 C A P Í T U L O 7 Aplicações da Teoria de Custos 235 Temas do Capítulo 235 Desafio Gerencial Como Exatamente a Informatização e a Tecnologia da Informação Baixaram Custos na Chevron, Timken e Merck? 236 Tipos de Funções de Custo 237 Estimativa das Funções Custo de Curto Prazo 237 O Que Deu Certo/O Que Deu Errado Boeing: Custo Marginal Crescente dos 747 240 Relações Custo-Produção de Longo Prazo 242 Análise do Ponto de Equilíbrio versus Análise da Margem de Contribuição 249 Análise Linear do Ponto de Equilíbrio 250 Resumo 260 Exercícios 261 Caso: Funções de Custo 263 Decisões Operacionais de uma Empresa Aérea de Fretamento 264 A P Ê N D I C E 7 A Customização em Massa e a Curva de Aprendizagem 267 Relação da Curva de Aprendizagem 267 Estimativa dos Parâmetros da Curva de Aprendizagem 269 A Porcentagem de Aprendizagem 270 Exercício 271 C A P Í T U L O 8 Preços, Produtividade e Estratégia: Concorrência Pura e Monopolista 273 Temas do Capítulo 273 Desafio Gerencial Ressuscitando a Apple 274 Introdução 275 Estratégica Competitiva 275 O Que Deu Certo/O Que Deu Errado Xerox 277 A Estrutura Estratégica das Cinco Forças de Porter 282 Continuidade das Estruturas de Mercado 291 Determinação da Relação Preço-Produção na Concorrência Perfeita 295 Determinação da Relação Preço-Produção sob Concorrência Monopolista 300 O Que Deu Certo/O Que Deu Errado A Dinâmica da Concorrência na Amazon.com 302 Despesas Promocionais e de Vendas 305 Mercados Competitivos em Condições de Informações Assimétricas [Seção Avançada Opcional] 308 Soluções para o Problema de Seleção Adversa 312 02-Sumario.indd VIII02-Sumario.indd VIII 06.04.10 18:04:1106.04.10 18:04:11 Sumário IX Resumo 317 Exercícios 319 Caso: Computadores Pessoais HP e Dell 322 C A P Í T U L O 9 Determinação do Preço e do Nível de Produção: Monopólio e Empresas Dominantes 323 Temas do Capítulo 323 Desafio Gerencial Intel, Empresa de Microprocessadores Dominante, Adapta-se à Próxima Tendência 323 Definição de Monopólio 324 As Fontes do Poder de Mercado para um Monopolista 325 O Que Deu Certo/O Que Deu Errado O Erro da Palm com o Pilot 329 Determinação do Preço e do Nível de Produção para um Monopolista 329 Mark-up Ótimo, Margem de Contribuição e Porcentagem da Margem de Lucro Bruto 333 Monopólios Regulamentados 338 A Fundamentação Econômica para a Regulamentação 339 O Que Deu Certo/O Que Deu Errado O Que Deu Errado na Companhia de Serviços Públicos do Novo México? 340 Resumo 343 Exercícios 344 Caso: Diferencial de Preços de Produtos Farmacêuticos: A Crise do HIV/AIDS 350 C A P Í T U L O 1 0 Determinação do Preço e do Nível de Produção: Oligopólio 353 Temas do Capítulo 353 Desafio Gerencial As Margens da Nokia em Celulares Estão Desabando? 354 Estruturas do Mercado Oligopolista 354 Interdependência nos Setores Oligopolistas 358 Ignorando as Interdependências 359 Cartéis e Outras Formas de Conluio 361 Perspectivas Internacionais O Cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) 367 Liderança de Preços 371 O Modelo da “Curva de Demanda Quebrada” 375 Evitando Guerras de Preços 376 O Que Deu Certo/O Que Deu Errado Estratégia de Produto Bom-Melhor-Ótimo na Kodak 379 Resumo 381 Exercícios 382 Caso: Celulares Desbancam Redes de Telefonia Móvel via Satélite 385 C A P Í T U L O 1 1 Teoria dos Jogos: Táticas das Melhores Práticas 387 Temas do Capítulo 387 Desafio Gerencial Barreiras à Entrada em Larga Escala de Descontadores de Baixo Custo: Southwest, People Express, Value Jet, Kiwi e JetBlue 388 Rivalidade Oligopolista e Teoria dos Jogos 389 Análise de Jogos Simultâneos 393 Fuga do Dilema do Prisioneiro 398 Análise de Jogos Sequenciais 408 Rivalidade nos Negócios como um Jogo Sequencial Autoaplicador 412 Ameaças e Compromissos Críveis 414 Garantias de Reposição 417 Resumo 423 Exercícios 424 Caso: Dilema do Superjumbo 429 C A P Í T U L O 1 2 Análise de Investimento de Longo Prazo 431 Temas do Capítulo 431 Desafio Gerencial Efeitos Multigeracionais do Buraco da Camada de Ozônio e dos Gases de Efeito Estufa 432 A Natureza das Decisões Sobre Despesas de Capital 433 Uma Estrutura Básica para Orçamento de Capital 433 O Processo de Orçamento de Capital 434 Estimando o Custo de Capital da Empresa 443 Análise Custo-Benefício 449 Usos da Análise Custo-Benefício 450 Etapas da Análise Custo-Benefício 452 Objetivos e Limitações da Análise Custo-Benefício 452 Análise e Avaliação de Benefícios e Custos 454 A Taxa de Desconto Apropriada 457 Análise Custo-Eficácia 458 Resumo 461 Exercícios 462 Caso: Análise Custo-Benefício 467 Caso: Alívio Fiscal e Incentivos ao Desenvolvimento Industrial 469 Apêndice A: O Valor do Dinheiro no Tempo 471 Apêndice B: Tabelas 477 Apêndice C: Respostas para os Exercícios de Final de Capítulo 489 Índice Remissivo 493 02-Sumario.indd IX02-Sumario.indd IX 06.04.10 18:04:1206.04.10 18:04:12 02-Sumario.indd X02-Sumario.indd X 06.04.10 18:04:1306.04.10 18:04:13 P R E F Á C I O ORGANIZAÇÃO DO TEXTO Respondendo a um feedback dos usuários, a nova e sucinta 11a edição foi encurtada e uniformizada em três gran- des blocos. Os dois primeiros capítulos do livro dão um panorama da economia gerencial, estabelecem a riqueza dosacionistas como um objetivo e introduzem os conceitos econômicos fundamentais de demanda e oferta, análise marginal, valor presente líquido, análise de risco e de decisão. Os capítulos 3 e 4 examinam a área de análise e estimativa da demanda, e os capítulos 5, 6 e 7 lidam com análise de produção e custo, incluindo conceitos de programação linear para decisões de processo de produção que caracterizam o gerenciamento de operações no mundo real. Os capítulos 8 a 12 se concentram na determinação de preços e escolha de capacidade na teoria e na práti- ca. A estrutura estratégica de Michael Porter e as novas observações táticas de jogos de negócios sequenciais são destacadas. Os aspectos exclusivos aqui incluem material mais amplo sobre teoria aplicada dos jogos do que em outros livros de economia gerencial e um amplo tratado sobre gerenciamento de receita no capítulo sobre defi- nição de preços. PREPARAÇÃO DOS ALUNOS O texto é elaborado para uso por universitários de últimos anos e pós-graduados de primeiro nível em escolas de negócios, departamentos de Economia, escolas de pós-graduação em Gestão, Administração Pública e Tecnologia da Informação. Os alunos devem ter uma base nos princípios básicos da Economia. Um curso anterior em estatís- tica e métodos quantitativos é desejado, mas não essencial, porque todos os conceitos utilizados no texto ou apren- dizados via Web são totalmente desenvolvidos dentro do texto. O livro ocasionalmente utiliza conceitos elementares de cálculo diferencial depois de uma revisão desses conceitos básicos. No entanto, em todos os casos nos quais o cálculo é empregado, uma ou mais abordagens alternativas, como análise gráfica, algébrica ou de tabelas, também são apresentadas. Aplicativos de planilhas se tornaram tão dominantes na prática de economia gerencial que, agora, explicamos muitos conceitos de otimi- zação neste contexto. RECURSOS PEDAGÓGICOS DA 11a EDIÇÃO A 11a edição de Economia de Empresas utiliza amplamente recursos pedagógicos para aprimorar a expe riência de aprendizado. Os principais recursos do livro são: 1. Desafios gerenciais. Cada capítulo se inicia com um desafio gerencial que ilustra um problema de aná- lise econômica de vida real enfrentado por gerentes e relacionado ao material a ser coberto no capítulo. Muitos desses desafios foram atualizados com exemplos mais contemporâneos. XI 03-Prefacio.indd XI03-Prefacio.indd XI 06.04.10 18:04:4906.04.10 18:04:49 XII Economia de Empresas 2. O que deu certo/O que deu errado. A maioria dos capítulos tem um (ou mais) recursos O que deu certo/ errado, permitindo que os estudantes relacionem decisões de negócios na vida real com o que aprende- rem, e mostrem como decisões de gerência podem ter resultados positivos e negativos. 3. Prévia do capítulo. Cada capítulo começa com uma prévia que resume as principais questões cobertas no capítulo. 4. Perspectivas internacionais. Em todo o livro, são fornecidas seções especiais de perspectiva internacio- nal, ilustrando a aplicação de conceitos de economia gerencial a problemas enfrentados por gerentes em uma economia cada vez mais global. 5. Uso amplo de exemplos. Mais de 100 aplicações e exemplos do mundo real derivados da prática real são fornecidos e destacados em todo o texto. Tais exemplos ajudam a dar vida a ferramentas e conceitos e, assim, aprimorar o aprendizado do aluno. 6. Resumos ponto a ponto. Cada capítulo termina com um resumo detalhado ponto a ponto de seus con- ceitos importantes. 7. Diversidade de abordagens de apresentação. Conceitos analíticos importantes são apresentados de for- mas diferentes, incluindo análise gráfica, algébrica e de tabelas. Novamente, quando cálculo diferencial elementar é utilizado, pelo menos um modo alternativo de análise também é apresentado ao aluno. 8. Exercícios. Cada capítulo contém um grande conjunto de análises de problemas. Veja as respostas aos problemas selecionados em negrito fornecidas no final do texto. 9. Exercícios de casos curtos. Muitos capítulos incluem problemas de casos curtos que estendem os concei- tos e ferramentas desenvolvidos no texto. AGRADECIMENTOS Diversos revisores, usuários e colegas foram especialmente prestativos ao nos fornecerem muitos comentários válidos e sugestões em várias fases do desenvolvimento desta e de edições anteriores do livro. Entre essas pes- soas, estão: William Beranek, J. Walter Elliott, William J. Kretlow, William Gunther, J. William Hanlon, Robert Knapp, Robert S. Main, Edward Sussna, Bruce T. Allen, Allen Moran, Edward Oppermann, Dwight Porter, Robert L. Conn, Allen Parkman, Daniel Slate, Richard L. Pfister, J. P. Magaddino, Richard, A. Stanford, Donald Bumpass, Barry P. Keating, John Wittman, Sisay Asefa, James R. Ashley, David Bunting, Amy H. Dalton, Richard D. Evans, Gordon v. Karels, Richard S. Bower, Massoud M. Saghafi, John C. Callahan, Frank Falero, Ramon Rabinovitch, D. Steinnes, Jay Damon Hobson, Clifford Fry, John Crockett, Marvin Frankel, James T. Peach, Paul Kozlowski, Dennis Fixler, Steven Crane, Scott L. Smith, Edward Miller, Fred Kolb, Bill Carson, Jack W. Thornton, Changhee Chae, Robert B. Dallin, Christopher J. Zappe, Anthony V. Popp, Philip M. Sisneros, George Bower, Carlos Sevilla, Dean Baim, Charles Callahan, Philip Robins, Bruce Jaffee, Alwyn du Plessis, Darly Winn, Gary Shoesmith, Richard J. Ward, William H. Hoyt, Irvin Grossack, William Simeone, Satyajit Ghosh, David Levy, Audie Brewton, Simon Hakim, Patricia Sanderson, David P. Ely, Albert A. O’Kunade, Doug Sharp, Arne Dag Sti, Walker Davidson, David Buschena, George M. Radakovic, Harpal S. Grewal, Stephen J. Silver, Michael J. O’Hara, Luke M. Froeb, Dean Waters, Jake Vogelsang, Lynda Y. de la Viña, Audie R. Brewton, Paul M. Hayashi, Richard D. Marcus, Lawrence B. Pulley, Tim Mages, Paul M. Hayashi, Robert Brooker, Richard D. Evans, Carl Emomoto, William Simeone, Charles Leathers, Marshall Medoff, Gary Brester, Stephan Gohmann, L. Joe Moffitt, Satyajit Ghosh, Christopher Erickson, Antoine El Khoury e Steven Rock. Pessoas especialmente prestativas na preparação da 11ª edição incluem Rajeev K. Goel, Lee S. Redding, Paul J. Hoyt, Bijan Vasigh, Cheryl A. Casper, Semoon Chang, Kwang Soo Cheong, Barbara M. Fischer, John A. Karikari, Richard D. Marcus, Francis D. Mummery, Lucjan T. Orlowski, Dennis Proffitt, e Steven S. Shwiff. 03-Prefacio.indd XII03-Prefacio.indd XII 06.04.10 18:04:4906.04.10 18:04:49 Prefácio XIII Também somos gratos a Richard D. Marcus, Bob Hebert, Sarah E. Harris, à Wake Forest University e à University of Louisville pelo apoio dado e agradecemos nossos colegas professores pelo estímulo e assistência con- tínuos durante a elaboração do manuscrito. Queremos expressar nossa gratidão a membros da equipe da South- Western/Thomson Learning — especialmente Jenny Garamy, Amy Ray, Kelly Hoard, Steve Scoble e Steve Momper— por sua ajuda na elaboração e promoção deste livro. Agradecemos ao Executor Literário do falecido Sir Ronald A. Fisher, F.R.S., ao Dr. Frank Yates, F.R.S. e ao Longman Group, Ltd., Londres, pela permissão de reimpri- mir a Tabela III de seu livro Statistical Tables for Biological, Agricultural, and Medical Research (6ª ed., 1974). James R. McGuigan R. Charles Moyer Frederick H. deB. Harris 03-Prefacio.indd XIII03-Prefacio.indd XIII 06.04.10 18:04:5006.04.10 18:04:50 03-Prefacio.indd XIV03-Prefacio.indd XIV 06.04.10 18:04:5006.04.10 18:04:50 S O B R E O S A U T O R E S JAMES R. MCGUIGAN James R. McGuigan é proprietário e opera sua própria empresa de investimento numismático. Antes dessa ativida- de, era Professor Associado de Finanças e Economia de Negócios da Escola de Administração de Empresas da Wayne State University. Ensinou também na University of Pittsburgh. McGuigan recebeu seu diploma universitário da Carnegie-Mellon University, tem um MBA pela Graduate School of Business da University of Chicago e Ph.D. pela University of Pittsburgh. Alémde seu interesse em economia, ele é co-autor de livros em gestão financeira, incluindo Contemporary Financial Management, com R. Charles Moyer. Seus artigos de pesquisa sobre opções foram publicados no Journal of Financial and Quantitative Analysis. R. CHARLES MOYER R. Charles Moyer é reitor do The College of Business da University of Louisville. Anteriormente, era Catedrático de Seguro GMAC em Finanças na Babcock Graduate School of Management, Wake Forest University e foi Professor de Finanças e Catedrático do Departamento de Finanças na Texas Tech University. O professor Moyer já lecionou na University of Houston, Lehigh University e na University of New Mexico, e passou um ano no Federal Reserve Bank de Cleveland. Moyer tem bacharelado em Economia pela Howard University e MBA e Ph.D. em Finanças e Economia Gerencial pela University of Pittsburgh. Além deste texto, Moyer também é co-autor de Contemporary Financial Management, Fundamentals of Contemporary Financial Management e de Financial Management with Lotus 1-2-3. Foi publicado em muitos dos principais periódicos, como Financial Management, Journal of Financial and Quantitative Analysis, Journal of Finance, Financial Review, Journal of Financial Research e International Journal of Forecasting. FREDERICK H. deB. HARRIS Frederick H. deB. Harris é Professor da cátedra John B. McKinnon de Economia Gerencial e Finanças da Babcock Graduate School of Management, Wake Forest University. Suas especialidades são táticas de preço e planejamento de capacidade. O professor Harris lecionou em cursos de economia gerencial em três escolas de negócios nos EUA e Europa. Tem bacharelado em Economia pelo Dartmouth College e Ph.D. em Economia Financeira pela University of Virginia. O professor Harris foi amplamente publicado em periódicos de economia e finanças, como Review of Economics and Statistics, Journal of Financial and Quantitative Analysis, Journal of Financial Markets, Journal of Operations Management e Journal of Industrial Economics. De 1988 a 1993, foi membro do Comitê de Editores Associados do Journal of Industrial Economics. Além disso, o professor Harris frequentemente faz benchmark de funções de gestão de receita de grandes empresas e escreve sobre seus achados em diários de prática de gestão como o Marketing Management, Journal of Pricing e o International Journal of Revenue Management. Seus prêmios e reconhecimentos incluem dois prêmios por “Melhor Publicação Acadêmica do Ano”, Professor do Ano da Babcock School e indicação nos Cursos Mais Populares. Além disso, a revista Inc. (2000) e o BusinessWeek’s Guide to the Best Business Schools (1997–2003) identificam o professor Harris como um dos Professores de Destaque. 03-Prefacio.indd XV03-Prefacio.indd XV 06.04.10 18:04:5106.04.10 18:04:51 03-Prefacio.indd XVI03-Prefacio.indd XVI 06.04.10 18:04:5106.04.10 18:04:51 1 1 1 Introdução e Objetivos da Empresa C A P Í T U L O TEMAS DO CAPÍTULO Economia de empresas é a aplicação da teoria e metodologia microeconômicas aos problemas enfrentados pelas pessoas que tomam decisões nos setores das instituições públicas, privadas e sem fins lucrativos. A economia de empresas auxilia os gestores na alocação eficiente de recursos escassos, no planejamento da estratégia corporativa e na execu- ção de táticas eficazes. Este capítulo define o lucro econômico e o papel dos lucros na alocação de recur- sos em um sistema de livre empresa. A principal meta normativa da empresa — a maximização da riqueza do acionista — é desenvolvida juntamente com uma análise de como as decisões gerenciais influenciam essa riqueza. Os problemas associados à separação entre propriedade e controle e aos relacionamentos entre agentes de grandes corporações são abordados. 05-Cap01.indd 105-Cap01.indd 1 06.04.10 18:05:2006.04.10 18:05:20 2 Economia de Empresas Compensações ao CEO –25% +25% –15% +15% –5% +5% 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Lucros corporativos F I G U R A 1 . 1 Tendências de Pagamento a CEOs Fonte: Mercer Human Resource Consulting A separação entre propriedade (acionistas) e contro- le (dirigentes) em grandes corporações permite que os gestores busquem realizar objetivos, tais como a maximização de seus próprios benefícios pessoais, que nem sempre atendem aos interesses de longo prazo dos acionistas. Como resultado da pressão exercida por grandes acionistas institucionais, como Fundos Fiduciários, legislação (Lei Sarbanes-Oxley) que exige uma administração mais responsável da corporação, e legislação tributária que limitam a pos- sibilidade de dedução da remuneração da diretoria, um número crescente de corporações procura asse- gurar que uma proporção maior do salário do diri- gente ocorra sob forma de bônus com base em desempenho. As corporações estão agindo assim ao (1) vincular os bônus do alto escalão ao desempenho de empresas concorrentes em situação comparável, (2) elevar os padrões de desempenho que propiciam bônus aos altos dirigentes e (3) eliminar as compen- sações associadas à demissão que proporcionam uma dádiva dos céus para executivos cujo fraco desempenho faz com que outra empresa assuma o controle acionário ou haja dispensa dos próprios diretores. Em 2005, os CEOs das 350 maiores corporações dos Estados Unidos receberam US$ 6 milhões a tí - tulo de remuneração mediana total direta.2 As dez companhias com o maior retorno para os acionistas nos últimos cinco anos pagaram US$ 10,6 milhões a título de salário, bônus e incentivos de longo prazo. As dez companhias com o menor retorno para os acionistas nos últimos cinco anos pagaram US$ 1,6 milhão. A Figura 1.1 mostra que para essas 350 empresas, desde 1999, o pagamento de incentivos aos dirigentes espelhou a lucratividade da corporação, atingindo um valor elevado quando os lucros aumen- tam e diminuindo drasticamente quando os lucros sofrem queda. 1 Baseado em Mercer Human Resource Consulting, “CEO Pay Survey”, The Wall Street Journal, 10 abr. 2006, p. B7. 2 Baseado em Jiann Lublin, “Goodbye to Pay for No Perfor- mance”, The Wall Street Journal, 11 abr. 2005, p. R1. Katthryn Kronhold, “Sign of the Times: GE Chief Inimelt”, The Wall Street Journal, 18 set. 2003, p. B1. D E S A F I O G E R E N C I A L Plano de Gratificações pelo Desempenho dos Executivos: General Electric1 05-Cap01.indd 205-Cap01.indd 2 06.04.10 18:05:2306.04.10 18:05:23 CAPÍTULO 1 Introdução e Objetivos da Empresa 3 D E S A F I O G E R E N C I A L US$ 1 Gratificação anual, em milhões de dólares US$ 2,5 US$ 7 US$ 12 US$ 17 US$ 24 US$ 0,5 US$ 2 US$ 6 US$ 9 US$ 12 US$ 17 US$ 0 US$ 1,5 US$ 5 US$ 7 US$ 9 US$ 12 US$ 0 US$ 1 US$ 4 US$ 6 US$ 8 US$ 10 US$ 0 US$ 0,5 US$ 3 US$ 4 US$ 5 US$ 7 Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido da Salomon Brothers Fonte: Demonstrações financeiras disponíveis aos acionistas da Salomon Brothers Inc., e Security and Exchange Commission (SEC) Taxa de retorno da Salomon Brothers versus a média de cinco concorrentes 5% –10 –5 0 +5 +10 10% 15% 25%20% 30% O CEO Jeff Immelt da General Electric recebeu um salário de US$ 3,2 milhões em 2005, um bônus em dinheiro de US$ 5,9 milhões e ganhos relaciona- dos a incentivos de longo prazo que se converteram em opções de compra de ações no valor de US$ 3,8 milhões. A GE concede opções de compra de ações para 45 mil de seus 300 mil colaboradores, mas deci- diu que metade das 250 mil “ações vinculadas ao desempenho” somente deveria ser convertida em opções de compra se o fl uxo de caixa da GE aumen- tasse a uma média de 10% ou mais durante cinco anos, e a outra metade seria convertida somente se o retorno dos acionistas da GE excedesse o retorno total cumulativo para cinco anos do índice S&P 500. Em outro contrato para o primeiro escalão ba - seado em desempenho, Salomon Brothers, o banco de investimentos antecessor da Salomon Smith Barney, pagou ao presidente do conselho deadminis- tração, Deryck C. Maughan, um salário anual básico de US$ 1 milhão, mais uma gratifi cação anual, re - lacionada ao desempenho, de até US$ 24 milhões. Essa gratifi cação baseou-se na taxa de retorno global sobre o patrimônio líquido da Salomon e em sua taxa de retorno relativa aos cinco principais concorrentes da instituição.3 A tabela acima indica as possíveis gratifi cações por desempenho que o presidente do Conselho de Administração poderia receber. Por exemplo, se o retorno anual sobre o patrimônio líquido da Salomon fosse de 5%, além de igual à taxa média de retorno dos cinco bancos de investimento concorrentes (isto é, 5% e 0), o presidente do Conselho de Administração não receberia gratifi cação por desempenho. Em contrapartida, o pagamento da gra- tifi cação máxima de US$ 24 milhões exigiria que a empresa tivesse um ano extraordinário — a taxa de retorno sobre o patrimônio líquido da Salomon teria de ser 30% (ou mais), e teria de estar acima da média de seus cinco principais concorrentes. Os objetivos da empresa e como motivar os diri- gentes a cumprir esses objetivos são os principais tópicos discutidos neste capítulo. 3 Esses concorrentes são Merrill Lynch, Morgan Stanley, Bear Sterns, J. P. Morgan e Bankers Trust. 05-Cap01.indd 305-Cap01.indd 3 06.04.10 18:05:2406.04.10 18:05:24 4 Economia de Empresas O QUE É ECONOMIA DE EMPRESAS? A economia de empresas baseia-se na aplicação do raciocínio microeconômico, e suas ferramentas podem ser usadas pelos gerentes para selecionar direções estratégicas, alocar os recursos disponíveis de maneira eficaz e responder efetivamente às questões táticas. Todas as decisões tomadas pelos administradores procuram fazer o seguinte: Identificar os meios alternativos de alcançar determinado(s) objetivo(s) e então selecionar a alternativa que cumpre o(s) objetivo(s) da maneira mais eficiente em termos de uso de recursos, considerando as limitações e as prováveis ações e reações dos decisores rivais. Por exemplo, considere o seguinte problema: Exemplo EXPANSÃO DE CAPACIDADE NA HONDA E NA TOYOTA Honda e Toyota estão tentando expandir suas já substanciais operações de montagem na América do Norte. Ambas as empresas se defrontam com demanda crescente por seus veículos produzidos nos Estados Unidos, especialmen- te os modelos Toyota Camry e Honda Accord. Ambos os modelos pontuam muito bem nos relatórios de consumo de combustíveis, de durabilidade e confiabilidade. A demanda por Accords usados é tão alta que eles depreciam apenas 45% nos seus primeiros quatro anos. Outros veículos competidores podem depreciar até 65% no mesmo período. Toyota e Honda identificaram duas possíveis estratégias (S1 e S2) para atender à demanda crescente de Camrys e Accords. A estratégia S1 envolve expansão interna de capacidade com investimento de US$ 700 milhões na planta da Toyota de Princenton, Indiana, e na da Honda, em Marysville, Ohio. A estratégia S2 envolve a compra e renovação de fábricas da General Motors. As novas plantas receberão igualmente incentivos públicos substanciais por meio de redução de impostos prediais. As plantas antigas já possuem enorme infraestrutura de fornecedores locais e alívio regulatório. O objetivo dos dirigentes da Toyota é o de maximizar o valor hoje (valor presente) dos retornos futuros espe- rados (lucros) da expansão. Esse problema pode ser resumido como: Função Objetivo: Maximizar o valor presente (VP) do lucro (S1 e S2) Regra de Restrição: Escolher estratégia S1 se VP (Lucro S1) > VP (Lucro S2) Escolher estratégia S2 se VP (Lucro S1) < VP (Lucro S2) Esta simples ilustração mostra como decisões de dirigentes acerca de alocação de recursos tentam maximi- zar o valor de suas empresas por meio de estratégias dinâmicas, ao mesmo tempo em que respeitam as restrições éticas, legais e regulatórias. O MODELO DE TOMADA DE DECISÃO A capacidade de tomar boas decisões é a chave para um desempenho gerencial bem-sucedido. Todas as tomadas de decisões compartilham vários elementos. Em primeiro lugar, quem toma a decisão deve estabelecer os objetivos da organização. Em seguida, deve identificar o problema que está exigindo uma solução. Por exemplo, o CEO da vare- jista de eletrônicos Circuit City pode observar que a margem de lucro sobre as vendas está em queda. Essa queda pode ter sido causada por erros de precificação, diminuição da produtividade de trabalho, ou utilização de conceitos ultrapassados de venda no varejo. Uma vez identificada a causa ou causas do problema, o gestor pode passar a um exame das soluções potenciais. A escolha entre essas alternativas depende da análise dos custos e benefícios relaciona- dos, e de outras limitações organizacionais e societárias que possam tornar uma alternativa preferível a outra. 05-Cap01.indd 405-Cap01.indd 4 06.04.10 18:05:2506.04.10 18:05:25 CAPÍTULO 1 Introdução e Objetivos da Empresa 5 O passo final do processo, após todas as alternativas avaliadas, consiste em analisar a melhor alternativa disponí- vel em termos de uma variedade de alterações nas premissas antes de fazer uma recomendação. Esse passo final importante é designado análise de sensibilidade. Conhecendo as limitações das ações planejadas à medida que o ambiente de decisão se altera, o dirigente consegue passar em seguida para uma implementação da decisão, monito- rando cuidadosamente quaisquer consequências não pretendidas ou mudanças no mercado que não foram previstas. Esse processo de tomada de decisões em seis passos está na Figura 1.2. O PAPEL DOS LUCROS Lucro econômico é a diferença entre a receita total e o custo econômico total. A receita total é medida em termos dos recebimentos de uma empresa, isto é, preço vezes quantidade vendida. O custo econômico de qualquer ativida- de pode ser considerado como a oportunidade alternativa de maior valor da qual se abre mão. A empresa, a fim de atrair recursos econômicos para alguma atividade, deve pagar um preço por esses fatores (mão de obra, capital e recursos naturais, propriedade intelectual, terra) que seja suficiente para convencer os detentores desses recursos a sacrificar outras alternativas e a direcionar os recursos para essa utilização. Portanto, os custos econômicos podem ser considerados como custos de oportunidade ou os custos para atrair um recurso de sua próxima melhor alterna- tiva de uso. A expressão custo econômico, neste livro, abrange todos os custos, explícitos e implícitos, incluindo um retorno normal (lucros) para os proprietários dos recursos. Em um sentido geral, o lucro econômico pode ser definido como a diferença entre a receita total e o custo econômico total. Quando falamos em maximização do lucro neste livro, estamos nos referindo ao objetivo de maximizar esse conceito de lucro econômico da empresa. 5 F I G U R A 1 . 2 O Processo de Tomada de decisão Estabelecer e/ou identificar objetivos Definir o problema Identificar soluções alternativas possíveis Considerar as limitações societárias Avaliar as alternativas e selecionar a melhor Considerar as limitações organizacionais e de fatores de produção Executar uma análise de sensibilidade Implementar e monitorar a decisão 05-Cap01.indd 505-Cap01.indd 5 06.04.10 18:05:2506.04.10 18:05:25 6 Economia de Empresas Por Que os Lucros são Necessários? Em um sistema de livre empresa, os lucros econômicos desempenham um papel importante para orientar as deci- sões feitas por milhares de proprietários de recursos concorrentes e independentes. A existência de lucros determi- na o tipo e a quantidade de bens e serviços produzidos e vendidos, bem como determina a demanda por diversos fatores de produção. Analisaremos algumas teorias sobre o lucro em função do papel importante desempenhado pelos lucros. Teoria do Lucro Associado ao Risco Alguns economistas têm argumentado que os lucros econômicos acima de uma taxa de retorno normal são necessários para compensar os proprietários da empresa pelo risco que assumemquando realizam seus investimentos. Em virtude de os acionistas de uma empresa não terem direito a uma taxa de retorno fixa sobre seu investimento — isto é, eles são credores dos fluxos de caixa residuais após todos os pagamen- tos contratuais terem sido feitos —, eles precisam ser pagos por esse risco na forma de uma taxa de retorno maior. Exemplo RISCO E RENTABILIDADE: HARRAH’S A relação entre níveis de risco e lucros pode ser visto no caso da Harrah’s, operadora de cassinos e hotéis. Durante 2002, a Harrah’s obteve um retorno sobre o patrimônio líquido de 22,9%, comparado com um retorno médio de 11% para todas as empresas nos setores de hotéis e jogos, no período de 2001-2005. Hotéis e cassinos estão sujeitos a pressões competitivas severas. O Mirage da MGM obteve 11,2% sobre o patrimônio líquido em 2001, e o Hilton alcançou 9,6%. Ambos os setores experimentaram ainda mudanças substanciais na rentabilidade ao longo do tempo. O retorno de 22,9% da Harrah’s caiu para 8,4% em 2005, enquanto o Mirage da MGM teve seu retorno sobre o patrimônio líquido aumentado para 14,8%. Empresas que operam em ambiente de alto risco exigem um potencial para altos lucros exibidos pela Harrah’s em 2002 a fim de atrair capital de investimento. A teoria do lucro associado ao risco é desenvolvida no contexto de lucros normais, no qual normal é definido em termos do risco relativo de investimentos alternativos. Os lucros normais para uma empresa de risco elevado, como a operadora de um cassino, devem ser maiores que os lucros normais de empresas que possuem risco menor, como concessionárias de saneamento básico. Efetivamente, o retorno médio sobre o patrimônio líquido do setor de hotéis/ cassinos foi de 12,6% em 2005, comparado com 9% para o setor de saneamento básico. Teoria do Lucro em Desequilíbrio Temporário De acordo com a teoria do lucro em desequilíbrio temporário, todas as empresas tenderiam ao retorno a uma taxa de lucro normal de equilíbrio a longo prazo (ajustado para o risco). No entanto, em qualquer ocasião, uma empresa específica ou as empresas de determinado setor podem obter uma taxa de retorno maior ou menor do que esse nível de retorno normal a longo prazo. Retornos maiores ou menores podem ocorrer por causa de movimentações temporárias (choques) em vários setores da economia. Por exemplo, as empresas dos Estados Unidos que produziam petróleo e gás natural tiveram um aumento consi- derável dos lucros em razão de queda na oferta após a invasão do Kuwait pelo Iraque em 1990, e durante a greve geral na Venezuela em 2002. As taxas de retorno aumentaram substancialmente. No entanto, esses retornos eleva- dos diminuíram logo após o fim da guerra e da greve, ocasião em que as condições de mercado levaram a um excesso de oferta. De modo similar, se uma fonte de energia nova e econômica viesse a ser descoberta, os preços do petróleo diminuiriam bastante. Ao longo do tempo, alguns produtores sairiam desse mercado cada vez menos lucrativo, até que uma taxa de retorno normal voltasse a existir para as empresas remanescentes. A incapacidade do nosso 05-Cap01.indd 605-Cap01.indd 6 06.04.10 18:05:2606.04.10 18:05:26 CAPÍTULO 1 Introdução e Objetivos da Empresa 7 sistema econômico de ajustar-se instantaneamente às alterações nas condições de mercado pode resultar em lucros a curto prazo acima ou abaixo dos níveis normais. Teoria do Lucro Associado ao Monopólio Em alguns setores, uma empresa é efetivamente capaz de dominar o mercado e obter taxas de retorno acima do normal durante um longo período. Essa capacidade de dominar o mercado pode surgir de economias de escala (uma situação na qual uma grande empresa pode produzir unidades adicionais do produto a um custo menor daquele de empresas menores), controle dos recursos naturais essenciais, controle de patentes críticas ou restrições governamentais que impedem a concorrência. As condições sob as quais um monopolista pode auferir lucros acima do normal são examinadas em mais detalhes no Capítulo 9. Teoria do Lucro Associado à Inovação A teoria do lucro associado à inovação sugere que lucros acima do normal constituem a recompensa de inovações bem-sucedidas. Empresas que desenvolvem produtos originais de alta qualidade (como a Porsche) ou empresas que identificam com sucesso oportunidades de mercado únicas (como a Microsoft) são recompensadas com o potencial para lucros acima do normal. De fato, o sistema de paten- tes dos Estados Unidos é estruturado para assegurar que essas oportunidades de retorno acima do normal propor- cionem grandes incentivos para a inovação contínua. Teoria do Lucro Associado à Eficiência Gerencial A teoria do lucro associado à eficiência gerencial possui uma relação estreita com a teoria do lucro associado à inovação. Essa teoria afirma que lucros acima do normal podem surgir por causa das aptidões gerenciais excepcionais de empresas bem dirigidas. A capacidade de auferir lucros acima do normal em função da aplicação de aptidões gerenciais de alta qualidade representa um incentivo contínuo para uma maior eficiência em nosso sistema econômico. Nenhuma teoria do lucro por si só pode explicar as taxas de lucro observadas em cada indústria, nem essas teorias são sempre mutuamente excludentes. O desempenho de lucro constitui o resultado de muitos fatores, incluindo o risco diferencial, a inovação, as aptidões gerenciais, a existência do poder de monopólio e eventos oca- sionais. O importante é lembrar que o lucro e as oportunidades de lucro desempenham um papel fundamental na determinação da alocação eficiente de recursos em nossa economia. Sem os sinais de mercado proporcionados pelos lucros, seria necessário desenvolver esquemas alternativos nos quais se baseassem as decisões sobre alocação de recursos. Essas alternativas, muitas vezes, são muito burocráticas e, em geral, não fornecem o grau de resposta às condições de mercado mutáveis oferecidas pelo sistema de livre-empresa. OBJETIVO DA EMPRESA A análise da economia das empresas concentra-se nas decisões de maximização dos consumidores e das empresas. A teoria econômica supõe que os consumidores pensem a respeito da possibilidade de numerosas compras assegu- rando um valor de uso total máximo com base em orçamentos domésticos limitados. De modo similar, supõe-se que as empresas deliberem a respeito de numerosas ofertas possíveis de produtos, processos de fabricação, políticas de preço e canais de distribuição para assegurar a maximização de sua lucratividade a longo prazo em função de ativos limitados. Embora esses modelos de otimização limitada ofereçam muitas informações, eles não levam em conta decisões espontâneas e impulsivas que são descritas mais apropriadamente pelas disciplinas de marketing e de psicologia do consumidor. De modo análogo, o modelo da simples maximização dos lucros não considera o timing e o risco de fluxos de lucros, tão importantes no campo das finanças. A maximização da riqueza do acionis- ta como objetivo da empresa suplanta essas duas limitações. O Modelo da Empresa de Maximização da Riqueza dos Acionistas Para maximizar o valor da empresa, os dirigentes devem maximizar o valor da riqueza do acionista. A riqueza do acionista é medida pelo valor de mercado das ações de uma empresa, que é igual ao valor presente dos fluxos de 05-Cap01.indd 705-Cap01.indd 7 06.04.10 18:05:2606.04.10 18:05:26 8 Economia de Empresas caixa futuros esperados para os acionistas (supõe-se, por enquanto, que sejam iguais aos lucros) descontados pela taxa de retorno exigida pelos acionistas: π 1 (1 + k e )1 V 0 . (Ações emitidas) = + π 2 (1 + k e )2 V 0 . (Ações emitidas) = π t (1 + k e )tt = 1 ∞ Σ + π 3 (1 + k e )3 π∞ (1 + k e )∞ + . . . + [1.1] onde V0 é o valor atual (presente) de uma ação (o preço da ação), πt representa os lucros econômicos em cada um dos períodos futuros (do período 1 a ∞), e ke é igual à taxa de retorno exigida pelos investidores. Alguns fatores distintos(por exemplo, taxas de juros e ciclos de negócios na economia como um todo) influenciam o preço da ação de uma empresa de maneira que se encontre além do controle do dirigente, porém muitos fatores (por exem- plo, inovação e controle de custos) permanecem sob controle. Observe que a Equação 1.1 leva efetivamente em conta o momento no tempo (ou timing) dos lucros futuros. Ao descontar todos os lucros futuros à taxa de retorno exigida, ke, a Equação 1.1 mostra que um dólar recebido no futuro vale menos do que um dólar recebido imediatamente. (As técnicas do desconto do valor presente são expli- cadas mais detalhadamente no Capítulo 2 e no Apêndice A.) A Equação 1.1 também fornece uma maneira para avaliar níveis diferentes de risco quando ke é aumentado para justificar um risco maior. Por exemplo, se um fluxo de lucros futuros for altamente incerto (ou seja, é provável que ele divirja substancialmente de seus valores espera- dos), a taxa de desconto ke pode ser aumentada para considerar esse risco. Portanto, quanto maior o risco associa- do aos fluxos de caixa futuros, maior será a taxa de retorno exigida para descontar esses fluxos de caixa, e menor o valor presente. Em resumo, o valor para o acionista é determinado pelo valor, pelo timing e pelo risco dos lucros esperados da empresa. Exemplo MAXIMIZAÇÃO DA RIQUEZA DO ACIONISTA: BERKSHIRE HATHAWAY4 Warren E. Buffet, ex-presidente do Conselho de Administração e CEO da Berkshire Hathaway, Inc., descreveu o objetivo de longo prazo da empresa como: “maximizar a taxa anual média de ganhos em termos de valores intrín- secos, numa base por ação”. O valor contábil da Berkshire aumentou de $19,46 em 1964, quando ele adquiriu a empresa, para $91,485 no final de 2005, numa taxa composta de crescimento de 21,5%. O índice Standard and Poor’s 500 experimentou crescimento de 10,3% ao longo do mesmo período. Os diretores da Berkshire são todos grandes acionistas. Além disso, ao menos quatro de seus diretores têm mais de 50% do patrimônio líquido de suas famílias investido na Berkshire. Pessoal interno possui mais de 47% das ações da empresa. Como resultado, a empresa de Buffet sempre colocou um alto prêmio no objetivo de maxi- mização da riqueza dos acionistas. Um entendimento adicional a respeito da concretização da meta de maximização da riqueza dos acionistas pode ser obtido decompondo o conceito de lucro π em seus elementos importantes. O lucro no período t, πt, é igual à receita total (RTt) menos os custos totais (CTt): πt ! RTt " CTt [1.2] 4 Annual Report, Berkshire Hathaway, Inc., 2005. 05-Cap01.indd 805-Cap01.indd 8 06.04.10 18:05:2706.04.10 18:05:27 CAPÍTULO 1 Introdução e Objetivos da Empresa 9 De modo similar, a receita total no período t é igual ao preço unitário (Pt) vezes a quantidade vendida (Qt): RTt ! Pt ⋅ Qt [1.3] O custo total no período t é igual ao custo variável por unidade (Vt) vezes o número de unidades produzidas (Qt), mais os custos fixos no período t, ou Ft: CTt ! Vt ⋅ Qt # Ft [1.4] Substituindo as equações 1.2, 1.3 e 1.4 na Equação 1.1, obtemos: V 0 . (Ações emitidas) = P t . Q t – V t . Q t – F t (1 + k e )tt = 1 ∞ Σ [1.5] A natureza integradora do modelo de maximização da riqueza dos acionistas é ilustrada na Figura 1.3. O termo Pt ⋅ Qt representa a receita total gerada pela empresa. Na perspectiva da tomada de decisões, esse valor depende da função de demanda da empresa e das decisões sobre preços da empresa. Os custos da empresa, tanto fixos (Ft) como variáveis (Vt), são discutidos nos Capítulos 5 e 6. Uma empresa que escolher uma tecnologia de produção com uso intensivo de capital tenderá a ter uma proporção maior de custos fixos do que outra que esco- lher uma tecnologia de uso intensivo de mão de obra. Exemplo DECISÕES DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS E RIQUEZA DO ACIONISTA: APPLE COMPUTER5 Na distribuição de seu sofisticado computador pessoal iMac e iPods de alta tecnologia, a Apple considerou três canais de distribuição. Por um lado, copiar o estilo direto-ao-cliente da Dell implicaria comprar componentes da Motorola, AMD e Intel e, então, contrataria produtores independentes para montar “just-in-time” o que cada cliente ordenasse, em vendas pelo telefone ou pela Internet. Alternativamente, a Apple poderia assumir compro- missos de distribuição com varejistas eletrônicos tais como a Computer Tree. Finalmente, a Apple podia comer- cializar seus produtos em Lojas Apple. Essa terceira abordagem acarreta enormes investimentos de capital e uma baixa proporção de custos variáveis, especialmente se o varejista procura locais de alta visibilidade e precisa de grandes espaços. Recentemente, a Apple abriu sua 147a loja na 5a Avenida de Nova York. A locação deixa pouca dúvida acerca da alocação dos recursos da empresa nesta nova distribuição estratégica. A Apple ocupa um amplo espaço subter- râneo, com um cubo de vidro na superfície, desenhado pelo próprio Steve Jobs, entre o Central Park e o famoso Hotel Plaza. Em 2005, a Apple obteve lucro operacional de US$ 151 milhões sobre vendas de US$ 2,35 bilhões nas Lojas Apple, uma margem de 6,4% em relação aos aproximadamente 2% da empresa como um todo. Lucros Econômicos, Lucros Contábeis e Fluxo de Caixa O conceito de lucro econômico utilizado por nós não é o mesmo que a definição contábil de ganhos ou lucro líquido por vários motivos. Em primeiro lugar, os lucros contábeis podem ser ambíguos, pois os princípios de 5 Com base em Nick Wingfield, “How Apple’s Store Strategy Beat the Odds”, The Wall Street Journal, 17 maio 2006, p. B1. 05-Cap01.indd 905-Cap01.indd 9 06.04.10 18:05:2806.04.10 18:05:28 10 Economia de Empresas contabilidade geralmente aceitos permitem uma grande faixa de variação quando aplicados em relatórios de lucros. Além disso, os lucros contábeis não levam em conta o custo de oportunidade do capital investido pelos proprietá- rios de uma firma. Por fim, os lucros contábeis podem não refletir o fluxo de caixa real por causa do estabelecimen- to arbitrário de depreciação e do estabelecimento muitas vezes equivocado do valor do estoque. Na prática, os gestores que procuram maximizar a riqueza dos acionistas concentram-se na maximização do valor presente dos fluxos de caixa disponíveis aos proprietários da empresa. A definição de fluxo de caixa dos bene- fícios disponíveis aos proprietários de uma empresa é clara e coerente com o objetivo de maximizar o valor presen- te dos lucros econômicos futuros esperados. Ao longo do texto, quando o termo lucro for utilizado, significará lucro econômico, e não lucro definido pela contabilidade. Quando empregado desse modo, o conceito de lucro é coeren- te com o conceito de fluxo de caixa e conduz a decisões de maximização da riqueza tomadas pelos gestores. SEPARAÇÃO DE PROPRIEDADE E CONTROLE: O PROBLEMA PRINCIPAL-AGENTE A maximização do lucro e da riqueza dos acionistas, são conceitos úteis nos casos em que as decisões alternativas são facilmente estimados. Esses casos incluem problemas do tipo programação do nível ótimo de produção, deter- minação de uma política de estoques otimizados dado algum padrão de vendas e instalações produtivas disponí- veis, e a escolha entre comprar ou arrendar uma máquina. No entanto, em outros casos em que as alternativas são mais difíceis de identificar, os custos e benefícios são menos claros ou os objetivos dos proprietários e gestores não estão alinhados, os gestores frequentemente seguem seus próprios interesses. Pt . Qt – Vt . Qt – Ft (1 + ke) tΣ t=1 igual a O fluxo de lucros futuros depende 1. Das receitas geradas — teoria da demanda e previsão — política de preços — Consideração de exportação/importação 2. Dos custos — métodos de produção utilizados — natureza da função dos custos A taxa de desconto, ke, depende 1. Do risco percebido da empresa 2. Das condições do mercado de capitais ∞ Valor de uma empresa Limitado por Recursos internose limitações externas F I G U R A 1 . 3 Fatores Determinantes do Valor de uma Empresa 05-Cap01.indd 1005-Cap01.indd 10 06.04.10 18:05:2806.04.10 18:05:28 CAPÍTULO 1 Introdução e Objetivos da Empresa 11 Objetivos Divergentes e Conflito de Agência À medida que firmas individuais e empresas controladas por poucas pessoas evoluem para sociedades anônimas, os proprietários (os contratantes) delegam a autoridade para a tomada de decisões a dirigentes profissionais (os agentes) em uma relação de agência. Em virtude de os dirigentes-agentes em geral terem muito menos a perder do que os proprietários-contratantes, os agentes, muitas vezes, buscam níveis aceitáveis (em vez de máximos) de lucro e de riqueza do acionista enquanto se preocupam com seus próprios interesses. Esse tema é conhecido como problema principal-agente ou “conflito de agência”. Por exemplo, quando os preços do petróleo caíram devido ao colapso do cartel Opep na década de 1990, os dirigentes da Exxon diversificaram a empresa por linhas de produto, incluindo o desenvolvimento de softwares para computador, que era um domínio em que a Exxon tinha pouco ou nenhum conhecimento especializado ou não possuía alguma vantagem competitiva. Os dirigentes esperavam que a diversificação estabilizasse seus bônus executivos vinculados aos lucros trimestrais e isso ocorreu. No entanto, a decisão de diversificar acabou causando uma queda contínua do valor da ação da Exxon. Proteger seus próprios interesses também pode fazer com que os dirigentes se concentrem na segurança a longo prazo de seus empregos. Em alguns casos isso pode motivá-los a limitar a quantidade de risco porque um desfecho desfavorável resultante do risco poderia conduzir à sua demissão. Porém, deixar de assumir riscos pode ser fatal em si mesmo. A Kodak é um bom exemplo. No início da década de 2000, os executivos da Kodak não quiseram assumir o risco de desenvolver os primeiros produtos de fotografia digital. Quando a demanda por pro- dutos digitais elevou-se subsequentemente, a Kodak permaneceu com um número reduzido de mercados para seus filmes tradicionais. De modo análogo à Exxon, o valor de sua ação diminuiu drasticamente. Por fim o fluxo de caixa para os proprietários se corrói quando os recursos da empresa são desviados de seus usos mais produtivos para a concessão de benefícios aos dirigentes. Em 1988, a RJR Nabisco era uma empresa que havia se tornado inflada com recantos de férias corporativos na Flórida, uma grande frota de jatos executivos e muitos hangares e uma fixação dos executivos em um novo produto de péssimo odor (o cigarro Premier “sem fumaça”). Essas escolhas dos dirigentes deixaram a RJR Nabisco com um valor substancialmente menor no mer- cado do que teria sido possível com decisões voltadas para uma melhor alocação de recursos. Reconhecendo o potencial para elevação do valor, a Kohlberg Kravis Roberts & Co. (KKR) iniciou um processo hostil de aquisição do controle acionário e adquiriu a RJR Nabisco por US$ 25 bilhões no início de 1989. O preço de compra ofereci- do aos titulares de ações ordinárias pela KKR foi de US$ 109 por ação, muito melhor que o preço de US$ 50 a US$ 55 antes da operação. Os novos proprietários agiram rapidamente e venderam diversos ativos da RJR de retor- no reduzido, cortaram despesas operacionais e cancelaram o projeto Premier. Embora a transação fosse bastante alavancada com a contratação de financiamentos volumosos a taxas de juros elevadas, um fluxo de caixa maior permitiu à KKR liquidar os empréstimos em um período de sete anos, consideravelmente antes da programação. Para forjar uma aliança mais próxima entre os interesses dos acionistas e dos dirigentes, algumas empresas estruturam uma maior proporção da remuneração de um executivo na forma de pagamentos baseados no desem- penho. Por exemplo, em 2002, Michael Eisner da Walt Disney recebeu mais de US$ 20,2 milhões de remuneração a longo prazo (além de seu salário anual de US$ 750 mil) como gratificação por aumentar dez vezes o valor de mercado da Walt Disney, que passou de US$ 2 bilhões para US$ 23 bilhões nos seus dez anos como CEO.6 Outras empresas, como Hershey Foods, CSX, Union Carbide, General Motors e Xerox, exigem que os dirigentes e mem- bros do Conselho sejam proprietários de uma quantidade substancial de ações da empresa como condição para pertencer ao quadro da empresa. A ideia por trás dessa cláusula contratual é alinhar os interesses financeiros dos dirigentes diretamente com aqueles dos acionistas. Em resumo, o grau de motivação que um dirigente terá para atuar segundo os interesses dos acionistas da empresa depende da estrutura de sua remuneração global, da ameaça de dispensa e do risco de aquisição do controle acionário por um novo grupo de proprietários. 6 “That Eye-Popping Executive Pay,” BusinessWeek, 25 abr. 1994, p. 52-8. 05-Cap01.indd 1105-Cap01.indd 11 06.04.10 18:05:2906.04.10 18:05:29 12 Economia de Empresas Exemplo CUSTOS DE AGÊNCIA E REESTRUTURAÇÃO CORPORATIVA: O. M. SCOTT & SONS A existência de elevados custos de agência por vezes motiva empresas a reestruturá-las financeiramente para alcançar níveis superiores de eficiência. Por exemplo, a empresa O. M. Scott & Sons, antes uma subsidiária da ITT, foi comprada pelos dirigentes da Scott numa operação de alta alavancagem financeira (ou LBO – Leveraged Buyout, do inglês). Defrontando-se com altos pagamentos de juros e do principal em razão de transação de compra e tendo o potencial de lucro diretamente da operação eficiente da empresa, os novos gestores-proprietários rapidamente colocaram em marcha contratos contábeis e procedimentos operacionais moldados para crescer a performance da Scott. Controlando níveis de estoques rigidamente e negociando mais agressivamente com fornecedores, a empre- sa se viu capaz de reduzir seu investimento médio em capital de giro de um nível inicial de $75 milhões para $35 milhões. Ao mesmo tempo, planos de incentivo para a força de vendas levaram a aumento das receitas de $160 milhões para um recorde de $200 milhões7. Problemas de Agência8 Dois fatores comuns que dão origem a todos os problemas principal-agente são a natureza inerentemente inobser- vável do empenho dos dirigentes e a presença de perturbações aleatórias na produção da equipe. O desempenho na função de costureiras remuneradas por peça de vestuário confeccionada é facilmente controlado, mas o empe- nho no trabalho de vendedores e representantes comerciais de um fabricante pode ser observável somente a um custo que chega a ser proibitivo. A observação direta da ação dos dirigentes é até mais problemática porque eles contribuem com aquilo que se poderia denominar “ingenuidade criativa”. A ingenuidade criativa na previsão de problemas antes que ocorram é inerentemente inobservável. Os proprietários tomam conhecimento dela quando os percebem, porém, muitas vezes, não a reconhecem. Como consequência, ao explicar as flutuações do desempe- nho da empresa, a ingenuidade criativa do dirigente, em geral, é inseparável da boa e da má sorte. Portanto, os proprietários encontram dificuldade para saber quando premiar os dirigentes por condições econômicas favoráveis e quando culpá-los por mau desempenho. Em uma tentativa para atenuar esses problemas de agência, as empresas incorrem em diversos custos de agên- cia, que incluem os seguintes: 1. Gastos com salários para estruturar a remuneração dos executivos graduados de modo a alinhar os incen- tivos aos dirigentes com os interesses dos acionistas, como concessão de opções restritas ou diferidas de compra de ações. 2. Auditorias internas e comitês de supervisão contábil para monitorar as ações dos dirigentes. Além disso, muitos grandes credores, especialmente bancos, hoje em dia acompanham índices financeiros e decisões de investimento de empresas muito endividadas em base mensal ou mesmo quinzenal. Estas iniciativas fortalecem a governança corporativa da empresa. Veja o Quadro 1.1para conhecer mecanismos de imple- mentação da governança corporativa. 7 Uma discussão mais completa da experiência da Scott pode ser encontrada em Brett Duval Fromson, “Life After Debt: How LBOs Do It,” Fortune, 13 mar. 1989, p. 91-2. 8 Ver Amir Barnea, R. Haugen, L. Senbet. Agency Problems and Financial Contracting, Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1985, para um resumo da questão do problema de agência. Ver também Michael Jensen, William Meckling, “Theory of the Firm: Managerial behavior, Agency Costs, and Ownership Structure”, Journal of Financial Economics, out. 1976, p. 305-6. Eugene Fama, “Agency Problems and the Theory of the Firm”, Journal of Political Economy, abr. 1980, p. 288-307. 05-Cap01.indd 1205-Cap01.indd 12 06.04.10 18:05:2906.04.10 18:05:29 CAPÍTULO 1 Introdução e Objetivos da Empresa 13 3. Gastos vinculados e seguro contra perdas por fraude para proteger os acionistas da desonestidade dos dirigentes. 4. Lucros perdidos como resultado de estruturas organizacionais complexas criadas para limitar a flexibilida- de dos dirigentes mas que impedem respostas tempestivas a oportunidades. TA B E L A 1 . 1 Mecanismos de implantação de governança corporativa • Monitoramento interno por um conselho independente de subcomitês diretores • Monitoramento interno/externo por grandes credores • Monitoramento interno/externo por proprietários de grandes blocos de ações • Auditoria e análise de variação • Benchmark interno • Cultura corporativa de obrigações éticas • Alta moral dos funcionários, dando apoio aos informantes de condutas impróprias IMPLICAÇÕES DA MAXIMIZAÇÃO DA RIQUEZA DO ACIONISTA Os críticos daqueles que pretendem alinhar os interesses dos dirigentes com os interesses dos acionistas alegam que a maximização da riqueza dos acionistas se concentra em resultados de curto prazo, com a exclusão do investimen- to de longo prazo. No entanto, as evidências sugerem justamente o oposto. Fluxos de caixa de prazos mais curtos podem explicar somente uma pequena fração do valor de mercado capitalizado refletido no preço da ação da empresa. Por exemplo, somente 18% do valor das ações em 1988 podem ser explicados pelos dividendos esperados nos primeiros cinco anos, e somente 35% pelos dividendos dos primeiros dez anos.9 A maximização da riqueza dos acionistas possui como foco o longo prazo, e não o curto prazo. No consenso geral, os dirigentes que se propõem a maximizar o valor precisam administrar a mudança — algumas vezes, mudanças radicais na concorrência (empresas aéreas), tecnologia (vendas pela Internet) e regu- lação (cigarros) —, porém precisam fazê-lo atentando para a lucratividade sustentável de longo prazo da empresa. Em resumo, os dirigentes orientados à maximização do valor devem prever a mudança e preparar planos de contingência. A maximização da riqueza dos acionistas é um objetivo dinâmico explícito que reflete as informações públi- cas atualmente disponíveis a respeito dos fluxos de caixa futuros esperados e dos riscos previsíveis. Como tal, ela reflete as oportunidades de investimento estratégico que uma equipe de dirigentes desenvolve, e não apenas os investimentos pré-existentes com valor presente líquido positivo. A Amgen, uma empresa de biotecnologia, tinha um valor acionário de US$ 42 milhões em 1983, apesar de não possuir vendas, fluxo de caixa, bens de capital, patentes, e ter segredos comerciais com pouca proteção. Em 2003, a Amgen teve receitas superiores a US$ 7,9 bilhões e um fluxo de caixa anual de US$ 2 bilhões. Em um intervalo de 20 anos, a Amgen desenvolveu e aplicou valiosas oportunidades estratégicas em biotecnologia. Em geral, somente cerca de 85% do valor do acionista pode ser explicado por até 30 anos de fluxos de caixa10. O percentual remanescente reflete o valor capitalizado das opções estratégicas para ampliar alguns 9 J. R. Woolridge, “Competitive Decline: Is a Myopic Stock Market to Blame?” Journal of Applied Corporate Finance, primavera 1988, p. 26-36. 10 Woolridge, op. cit. 05-Cap01.indd 1305-Cap01.indd 13 06.04.10 18:05:3006.04.10 18:05:30 14 Economia de Empresas negócios lucrativos, eliminar e abandonar outros e manter, mas postergar, investimentos até que mais informa- ções ainda sobre outros projetos tornem-se disponíveis. O comportamento de maximização de valor por parte dos gestores é também distinto do comportamento de satisfação própria. Dirigentes que agem assim buscam “atingir suas metas” como, por exemplo, atingir crescimen- to de vendas, retorno sobre investimentos ou ratings específicos quaisquer. Não os maximizadores de valor! Em vez de tentar alcançar padrões com 97%, 99% ou 99,9% de aterrizagens e decolagens sem risco ou alcançar 9%, 11% ou 12,1% de retorno sobre o capital próprio, o gestor maximizador de valor se comprometerá com melhoras con- tínuas. A qualquer tempo em que os benefícios de uma atitude exceder seu custo marginal, ele o fará. Quando a General Motors deu início à “empresa automo- bilística diferente” em 1991, as vendas do Saturn absoluta- mente deslancharam. Com o índice de qualidade do produto J. D. Powers 8% à frente da Honda e a satisfação do cliente com o processo de vendas sem pechincha 35% à frente de todos os concorrentes, o Saturn alcançou em apenas dois anos o patamar de 200 mil unidades vendidas que incluíam o Honda Civic e o Toyota Corolla, e obteve em 1995 o volume de vendas de 285 mil unidades do Ford Escort. Ao tornarem os aspectos interpessoais do atendi- mento ao cliente a prioridade número um e possuindo sistemas superiores de estoques e de informações geren- ciais, os concessionários Saturn mostraram-se muito ren- táveis e desenvolveram rapidamente uma reputação por conseguirem uma das maiores pontuações do setor no item fidelidade dos clientes. No entanto, estabelecendo um preço para o mo - delo básico do Saturn US$ 1.200 abaixo do preço de US$ 12.050 para os compactos japoneses rivais, a matriz da GM obteve uma margem de lucro de somente US$ 400 por veículo. Em um ano típico, isso significava que a GM estava recuperando somente cerca de US$ 100 milhões de seu investimento de US$ 3 bilhões, uma taxa de retorno sobre o investimento de 3%. Como o custo de capital para a GM era de 11%, cada carro Saturn representava um pre- juízo de aproximadamente US$ 1 mil. Esses valores com- param-se com uma margem de lucro de US$ 3.300 por veículo em algumas das outras divisões da GM. Con- sequentemente, o fluxo de caixa não foi reinvestido na divisão Saturn, os produtos não foram atualizados e os modelos estagnaram. Em 1997, as vendas diminuíram 9%, e, em 1998, caíram mais 20%. Dois problemas parecem ser responsáveis pela queda de vendas do Saturn. Primeiro, os dirigentes na GM nunca adotaram uma perspectiva de gestão de mudança do que seria necessário para transferir aqueles que se tornavam proprietários pela primeira vez de um Saturn para as divi- sões mais lucrativas da GM. A estratégia corporativa era que os compradores jovens do Saturn preocupados com o custo fossem, no final, adquirir um Buick e um Oldsmobile. Em vez disso, os proprietários de meia-idade fiéis ao Saturn procuraram trocar por um carro melhor da Saturn e, não encontrando, preferiram modelos importados maio- res como o Honda Accord e o Toyota Camry. Em segundo lugar, as taxas de câmbio iene-dólar flutuaram acentuada- mente entre 1995 e 2005 de 94 a 130 ienes por dólar ame- ricano. Essa mudança na taxa de câmbio tornou possível que, algumas vezes, a Honda e a Toyota dessem descontos nos preços em dólar de Civics, Accords, Corollas e Camrys sem reduzir a receita em ienes dessas exportações. A Saturn percebeu que empresas cujos produtos estão expostos à competição de fabricantes estrangeiros devem planejar as apresentações dos produtos e as campa- nhas publicitárias de modo a dar conta desse ambiente competitivo global. As apresentações recentes de produtos incluíram um utilitário esportivo, um SUV com consumo eficiente de combustívele um coupé esportivo imponente. O novo híbrido de eletricidade e gasolina da Saturn prova- velmente será mais barato do que o híbrido pioneiro da Toyota, mantendo todas as características que contribuem para a fidelidade à qualidade Saturn. 11 Baseado nos artigos de M. Cohen, “Saturn’s Supply-Chain Innovation”, Sloan Management Review, verão de 2000, p. 93-6; “Small Car Sales Are Back”, Business Week, 22 set. 1997, p. 40-2; “Why Didn’t GM Do More for Saturn?”, Business Week, 16 mar. 1998, p. 62. O Q U E D E U C E R T O O Q U E D E U E R R A D O SATURN CORPORATION11 05-Cap01.indd 1405-Cap01.indd 14 06.04.10 18:05:3106.04.10 18:05:31 CAPÍTULO 1 Introdução e Objetivos da Empresa 15 Cautelas para a Maximização do Valor do Acionista Os gestores devem se concentrar na maximização do valor ao acionista apenas se forem atendidas três condições. Essas condições exigem (1) mercados maduros, (2) ausência de informações assimétricas relevantes, e (3) custos conhecidos de recontratação. Agora discutiremos como uma violação dessas condições implica uma visão muito mais ampla do papel do gerenciamento na tomada de decisões da firma. Mercados Maduros Para que todos os efeitos das decisões gerenciais influenciem os fluxos de caixa de uma empresa, devem existir mercados futuros e a termo para os seus insumos, produtos e subprodutos. Por exemplo, mercados a termo e futuros para petróleo e grãos de café permitem que a Texaco e a rede de cafés Starbuck’s rea- lizem análises do fluxo de caixa com projeções de custo mais precisas. Por uma pequena despesa de 3% a 5% conhecida antecipadamente, os dirigentes orientados à maximização do valor podem usar mercados a termo ou futuros para fixar seus gastos com insumos e evitar aumentos de custo inesperados. Esse aspecto abrangente dos mercados permite reduzir os respectivos preços que cobrem os custos da gasolina e do cappuccino. Gigantes farmacêuticas como GlaxoSmithKline, Merck, Pfizer, e Eli Lilly gastam uma média de US$ 802 milhões para desenvolver um novo remédio. Além disso, são necessários 1, 2, 3 anos de pesquisa e teste de eficiência para efeitos colaterais, testes clínicos e produção e distribuição. Somente 4 em 100 molécu- las candidatas ou compostos analisados seguem para análises investigativas de novas drogas. Apenas 5 em 200 dessas disponíveis novas drogas revelam sufi- ciente eficácia em testes com animais para garantir testes em humanos. Fracassos clínicos ocorrem em 6 de 10 testes em humanos e somente metade dos remédios apresentados à FDA são finalmente apro- vados. Em suma, a probabilidade composta de des- coberta de remédios de sucesso é de somente 0,04 x 0,025 x 0,4 x 0,5 = 0,0002, ou dois centésimos de 1%. Aquelas poucas patentes que vão para as prateleiras das farmácias, especialmente aquelas que se tornam líderes de venda com muitos bilhões de faturamen- to, devem contribuir com lucro operacional sufi- ciente para recuperar o custo de todos aqueles fracassos de pesquisa e desenvolvimento. Em 2000, uma das patentes-chave do remédio líder de vendas de Eli Lilly, Prozac, foi cancelada por um regulador governamental e por um juiz federal. No espaço de um mês, a Eli Lilly perdeu 70% das vendas do Prozac para equivalentes genéricos. Embora esta empresa tenha vários outros remédios de sucesso, o preço de suas ações caiu 32%. O CEO da empresa, Sidney Taurel, reconheceu seu erro em não ter desenvolvido um substituto para o Prozac quando a patente deste remédio foi inicialmente desregularizada. Taurel então se moveu rápido em estabelecer um novo conceito de gerenciamento na empresa. Agora, a cada novo remédio da Eli Lilly é direcionado uma equipe de cientistas, marqueteiros e experts em regulação para acompanhar o ciclo de vida completo do mesmo, da pesquisa ao término da patente. A função-chave de tais equipes funcional- mente integradas é de efetuar análises de contingên- cia e planejamento com cenários, de modo a lidar com o inesperado. 12 C. Kennedy, F. Harris, M. Lord, “Integrating Public Policy and Public Affairs into Pharmaceutical Marketing: Differential Pricing and the AIDS Pandemic,” Journal of Public Policy and Marketing, outo. 2004, p. 1-23; Eli Lilly: “Bloom and Blight,” The Economist, 26 out. 2002, p. 60. O Q U E D E U C E R T O O Q U E D E U E R R A D O ELI LILLY DEPRIMIDA PELA PERDA DA PATENTE DO PROZAC12 05-Cap01.indd 1505-Cap01.indd 15 06.04.10 18:05:3106.04.10 18:05:31 16 Economia de Empresas Exemplo CRÉDITOS DE DESPOLUIÇÃO NA DUKE POWER13 De modo similar, os mercados ficam mais completos e maduros pelo estabelecimento de um sistema de negociação de ar poluído que permite estabelecer um preço sobre o dióxido de enxofre (SO2) que é produto residual da quei- ma de carvão com alta concentração de enxofre. Emissões SO2 de fábricas movidas à queima de carvão têm eleva- do a acidez da chuva nas florestas desde o Maine até a Geórgia a níveis quase cem vezes superiores à acidez natural das chuvas no nordeste dos Estados Unidos. Árvores mortas, pinturas que desbotam, asma crescente e decompo- sição de pedras de monumentos tem sido o resultado. Para alcançar uma queda substancial na poluição a um baixo custo, a Lei do Ar Puro de 1990 criou um mercado para os direitos de emitir SO2. A Agência de Proteção Ambiental emite direitos negociáveis de poluição para 467 poluidores conhecidos de SO2, relativamente a 70% das emissões do ano anterior. As empresas de serviços públicos começaram então a nego- ciar os direitos. Aquelas que conseguiram abater suas emissões a baixo custo (talvez porque tivessem equipamentos de depuração de chaminé) venderam seus direitos para empresas que não puderam abater suas emissões a custos satisfatórios. Em outras palavras, aqueles que reduziram suas emissões a baixo custo foram capazes de vender os direitos de que não precisavam para aqueles de alto custo na redução de seus níveis de poluição. O resultado foi que o ar do país ficou 30% mais limpo ao menor custo possível. Como resultado da maturidade desse mercado, as empresas de energia elétrica como a Duke Power agora sabem qual linha de despesa devem incorporar nas suas projeções de fluxo de caixa para os resíduos de SO2 nas operações com carvão. Tais direitos podem ser vendidos por mais de US$ 100 por tonelada e uma simples unidade produtora pode requerer mais de 15.000 toneladas. A comparação contínua entre a instalação de equipamentos despoluidores caros, que utilizam combustíveis alternativos dispendiosos com carvão de baixo teor de enxofre ou gás, ou pagar o preço de mercado por tais direitos de poluição podem agora ser explicitamente analisados e solu- ções de custo mínimo podem ser encontradas. Inexistência de Informações Assimétricas Problemas de monitoramento e coordenação no âmbito da empresa e problemas de contratação entre vendedores e compradores surgem, muitas vezes, por causa de informa- ções assimétricas. Os gerentes de linha e os empregados podem não entender o que seus superiores pretendem. Um comunicado interno da Food Lion, desafiando os empregados a identificarem mil maneiras diferentes de econo- mizar 1% de seus próprios custos, obteve economias não desejáveis no preparo e na armazenagem de alimentos. Dianne Sawyer, que apresenta um programa de telenotícias, gravou em seguida, secretamente, empregados em balcões expondo peixes borrifando... concentração ligeira de amoníaco para restaurar a aparência vermelha do salmão fresco. Evidentemente, esse não era o comportamento que o alto escalão da Food Lion pretendia exibir aos clientes, fazendo-os acreditar que empregados excessivamente dedicados à redução de custos dispensariam regu- larmente aos peixes que consumiam. Criar uma boa reputação perante clientes e empregados é uma maneira de as companhias lidarem com o problema de informações assimétricas, e os gestores precisam permanecer atentos aos efeitos da reputação sobre o valor dos acionistas. Custos de Renovação de Contratos
Compartilhar