Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FISICA MODERNA F0087 – 30 ANO Manual do Curso de Licenciatura em Ensino de Física Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino `a Distância Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino `a Distância). O não cumprimento desta advertência é possível a processos judiciais. Elaborado por: Basílio José Augusto José Licenciado em Ensino de Física pela Universidade Pedagógica; Até 2010, Docente do Curso de Física na Universidade Católica de Moçambique, CED; Docente do Curso de Física na Universidade Pedagógica- Delegação da Beira. Docente de Física na Escola Secundária do Estoril- Beira Revisionado, em 2011, por: Paulino Bartolomeu Sandramo Licenciado em Ensino de Física pela Universidade Pedagógica; Docente do Curso de Física na Universidade Católica de Moçambique, CED; Docente de Física na Universidade Zambeze, Instituição Pública; Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino a Distância, CED Rua Correia de Brito No 613- Ponta-Gêa Moçambique- Beira Telefone Fixo: 23326405 Celular: 825018440 Fax: 23326406 E-mail: ced@ucm.ac.mz Website: www.ucm.ac.mz Agradecimentos A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância, e o autor do presente manual, agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual. Pela contribuição e revisão no conteúdo temático Egina Paulo Titosse Bande Coordenadora de Física no Centro de Ensino a Distância da Universidade Católica de Moçambique, dr. Paulino Bartolomeu Sandramo Colaborador de Física no Centro de Ensino a Distância da Universidade Católica de Moçambique, Pela maquetização e desenho instrucional Egina Paulo Titosse Bande Coordenadora de Física no Centro de Ensino a Distância da Universidade Católica de Moçambique, Pela revisão linguistica Egina Paulo Titosse Bande Coordenadora de Física no Centro de Ensino a Distância da Universidade Católica de Moçambique, Paulino Bartolomeu Sandramo Colaborador de Física no Centro de Ensino a Distância da Universidade Católica de Moçambique. Índice Acerca do Módulo 1 Como está estruturado o módulo ................................................................................... 1 Visão Geral 3 Bem Vindo ao Modulo de Física Moderna .................................................................... 3 Objectivos do Módulo ................................................................................................... 3 Course outcomes ........................................................................................................... 3 Timeframe .................................................................................................................... 4 Habilidades de estudo.................................................................................................... 4 Study skills ................................................................... Error! Bookmark not defined. Icones ........................................................................................................................... 6 Need help? .................................................................................................................... 7 Assignments .................................................................................................................. 8 Assessments .................................................................................................................. 8 Getting around this [DOCUMENT TYPE] 11 Margin icons ............................................................................................................... 11 Unidade 1 13 Introdução histórica. Objecto de estudo da Física Quântica ......................................... 13 Introdução.......................................................................................................... 13 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................... 16 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 2 17 Propriedades quânticas da radiação ............................................................................. 17 Introdução.......................................................................................................... 17 Exercícios ................................................................................................................... 22 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 3 23 A teoria de Planck ....................................................................................................... 23 Introdução.......................................................................................................... 23 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................... 31 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 4 33 Radiação- X, a radiação branca e característica e os seus aspectos ............................... 33 Introdução............................................................ Error! Bookmark not defined. 8 Índice 4.4. Produção de Raios X ................................................................................ 37 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................... 39 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 5 41 Difracção dos raios- X pelos cristais ............................................................................ 41 Introdução............................................................ Error! Bookmark not defined. Sumário ...................................................................................................................... 48 Exercícios ................................................................................................................... 48 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 6 49 Aplicação dos raios- X ................................................................................................ 49 Introdução.......................................................................................................... 49 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................... 58 Unidade 7 59 A radiação térmica ...................................................................................................... 59 Introdução............................................................ Error! Bookmark not defined. 7.2. Propriedades gerais da radiação térmica ............................................. 64 Sumário ........................................................................Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................... 66 Unidade 8 67 A luz e a teoria quântica (O corpo negro) .................................................................... 67 Introdução.......................................................................................................... 67 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................... 76 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 9 80 Difracção .................................................................................................................... 80 Introdução.......................................................................................................... 80 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................... 84 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 10 86 Princípio da Incerteza .................................................................................................. 86 Introdução.......................................................................................................... 86 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................... 90 Unidade 11 92 A estrutura atómica. O átomo antigo e o átomo moderno............................................. 92 Introdução.......................................................................................................... 92 Interpretar a matéria ao nível microscópico e macroscópico; .............. 92 Explicar, com diagramas, os módelos atómicos; .................................. 92 Diferenciar e exemplificar, isótopos de isóbaros; ................................ 92 Resolver exercícios. ............................................................................. 92 11.1. Introdução ........................................................................................ 92 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................... 99 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 12 100 Fundamentos da teoria quântica ................................................................................ 100 Introdução............................................................ Error! Bookmark not defined. Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 104 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 13 106 Valores médios e valores esperados........................................................................... 106 Introdução............................................................ Error! Bookmark not defined. Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 112 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 14 113 Equação de valores próprios ...................................................................................... 113 Introdução............................................................ Error! Bookmark not defined. Sumário .................................................................................................................... 118 Exercícios ................................................................................................................. 118 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 15 119 Átomo de um electrão ............................................................................................... 119 Introdução........................................................................................................ 119 10 Índice Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 127 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 16 129 Soluções das Equações do Movimento Orbital .......................................................... 129 Introdução........................................................................................................ 129 Sumário .................................................................................................................... 134 Exercícios ................................................................................................................. 135 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 17 136 Soluções da Equação Radial ...................................................................................... 136 Introdução............................................................ Error! Bookmark not defined. Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 141 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 18 142 Funções próprias. Degenerescência. Densidade de probabilidade .............................. 142 Introdução........................................................................................................ 155 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 158 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 19 159 Física Atómica e Nuclear .......................................................................................... 159 Introdução........................................................................................................ 159 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 163 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 20 164 ENERGIA DE LIGAÇÃO ........................................................................................ 164 Introdução............................................................ Error! Bookmark not defined. Sumário ........................................................................Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 167 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 21 168 Modelo da Gota Líquida............................................................................................ 168 Introdução........................................................................................................ 168 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 174 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 22 175 Modelo do Gás de Nucleões ...................................................................................... 175 Introdução............................................................ Error! Bookmark not defined. Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 181 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 23 182 Fórmula de massa semi- empírica.............................................................................. 182 Introdução........................................................................................................ 182 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 184 Assessment ................................................................... Error! Bookmark not defined. Unidade 24 185 Cisão Nuclear............................................................................................................ 185 Introdução........................................................................................................ 185 Sumário ........................................................................ Error! Bookmark not defined. Exercícios ................................................................................................................. 188 Bibliografia. .............................................................................................................. 193 Física Moderna 1 Acerca do Módulo Este modulo é para uso do Curso de Licenciatura em Ensino de Física 3o Ano, e foi produzido pelo Centro de Ensino a Distância da Universidade Católica de Moçambique. E o presente módulo está estruturado da seguinte forma: Como está estruturado o módulo The course overview The course overview gives you a general introduction to the course. Information contained in the course overview will help you determine: If the course is suitable for you. What you will already need to know. What you can expect from the course. How much time you will need to invest to complete the course. The overview also provides guidance on: Study skills. Where to get help. Course assignments and assessments. Activity icons. Units. We strongly recommend that you read the overview carefully before starting your study. O Conteúdo do Módulo Cada unidade do módulo contém: Parte introdutória da unidade. Fisica Moderna 2 Objectivos da unidade Novas terminologias. Actividades em forma de exercícios, por unidade. O sumário da unidade. Alguns exercícios resolvidos em algumas unidades. Resources Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos- chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do curso / módulo O curso está estruturado em unidades. Cada unidade ncluirá uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais actividades para auto- avaliação. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet. Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-se no final do modulo. Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo. Física Moderna 3 Visão Geral Bem Vindo ao Modulo de Física Moderna O curso de Física Moderna é basicamente constituido por duas grandes áreas da física, nomeadamente, a física atómica e a física nuclear. Os temas são abordados de uma forma que visa essencialmente integrar tanto quanto possível as descrições Newtonianas, relativista e quântica da natureza. Objectivos do Módulo The objectives of this course are: Objectives 1. proporcionar uma introdução equilibrada dos assuntos assim como a sua discussão com detalhe suficiente que permita obter bases sólidas sobre os fenómenos mais importantes da física clássica e moderna; 2. facultar conhecimentos sólidos que abrem possibildades para a investigação em diversas áreas de física; 3. apresentar a física de maneira lógica e coerente; 4. desenvolver no discente a compreensão de conceitos básicos da mecânica quântica, de modelos e estrutura da matéria, do problema da radioactividade e energia nuclear, de questöes da teoria de física e da física das partículas elementares. Course outcomes Upon completion of Manual do Curso de Licenciatura em Ensino de Física / you will be able to: Fisica Moderna 4 Outcomes i) proporcionar uma introdução equilibrada dos assuntos assim como a sua discussão com detalhe suficiente que permita obter bases sólidas sobre os fenómenos mais importantes da física clássica e moderna; ii) facultar conhecimentos sólidos que abrem possibildades para a investigação em diversas áreas de física; iii) apresentar a física de maneira lógica e coerente; iv) desenvolver no discente a compreensão de conceitos básicos da mecânica quântica, de modelos e estrutura da matéria, do problema da radioactividade e energia nuclear, de questöes da teoria de física e da física das partículas elementares. Timeframe Quanto Tempo? Habilidades de estudo Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões nomeadamente: O lado social, Profissional e estudantil, dai ser importante planificar muito bem o seu tempo. Procure reservar no mínimo 2 (duas) horas de estudo por dia e use ao máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-se que é necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a data, o dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar (sozinho, com colegas, outros). Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não produz bons resultados, use métodos mais activos, procure desenvolver suas competências mediante a resolução de problemas específicos, estudos de caso, reflexão, etc. Os manuais contêm muita informação, algumas chaves, outras complementares, dai ser importante saber filtrar e apresentar a informação mais relevante. Use estas informações para a resolução dasFísica Moderna 5 exercícios, problemas e desenvolvimento de actividades. A tomada de notas desempenha um papel muito importante. Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um plano de desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte sobre os seus pontos fracos e fortes e perspectivas o seu desenvolvimento. Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar, organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso. Fisica Moderna 6 Habilidades de Estudos Icones Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um com uma descrição do seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao longo deste curso / módulo. Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões nomeadamente: O lado social, Profissional e estudantil, dai ser importante planificar muito bem o seu tempo. Procure reservar no mínimo 2 (duas) horas de estudo por dia e use ao máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-se que é necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a data, o dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar (sozinho, com colegas, outros). Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não produz bons resultados, use métodos mais activos, procure desenvolver suas competências mediante a resolução de problemas específicos, estudos de caso, reflexão, etc. Os manuais contêm muita informação, algumas chaves, outras complementares, dai ser importante saber filtrar e apresentar a informação mais relevante. Use estas informações para a resolução das exercícios, problemas e desenvolvimento de actividades. A tomada de notas desempenha um papel muito importante. Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um plano de desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte sobre os seus pontos fracos e fortes e perspectivas o seu desenvolvimento. Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar, organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso. Física Moderna 7 Precisa de Ajuda? Help Caro estudante, temos a certeza de que por uma ou por outra situação, o material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de clareza conteudística, etc.). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor, contacte-o pessoalmente. Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima. Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for da natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440. Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de expediente. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode apresentar dúvidas, tratar questões administrativas, entre outras. O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-me mutuamente, reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências. Juntos na Educação à Distância, vencendo a distância.. Fisica Moderna 8 Assignments Assignments Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos , durante o estudo individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira. Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para os 75% do cálculo da média de frequência da cadeira. Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta disciplina o estudante deverá realizar: 2 (dois) trabalhos; 1 (um) teste e 1 (exame). Não estão previstas quaisquer avaliação oral. Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração: a apresentação; a coerência textual; o grau de cientificidade; a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a indicação das referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual. Consulte-os. Alguns feedback imediatos estão apresentados no manual. Assessments Assessments O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto- avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do período presencial. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega , implica a não classificação do Física Moderna 9 estudante. Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docentes. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plagio deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a realização dos trabalhos. Física Moderna 11 F0087 – 30 ANo Icons Na Margens Legrnda de alguns ícones nas margens, que encontrará ao longo do texto. Activity Assessment Assignment Case study Discussion Group activity Help Note it! Outcomes Reading Reflection Study skills Summary Terminology Time Tip Computer- Based Learning Audio Video Feedback Objectives Basic Competence Answers to Assessments Física Moderna 13 Unidade 1 Introdução histórica. Objecto de estudo da Física Quântica Introdução O que hoje se denomina física moderna constitui essencialmente a física desenvolvida no início do século XX. Mais precisamente, nas três primeiras décadas do século passado. Do ponto de vista teórico todo o conhecimento produzido nesse período pode ser resumido em duas grandes linhas: a teoria da relatividade, proposta por Einstein, e a teoria quântica, iniciada com Max Planck. Ao completar esta unidade o estudante deve ser capaz de: Outcomes Conhecer os conceitos históricos da Física quantica; Interpretar as datas cientifica e cronologicamento e, Resolver exercícios. 1.1. Conceitos Apesar de sua fundamental importância no contexto geral da física, A teoria da relatividade continua essencialmente restrita aos estudos teóricos, ou aos trabalhos experimentais extremamente sofisticados. Na área de física aplicada, os efeitos relativísticos, quando possíveis, apresentam intensidadestão reduzidas que praticamente inviabilizam a detecção. Portanto, os conceitos da teoria da relatividade ficam um tanto deslocados num contexto em que se pretende enfocar as aplicações tecnológicas da física moderna. Fisica Moderna 14 Na última década do século XIX dois temas de pesquisa despertavam grande interesse. Um era a tentativa de conciliar a mecânica Newtoniana e a termodinâmica, e o outro tratava-se das descargas eléctricas nos gases rarefeitos. Trabalhando no primeiro tema, Planck chegou à famosa fórmula de energia E=hν, na qual surge a constante h, hoje conhecida como constante de Planck. Os estudos com os gases rarefeitos permitiram, entre outras coisas, a descoberta dos raios X (Wilhelm Roentgen, 1895), da radioactividade (Henri Becquerel e Madame Curie, 1896-1998) e do electrão (J.J. Thomson, 1897). Essas três descobertas, ao lado do trabalho de Planck, desencadearam o processo que originou a física moderna. Já em 1905 Einstein usa as ideias de Planck para explicar o efeito fotoeléctrico. Entre 1908 e 1911 Ernst Rutherford realiza os famosos experimentos que lhe permitiram sugerir que o átomo é constituído de um minúsculo núcleo, de carga positiva, rodeado por electrões, os quais ocupam um espaço várias ordens de grandeza superior ao ocupado pelo núcleo. Em seguida, por volta de 1913, Niels Bohr propõe o modelo atómico que leva o seu nome, e que foi capaz de explicar as séries espectroscópicas do hidrogénio. O problema, percebido imediatamente, é que o modelo de Bohr é satisfatório apenas para o caso do átomo de hidrogénio. Uma alternativa razoável só veio à baila por volta de 1926, quando Erwin Schrödinger desenvolveu a equação que leva seu nome. A proposta de Schrödinger surge como consequência de alguns resultados experimentais (efeito fotoeléctrico e efeito Compton) que levaram Louis de Broglie a propor, em 1924, a dualidade partícula-onda, isto é, dependendo das circunstâncias, um electrão, ou outra partícula, pode se comportar como partícula ou como onda. A evolução da Física no decurso do século XX ficou marcada por duas revoluções. A segunda, a Relatividade Restrita, iniciada por Einstein em 1905, alterou profundamente os conceitos de espaço e principalmente de tempo. Mas a primeira, que teve a sua origem no início do século com o trabalho de Planck sobre a teoria do corpo negro, produziu modificações ainda mais profundas ao nível de todos os conceitos fundamentais da Física. Trata-se da teoria que inicialmente se denominou «Mecânica Quântica» e actualmente se denomina Física Quântica. Física Moderna 15 Figura 1.1: Representação de um átomo. O termo “quantum”, do latim “quanto” refere-se às unidades discretas que a teoria atribui a certas quantidades físicas, tais como a energia de um átomo em repouso. A descoberta de que ondas podem ser medidas em pequenos pacotes de energia chamados quanta, com propriedades de partículas, levou ao nascimento da Mecânica Quântica. As suas bases foram estabelecidas durante a primeira metade do século XX por Max Planck, Albert Einstein, Niels Bohr, Werner Heisenberg, Erwin Schrödinger, Max Born, John von Neumann, Paul Dirac, Wolfgang Pauli, entre outros. Figura 1.2: Imagem computorizada de um curral de electrões. É interessante notar que toda a física é quântica e a física não quântica é uma aproximação, muitas vezes excelente, da primeira. A razão porque a aproximação não quântica é boa explica-se atendendo ao valor da constante de Planck, h. Assim temos h ≅ 6.626×10-34 (Joule × segundo), o que é um valor extraordinariamente pequeno. Se o valor de h fosse zero as leis da física clássica seriam exactas e não apenas uma excelente aproximação. A descoberta dos raios X e o modelo de Bohr foram de fundamental importância para o estabelecimento da tabela periódica como hoje a conhecemos. Fisica Moderna 16 Além disso, os raios-X apresentam hoje inúmeras aplicações tecnológicas. Duas outras aplicações tecnológicas resultantes da física moderna merecem destaque: o laser e os semicondutores. Assim, de todos os fenómenos aqui apresentados, o primeiro a ser descoberto foi o raio X, em 1895, mas seu entendimento só foi possível depois do modelo de Bohr, em 1913. Já a radioactividade, que foi descoberta logo depois dos raios X, pode ser razoavelmente bem compreendida sem o auxílio do modelo de Bohr, embora um completo entendimento da física nuclear só seja possível com a mecânica quântica, que veio depois do modelo de Bohr. Exercícios Assignment 1. Sob o ponto de vista teórico, explique como surge a necessidade da existência de uma ciência chamada Física Moderna. 2. No contexto da Física Moderna, como explica o conceito quanta de energia? 3. Quais foram as bases científicas para o estabelecimento da Tabela Periódica? Unidade 2 Física Moderna 17 Unidade 2 Propriedades quânticas da radiação Introdução Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de: Outcomes Identificar as ondas electromagnéticas e as suas características; Conhecer o espectro electromagnético; Descrever as equações electromagnéticas; Interpretar o efeito fotoeléctrico; Enunciar as leis da emissão fotoeléctrica e, Resolver exercícios. 2.1. Ondas Electromagnéticas As equações clássicas de Maxwell, que governam o campo electromagnético, aplicadas a uma região do espaço onde não existem cargas livres nem correntes eléctricas, admitem uma solução ondulatória, com o campo eléctrico E e o campo magnético B variando harmonicamente, um perpendicular ao outro e ambos, perpendiculares à direcção de propagação, definida pelo vector c, que representa a velocidade da onda. Figura 2.1: Propagação de ondas electromagnéticas Fisica Moderna 18 O módulo da velocidade de propagação das ondas electromagnéticas no vácuo é tomado, por definição, como sendo exactamente: smc /458.792.299 Se a direcção de propagação da onda é a direcção do eixo x, os módulos dos campos eléctrico e magnético podem ser escritos: ctxkBB ctxkEE cos cos 0 0 (2.1) 2 k é o número de onda e , o comprimento de onda. As equações clássicas de Maxwell descrevem, portanto, a radiação electromagnética como uma onda transversal. A figura representa uma onda plano-polarizada, isto é, todos os vectores E em todos os pontos do espaço pelos quais passa a onda são paralelos e estão no mesmo plano. O mesmo vale para os vectores B , que estão num plano perpendicular. Como os planos de vibração dos campos eléctrico e magnético são sempre perpendiculares, para caracterizar uma onda electromagnética qualquer é usual especificar a direcção do plano do campo eléctrico e a direcção de propagação da onda. Assim, define-se o plano de polarização de uma onda electromagnética como o plano ao longo do qual oscila o campo eléctrico. A luz proveniente de uma lâmpada incandescente, por exemplo, é não polarizada já que consiste de um grande número de ondas, cada uma vibrando segundo uma direcção aleatória. Espectro electromagnético Unidade 2 Física Moderna 19 Figura 2.2: Espectro electromagnético 2.2. Efeito Fotoeléctrico A descoberta do Efeito Fotoeléctrico Como toda descoberta, esta também se deu por acaso quando Heinrich Hertz, em 1887, investigava a natureza electromagnética da luz. Estudando a produção de descargas eléctricas entre duas superfícies de metal em potenciais diferentes, ele observou que uma faísca proveniente de uma superfície gerava uma faísca secundária na outra. Como esta era difícil de ser visualizada, Hertz construiu uma protecção sobre o sistema para evitar a dispersão da luz. No entanto, isto causou uma diminuição da faísca secundária. Na sequência dos seus experimentos ele constatou que o fenómeno não era de natureza electrostática,pois não havia diferença se a protecção era feita de material condutor ou isolante. Após uma série de experimentos, Hertz, confirmou o seu palpite de que a luz poderia gerar faíscas. Também chegou à conclusão que o fenómeno deveria ser devido apenas à luz ultravioleta. Em 1888, estimulado pelo trabalho de Hertz, Wilhelm Hallwachs mostrou que corpos metálicos irradiados com luz ultravioleta adquiriam carga positiva. Para explicar o fenómeno, Lenard e Wolf publicaram um artigo na Annalen der Physik, sugerindo que a luz ultravioleta faria com que partículas do metal deixassem a superfície do mesmo. Dois anos após a descoberta de Hertz, Thomson postulou que o efeito fotoeléctrico consistia na emissão de electrões. Para prová-lo, demonstrou experimentalmente que o valor de e/m das partículas emitidas no efeito fotoeléctrico era o mesmo que para os electrões associados aos raios catódicos. Também concluiu que esta carga é da mesma ordem que a carga adquirida pelo átomo de hidrogénio na electrólise de soluções. O valor de e encontrado por ele (6,8 x 10-10 esu) encontra-se muito perto do aceito actualmente ( 4,77 x 10-10 esu ou 1,60x10-19 C). Uma ilustração do arranjo experimental é apresentada na figura abaixo. Fisica Moderna 20 O feixe de luz arranca electrões da placa metálica. Estes electrões formam uma corrente, que pode ser detectada por um amperímetro. A corrente diminui se colocarmos uma bateria com o terminal negativo ligado na placa colectora. Em 1903, Lenard provou que a energia dos electrões emitidos não apresentava a menor dependência da intensidade da luz. Em 1904, Schweidler mostrou que a energia do electrão era proporcional à frequência da luz. 2.3. Leis da Emissão Fotoeléctrica Na altura em que o efeito fotoeléctrico foi descoberto admitia-se que as radiações luminosas eram de natureza ondulatória, isto é, que a sua propagação se fazia por meio de ondas caracterizadas por um valor de frequência f. Procurou-se então descobrir se existiria alguma relação entre a emissão de electrões por uma superfície metálica e a frequência da luz monocromática incidente, isto é, a radiação incidente com apenas um único valor de frequência. Os resultados experimentais obtidos com a célula fotoeléctrica no final do século XIX e início do século XX, permitiram tirar conclusões muito importantes que constituem as leis da emissão fotoeléctrica: 1ª lei - Para uma metal puro, a emissão fotoeléctrica inicia-se e termina instantaneamente e só se produz se a frequência da radiação monocromática incidente for superior a um dado valor, f0 , designado por frequência do limiar fotoeléctrico ou frequência limiar. Unidade 2 Física Moderna 21 2ª lei - O valor da frequência do limiar fotoeléctrico, f0 , varia com o material que constitui a superfície iluminada e é uma característica deste. 3ª lei - O número de electrões emitidos por unidade de tempo e, portanto, o valor máximo, constante, da corrente fotoeléctrica, corrente de saturação, I1 e I2 , é proporcional à intensidade do feixe monocromático que incide no cátodo. Figura 2.4: Demonstração dos valores máximos de corrente I1 e I2 - valores máximos das correntes correspondentes às intensidades luminosas Ie1 e Ie2 , tal que Ie1 > Ie2 . 4ª lei - A energia cinética máxima dos electrões emitidos pelo metal do cátodo é independente da intensidade do feixe luminoso monocromático, incidente no cátodo e cresce com a frequência. Fisica Moderna 22 Exercícios Assignment 1. As equações clássicas de Maxwell descrevem, portanto, a radiação electromagnética como uma onda transversal. a) Qual é a diferença entre uma onda transversal e uma onda longitudinal, em termos da sua propagação? b) Representa estas ondas em figuras. 2. Em que consiste a polarização das ondas? 3. Diferencie, através de figuras, o espectro electromagnético do espectro da radiação visível. 4. Que significam as leis da emissão fotoeléctrica? Unidade 3 Física Moderna 23 Unidade 3 A teoria de Planck Introdução Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de: Outcomes Interpretar teórica e graficamente a lei de Stefan-Boltzmann; Interpretar a Teoria dos fotões de Einstein; Conhecer e Interpretar a Equação fotoeléctrica de Einstein Resolver exercícios. 3.1. Introdução Os resultados apresentados anteriormente contradiziam a teoria clássica do electromagnetismo, e desafiaram a inteligência humana durante 18 anos. Em 1905, Einstein usou uma proposta apresentada por Planck em 1900, e conseguiu explicar o efeito fotoeléctrico. O trabalho de Planck referia-se à radiação de corpo negro, e sua proposta deu início ao que hoje se conhece como teoria quântica. Um facto importante dessa história ocorreu por volta de 1800, quando o astrónomo inglês Sir William Herschel estava a observar a decomposição da luz branca ao atravessar um prisma. Figura 3.1: Prisma óptico Fisica Moderna 24 Herschel conseguiu medir a temperatura correspondente a cada cor do espectro, e descobriu que o efeito térmico aumentava à medida que o termómetro se aproximava do vermelho. Mais importante ainda, ele observou que o efeito continuava a aumentar mesmo depois do vermelho, na parte escura do espectro, a região do infravermelho, e que todos os corpos irradiam no infravermelho. Esses estudos continuaram e desembocaram naquilo que na segunda metade do século XIX passou a ser conhecida como radiação de corpo negro. Essencialmente, é o seguinte: qualquer corpo em determinada temperatura, irradia energia, que depende dessa temperatura. E como Herschel já havia descoberto, cada temperatura está associada a uma frequência, isto é, a uma determinada cor. Veja a figura abaixo, que representa a distribuição espectral da radiação de um corpo negro a uma temperatura da ordem de 9.000 K. Figura 3.2: distribuição espectral da radiação de um corpo negro a uma temperatura da ordem de 9.000 K. A parte colorida corresponde ao espectro visível. No final do século XIX, várias tentativas foram feitas para explicar essa curva. Todas essas tentativas baseavam-se nas teorias clássicas da termodinâmica. Stefan e Boltzmann mostraram que a emissão de energia cresce com a temperatura. Isto é, I ~ T4 (3.1) Actualmente este resultado é conhecido como lei de Stefan-Boltzmann. Wien mostrou que o máximo da curva espectral desloca-se com a temperatura, conforme ilustra a figura abaixo. 4AeTI Unidade 3 Física Moderna Figura 3.3: Dependência do comprimento de onda com a temperatura Quando a temperatura cresce, o máximo desloca-se no sentido de números de onda maiores, isto é, no sentido de menores comprimentos de onda. Rayleigh e Jeans partiram da ideia de que a energia irradiada vem da oscilação do campo electromagnético, e mostraram que I~Tλ-4 (3.2) A lei de Rayleigh-Jeans, ajustava a curva na faixa dos altos comprimentos de onda, mas divergia na faixa de baixos comprimentos. Ela passou a ser conhecida como a catástrofe do ultravioleta. A figura abaixo ilustra esta situação. Figura 3.4: Demonstração da lei de Rayleigh-Jeans 4 2 ckTI Fisica Moderna 26 Em 1900, Max Planck fez uma proposta que ele considerou desesperadora, mas que revelou-se revolucionária. Ele mostrou que a lei de Rayleigh-Jeans não ajustava a curva espectral em toda a faixa de comprimentos de onda, porque Rayleigh e Jeans admitiam que os osciladores irradiavam qualquer quantidade de energia. Ele utilizou a estatística de Boltzmann para obter uma equação teórica que concordava com os resultados experimentais para todos os comprimentos de onda (3.3) Planck impôs uma restrição, isto é, os osciladores só podiam emitir energiaem determinadas quantidades. Mais precisamente, em quantidades inteiras de hf, onde h passou a ser chamada de constante de Planck, e f é a frequência da radiação emitida. Esta suposição é hoje conhecida como quantização da energia. Em notação moderna: nhfEn (3.4) onde n é um número inteiro, f é a frequência, e h é chamada de constante de Planck: 34106261.6 xh A partir dessa ideia, ele obteve uma expressão que ajustou completamente a curva espectral da radiação de corpo negro. 3.2. Teoria dos fotões de Einstein A teoria ondulatória da luz interpretava, com êxito, todos os fenómenos luminosos conhecidos até então mas mostrou-se incapaz de interpretar o efeito fotoeléctrico que é consequência da acção das radiações luminosas sobre a matéria. Com efeito, de acordo com a teoria ondulatória, a emissão fotoeléctrica deveria ocorrer para luz incidente de qualquer frequência, desde que o feixe luminoso fosse suficientemente intenso. Tornava-se, portanto, inexplicável a existência de um valor limite para a frequência da radiação incidente. Por outro lado, se o feixe de luz incidente fosse muito pouco intenso, isto é, se a potência radiante incidente na superfície do cátodo tivesse valor muito baixo, a energia que então caberia a cada um dos electrões seria muito inferior à energia necessária para a extracção de um electrão da superfície de um metal. 1 12 5 2 kThce hcI Unidade 3 Física Moderna 27 Também não se poderia admitir que se tratasse de uma acumulação, no tempo, de energia incidente, pois a emissão fotoeléctrica é instantânea. O facto de a energia cinética máxima dos fotoelectrões ser independente da intensidade do feixe de luz monocromática incidente na superfície do cátodo, era igualmente inexplicável na teoria ondulatória, visto que, se houvesse uma distribuição uniforme de energia luminosa por toda a superfície do cátodo, a energia recebida por cada um dos seus electrões deveria ser directamente proporcional à intensidade do feixe luminoso monocromático incidente. 3.3. Equação fotoeléctrica de Einstein Einstein, em 1905, demonstrou que se podiam resolver as dificuldades atrás apontadas se se aplicasse, às radiações luminosas, a hipótese dos quanta que o físico Max Planck recentemente apresentara. Max Planck, em 1900, apresentou a hipótese de que a emissão de energia radiante pela matéria não se faz de um modo contínuo mas por quantidades discretas, proporcionais à frequência da respectiva radiação. A cada uma dessas quantidades chamou quantum de energia. Assim, Einstein, em vez de considerar a luz incidente como uma onda de frequência f, considerou-a como uma corrente de corpúsculos, recuperando uma ideia de Newton, os fotões, cada um dos quais de energia E proporcional à frequência f da onda considerada, e cuja constante de proporcionalidade, h, era a mesma que Planck deduzira a partir da sua hipótese: E = hf em que h se designa por constante de Planck: h = 6,625 x 10-24 J s Einstein considerou ainda que a intensidade da onda luminosa incidente é proporcional ao número de fotões que ela transporta. Quando há emissão fotoeléctrica é por que um fotão de energia hf colide com um electrão da superfície de um metal, sendo completamente absorvido e, ao desaparecer, é transferida para o electrão toda a sua energia. Uma parte desta, E0, igual á energia de extracção do metal, é consumida para arrancar o electrão do átomo e para o afastar da superfície do metal; a restante energia, hf - E0, aparece como energia cinética do electrão emitido e representa a energia cinética máxima com que um fotoelectrão, supondo-o inicialmente em repouso, pode abandonar a superfície do metal. Fisica Moderna 28 Assim, segundo Einstein, podemos escrever: hf - E0 = ½ m v2máx (3.5) Esta equação, designada por equação fotoeléctrica de Einstein, foi confirmada experimentalmente, em 1916, por Milikan, que a comprovou determinando os valores da energia cinética máxima dos fotoelectrões emitidos por vários elementos fotossensíveis, para diferentes frequências de luz monocromática, medindo os valores dos potenciais de paragem, V0, correspondentes a essas frequências. Gráfico das medidas feitas por Milikan e que traduz a variação do potencial de paragem, V0, com a frequência f da radiação incidente num cátodo de césio e num cátodo de cobre. E = | e V0 | Milikan confirmou, assim, uma das previsões teóricas de Einstein: a energia cinética máxima dos fotoelectrões é função linear da frequência da radiação monocromática incidente. Figura 3.5: energia cinética máxima dos fotoelectrões é função linear da frequência da radiação monocromática incidente. O valor da constante de Planck, h, determinado a partir do declive das rectas da figura anterior, por Milikan, foi de 6,56 x 10-34 J s, em perfeito acordo com o valor deduzido por Planck ao estabelecer a sua teoria quântica (6,55 x 10-34 J s). O valor actualmente aceite para h é de 6,625 x 10-34 J s. 3.4. Interpretação das Leis da Emissão Fotoeléctrica Pela Teoria dos Fotões A partir da teoria dos fotões torna-se fácil a interpretação das leis da emissão fotoeléctrica. A existência de um valor limite, f0, da frequência da radiação monocromática incidente, característica de cada metal puro, deduz-se da equação Unidade 3 Física Moderna 29 hf - E0 = ½ m v2máx (3.6) supondo que cada fotão útil do feixe luminoso incidente possui apenas a energia suficiente, E0, para expulsar um electrão do metal. Então hf0 = E0 ou f0 = E0 / h (3.7) Se a frequência da radiação incidente tiver um valor f < f0, os fotões individuais, qualquer que seja o seu número, que colidem com a superfície metálica por unidade de tempo, não terão energia suficiente para expulsar electrões. Como a expulsão de um fotoelectrão corresponde à absorção de um fotão de energia hf > E0 ou hf = E0 , o número de electrões captados por unidade de tempo, pelo ânodo de uma célula fotoeléctrica, é proporcional ao número total de fotões que colidem com o cátodo, no mesmo intervalo de tempo e, por consequência, a corrente fotoeléctrica é proporcional à intensidade do feixe luminoso monocromático incidente. Da conjugação das expressões hf - E0 = ½ m v2máx e hf0 = E0 temos que ½ m v2máx = h ( f - f0 ) (3.8) Conclui-se então que a energia cinética máxima dos fotoelectrões só depende da frequência da radiação incidente e aumenta quando essa frequência também aumenta. 3.5. Fotões e electrões Nos últimos anos do século XIX foi identificada a carga eléctrica elementar, designada por electrão. A corrente eléctrica é assim constituída por vários electrões que se deslocam ao longo do fio condutor e quando um corpo está carregado electricamente, a sua carga é sempre um múltiplo inteiro da carga elementar do electrão. Dito por outras palavras: Não é possível partir o electrão em pedaços cabendo a cada um uma fracção da sua carga eléctrica. Fisica Moderna 30 Figura 3.6: Ferro em brasa Todos os que já viram um ferro muito quente, aquilo que vulgarmente se designa por um ferro em brasa, puderam constatar que emite luz. Primeiro emite uma luz avermelhada, depois, se continuar a aquecer, a luz torna-se mais alaranjada, aquecendo ainda mais, a luz emitida é mais branca, chegando mesmo a ficar azulada. Esta relação entre a temperatura de um corpo e a cor da radiação emitida é uma propriedade de todos os corpos. O corpo humano emite radiação no domínio do infravermelho, ao qual os nossos olhos não são sensíveis, mas que pode ser detectada com sensores apropriados. Recorde-se que a luz que os nossos olhos vêem é uma pequena porção de uma infinidade de outras luzes que não vemos. A cada cor que vemos corresponde uma certa frequência ω e um certo comprimento de onda λ. Estas duas grandezas não são independentes, antes pelo contrário, o seu produto é umaconstante universal, a velocidade de propagação da luz no vácuo, c, ou seja: ωλ = 2πc (3.9) No espectro visível, o vermelho é a cor a que corresponde a menor frequência e o violeta a que corresponde a maior frequência. Continuando a caminhar no sentido de luz com frequências cada vez maior passamos ao domínio dos raios X e posteriormente dos raios gama, usados na terapia de certas formas de cancro. No lado do vermelho e agora com frequências cada vez menores temos o infravermelho, usado, por exemplo, nos comandos das televisões, e as ondas de rádio. Nestas últimas, nas chamadas ondas longas, utilizadas em comunicações marítimas, o comprimento de onda é da ordem dos km. Por contraste, à cor amarela corresponde um comprimento de onda de cerca de 5×10-7 m e a radiação gama tem comprimentos de onda inferiores a 10-12 m. Unidade 3 Física Moderna 31 Figura 3.7. Espectro da radiação electromagnética Exercícios Assignment 1. Quais das seguintes substâncias, Ta(4,2), W (4,5), Ba (2,5), Li (2,3) (função trabalho, em eV), podem ser usadas para confeccionar uma foto célula para ser usada com luz visível? Os valores aproximados dos comprimentos de onda (em nm) no visível são apresentados na tabela abaixo Violeta Azul Verde Amarelo Laranja Vermelho 425 475 525 575 625 675 Solução: Apenas Ba e Li 2. Determine a energia cinética máxima dos fotoelectrões se a função trabalho do material é de 2,3 eV e a frequência da radiação é de 3,0x1015 Hz. Resposta: 10,12 eV 3. A função trabalho do tungsténio é 4,5 eV. Calcule a velocidade do mais rápido fotoelectrão emitido para fotões incidentes de 5,8 eV. Resposta: 6,76.105 m/s 4. Na tabela abaixo são apresentados os resultados obtidos por Millikan para o efeito fotoeléctrico no lítio. Comprimento de onda λ (nm) 433,9 404,7 365,0 312,5 253,5 Fisica Moderna 32 Potencial de corte, V (volt) 0,55 0,73 1,09 1,67 2,57 Use a equação de Einstein (eV=hf-λ) para estimar: (a) o valor da constante de Planck, h; (b) a função trabalho do lítio. Resposta: A solução correcta seria plotar V versus f e através de uma regressão linear determinar o coeficiente angular da recta e o ponto onde a recta intercepta o eixo dos V's. No entanto, uma solução aproximada, e bem mais simples para se estimar a constante de Planck, pode ser feita supondo que o material tem uma função trabalho constante. A escreva a eq. de Einstein para cada par de V e f (mostre que se λ é dado em angstron, então f=(3x1018)/ λ Hz). Mostre que o valor médio de h é 4,07x10-15 eV/s O valor médio da função trabalho será 2,26 Ev 5. Uma luz de comprimento de onda igual a 200nm incide sobre uma superfície de alumínio, no entanto são necessários 4,2eV para remover um electrão. Calcular a) a energia cinética dos fotoelectrões emitidos; (Rsp. 2eV) b) o potencial de corte; (Rsp. 2V) 6. Qual é a ideia principal que se pode reter em relação ao efeito compton? (O efeito compton, é o resultado de uma das experiências essenciais que foi realizada nas regiões dos raios X e dos raios gama do espectro electromagnético. O efeito compton, que envolve o espalhamento da radiação por átomos, pode ser compreendido em termos de colisões, entre fotões e electrões.) Unidade 4 Física Moderna 33 Unidade 4 Radiação- X, a radiação branca e característica e os seus aspectos Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de: Outcomes . Conhecer e explicar as propriedades dos raios X; Identificar e interpretar as aplicações técnicas e medicas destes raios e, Resolver exercícios. 4.1. Introdução Assim como muitas das grandes descobertas do ser humano, a tecnologia dos raios X foi inventada completamente por acidente. Em 1895, um físico alemão chamado Wilhelm Roentgen fez essa descoberta enquanto fazia uma experiência com feixes de elétrons em um tubo de descarga de gás. Roentgen percebeu que uma tela fluorescente no seu laboratório começava a brilhar quando o feixe de electrões era ligado. Somente essa reação não era tão surpreendente: material fluorescente normalmente brilha ao reagir com radiação electromagnética; mas o tubo de Roentgen estava rodeado com papelão grosso e preto. Roentgen supôs que isso bloquearia a maior parte da radiação. Roentgen colocou vários objectos entre o tubo e a tela e ela ainda brilhava. Finalmente, ele colocou sua mão na frente do tubo e viu a silhueta de seus ossos projectada na tela fluorescente. Assim ele acabava de descobrir os raios X e uma de suas aplicações mais importantes. A extraordinária descoberta de Roentgen possibilitou um dos maiores avanços na história humana. A tecnologia dos raios X permite que os médicos vejam através dos tecidos humanos e examinem, com extrema facilidade, ossos quebrados, cavidades e objetos que foram engolidos. Procedimentos com raios X modificados podem ser usados para examinar tecidos mais moles, como os pulmões, os vasos sangüíneos ou os intestinos. Fisica Moderna 34 Figura 4.1: Imagem de raios x 4.2. O que são raios X Raios X são basicamente o mesmo que os raios de luz visíveis. Ambos são formas de ondas de energia electromagnética carregadas por partículas chamadas fotões. A diferença entre raios X e raios de luz visível é a energia dos fotões individualmente. Isto também é chamado de comprimento de onda dos raios. Os nossos olhos são sensíveis ao comprimento de onda da luz visível, mas não ao comprimento de onda mais curto, das ondas de maior energia dos raios X ou ao comprimento de onda mais longo de menor energia das ondas de rádio. Os fótons da luz visível e os dos raios X são produzidos pelo movimento dos electrões nos átomos. Os eletrões ocupam diferentes níveis de energia diferentes ou orbitais, ao redor do núcleo do átomo. Quando um elétron passa para orbital menor precisa liberar energia, e ela é liberada na forma de um fotão. A energia do fotão depende do quanto o electrão decaiu entre os orbitais. Quando um fóton colide com outro átomo, esse átomo pode absorver a energia do fotão promovendo o electrão para um nível de energia mais alto. Para isto acontecer, a energia do fotão tem que combinar com a diferença de energia entre as duas posições do elétron. Senão, o fotão não pode deslocar electrão entre os orbitais. 1. Uma colisão com uma partícula em movimento excita o átomo; 2. Isso faz com que o electrão passe para um nível mais alto; 3. O electrão retorna ao seu nível de energia inicial , liberando energia a energia excedente na forma de um fotão de luz Unidade 4 Física Moderna 35 Figura 4.2: Absorção do fotão pelos atomos Os átomos que compõem os tecidos do nosso corpo absorvem bem fotão de luz visível. A energia dos fotões deve combinar com as diferenças de energia entre as posições dos electrão. Ondas de rádio não têm energia suficiente para mover elétrons entre orbitais em átomos maiores, então conseguem passar pela maioria dos materiais. Fotos de raios X também passam através de vários objetos, mas por outra razão: eles têm muita energia. Eles podem, entretanto, arrancar um elétron de um átomo. Uma parte da energia do fotão dos raios X trabalha para separar o elétron do átomo e o restante é usado para fazê-lo se movimentar fora do átomo. Um átomo maior tem mais chances de absorver um fotão de raios X desta maneira, porque em átomos maiores as diferenças de energia entre os orbitais são maiores e essa energia se ajusta melhor com a energia do fotão. Átomos menores, em que os orbitais dos elétrons estão separados por níveis de energia relativamente baixos, têm menos chances de absorver fótons de raios X. Os tecidos macios do seu corpo são feitos de átomos menores e por isso absorvem muito bem os fotões dos raios X. Os átomos de cálcio que fazem nossos ossos são muito maiores,então são melhores para absorver fótons de raios X. 4.3. A máquina de raios X A máquina de raios X é um par de eletrodos , um cátodo e um ânodo, que ficam dentro de um tubo de vidro a vácuo. O cátodo é um filamento aquecido, como o que vê numa lâmpada fluorescente. A máquina passa corrente pelo filamento, aquecendo-o. O calor expulsa os elétrons da superfície do filamento. O ânodo positivamente carregado é Fisica Moderna 36 um disco achatado feito de tungstênio, que atrai os elétrons através do tubo. A diferença de voltagem entre o cátodo e o ânodo é extremamente alta; então, os electrões movimentam-se pelo tubo com bastante força. Quando um electrão, em alta velocidade, choca-se com um átomo de tungstênio, um elétron que está em uma camada mais interna do átomo é liberado. Com isso, um elétron que está em um orbital com energia imediatamente mais alto (mais externo) migra para aquele nível de energia mais baixo (mais interno), liberando sua energia extra na forma de um fóton. Assim um fóton de raios X é a energia liberada num choque de electrões. Electrões livres também podem gerar fotões sem atingir um átomo. O núcleo de um átomo pode atrair um elétron e com uma velocidade que apenas altere seu curso. Como um cometa girando ao redor do Sol, o electrão diminui a velocidade e muda de direcção à medida que passa pelo átomo. Essa ação de "freio" faz o elétron emitir excesso de energia na forma de um fóton de raios X. Unidade 4 Física Moderna 37 As colisões de alto impacto envolvidas na produção dos raios X geram muito calor. Um motor gira o ânodo para que ele não derreta (o feixe de electrões não está sempre focalizado na mesma área). Uma camada de óleo frio ao redor da ampola também absorve calor. Todo o mecanismo é protegido por uma blindagem grossa de chumbo. Ela evita que os raios X escapem em todas as direções. Uma pequena abertura na blindagem permite que alguns dos fótons de raios X escapem em um pequeno feixe. Esse feixe passa por uma série de filtros até chegar ao paciente. Uma câmera no outro lado do paciente grava o padrão de raios X que passam através de seu corpo. A câmera de raios X usa a mesma tecnologia de filmes que uma câmera comum, mas a reação química é acionada por luz de raios X em vez de luz visível. Veja Como funciona o filme fotográfico para saber mais sobre esse processo. Geralmente, os médicos deixam a imagem no filme como um negativo. Isso quer dizer que as áreas que são expostas a mais luz ficam mais escuras e as áreas expostas a menos luz aparecem mais claras. Materiais duros, como ossos, aparecem em branco e materiais mais macios aparecem em preto ou cinza. Os médicos podem visualizar materiais diferentes variando a intensidade do feixe de raios X. 4.4. Produção de Raios X Raios X podem ser produzidos quando elétrons são acelerados em direção a um alvo metálico. O choque do feixe elétrons (que saem do catodo com energia da ordem de 30 Kev) com o anodo (alvo) produz dois tipos de raios X. Um deles constitui o espectro contínuo, e resulta da desaceleração do elétron durante a penetração no anodo. O outro tipo é o Fisica Moderna 38 raio X característico do material do ânodo. Assim, cada espectro de raios X é a superposição de um espectro contínuo e de uma série de linhas espectrais características do ânodo. O espectro contínuo é uma curva de contagens por segundo, versus comprimento de onda do raio X. Um fotão de radiação, com freqüência f, transporta uma energia hf=hc/λ, onde λ é o comprimento de onda da radiação. Portanto, o raio X emitido deverá ter energia máxima igual à energia do electrão incidente. Assim, o espectro contínuo é limitado por este valor. Na Fig. RX1, tem-se vários espectros contínuos em função do potencial acelerador. Essas curvas foram obtidas com um alvo de tungstênio. É fácil compreender, a partir das relações hchfE (4.1) Figura 4.6: Espectros contínuos em função do potencial acelerador que o comprimento de onda (ou a frequência) inferior (ou superior) deve diminuir (ou aumentar) com o potencial acelerador. Mostre que o comprimento de onda mínimo é dado por 4 min 1024,1 x Å, onde V é o potencial acelerador. Substituindo-se o alvo de tungsténio )74( Z por um de molibdénio 42Z e mantendo-se as outras condições experimentais constantes, obtém-se o resultado ilustrado na Fig. RX2 (extraída de Tipler, Cap. 3). Figura 4.7: Intensidade em função do comprimento de onda Observe que as principais diferenças entre as figuras RX1 e RX2 são os picos existentes na Fig. RX2, em torno de 0.6 Å e 0.7 Å. Tendo em conta que a única diferença Unidade 4 Física Moderna entre uma medida e outra foi a substituição do alvo, é razoável admitir que os picos são devidos ao anodo de molibdénio. Estes picos constituem o espectro de raios X característico do molibdênio. Veremos no capítulo sobre o modelo de Bohr a razão pela qual o espectro obtido com o tungsténio não apresenta os picos característicos. Agora, baseados no modelo de Bohr podemos entender como são gerados os raios característicos, e por quê o espectro obtido com o tungstênio apresenta apenas espectro contínuo. Figura 4.8: Geração de raios característicos Quando o elétron proveniente do catodo incide no anodo, ele pode expulsar um electrão orbital. A órbita de onde o electrão será expulso, depende da energia do electrão incidente e dos níveis de energia do átomo do anodo. A lacuna deixada por este elétron será preenchida por um elétron mais externo. Exercícios Assignment 1. Qual é a diferença entre Raios-X e a radiação visível? 2. Explique como ocorre a produção de Raios-X, e diga também quais são as características dos seus espectros. 3. Num tubo de raios x, os raios catódicos incidem sobre o alvo metálico do ânodo com uma energia de 7.104ev. Calcule: a) O comprimento de onda mínimo dos raios x obtidos pelo tubo. b) A diferença de potencial mínima a que o tubo deve operar. 4. Uma determinada radiação emite um feixe de comprimento de onda 488nm. a) Qual é a energia de um fotão, correspondente a essa radiação? b) Se essa radiação emite uma energia de 0,1J por segundo, a Fisica Moderna 40 quantos fotões irá corresponder? c) Imagine que este feixe venha a incidir na superfície de Césio, de limite vermelho 5,2.1014Hz. Com que energia cinética máxima serão emitidos os fotoelectrões desta superfície? Unidade 5 Física Moderna 41 Unidade 5 Difracção dos raios- X pelos cristais Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de: Outcomes Interpretar a difrecção dos raios x, em cristais; Enunciar e explicar as propriedades de raios x; Esquematizar os níveis de energia para a interpretação da formação de raios X característicos de um elemento; Resolver exercícios. 5.1. Introdução A confirmação experimental da natureza ondulatória dos raios X chegou em 1912, quando o físico alemão Max Von Laue (1879-1960) teve a ideia de tentar a difracção dos raios X pelos cristais. Quando um feixe de raios X, muito estreito, atravessa uma lâmina delgada de um cristal e atinge uma placa fotográfica, P, observa-se, na zona central da placa, um ponto enegrecido que indica o local onde o feixe directo de raios X incidiu, e também outros pontos, menos enegrecidos, que indicam que o feixe de raios X sofreu difracção através do cristal. Figura 5.1. Esquema da montagem destinada à difracção de um feixe de raios X, muito delgado, por um cristal Fisica Moderna 42 A disposição desses pontos é sempre bastante simétrica em relação à mancha central, e o conjunto designa-se por figura de Laue. Figura 5.2. Figura de Laue Estas experiências demonstraram que os comprimentos deonda dos raios X, no vazio, são da ordem das distâncias entre as entidades corpusculares nos cristais. Ainda hoje se usa a técnica de Laue para fazer o estudo da estrutura dos cristais. Um cristal constitui uma rede de difracção, 3 D, para os raios X. Assim, quando uma onda electromagnética plana, que forma um feixe paralelo de raios X, incide sobre um cristal, penetra nele profundamente. Cada entidade corpuscular (ião, átomo ou molécula) atingida pela onda incidente, funciona como uma fonte de raios X e produz uma onda difractada esférica (onda secundária). O feixe difractado resulta da sobreposição do conjunto destas ondas secundárias, e a sua direcção é a sua direcção em que todas elas estão em concordância de fase. Em 1913, os físicos inglês William Bragg e Lawrence Bragg (pai e filho) estabeleceram as condições necessárias à realização dessa concordância de fase. Mostraram que as ondas secundárias difractadas pelas diferentes entidades de um mesmo plano recticular estão em fase se a direcção do feixe incidente sobre esse plano e a direcção do feixe difractado formam ângulos iguais com esse plano. A difracção dos raios X num plano reticular é análoga á reflexão da luz visível num espelho. Unidade 5 Física Moderna Figura 5.3: A difracção dos raios X num plano reticular Os feixes difractados (reflectidos) pelos sucessivos planos recticulares da rede cristalina que se encontram, entre si, a distância d, estão, por sua vez, em fase se o ângulo satisfaz a relação seguinte, conhecida como equação de Bragg (5.1) em que n é um número inteiro. Os raios X são, pois, difractados em certas direcções privilegiadas cuja inclinação, em relação à direcção de incidência, é função da distância entre os planos reticulares e do comprimento de onda do feixe de raios X considerado, no meio em que se propaga. 5.2. Propriedades dos raios X O feixe de raios X pode ser considerado como um “chuveiro” de fótons distribuídos de modo aleatório. Os raios X possuem propriedades que os tornam extremamente úteis: Enegrecem filme fotográfico; Provocam luminescência em determinados sais metálicos; São radiação electromagnética, portanto não são defletidos por campos elétricos ou magnéticos pois não tem carga; Tornam-se “duros” (mais penetrantes) após passarem por materiais absorvedores; Produzem radiação secundária (espalhada) ao atravessar um corpo; Fisica Moderna 44 Propagam-se em linha reta e em todas as direcções; Atravessam um corpo tanto melhor, quanto maior for a tensão (voltagem) do tubo (kV); No vácuo, propagam-se com a velocidade da luz; Obedecem a lei do inverso do quadrado da distância ( 2 1 r ), ou seja, reduz sua intensidade dessa forma; - Podem provocar mudanças biológicas, que podem ser benignas ou malignas, ao interagir com sistemas biológicos. As máquinas de raios X foram projectadas de modo que um grande número de electroes seja produzido e acelerado para atingir um anteparo sólido (alvo) com alta energia cinética. Este fenômeno ocorre num tubo de raios X que é um conversor de energia. Recebe energia eléctrica que converte em raios X e calor. O calor é um subproduto indesejável no processo. O tubo de raios X é projectado para maximizar a produção de raios X e dissipar o calor tão rápido quanto possível. 5.3. Espectros de raios X Por intermédio da equação de Bragg, a determinação experimental do ângulo de difracção permite calcular, conhecendo o comprimento de onda, o valor da distância entre dois planos reticulares sucessivos. Se se tiver conhecimento do valor de d, a equação de Bragg dará o valor de e isso permitirá fazer o estudo dos espectros de raios X. Para analisar um feixe de raios X que contenha radiações de diferentes frequências recorre-se a um cristal como rede de difracção, provocando a reflexão desse feixe nos planos reticulares paralelos à face do cristal exposta aos raios X. Verifica-se assim que, de um modo geral, o feixe origina um espectro de riscas sobreposto a um espectro contínuo. Figura 5.4: Espectro de riscas dos raios X emitidos por um tubo cujo anticátodo é de tungsténio. As riscas de um espectro de raios X apresentam-se distribuídas, ao longo do espectro contínuo, em séries que se designam pelos nomes de riscas K, riscas L, riscas M,..., e, em cada série, as riscas são designadas pelas Unidade 5 Física Moderna mesmas letras com índices Em cada espectro, as riscas K são as que correspondem a raios X de maior frequência, ou seja, a raios X mais energéticos, mais duros. Os elementos de baixo número atómico só originam a série de riscas K e, à medida que se utilizam anticátodos de elementos de número atómico crescente, vai-se tornando possível o aparecimento sucessivo das séries de riscas L, M, N,... Para cada elemento, as respectivas séries de riscas não aparecem para o mesmo valor da tensão eléctrica estabelecida nos terminais do tubo de raios X. A série K é, de todas as séries, a que exige tensão mais elevada para ser emitida. Interpreta-se o aparecimento dessas riscas admitindo que, quando os electrões emitidos pelo cátodo de um tubo de raios X chocam com o anticátodo, penetram nos átomos do elemento que o constitui, e alguns desses electrões, devido às elevadas velocidades que possuem, arrancam electrões dos níveis mais interiores. A extracção de um electrão do nível K só é possível quando a energia, E, do electrão bombardeante (E = q.V) for suficiente para fazer subir aquele electrão para um nível mais elevado, geralmente ocupado parcialmente, ou para o afastar completamente do átomo. Após excitação, a lacuna do nível K pode preencher-se mediante a transição de um electrão de um estado de energia superior, de qualquer outro nível, com emissão de um fotão X, cuja energia é igual à diferença de energias do sistema atómico, antes e depois da transição do electrão, pelo que a sua frequência é dada por . Do grande número de átomos excitados, obtém-se a emissão de toda a série K. Fisica Moderna 46 Figura 5.5: Esquema de níveis de energia Esquema de níveis de energia para a interpretação da formação de raios X característicos de um elemento: transição de electrões para estados de níveis inferiores que tenham ficado vagos por deles terem sido desalojados electrões. São possíveis todas as riscas de qualquer das séries quando o electrão bombardeante possuir a energia necessária para arrancar ao átomo um electrão do nível K. Se o electrão bombardeante só possuir energia suficiente para arrancar um electrão do nível L, surgem apenas as séries L, M, N,..., correspondentes às transições energéticas de electrões de níveis superiores para os níveis inferiores deixados vagos. Esta interpretação da emissão de raios X explica porque existe, para cada elemento, um valor mínimo da diferença de potencial, tensão eléctrica, necessária para a emissão de cada um dos espectros K, L, M, N,... Esse valor é determinado pela energia mínima necessária para arrancar um electrão do nível K, L, M, N,..., respectivamente. 5.4. Lei de Moseley Moseley concluiu que as frequências correspondentes a uma mesma risca de uma determinada série, nos espectros dos vários elementos, estão relacionadas com os respectivos números atómicos, Z, sendo essa relação: (5.2) Unidade 5 Física Moderna onde é uma constante de proporcionalidade e é outra constante de proporcionalidade que tem o mesmo valor para todas as riscas de uma dada série. Figura 5.6: Relação entre as frequências das riscas espectrais Relação entre as frequências das riscas espectrais das séries K e L dos raios X característicos dos vários elementos, e o número atómico, Z, desses elementos. A lei de Moseley permite afirmar que: A raiz quadrada da frequência das riscas espectrais dos raios X, no espectro de um elemento qualquer, é uma função linear simples do número atómico
Compartilhar