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2010 Prevenção e Controle de Perdas Prof. Léo Roberto Seidel Copyright © UNIASSELVI 2010 Elaboração: Prof. Léo Roberto Seidel Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: 658 S4581p Seidel, Léo Roberto. Prevenção e Controle de Perdas / Léo Roberto Seidel. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010.x ; 168. p.: il Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-305-1 1. Prevenção 2. Administração da Produção I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título III aPresentação Caro acadêmico! Você tem em mãos o Caderno de Estudos da disciplina de Prevenção e Controle de Perdas que lhe servirá de importante meio para a aquisição de conceitos fundamentais concernentes à Segurança do Trabalho. No decorrer deste caderno, serão apresentados conceitos, exemplos, comentários e também alguns exercícios a respeito dos vários assuntos abordados. Encorajo você a cumprir cada etapa com empenho e entusiasmo. Também não deixe de fazer as leituras recomendadas, pois são de fundamental importância. Na primeira unidade, serão estudados os acidentes de trabalho e as maneiras de se evitá-los. Certamente, grande quantidade de informações novas será apresentada e é muito importante que você a compreenda para a boa continuidade de seu aprendizado. A segunda unidade aborda os riscos encontrados no ambiente de trabalho. Nesta etapa do estudo são demonstradas várias técnicas de identificação e análise de riscos, bem como alguns métodos para sua eliminação. Por fim, a terceira unidade estuda as consequências que os riscos trazem para as empresas e seus trabalhadores. Nesta unidade, vamos analisar a melhor maneira de se lidar com os riscos com base na sua gravidade e frequência. Também são vistos alguns parâmetros importantes a serem considerados para a elaboração de um plano de ação para o caso de emergências. Um grande abraço para você e ótimos estudos! Prof. Léo Roberto Seidel IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – ACIDENTES DE TRABALHO .................................................................................. 1 TÓPICO 1 – CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO ............................................................................ 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 O ACIDENTE DO TRABALHO ........................................................................................................ 4 2.1 DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE AS DEFINIÇÕES TÉCNICA E LEGAL ................ 6 2.2 BENEFÍCIOS INDIRETOS RESULTANTES DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO ...................................................................................................................................... 8 3 A COMUNICAÇÃO DE UM ACIDENTE DE TRABALHO – CAT ............................................ 8 3.1 ACIDENTE SEM AFASTAMENTO ............................................................................................... 9 3.2 ACIDENTE COM AFASTAMENTO ............................................................................................. 9 3.2.1 Incapacidade temporária ....................................................................................................... 10 3.2.2 Incapacidade parcial............................................................................................................... 10 3.2.3 Incapacidade total ................................................................................................................... 10 3.3 FORMULÁRIO CAT ........................................................................................................................ 11 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 12 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 13 TÓPICO 2 – LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE ACIDENTES ............................................... 15 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 15 2 ACIDENTE, LESÃO E RISCO ............................................................................................................ 16 3 FATORES DE ACIDENTES ................................................................................................................ 17 3.1 AGENTE DA LESÃO ..................................................................................................................... 17 3.2 CONDIÇÃO INSEGURA .............................................................................................................. 18 3.3 ATO INSEGURO ............................................................................................................................. 19 3.4 ACIDENTE-TIPO ............................................................................................................................ 20 3.4.1 Batida contra ............................................................................................................................ 20 3.4.2 Batida por ................................................................................................................................. 20 3.4.3 Queda de objeto ...................................................................................................................... 21 3.4.4 Queda da pessoa ..................................................................................................................... 21 3.4.5 Prensagem entre ...................................................................................................................... 21 3.4.6 Esforço excessivo .................................................................................................................... 21 3.4.7 Exposição a temperaturas extremas ..................................................................................... 22 3.4.8 Contato com produtos químicos agressivos .......................................................................22 3.4.9 Contato com eletricidade ....................................................................................................... 22 3.4.10 Outros acidentes-tipo ........................................................................................................... 22 3.5 FATOR PESSOAL INSEGURO ..................................................................................................... 24 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 25 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 26 TÓPICO 3 – INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES .............................................................................. 27 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27 2 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE (OU INCIDENTE) ................................................................. 27 2.1 POR QUE SE DEVEM INVESTIGAR OS ACIDENTES?............................................................ 27 sumário VIII 2.2 QUANDO A INVESTIGAÇÃO DEVE SER REALIZADA ....................................................... 28 2.3 PROPORÇÃO ENTRE ACIDENTES E INCIDENTES ............................................................... 28 2.4 QUAIS ACIDENTES E INCIDENTES SE DEVE INVESTIGAR ............................................... 29 2.5 VANTAGENS DA INVESTIGAÇÃO ............................................................................................ 29 2.6 QUEM DEVE CONDUZIR A INVESTIGAÇÃO ......................................................................... 29 2.7 QUEM DEVE PARTICIPAR DA INVESTIVAÇÃO DE ACIDENTES E INCIDENTES ......... 30 3 ETAPAS DA INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO ........................................... 30 3.1 OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE O ACIDENTE ........................................................ 31 3.1.1 Ir ao local do acidente ............................................................................................................ 31 3.1.2 Entrevistar os envolvidos e as testemunhas ....................................................................... 31 3.1.3 Reconstituir o acidente ........................................................................................................... 31 3.2 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES SOBRE O ACIDENTE ......................................................... 31 3.2.1 Identificação das causas do acidente ................................................................................... 32 3.2.2 Proposição de recomendações e medidas de controle ...................................................... 32 3.3 FORMULÁRIO DE INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES............................................................ 33 4 A COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE ............................................................................................... 33 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 34 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 35 TÓPICO 4 – ANÁLISE DE ACIDENTES DE TRABALHO ............................................................. 37 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 37 2 IMPROPRIEDADE DO TERMO “DESCUIDO” ............................................................................ 37 2.1 TEORIA DE HEINRICH ................................................................................................................. 38 3 ELIMINAÇÃO DAS CAUSAS DE ACIDENTES ........................................................................... 41 4 ESTATÍSTICA DOS ACIDENTES .................................................................................................... 42 4.1 CÁLCULO DAS HORAS-HOMEM DE EXPOSIÇÃO AOS RISCOS (HHT) .......................... 43 4.2 COEFICIENTE DE FREQUÊNCIA (CF) ....................................................................................... 43 4.3 COEFICIENTE DE GRAVIDADE (CG) ........................................................................................ 44 4.4 TAXA DE FREQUÊNCIA DE ACIDENTES (FA) ........................................................................ 44 4.5 TAXA DE FREQUÊNCIA DE ACIDENTADOS COM LESÃO E COM PERDA DE TEMPO (FL) ...................................................................................................................................... 45 4.6 TAXA DE FREQUÊNCIA DE ACIDENTADOS COM LESÃO SEM PERDA DE TEMPO (FS) ...................................................................................................................................... 45 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 46 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 50 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 51 UNIDADE 2 – RISCOS PROFISSIONAIS ......................................................................................... 53 TÓPICO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS .................................................................................. 55 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 55 2 TECNOLOGIA VERSUS RISCO........................................................................................................ 56 2.1 DESENVOLVIMENTO DE ESTUDOS DE ANÁLISE DE RISCO ............................................. 56 2.2 INFLUÊNCIA DO RISCO NAS ATIVIDADES E NEGÓCIOS .................................................. 56 2.3 QUESTÕES NORTEADORAS ....................................................................................................... 57 3 CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS SEGUNDO SUA NATUREZA .............................................. 57 3.1 RISCOS QUÍMICOS ........................................................................................................................ 58 3.2 RISCOS FÍSICOS .............................................................................................................................. 58 3.3 RISCOS BIOLÓGICOS .................................................................................................................... 58 3.4 CONCEITOS COMPLEMENTARES ............................................................................................. 59 3.4.1 Tempo de exposição ............................................................................................................... 59 3.4.2 Concentração ou intensidade ................................................................................................ 59 IX 4 CLASSIFICAÇÃO CONFORME FREQUÊNCIA E INTENSIDADE ........................................ 59 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 62 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63 TÓPICO 2 – SEGURANÇA DE PROCESSOS ................................................................................... 65 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65 2 OBJETIVOS E METAS ......................................................................................................................... 65 3 ABRANGÊNCIA................................................................................................................................... 66 4 SUCESSO NA APLICAÇÃO .............................................................................................................. 66 5 BASES ..................................................................................................................................................... 66 6 DOCUMENTAÇÃO E CONHECIMENTO ..................................................................................... 67 7 REVISÕES E AUDITORIAS ............................................................................................................... 67 8 ANÁLISE DE RISCOS DE PROCESSO ........................................................................................... 68 8.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................................... 68 8.2 RECURSOS NECESSÁRIOS ........................................................................................................... 68 8.3 DEFINIÇÕES BÁSICAS .................................................................................................................. 69 8.4 DEFINIÇÕES COMPLEMENTARES ............................................................................................ 69 8.4.1 Estudo de análise de risco ..................................................................................................... 69 8.4.2 Objetivos da análise de riscos ............................................................................................... 69 8.4.3 Etapas da análise de risco ...................................................................................................... 70 8.5 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO ........................................................................................... 71 8.6 ESCOLHA DA TÉCNICA .............................................................................................................. 71 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 73 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 74 TÓPICO 3 – IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS .................................................................................. 75 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 75 2 WHAT IF...? (E SE...?) ............................................................................................................................ 76 2.1 O MÉTODO WHAT IF ..................................................................................................................... 76 2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS .............................................................................................. 76 2.3 TÉCNICAS COMPLEMENTARES ................................................................................................ 76 2.4 FORMULÁRIO ................................................................................................................................. 77 3 TÉCNICA DO INCIDENTE CRÍTICO - TIC .................................................................................. 78 3.1 MODO DE APLICAÇÃO................................................................................................................ 78 3.2 TÉCNICAS AUXILIARES ............................................................................................................... 78 3.3 TÉCNICAS COMPLEMENTARES ................................................................................................ 78 4 LISTA DE VERIFICAÇÃO - CHECKLIST ....................................................................................... 79 4.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS .............................................................................................. 79 4.2 TÉCNICAS COMPLEMENTARES ................................................................................................ 80 4.3 FORMULÁRIO ................................................................................................................................. 80 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 81 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 82 TÓPICO 4 – ANÁLISE DE RISCOS ..................................................................................................... 83 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 83 2 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS – APR ................................................................................. 83 2.1 MÉTODO DA APR .......................................................................................................................... 84 2.2 TÉCNICAS AUXILIARES ............................................................................................................... 85 2.3 TÉCNICAS COMPLEMENTARES ................................................................................................ 85 2.4 FORMULÁRIO ................................................................................................................................. 85 2.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS .............................................................................................. 87 3 ANÁLISE DE RISCOS E OPERABILIDADE – HAZOP ............................................................... 87 X 3.1 O MÉTODO .................................................................................................................................... 87 3.2 TÉCNICAS COMPLEMENTARES .............................................................................................. 91 3.3 FORMULÁRIO ............................................................................................................................... 91 3.4 DANDO SEGUIMENTO AO HAZOP ........................................................................................ 93 3.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS ............................................................................................ 93 RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 94 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 95 TÓPICO 5 – AVALIAÇÃO DE RISCOS ............................................................................................ 97 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 97 2 ANÁLISE POR ÁRVORE DE FALHAS – AAF .............................................................................. 97 2.1 MÉTODO ....................................................................................................................................... 97 2.2 TÉCNICAS AUXILIARES ............................................................................................................. 97 2.3 TÉCNICAS COMPLEMENTARES .............................................................................................. 98 2.4 SIMBOLOGIA................................................................................................................................. 98 2.4.1 Representação de eventos .................................................................................................... 98 2.4.2 Diagramas Lógicos “E” e “OU” ..........................................................................................99 2.5 ANÁLISE QUANTITATIVA ........................................................................................................100 2.6 SEQUÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO ......................................................101 2.7 VANTAGENS DO MÉTODO ......................................................................................................102 3 ANÁLISE POR ÁRVORE DE EVENTOS (AAE) OU SÉRIE DE RISCOS ..............................103 3.1 APLICAÇÃO DA AAE ................................................................................................................103 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................105 RESUMO DO TÓPICO 5.....................................................................................................................107 AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................108 UNIDADE 3 – TRATAMENTO DE RISCOS ..................................................................................109 TÓPICO 1 – ANÁLISE DE CONSEQUÊNCIAS .............................................................................111 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................111 2 CONDIÇÕES DO CENÁRIO ..........................................................................................................112 3 ANÁLISE DE CONSEQUÊNCIAS PARA VAZAMENTOS DE SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS .......................................................................................................................................113 3.1 METODOLOGIA ..........................................................................................................................113 3.1.1 Modelos de desprendimento do líquido ..........................................................................113 3.1.2 Modelos de dispersão previstos ........................................................................................113 3.1.3 Modelos de inflamabilidade...............................................................................................114 3.1.4 Avaliação de toxidez ............................................................................................................114 3.1.5 Direção do vazamento ........................................................................................................114 3.1.6 Tempo médio de exposição ................................................................................................115 3.1.7 Modelos de inflamabilidade utilizados ............................................................................115 3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS ...........................................................................116 3.3 ANÁLISE DE VULNERABILIDADE .........................................................................................117 3.3.1 Exposição ao IDLH ..............................................................................................................117 3.3.2 Nível de letalidade de 1% e de 50% ..................................................................................118 3.3.3 Radiação térmica ..................................................................................................................118 3.3.4 Sobrepressão .........................................................................................................................119 4 BENEFÍCIO DA ANÁLISE DAS CONSEQUÊNCIAS ............................................................... 121 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 122 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 123 XI TÓPICO 2 – ESTUDO DE FREQUÊNCIAS ..................................................................................... 125 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 125 2 OBJETIVO ........................................................................................................................................... 126 3 ESTUDO DE FREQUÊNCIA ........................................................................................................... 126 3.1 SELEÇÃO DE EVENTOS INICIADORES ................................................................................. 126 3.2 EVENTO INICIADOR.................................................................................................................. 126 3.2.1 Simples .................................................................................................................................. 126 3.2.2 Complexo .............................................................................................................................. 127 3.3 AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA PARA EVENTOS INICIADORES SIMPLES ................. 127 3.4 AVALIAÇÃO DE FREQUÊNCIA PARA EVENTOS INICIADORES COMPLEXOS.......... 127 4 CÁLCULOS DIVERSOS .................................................................................................................. 128 4.1 CÁLCULO DA CONFIABILIDADE .......................................................................................... 128 4.2 PROBABILIDADE DE FALHA DE UM COMPONENTE TESTADO PERIODICAMENTE .. 129 4.3 TAXA DE FALHAS DE UM COMPONENTE MONITORADO ........................................... 130 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 131 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 132 TÓPICO 3 – CÁLCULO DO RISCO ................................................................................................. 133 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 133 2 TOLERABILIDADE OU ACEITABILIDADE DO RISCO ........................................................ 134 2.1 RISCO INDIVIDUAL ................................................................................................................... 134 2.2 RISCO SOCIAL ............................................................................................................................. 136 2.2.1 Dados necessários ................................................................................................................ 137 2.2.2 Frequência do evento .......................................................................................................... 137 2.2.3 Frequência das condições climáticas ................................................................................ 137 2.2.4 Fontes de ignição ................................................................................................................. 137 2.2.5 Densidade demográfica ...................................................................................................... 138 2.2.6 Etapas finais .......................................................................................................................... 139 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................140 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................141 TÓPICO 4 – INSPEÇÃO DE SEGURANÇA ....................................................................................143 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1432 OBJETIVOS .........................................................................................................................................144 3 CONCEITOS E PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA ............................................................144 4 TIPOS DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA ....................................................................................145 4.1 INSPEÇÃO INFORMAL ...............................................................................................................145 4.2 INSPEÇÃO FORMAL OU PLANEJADA ...................................................................................147 4.2.1 Inspeção de partes críticas ...................................................................................................147 4.2.2 Inspeção Geral .......................................................................................................................148 5 ETAPAS DA INSPEÇÃO ...................................................................................................................149 5.1 PREPARAÇÃO ...............................................................................................................................150 5.2 REALIZAÇÃO DA INSPEÇÃO ...................................................................................................150 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................151 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................152 TÓPICO 5 – PLANOS DE AÇÃO DE TRATAMENTO DE RISCOS ...........................................153 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153 2 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RISCOS .......................................................................153 3 DEFINIÇÃO DE RESPONSABILIDADES ....................................................................................153 XII 3.1 RESPONSABILIDADE DA GERÊNCIA ....................................................................................153 3.2 RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS ........................................................................153 4 DISPONIBILIDADE DE RECURSOS ............................................................................................154 4.1 RECURSOS INTERNOS ................................................................................................................154 4.2 RECURSOS EXTERNOS ...............................................................................................................154 5 DEFINIÇÃO DO PLANO DE EMERGÊNCIA (PLANOS DE AÇÃO) .....................................154 6 EQUIPE DE CONTROLE DA EMERGÊNCIA .............................................................................155 7 ELABORAÇÃO DO PLANO DE EMERGÊNCIA ........................................................................155 8 ATIVAÇÃO DO PLANO DE EMERGÊNCIA ...............................................................................155 8.1 IDENTIFICAÇÃO DA EMERGÊNCIA ......................................................................................156 8.2 COMUNICAÇÃO DA EMERGÊNCIA ......................................................................................156 8.3 REUNIÃO DA EQUIPE DE CONTROLE DA EMERGÊNCIA E DAS BRIGADAS DE APOIO .......................................................................................................................................156 9 TREINAMENTO DO PESSOAL ......................................................................................................156 10 TESTES PERIÓDICOS DO PLANO (SIMULADOS) ................................................................157 11 MANUTENÇÃO DO PLANO ........................................................................................................157 12 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES ...........................................................................................157 12.1 DESORDEM CIVIL ......................................................................................................................157 12.2 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS E DO AR .........................................................................................157 13 TOMADAS DE DECISÕES E AVALIAÇÃO DO PLANO DE EMERGÊNCIA ...................158 13.1 DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES PREVENTIVAS E CORRETIVAS ................................158 13.2 ACOMPANHAMENTO DAS AÇÕES PREVENTIVAS E CORRETIVAS ...........................159 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................160 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................163 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................164 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................165 1 UNIDADE 1 ACIDENTES DE TRABALHO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender tecnicamente o conceito prevencionista de acidente; • identificar as causas dos acidentes; • investigar acidentes; • identificar as causas de acidentes a serem eliminadas. Esta unidade está dividida em quatro tópicos, sendo que no final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conteúdos estudados. TÓPICO 1 – CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO TÓPICO 2 – LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE ACIDENTES TÓPICO 3 – INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES TÓPICO 4 – ANÁLISE DE ACIDENTES DE TRABALHO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Desde os tempos antigos, o homem tem desenvolvido atividades e ferramentas (faca, fogo etc.) que apresentam riscos potenciais e que podem se materializar causando acidentes com lesões pessoais ou perdas materiais. Registros esparsos relatam que já na Antiguidade havia o conhecimento de que algumas profissões poderiam prejudicar a saúde do trabalhador, a saber, dificuldades respiratórias nos mineradores do Egito, ou ainda, alguns distúrbios característicos a muitos atletas, descrito por Aristóteles na Grécia Antiga. Em 1556, Georgius Agricola, publicou um interessante livro, Dere Metallica, que descrevia com detalhes as más condições de trabalho dos mineradores e possíveis medidas para melhorar aqueles ambientes. No entanto, foi no ano de 1700 que o médico italiano Bernardino Ramazzini, publicou sua obra-prima intitulada De morbis artificum diatriba (As doenças dos trabalhadores), em que relatava diversos males e sua relação com as profissões da época. Considera-se que esta publicação foi o marco inicial para a sociedade encarar o trabalho como possível causa de doenças e acidentes em escala preocupante. Posteriormente, com a Revolução Industrial, o crescente número de acidentes de trabalho começou a captar a atenção de governos e sociedade quando, em virtude do seu elevado número, adquiriram as dimensões de um problema social. Naquela época, iniciou-se a concentração de grandes massas de trabalhadores em torno das fábricas que possuíam novas fontes de energia como o vapor e a eletricidade. Este novo ambiente de trabalho era muito diferente daquele caracterizado pela Idade Média, onde artesãos realizavam trabalhos quase que exclusivamente manuais em suas pequenas oficinas. No início do século XX, devido ao crescente número de acidentes e doenças de trabalho, surgiu um movimento social que levou a mudanças na legislação trabalhista. Inicia-se, desta maneira, a intervenção do Estado nas relações de trabalho a favor do trabalhador. UNIDADE 1 | ACIDENTES DE TRABALHO 4 Até aquele momento, os princípios do direito comumexigiam do empregado a prova de que ele não era culpado pelo acidente sofrido, condição muitas vezes impossível de ser atendida. Então, em 1883 na França, foi apresentada a Teoria do Risco Profissional cujo entendimento era que, uma vez que o empregador arcava com os custos diversos de sua empresa (manutenção, riscos de incêndio, responsabilidade civil e outros), este também deveria ser responsável pelos custos decorrentes dos acidentes com seus empregados, cujo trabalho era feito em seu proveito. No Brasil, os acontecimentos caminharam de maneira semelhante aos fatos ocorridos na Europa e também nos Estados Unidos, sendo que no ano de 1919 foi promulgado o Decreto nº 3.724, que constituiu a primeira lei brasileira em favor do trabalhador acidentado. A partir daquele momento, o trabalhador estava amparado legalmente quando na ocorrência de acidentes e doenças de trabalho. (CAIRO JUNIOR, 2009) 2 O ACIDENTE DO TRABALHO Para nosso estudo é fundamental que se compreenda bem o conceito de acidente de trabalho, que se constitui o elemento gerador de toda ciência envolvida na questão da Segurança do Trabalho. Leia com atenção as três situações descritas a seguir: 1 Um trabalhador está carregando duas caixas quando, repentinamente, uma delas cai sem lesioná-lo ou danificar seu conteúdo; 2 Semelhantemente, um trabalhador carrega duas caixas, quando uma cai e se quebra; 3 O trabalhador está carregando duas caixas, uma delas cai sobre seu pé, causando lesão e se quebra. Quais situações descritas acima representam acidente de trabalho? Reflita um pouco e depois continue a leitura. A legislação brasileira define o acidente de trabalho como aquele ocorrido no exercício do trabalho ou serviço da empresa e que pode provocar, de forma direta ou indireta, permanente ou temporária, lesão corporal, perturbação funcional, redução da capacidade de trabalho ou ainda doença. Mais estritamente o acidente do trabalho é tratado como um acontecimento imprevisível, cujos danos são inevitáveis. Resumidamente, o acidente de trabalho fica restrito ao conceito de prejuízo físico sofrido pelo trabalhador (lesão, redução da capacidade de trabalho, doença ou perturbação funcional). (MICHEL, 2008) Na realidade, o acidente laboral não passa de um acontecimento determinado, previsível e que, na maioria das vezes, é passível de prevenção, pois suas causas são perfeitamente identificáveis dentro do meio ambiente de trabalho, TÓPICO 1 | CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO 5 podendo ser neutralizadas ou eliminadas. Pode-se ampliar ainda o conceito de acidente de trabalho considerando-se qualquer ocorrência que interfira no andamento normal da produção, seja relativo a máquinas, ferramentas ou perda de tempo. Voltando às três situações do trabalhador levando caixas, expostas anteriormente, o que pode ser concluído? Na primeira situação, há acidente de trabalho, pois a queda da caixa leva à perda de tempo (interrupção do fluxo de produção normal). Na segunda ocorrência, também há acidente de trabalho, pois houve perda de material (prejuízo). Na última situação fica mais evidente a constatação do acidente de trabalho devido à lesão sofrida pelo trabalhador, no entanto os fatores “interrupção do processo produtivo” e “perda de material” também devem ser considerados! Doenças profissionais também são consideradas acidentes de trabalho! NOTA Segundo Michel (2008), as doenças do trabalho (ou doenças profissionais) se classificam em: • Doença ocupacional: é aquela que se origina pelo exercício do trabalho peculiar à determinada tarefa. Exemplo: os mineiros tendem a desenvolver a silicose (doença respiratória), caso não estejam devidamente protegidos. • Doença do trabalho: é uma doença ocupacional que se origina (ou é adquirida) em função de certas condições especiais em que o trabalho é realizado. Exemplo: um operário que trabalha num ambiente muito ruidoso sem a proteção recomendada está sujeito à perda auditiva. Esta doença, no entanto, não está relacionada necessariamente à função desempenhada pelo trabalhador, mas sim, às condições do meio em que este se encontra. São consideradas, também, doenças do trabalho: • Acidente sofrido pelo trabalhador no local e horário de trabalho em decorrência de ato de agressão ou sabotagem praticado por companheiro de trabalho ou terceiros; inundação, desabamentos. • Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade. UNIDADE 1 | ACIDENTES DE TRABALHO 6 FIGURA 1 – EXEMPLO: A AIDS ADQUIRIDA POR PROFISSIONAL DA SAÚDE AO MANIPULAR INSTRUMENTO CONTAMINADO FONTE: Cartilha SESI (2005) • Acidente sofrido no percurso entre a residência e o local de trabalho. • Acidentes sofridos no período de repouso ou alimentação, pois o empregado é considerado no exercício de seu trabalho. 2.1 DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE AS DEFINIÇÕES TÉCNICA E LEGAL No século XIX, o acidente do trabalho era considerado um acontecimento súbito, traumático, decorrente de obra do acaso e dentro do ambiente do trabalho. Sob este entendimento, o acidente de trabalho era relacionado com força maior ou caso fortuito, pois era considerado um evento imprevisível e/ou inevitável. Havia, ainda, um conceito de infortúnio, que considerava o acidente do trabalho como decorrente da ausência de sorte acompanhado de infelicidade e desgraça. Com o passar do tempo, o conceito de acidente do trabalho foi evoluindo sob a ótica de diversos legisladores e correntes de pensamento que levavam em conta as mudanças sociais e as condições do trabalhador e de seu ambiente de trabalho. Mais recentemente, a Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976, parágrafo 2º, estabelece que acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, artigo 19, também dispõe sobre o acidente de trabalho de forma muito semelhante àquela já citada anteriormente. TÓPICO 1 | CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO 7 Logo, percebe-se que o conceito legal de trabalho, segundo sua concepção clássica, é tido como caso fortuito ou de força maior, cujo acontecimento é imprevisível e de consequências inevitáveis. Nota-se, ainda, que o acidente é entendido como causa de ferimento ao trabalhador. Nessa situação, a proteção ao trabalhador se dá através de uma compensação financeira, seja por determinada renda mensal, no caso de lesão temporária, ou, adicionalmente, por indenização no caso de dano incapacitante permanente. No entanto, o conceito de acidente de trabalho deve ser ampliado e ir além da proposta de reparação de danos. Nesse contexto, segundo Almeida e Binder, os acidentes do trabalho são fenômenos socialmente determinados, previsíveis e passíveis de prevenção. Ao contrário de constituir obra do acaso como sugere a citada palavra, os acidentes do trabalho são fenômenos previsíveis, dado que os fatores capazes de provocá-los se encontram presentes na situação de trabalho (passíveis de identificação) muito tempo antes de serem desencadeados. A eliminação e/ou neutralização de tais fatores são capazes de evitar ou limitar a ocorrência de novos episódios semelhantes, ou seja, além de previsíveis, os acidentes do trabalho são preveníveis. Além disso, deve-se entender que a lesão sofrida pelo trabalhador é apenas uma das consequências possíveis decorrentes de um acidente de trabalho. Logo, do ponto de vista prevencionista, qualquer ocorrência não programada que prejudique a produtividade, por perda de tempo ou de material, já pode ser considerada um acidente de trabalho. Acidentes de trabalho sem lesão são denominados INCIDENTES. NOTA Estatisticamente, foi demonstrado, em 1931, por H. W. Heinrich que, para cada grupo de 330 acidentes de um mesmo tipo, 300 vezes não ocorre lesão nos trabalhadores, enquanto que em apenas 30 casos há danos à integridadefísica dos envolvidos. Veremos uma variação desta proporção no Tópico 3 demonstrada por um estudo realizado por Frank E. Bird entre 1966 e 1969. DICAS UNIDADE 1 | ACIDENTES DE TRABALHO 8 Do exposto, se conclui que se deve procurar evitar todo e qualquer tipo de acidente, havendo lesão ou não. Na situação hipotética anterior, se o trabalhador tivesse evitado a queda da caixa no chão, esta não o teria lesionado. É mais seguro (e simples) evitar a queda da caixa, do que desviar o pé da mesma! 2.2 BENEFÍCIOS INDIRETOS RESULTANTES DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO A política governamental brasileira tem, nos últimos anos, colaborado para a atualização da legislação trabalhista com vistas a aumentar os esforços de empregadores e empregados na diminuição do número de acidentes de trabalho. Embora o objetivo primeiro da prevenção de acidentes seja a manutenção da integridade física do trabalhador, não se pode desconsiderar a influência dos custos relativos à implantação e manutenção de programas preventivos. É importante salientar que um programa de prevenção de acidentes, embora oneroso, pode-se tornar economicamente viável se avaliadas também as consequências indiretas das perdas e danos sofridos pelo trabalhador. Um trabalhador acidentado, aposentado precocemente por incapacidade permanente, pesa nos custos de toda a população por deixar de ser um membro produtivo da sociedade para se tornar um membro passivo, que necessitará de sustento permanente do restante da população. Fazendo uma análise restrita ao campo de abrangência de uma empresa, a diminuição do número de acidentes pode e deve levar a um aumento na produção, bem como a um custo final menor do produto (ou serviço) oferecido. Se nos remetermos novamente ao exemplo anterior das caixas, a lesão sofrida pelo trabalhador certamente acarretará em custos à empresa, mas mesmo se evitando a ocorrência da queda da caixa (evento sem lesão muito mais frequente) certamente haverá mais agilidade no processo produtivo. Ainda, do ponto de vista social, uma empresa que sabidamente possui um baixo índice de acidentes e, por consequência, preza pela saúde de seus trabalhadores, gozará de simpatia e boa imagem frente à população. (MICHEL, 2008) 3 A COMUNICAÇÃO DE UM ACIDENTE DE TRABALHO – CAT A esquematização do sistema de comunicação de acidentes será elaborada a partir das consequências do acidente, que podem ser classificadas em: • sem lesão; • lesão leve (acidente sem afastamento); • lesão incapacitante (acidente com afastamento). TÓPICO 1 | CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO 9 A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT publica a NBR-14280 “Cadastro de Acidentes de Trabalho” que regulamenta a maneira e procedimentos necessários ao cadastro dos acidentes, bem como indica cálculos de coeficientes estatísticos relativos a acidentes de trabalho e define uma série de termos técnicos pertinentes. Qualquer acidente, mesmo aquele sem lesão, já, ocasiona perda de tempo para normalização das atividades, podendo ocasionar ainda, danos materiais. Não existe a necessidade legal de comunicação aos órgãos da Previdência Social quando não há lesão que ocasione o afastamento do trabalhador, se este retornar ao trabalho no mesmo dia ou no dia seguinte, no horário normal. O acidente sem afastamento seria aquele que o acidentado, embora tenha sofrido uma lesão, pode retornar ao trabalho no mesmo dia ou no dia seguinte, em seu horário regulamentar de entrada. Ocorrido o acidente e não acontecendo o retorno do acidentado ao trabalho no mesmo dia ou dia seguinte de trabalho, no horário normal, passamos a considerar esse acidente como acidente com afastamento, cuja consequência é uma incapacidade temporária total, ou uma incapacidade permanente parcial ou total, ou mesmo a morte do acidentado. Esquematizando, os acidentes com lesão ou perturbação funcional compreendem os seguintes casos, de acordo com a NBR14280. 3.1 ACIDENTE SEM AFASTAMENTO É aquele em que o acidentado pode exercer sua função normal, no mesmo dia do acidente, ou no próximo, no horário regulamentar. O acidente sem afastamento deve ser investigado, mas, por convenção, não entra nos cálculos dos coeficientes de frequência e gravidade. 3.2 ACIDENTE COM AFASTAMENTO É o acidente que provoca a: • incapacidade temporária; • incapacidade parcial; • incapacidade total. UNIDADE 1 | ACIDENTES DE TRABALHO 10 3.2.1 Incapacidade temporária É a perda total da capacidade de trabalho por um período limitado de tempo, nunca superior a um ano. É aquela em que o acidentado, depois de algum tempo afastado do serviço, devido ao acidente, volta ao mesmo serviço executando suas funções normalmente, como fazia antes do acidente. (MICHEL, 2008) 3.2.2 Incapacidade parcial É a redução parcial da capacidade de trabalho do acidentado, em caráter permanente: Exemplos: Perda de um dos olhos. Perda de um dedo. 3.2.3 Incapacidade total É a perda da capacidade total para o trabalho em caráter permanente. Exemplo: Perda de uma das mãos e dos dois pés, mesmo que a prótese seja possível. A comunicação de acidentes será tanto mais complexa quanto mais grave for a sua consequência. Os acidentes que não ocasionam lesão (como a simples queda de um fardo de algodão da respectiva pilha) tornam-se importantes pela possibilidade de que, no caso do exemplo citado, havendo repetição do fato, o fardo pode atingir algum operário. Deverão, portanto, serem estudadas as causas dessa queda para evitar fatos semelhantes, acionando-se o encarregado do setor, o chefe do departamento e o Serviço Especializado de Segurança do Trabalho, quando houver, ou então a CIPA. No caso de um acidente sem afastamento, com uma lesão leve, portanto, além dos elementos citados anteriormente, também o enfermeiro ou o médico será envolvido. De acordo com Cairo Júnior (2009), quando em virtude do acidente ocorre lesão ou perturbação funcional que cause incapacidade temporária total, incapacidade permanente parcial ou total, ou a morte do acidentado, as providências a serem tomadas quanto à sua comunicação no âmbito da empresa são: a) da própria vítima ou de colegas ao encarregado do setor (normalmente oral); b) do encarregado do setor ao chefe do departamento (normalmente oral); c) do chefe de departamento à direção da empresa e ao departamento de segurança (por escrito). TÓPICO 1 | CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO 11 3.3 FORMULÁRIO CAT A empresa deverá comunicar ao INSS, em, no máximo, vinte e quatro horas, da ocorrência do acidente, através do preenchimento da ficha de Comunicação de Acidente do Trabalho. Essa ficha (conhecida como CAT) solicita uma série de informações, tais como Cardoso, (2005): • Nome, profissão, sexo, idade, residência, salário de contribuição. • Natureza do acidente sofrido. • Condições. • Local, dia e hora do evento, nome e endereço de testemunhas. • Tempo decorrido entre o início do trabalho e a hora do acidente. • Indicação do hospital a que eventualmente foi recolhido o acidentado. • Se doença profissional, quais os empregadores acometidos anteriormente nos últimos dois anos. O INSS exige duas testemunhas (CAT) oculares ou circunstanciais, e quando ocorrer a morte do acidentado, deverá ser informada a autoridade policial. O sistema de comunicação de acidentes, portanto, difere de acordo com as consequências. NOTA Caro acadêmico! Para aprofundar seus conhecimentos sobre este assunto recém abordado, sugerimos a leitura do texto “Legislação Comentada: NR4” disponível em: <http://pro-sst1.sesi.org.br/portal/data/files/FF8080812733A91B01279688802E44D6/ NR%204.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2010. ESTUDOS FU TUROS 12 Neste tópico, foram apresentados os seguintes assuntos: • Os acidentes e também as doenças do trabalho são relatados desde a antiguidade, fato que torna indissociável sua ocorrência com qualquer que seja o tipo de trabalho realizado pelo homem. No entanto, os acidentes não devem ser entendidos como acontecimentosimprevisíveis e inevitáveis, mas sim como ocorrências cujas consequências podem ser neutralizadas ou limitadas. • No início do século XX, na ocorrência de um acidente de trabalho, cabia ao empregado acidentado provar sua inocência frente ao fato acontecido. Atualmente, o entendimento legal é justamente o contrário: cabe ao empregador a prova da culpabilidade do funcionário. • Nem todo acidente do trabalho resulta em lesão ao trabalhador. • O acidente do trabalho, mais do que uma situação de dano para o acidentado, acarreta em perdas para toda a sociedade. • A implantação de medidas para a diminuição de acidentes e doenças do trabalho contribui para o aumento da lucratividade da empresa, dentre outros fatores benéficos. RESUMO DO TÓPICO 1 13 Baseado no que você estudou até agora, responda as questões a seguir: 1 A partir de que momento histórico os acidentes de trabalho começaram a ser analisados com mais seriedade pelo Estado? Por quê? 2 Qual a relação existente entre o acidente do trabalho e a lesão corporal sofrida pelo trabalhador? 3 Qual a principal diferença entre o conceito legal e o prevencionista concernente ao acidente de trabalho? 4 Cite alguns benefícios que uma empresa pode receber quando implementa medidas para redução dos acidentes do trabalho. AUTOATIVIDADE 14 15 TÓPICO 2 LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE ACIDENTES UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Uma questão fundamental no estudo da prevenção e minimização dos acidentes de trabalho é a correta identificação das causas. De um ponto de vista mais amplo, podemos considerar três fatores causadores: • condições inseguras do ambiente; • atos inseguros do trabalhador; • eventos catastróficos climáticos. As condições inseguras podem ser eliminadas a partir de estudos técnicos com base em metodologias apropriadas e conhecimento prévio adquirido. Os atos inseguros, por envolverem o elemento humano, são de solução mais complexa, requerendo, muitas vezes, o auxílio de diversas ciências como a Psicologia e Sociologia, além das habituais técnicas das áreas administrativa e prevencionista. Analisando-se a questão do ponto de vista da prevenção, a causa é qualquer fator que, se eliminado em tempo hábil, impede a ocorrência do acidente. Como já citado anteriormente, os acidentes de trabalho não são acontecimentos inevitáveis. Na verdade há, em geral, uma série de acontecimentos que os precedem e, portanto, dão indícios de que alguma medida preventiva precisa ser tomada, no caso, a eliminação a tempo do fator de causa. Estes fatores podem ser de natureza pessoal (dependentes do homem) ou material (inerentes ao ambiente do local de trabalho), segundo Cardoso (2005). Conforme Michel (2008) é comum, na análise de um acidente de trabalho, considerar como causa do acidente a ação ou condição que originou a lesão ou o prejuízo. No entanto, há causas que precedem a ação ou condição que gera o acidente, sendo estas também carentes de estudos, pois consistem em fato importante na neutralização dos riscos. Com base nesta consideração, é de se prever a grande abrangência de fatores que devem ser considerados nesta situação, o que solicita o conhecimento de profissionais das áreas das ciências humanas. UNIDADE 1 | ACIDENTES DE TRABALHO 16 Segundo Michel (2008, p. 52), “Até o presente momento, nenhuma das máquinas construídas, nenhum dos produtos químicos obtidos por síntese e nenhuma das teorias sociais formuladas alterou fundamentalmente a natureza humana. As formas de comportamento, que devem ser levadas em consideração no esforço de prevenir atos inseguros, deverão ser analisadas de modo bastante abrangente”. Ainda, segundo o mesmo autor, no treinamento de integração baseado na função a ser desenvolvida pelo novo empregado ou na reciclagem dos funcionários mais antigos, deverá ser reforçado o conhecimento das regras de segurança, instruções básicas sobre prevenção de incêndio e treinamento periódico de combate ao fogo, informações sobre ordem e limpeza, cor na segurança do trabalho, sinalização, cursos de primeiros socorros, levantamento, transporte e manuseio de materiais, integram uma política de segurança, visando à diminuição dos acidentes causados por atos inseguros. Sendo a segurança do trabalho basicamente de caráter prevencionista, recomenda-se, ainda, uma pesquisa bibliográfica, no sentido de identificar possíveis riscos no processo de produção, antes mesmo que ocorram acidentes, isto é, a simples análise de risco ou estatística, mesmo que não acuse nenhum acidente, deve ser encarada como mais um subsídio para a prevenção de acidentes e eliminação de causas. A ocorrência de uma única morte, além da perda para a família do trabalhador, representa um prejuízo para a nação de 20 anos ou 6.000 dias, em média, de trabalho produtivo. 2 ACIDENTE, LESÃO E RISCO Pode-se considerar que todo ser humano está sujeito a três tipos de risco Cardoso, (2005): • Risco genérico – aquele a que todas as pessoas estão expostas como, por exemplo, um acidente de trânsito. • Risco específico – se refere ao risco inerente de um determinado trabalho. Pode-se citar a condição de um pintor de paredes que trabalha em altura. • Risco agravado – se trata de um risco genérico agravado pelas condições do trabalho. O pintor, do exemplo anterior, está sujeito ao risco genérico do sol, no entanto as condições em que está exposto (longos períodos), agrava esta situação. Para a determinação dos riscos específicos de uma indústria, é necessária a verificação das condições e os métodos de trabalho existentes, pois o produto produzido não determina, necessariamente, os processos, maquinários e procedimentos empregados. TÓPICO 2 | LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE ACIDENTES 17 É comum haver uma compreensão errônea do que seja um acidente. Frequentemente nos deparamos com a classificação de um acidente “grande” ou “pequeno” tendo como base a lesão sofrida pelo trabalhador. Nesta situação, além de se classificar erroneamente um acidente como “pequeno”, apenas porque a lesão sofrida não foi grave, há também prejuízo no reconhecimento das causas do acidente. (CARDOSO, 2005) De acordo com Michel (2008, p. 53) “O reconhecimento e a caracterização das causas podem ser simples, como no caso de um degrau quebrado de uma escada ou complexo quando se trata de determinar a causa ou as causas de uma sequência, em cadeia, que originaram o acidente, cada uma delas relacionada à outra. De uma maneira geral, pode-se dizer que na maior parte dos casos, os acidentes são ocasionados por mais de uma causa“. 3 FATORES DE ACIDENTES Havendo lesão na ocorrência de um acidente, este é o ponto de partida na análise dos fatos ocorridos e para a determinação das medidas preventivas a serem estabelecidas. No estudo das causas de acidentes, existem cinco fatores a serem investigados que, de alguma maneira, estão relacionados com a ocorrência do acidente. Estes são denominados Fatores de Acidentes e se encontram listados a seguir, conforme indicado por Michel (2008): • agende da lesão; • condição insegura; • acidente tipo; • ato inseguro; • fator pessoal inseguro. 3.1 AGENTE DA LESÃO De acordo com Michel (2008), agente da lesão é aquilo que, em contato com a pessoa determina a lesão. Pode ser, por exemplo, um dos muitos materiais com características agressivas, uma ferramenta ou a ponta de uma máquina. A lesão e o local da lesão no corpo são o ponto inicial para identificarmos o agente da lesão. Convém observar qual a característica do agente que causou a lesão. Alguns agentes são essencialmente agressivos, como os ácidos e outros produtos químicos, a corrente elétrica etc., basta um leve contato para ocorrer a lesão. Outros determinam ferimentos por atritos mais acentuados, por batidas contra a pessoa ou da pessoa contra eles, por prensamento, queda etc. Por exemplo: a dureza de um material não é essencialmente agressiva, mas determina sempre alguma lesão quando entra em contato mais ou menos violentocom a pessoa. O mesmo se pode dizer do peso de objetos; o peso, em si, não constitui agressividade, mas é um fator que aliado à dureza do objeto, determina ferimentos ao cair sobre as pessoas. UNIDADE 1 | ACIDENTES DE TRABALHO 18 3.2 CONDIÇÃO INSEGURA Michel (2008) afirma que condição insegura em um local de trabalho são as falhas físicas que comprometem a segurança do trabalhador; em outras palavras, as falhas, defeitos, irregularidades técnicas, carência de dispositivos de segurança e outros, que põem em risco a integridade física e/ou a saúde das pessoas, e a própria segurança das instalações e dos equipamentos. Nós não devemos confundir a condição insegura com os riscos inerentes a certas operações industriais. Por exemplo: a corrente elétrica é um risco inerente aos trabalhos que envolvem eletricidade, ou instalações elétricas. A eletricidade, no entanto, não pode ser considerada uma condição insegura, pois, se acondicionada convenientemente, não oferecerá riscos aos trabalhadores. No entanto uma instalação elétrica precária com falhas nos isolamentos, proteção deficiente, improvisos oferece grandes riscos de lesão. Conclui-se, portanto, que a condição insegura pode ser neutralizada ou corrigida, no entanto, ela é responsável por 16% dos acidentes, segundo Michel. Conforme Michel (2008), eis alguns exemplos comuns de condição insegura: • ausência de proteção mecânica; • defeito do equipamento (partes perfuro cortantes, escorregadio); • escadas sem parapeito ou corrimão muito inclinadas, escorregadias; • tubulações com vazamento de líquidos tóxicos; • iluminação deficiente; • ventilação inadequada; • processos, operações ou arranjos perigosos; • obstrução de passagens; • sobrecarga do piso e/ou estruturas de sustentação. Caro acadêmico! Observe as figuras a seguir e procure identificar as condições inseguras existentes. autoativida de TÓPICO 2 | LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE ACIDENTES 19 FONTE: Getty Images (2010) 3.3 ATO INSEGURO É um comportamento que, contrariando os preceitos da segurança, pode causar ou favorecer a ocorrência de um acidente. De modo geral, ocorre quando o trabalhador se expõe, de maneira consciente ou não, a fatores de risco. Segundo Michel (2008), 84% do total dos acidentes de trabalho são oriundos do próprio trabalhador. Portanto, os atos inseguros no trabalho provocam a maioria dos acidentes; não raro o trabalhador se serve de ferramentas inadequadas por estarem mais próximas ou procura limpar máquinas em movimento por ter preguiça de desligá-las, ou se distrai e desvia sua atenção do local de trabalho, ou opera sem os óculos e aparelhos adequados. Ao se estudar os atos inseguros praticados, não devem ser consideradas as razões para o comportamento da pessoa que os cometeu, o que se deve fazer tão somente é relacionar tais atos inseguros. Para Michel (2008), dentre os atos inseguros mais comuns, podemos destacar: UNIDADE 1 | ACIDENTES DE TRABALHO 20 • levantamento impróprio de cargas (com sobrecarga na coluna); • permanência do trabalhador sob cargas suspensas ou não; • manutenção, lubrificação ou limpeza de máquinas em movimento; • abusos, brincadeiras grosseiras, ou outros atos inadequados ao ambiente de trabalho; • realização de operações sem a devida qualificação; • remoção de dispositivos de proteção ou alteração de seu funcionamento; • operação de máquinas fora dos seus limites de trabalho nominais (sobrecarga mecânica, velocidade excessiva, ambiente muito úmido); • uso incorreto do equipamento de proteção individual necessário para a execução de sua tarefa. 3.4 ACIDENTE-TIPO O termo “acidente-tipo” é utilizado para classificar a maneira como os trabalhadores sofrem a lesão, ou como acontece o contato entre a pessoa e o agente da lesão. Uma boa compreensão do conceito de “acidente-tipo” é muito útil para a identificação correta dos atos e condições inseguras existentes. Os principais “acidentes tipo” são apresentados a seguir. 3.4.1 Batida contra De acordo com Cardoso (2005), este tipo de acidente é aquele em que o trabalhador colide (bate) com o corpo, ou parte dele, contra obstáculos. Sua ocorrência é mais frequente quando há movimentos bruscos, descoordenados ou imprevistos, características de atos inseguros, mas também ocorre em movimentos normais quando na presença de condições inseguras, como, por exemplo, no caso de uma ferramenta perigosa deixada fora do lugar sem nenhuma proteção ou aviso. 3.4.2 Batida por Nesta situação o que ocorre é o oposto do descrito anteriormente: o objeto é que colide com o trabalhador. Segundo Michel (2008), muitas vezes acontece tal evento pelo fato de a pessoa estar num lugar perigoso, por não utilizar equipamentos de proteção adequadamente ou ainda por não haver barreiras que isolem os elementos agressivos como, por exemplo, estilhaços. TÓPICO 2 | LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE ACIDENTES 21 3.4.3 Queda de objeto É o acidente que ocorre quando algum objeto cai sobre o trabalhador. Esta queda pode ser do braço da pessoa, das suas mãos ou mesmo de algum local em que o objeto está (mal) acondicionado. É importante ressaltar que nesses casos, embora a pessoa também seja batida por, considera-se esta classificação à parte, pois a ação do agente da lesão é diferente: houve queda devido à gravidade e não por arremesso, de modo que as medidas de prevenção também são específicas. 3.4.4 Queda da pessoa Nesta ocorrência, a pessoa sofre lesão ao bater também contra algum obstáculo, conforme descrito no item 3.4.1, porém o que a leva a bater contra alguma coisa é algo bem específico que demanda medidas preventivas também específicas. A queda da pessoa acontece por fator bem evidente como um tropeço ou desequilíbrio ou ainda por condições do meio como a quebra de um andaime ou o rompimento de um cabo de sustentação. 3.4.5 Prensagem entre Ocorre quando a pessoa tem o corpo, ou parte dele, prensado entre dois objetos. É uma ocorrência de relativa frequência por estar diretamente ligada ao ato inseguro no manuseio de peças, ou ainda na manutenção de equipamentos ligados. Pode ocorrer também no momento em que o trabalhador se apoia em algum lugar perigoso do equipamento. Este tipo de acidente, bem como o anterior, requer, além de dispositivos de segurança nos equipamentos, treinamento, conscientização e responsabilidade do trabalhador concernentes às regras de segurança. 3.4.6 Esforço excessivo Também denominado de “mau jeito”. Este tipo de lesão não advém de algum agente lesivo externo, mas de distensão muscular decorrente da má postura do corpo na realização de algum movimento brusco em más condições ou simplesmente pelo excesso de força empregado. Estes casos ocorrem, geralmente, na região lombar (CARDOSO, 2005). É uma questão de Ergonomia e existe vasto material explicativo a respeito, no entanto a prevenção deste tipo de ocorrência envolve reciclagem contínua dos trabalhadores. UNIDADE 1 | ACIDENTES DE TRABALHO 22 3.4.7 Exposição a temperaturas extremas São casos em que a pessoa se expõe a temperaturas muito altas ou baixas sem a devida proteção requerida, cujo resultado pode ser alguma lesão ou mesmo doença ocupacional. É importante ressaltar que nessas situações a pessoa não entra em contato direto com a fonte de temperatura extrema. Pode-se exemplificar este tipo de ocorrência citando as queimaduras ocasionadas pelos raios de solda, choque térmico pela exposição prolongada ao sol. 3.4.8 Contato com produtos químicos agressivos Nestes casos, a lesão pode acontecer pela aspiração, ingestão ou contato com a pele. São considerados também produtos que causam efeitos alérgicos. Ocorre muitas vezes pela má condição dos equipamentos destinados à manipulação segura dos produtos agressivos, ou também pela falta de conhecimento adequado. 3.4.9 Contato com eletricidade Este tipo de acidente ocorre quando há contato direto do trabalhador com partes energizadas de equipamentos ou sistema de energia ou aindapor arco voltaico. É mais comum em alta tensão. Os acidentes com eletricidade são especialmente perigosos, pois há risco de morte em praticamente todas as ocorrências. Muitas vezes estes acidentes acontecem por desconhecimento do trabalhador, por falta de equipamentos de proteção adequados ou por excesso de confiança. Além disso, a eletricidade é, geralmente, um potencial agente de lesão silencioso e invisível, fatos que requerem treinamentos e rotinas de segurança muito rígidos. É interessante ressaltar, ainda, que no caso dos trabalhadores das empresas de distribuição de energia elétrica, o risco de morte devido ao contato com eletricidade está, muitas vezes, também associado às quedas subsequentes ao choque elétrico, conforme Cardoso (2005). 3.4.10 Outros acidentes-tipo Nota-se que alguns dos tipos relacionados agrupam acidentes semelhantes que, no entanto, poderiam ser considerados separadamente. Pode-se fazer este tipo de desdobramento sempre que ele for vantajoso para a prevenção de acidentes. Na construção civil, pode ser importante subdividir os tipos de queda a que uma pessoa está sujeita, em função das diferentes alturas de trabalho presentes. TÓPICO 2 | LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE ACIDENTES 23 Numa indústria química que lide com variados produtos, pode ser útil subdividir o acidente tipo de acordo com a agressividade do agente de lesão, fato que provavelmente não compensaria numa indústria de alimentos. Para um armazém de carga e descarga, que emprega muito trabalho manual, é interessante subdividir o esforço excessivo, já numa empresa de instalação elétrica, podem-se classificar as várias maneiras possíveis de contato com a eletricidade. Existem, ainda, outros tipos de acidentes que são menos comuns e, portanto, não requerem uma classificação específica. São de fácil identificação por não se enquadrarem em nenhuma situação anteriormente descrita. É de fundamental importância que a classificação dos acidentes-tipo proposta, se baseie na forma pela qual a pessoa sofre a lesão, não tendo relação com o meio físico do ambiente (acidente-meio), tampouco com a extensão das lesões. Um mesmo acidente-meio pode causar diferentes acidentes-tipo. Imaginemos o rompimento de uma tubulação de vapor de alta pressão: uma pessoa próxima da falha poderá sofrer queimaduras decorrentes da exposição ao vapor, no entanto, outra pessoa mais afastada, poderia cair ao tentar se esquivar do jato de vapor. Existem casos em que a classificação do tipo de acidente é mais difícil, quando este parecer pertencer a dois tipos. É importante conhecer os pontos mais importantes da classificação. Tomemos o seguinte exemplo: um eletricista está efetuando reparos num painel de comando energizado quando, repentinamente, tropeça e entra em contato com alguma parte condutora energizada, levando um choque. O acidente-tipo, neste caso é “contato com eletricidade” e não “queda da pessoa”, pois o que determinou efetivamente a lesão não foi a queda, mas sim o contato com o agente agressivo. Outra situação hipotética envolvendo eletricidade: o eletricista está efetuando reparos na iluminação de um galpão no alto de uma escada quando toma um choque e cai, batendo a cabeça no chão. Caso a lesão sofrida seja apenas devido à queda, então o acidente é “queda de pessoa”, se, no entanto, houver também lesão decorrente do choque elétrico, então também haveria “contato com eletricidade”, sendo que a ocorrência deveria ser registrada sob as duas classificações. Pode-se complementar este assunto citado por Michel (2008): Em alguns casos, apesar de todo o cuidado, poderá restar alguma dúvida, pelo fato de a classificação proposta ser apenas genérica. Porém, para ganhar tempo, ou melhor, para não desperdiçar tempo em detalhes que podem não compensar o esforço e o tempo despendidos em sua análise, é preferível optar pela generalidade e dentro dela dar a devida atenção aos fatos específicos de destaque que possam servir para a conclusão geral do relatório - que é objetivo visado - isto é, o que fazer para prevenir novas ocorrências. UNIDADE 1 | ACIDENTES DE TRABALHO 24 3.5 FATOR PESSOAL INSEGURO É a característica, mental ou física, que leva ao ato inseguro e que em muitos casos, também criam condições inseguras. São fatores inerentes à pessoa e, muitas vezes, de difícil identificação. Citam-se alguns fatores impessoais inseguros: • atitude imprópria (desrespeito voluntário às instruções ou normas de segurança); • má interpretação das normas; • nervosismo; • excesso de confiança; • falta de conhecimento das práticas seguras (carência de instrução); • incapacidade física para o trabalho (pouca audição ou visão, mobilidade limitada). 25 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você estudou os seguintes conteúdos: • Existem três fatores principais causadores de acidentes: condições inseguras, atos inseguros e eventos catastróficos. • Os riscos a que uma pessoa está sujeita podem ser classificados em três modalidades: risco genérico, risco específico e risco agravado. • A gravidade de um acidente não deve ser definida com base nas lesões sofridas pelos trabalhadores. • Existem cinco tipos de fatores acidentários que devem ser considerados para a prevenção de acidentes: agente da lesão, condição insegura, acidente-tipo, ato inseguro e fator pessoal inseguro. • Agente da lesão é aquilo que, em contato com o trabalhador, determina a lesão. • Condição insegura são as características do local de trabalho que põem em risco a segurança e a saúde do trabalhador. • Ato inseguro é a maneira pela qual o trabalhador se sujeita a riscos. • Acidente-tipo é o conceito utilizado para definir a maneira pela qual a pessoa sofreu a lesão. 26 Responda as seguintes questões: 1 Por que não se deve classificar a gravidade de um acidente com base na lesão sofrida pelo trabalhador? 2 O que é o agente da lesão? 3 O que é uma condição insegura? Cite um exemplo. 4 Cite três exemplos de atos inseguros. 5 Qual a importância de se classificar os acidentes em tipos? 6 O que é fator pessoal inseguro? AUTOATIVIDADE 27 TÓPICO 3 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A investigação de acidentes faz parte da maioria dos programas tradicionais de segurança. Porém, o objetivo de uma boa investigação de acidentes geralmente não é bem compreendido e, como resultado, a maioria das investigações se transforma em exercícios de achar culpados, responsáveis, deficiências ou falhas, e raras vezes se preocupam em realmente identificar quais foram as causas básicas do acontecimento e não chegam a soluções efetivas para prevenir a repetição dos mesmos. A investigação deve identificar as causas e possibilitar as suas correções. É importante que haja a comunicação dos acidentes/incidentes, entre as áreas, para prevenir que acidentes semelhantes ocorram e que incidentes se transformem em acidentes, segundo Michel (2008). 2 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE (OU INCIDENTE) A investigação de acidente consiste, basicamente, numa análise do evento ocorrido, realizada pelo superior acompanhado por um grupo de pessoas, com base em fatos e informações reunidas mediante um exame detalhado de todos os fatores relevantes envolvidos no contexto. A qualidade e utilidade da informação estão relacionadas diretamente com o grau de detalhamento e consistência da investigação. 2.1 POR QUE SE DEVEM INVESTIGAR OS ACIDENTES? Em se tratando de acidentes, sua investigação tem por objetivo evitar que eles se repitam. No caso de incidentes, objetiva-se que os mesmos não venham a se tornar acidentes, pois, ao se identificar e corrigir as causas prevenir-se-á a sua repetição, o que caracteriza atitude preventiva, conforme Cardoso (2005). 28 UNIDADE 1 | ACIDENTES DE TRABALHO 2.2 QUANDO A INVESTIGAÇÃO DEVE SER REALIZADA O momento de realizar a investigação dependerá, em grande parte, do tipo de acidente ocorrido. Em geral, o evento deve ser investigado o mais rápido possível, pois
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