Buscar

Esquizofrenia: Transtornos do Pensamento

Prévia do material em texto

Transtornos do pensamento - Esquizofrenia
enfermagem em saúde mental
introdução
Etimologicamente: esquizo (fragmentada ou partida) frenia (mente)
Doença causa profundas deficiências na capacidade de pensar com clareza
Deixa a maioria das pessoas incapazes de retornar à vida adulta normal: estudar, trabalhar, casar e ter filhos. 
Atinge as pessoas geralmente no fim da adolescência ou no início da segunda década de vida.
É a doença psiquiátrica mais devastadora.
introdução
Causas permanecem desconhecidas
Existe uma concordância de que são necessários fatores predisponentes (genéticos, constitucionais, bioquímicos) em concomitância com fatores ambientais para o desenvolvimento da doença.
Diminuição acentuada na qualidade de vida / produtividade
10% morrem por suicídio
Sobrecarga para família e sociedade / Grandes custos humanos e financeiros 
introdução
Prevalência de 1% da população 
Pico de incidência nos homens aos 15-25 anos e 25-35 anos nas mulheres.
A esquizofrenia está entre as 10 principais causas de incapacitação entre pessoas na faixa etária de 15 a 44 anos.
História natural da esquizofrenia
Dividida em 4 fases:
Pré-mórbida
Prodrômica
Progressão
Estabilização.
Fase pré-mórbida 
A baixa sociabilidade, com predileção por atividades solitárias ou ansiedade social;
Alterações cognitivas (principalmente déficits de memória verbal, atenção e funções executivas);
Essas alterações no comportamento, observáveis desde a infância, podem progredir e estar associadas ao desenvolvimento da esquizofrenia.
Fase prodrômica 
Caracterizada por um período variável de tempo, geralmente de meses, antecedendo a eclosão da psicose, em que o indivíduo pode apresentar um estado de apreensão e perplexidade sem um foco aparente, sendo comum o sentimento de que “algo está para acontecer”.
Geralmente se nota uma mudança no comportamento da pessoa, que passa a ficar mais isolada e a demonstrar atitudes peculiares e excêntricas.
Progressão
O período prodrômico culmina muitas vezes com o primeiro episódio de psicose e, nesse ponto, inicia-se a chamada fase progressiva da esquizofrenia, podendo ocorrer deterioração. 
Estabilização
A esquizofrenia evolui para fase estável, sujeita a recaídas. Os sintomas negativos muitas vezes são detectáveis desde o princípio, ao passo que os sintomas positivos ocorrem durante o período de exacerbação. 
Quadro clínico
Os sintomas característicos incluem:
Alterações na percepção, pensamento, linguagem, memória. 
Os sintomas podem ser divididos em
SINTOMAS PSICÓTICOS
 Alucinações 
 
 
 Auditivas
 
 Visuais
Falsa percepção sem estímulo externo real. 
Tipo mais comum; pode haver vozes de comando, acusatórias, duas ou mais vozes conversando ou comentando sobre o paciente.
Vultos ou luzes; podem ocorrer em esquizofrenia, mas mais tambem ocorrem em outras condições clínicas, como a síndrome de abstinência.
SINTOMAS
CARACTERÍSTICAS
11
SINTOMAS PSICÓTICOS
 
 Alucinações 
 Somáticas 	 ou cinestésicas
 
		Olfativas, táteis
 		e gustativas
 
Sensações alteradas em partes ou órgãos do corpo (p. ex., as vísceras derretendo, o cérebro queimando); não sugerem etiologia.
Provavelmente secundárias a condições médicas gerais (“orgânicas”).
SINTOMAS
CARACTERÍSTICAS
12
SINTOMAS PSICÓTICOS
 Delírios 
 
 
 	 De controle
 
 	
 
 Completamente implausíveis (p. ex., chips implantados no cérebro por alienígenas).
Pensamentos (ou sentimentos) podem ser controlados, ouvidos, retirados ou inseridos por outros ou por forças externas.
SINTOMAS
CARACTERÍSTICAS
13
sintomas
Sensações alteradas em partes 
ou órgãos do corpo
Positivos
Alucinações 
Auditivas 
Vozes que fazem comentário 
Vozes que conversam entre si 
Somáticas 
Táteis 
Olfativas 
Visuais 	
negativos		
Embotamento afetivo 
Expressão facial inalterada 
Diminuição dos movimentos espontâneos 
Pobreza de gestos expressivos 
Pouco contato visual 
Diminuição ou ausência de resposta afetiva 
Afeto inapropriado 
Falta de modulação vocal 	
sintomas
positivos
Delírios 
Perseguitórios 
De ciúmes 
Culpa 
Pecado 
Grandiosidade 
Religiosos 
Somáticos 
Dentre outros 
Negativos	
Alogia
Pobreza de fala 
Pobreza de conteúdo da fala 
Bloqueio do pensamento 
Maior latência de resposta 	
sintomas
positivos
Comportamento bizarro 
Roupas 
Aparência 
Comportamento social 
Comportamento sexual 
Agressivo/agitado 
Repetitivo/estereotipado 	
Negativos	
Abulia-apatia 
Deficiência nos cuidados pessoais e na higiene 
Falta de persistência no trabalho ou nos estudos 
Anergia física 	
sintomas
positivos
Alteração formal do pensamento 
Incoerência 
Falta de lógica 
Fala acelerada 
Reverberação 	
negativos
Anedonia 
Poucos interesses 
Poucas atividades recreativas 
Comprometimento das relações afetivas 
Poucos relacionamentos com amigos
Atenção 
Diminuição de concentração 	
Diagnóstico diferencial
Os sintomas psicóticos são encontrados em muitas outras doenças, incluindo:
Abuso de substâncias (alucinógenos, fenilciclidina, anfetaminas, cocaína, álcool);
Intoxicação devido a medicamentos de prescrição comum (corticosteroides, anticolinérgicos, levodopa);
Infecções, alterações metabólicas e endocrinológicas, tumores e epilepsias do lobo temporal. 
Transtornos mentais, o transtorno do humor, o transtorno delirante e os transtornos de personalidade. 
Tipos de esquizofrenia
F20.0 Esquizofrenia paranóide
Ideação delirantes relativamente estável, frequentemente de perseguição, em geral acompanhadas de alucinações, particularmente auditivas e de perturbações das percepções. 
As perturbações do afeto, da linguagem e os sintomas catatônicos, estão ausentes, ou são relativamente discretos.
Paranóide
 Um tipo de Esquizofrenia no qual são satisfeitos os seguintes critérios:
 A. Preocupação com um ou mais delírios ou alucinações auditivas freqüentes.
 B. Nenhum dos seguintes sintomas é proeminente: 
	discurso desorganizado, comportamento 	desorganizado ou catatônico.
21
Tipos de esquizofrenia
F20.1 Esquizofrenia hebefrênica/ perturbação de afeto
Caracterizada por presença proeminente de uma perturbação dos afetos;
As ideias delirantes e as alucinações são fugazes e fragmentárias, o comportamento é irresponsável e imprevisível; 
O afeto é superficial e inapropriado e o pensamento é desorganizado e o discurso incoerente. 
Há uma tendência ao isolamento social. Geralmente o prognóstico é desfavorável devido ao rápido desenvolvimento de sintomas “negativos
Tipos de esquizofrenia
F20.2 Esquizofrenia catatônica
A esquizofrenia catatônica é dominada por distúrbios psicomotores proeminentes que podem alternar entre extremos tais como hipercinesia e estupor, ou entre a obediência automática e o negativismo. 
Um tipo de Esquizofrenia no qual o quadro clínico é dominado por pelo menos dois dos seguintes sintomas:
[1] imobilidade motora evidenciada por cataplexia
[2] atividade motora excessiva (aparentemente 	 desprovida de propósito e não influenciada por estímulos externos)
Catatônico
 [3] extremo negativismo (uma resistência 	 aparentemente sem motivo a toda e 	 qualquer instrução, ou manutenção de uma 	 postura rígida contra tentativas de mobilização) ou mutismo
 
 [4] peculiaridades do movimento, de posturas inadequadas ou bizarras,movimentos estereotipados, 
24
Flexibilidade cérea
Paciente permanece longos períodos na mesma posição, como se fosse feito de cera.
Tipos de esquizofrenia
F20.3 Esquizofrenia indiferenciada
Afecções psicóticas que preenchem os critérios diagnósticos gerais para a esquizofrenia, mas que não são satisfeitos os critérios para os Tipos Paranóide, Desorganizado ou Catatônico..
Esquizofrenia atípica
Tipos de esquizofrenia
F20.6 Esquizofrenia simples
Transtorno caracterizado pela ocorrência insidiosa e progressiva de excentricidade de comportamento, incapacidade de responder às exigências da sociedade, e um declínio global do desempenho. 
Quadro raro, no qual há desenvolvimento insidioso, mas progressivo, de conduta estranha, incapacidade para atender às exigências da sociedade e declínio no desempenho total.
Diagnósticos de enfermagem 
Processos do pensamento perturbado relacionados com ideias delirante; incapacidade de concentrar-se; distúrbios volitivos; inaptidão para resolver problemas.
Alteração da sensopercepção: auditiva/visual/tátil relacionada com processos do pensamento alterados. Ansiedade; extrema solidão; Oscilações rápidas do humor, desorientação.
Isolamento social associado a incapacidade de confiar, pensamento delirante, regressão, tristeza, embotamento afetivo, sentimento de rejeição ou de solidão.
Risco de violência: autodirigida ou dirigida a outras pessoas, relacionada com desconfiança, ansiedade, excitação catatônica, reações de fúria, destruição intencional de objetos no ambiente.
Diagnósticos de enfermagem 
Distúrbio de comunicação verbal associado a ansiedade, retraimento, pensamento desorganizado, mistura de palavras.
Déficit do autocuidado pessoal relacionado com retraimento, incapacidade de confiar, dificuldade de executar as tarefas associadas a higiene, vestir-se, cuidar da aparência, alimentar-se e excretar.
Ajuste familiar ineficaz associado a distúrbio da comunicação familiar, negação ou preocupação excessiva relacionada com doença do paciente, negligência da família em relação aos cuidados das necessidades humanas básicas.
Manutenção da saúde alterada relacionada com delírios e evidenciada por incapacidade de executar as práticas de saúde básica.
Manejo terapêutico
O tratamento da esquizofrenia é realizado principalmente com o uso dos neurolépticos, também chamados de antipsicóticos e as intervenções psicossociais. 
Tratamento do episódio agudo da esquizofrenia
Objetivo: 
controle rápido da sintomatologia para aliviar o sofrimento e a angústia do paciente e de seus familiares.
1º questão: 
O paciente necessitar ou não ser hospitalizado?
Hospitalização: 
Quando há falta de suporte familiar e risco para o próprio paciente e os familiares. 
Quando há suporte familiar - pode ser tratado ambulatorialmente. 
Medicação:
evitar associações de medicamentos, bem como considerar experiências anteriores do paciente em relação à resposta a determinada droga. 
Recomendações aos pacientes
Uso inconstante da medicação
Reconhecer pródromos
Educar sobre as razões do uso da medicação
Alguns efeitos colaterais estão ligados à não adesão ao tratamento correto
32
Intervenções psicossociais 
Hospitalizações mais breves, atendimento ambulatorial e comunitário.
Programas de hospital-dia ou hospitalização parcial. 
Disponíveis durante a semana, integrando a intervenção farmacológica às intervenções psicossociais, incluindo terapia ocupacional, psicoterapia individual ou grupal, grupos operativos, oficinas protegidas, treinamento de habilidades sociais e terapia familiar.
Pontos-chave sobre a esquizofrenia 
As medicações intramusculares são úteis em pacientes que não cooperam ou não aderem ao tratamento. 
A adesão diminui as recaídas, o número de internações e melhora o prognóstico e a reabilitação social. 
Muitos pacientes necessitarão de medicações ao longo da vida. 	
Terapia familiar
resultando em melhor prognóstico.
Orientações sobre a natureza da doença.
Desenvolvimento de habilidades para o melhor relacionamento possível com o paciente.
Ajuste de suas expectativas aos reais limites de cada paciente.
Compartilhar o sofrimento com outros familiares e a equipe de saúde. 
A terapia familiar é importante para o paciente que vive no ambiente familiar, ou mantém laços familiares próximos. 
Como resultado da doença, muitos pacientes podem ter rompido seus laços familiares. 
As famílias têm necessidade extrema de informações sobre a esquizofrenia e criação de habilidades para ajustar suas expectativas em relação ao paciente. 
Estímulos dos grupos de apoio aos membros da família. 	
A equipe de saúde deve ter uma relação empática com o paciente. 
Essa tarefa é desafiadora, pois muitos pacientes apresentam acentuados prejuízos na esfera afetiva, volitiva e cognitiva. 
Intervenções que facilitem a reinserção social, assim como tarefas diárias programadas, devem ser estimuladas. 	
Referências
Créditos:Me. Enf.º AROLDO Gavioli
ANDRESASEN, N. Creativity and mental illness: prevalence rates in writers and their first-degree relatives. Am. J. Psychiatry, 1987. 
ANDRESASEN, N; BLACK, D. Introdução à psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2009. 
ALVARENGA, P; GUERRA, A. Fundamentos em psiquiatria. São Paulo: Manole, 2008.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. São Paulo: Universidade de São Paulo. 1997.
UNA-SUS – Universidade aberta do SUS. Curso de especialização em saúde da família: Esquizofrenia, caso complexo 5 – Amélia. Disponível em http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/casos_complexos/Amelia/Complexo_05_Amelia_Esquizofrenia.pdf> acesso em 12 de agosto de 2014.

Outros materiais

Perguntas Recentes