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Casos Clínicos #1 Paciente homem de 31 anos, previamente hígido (saudável), retornou de viagem da Itália há 4 dias (caso suspeito). Teve início de dispneia aos moderados esforços e febre a 38ºC, há 2 dias, SpO2 96%, FR 24 irpm, ausculta pulmonar normal. Resultado de PCR positivo para COVID-19. Ficou em isolamento social com sintomáticos (receitado paracetamol, caso necessário) e, após 14 dias, foi considerado curado. Análise de tomografia: Alterações em vidro fosco com acometimento bilateral, multilobar com predomínio periférico. Podemos visualizar brônquios e vasos. Análise do caso: Paciente evoluiu bem, sem intercorrências. #2 Paciente homem de 65 anos, com DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e HAS (hipertensão arterial sistêmica). Apresentava febre 38,2ºC, mialgia e dispneia há 4 dias, SpO2 94%, FR 28 irpm, PA 130x90 mmHg, ausculta pulmonar normal. Hipótese diagnóstica de COVID-19, feito pedido de PCR e tomografia tórax. Paciente foi internado por ter apresentado uma síndrome respiratória grave. Análise de tomografia: Alterações em vidro fosco com acometimento bilateral, multilobar, com predomínio periférico. Podemos visualizar brônquios e vasos. Análise do caso: Paciente foi internado em enfermaria com Ceftriaxona 1g EV 12/12h, Azitromicina 500mg VO dia e Oseltamivir 75mg VO 2x dia. Com PCR positivo para COVID-19 e influenza negativo, o oseltamivir foi suspenso. No quarto dia de internação houve piora importante do quadro do paciente, solicitada nova tomografia de tórax. No oitavo dia teve piora dos sintomas de dispneia, SPO2 de 90% e tosse. Análise de tomografia: Mais alterações em vidro fosco com acometimento bilateral, multilobar, com predomínio periférico. Apresenta na parte inferior um espessamento da parede pulmonar indicando derrame pleural (complicação rara do COVID-19). Análise do caso: Paciente encaminhado para UTI e iniciado protocolo com Hidroxicloroquina 400mg 2x dia no primeiro dia e 1x dia nos quaro dias seguintes. Paciente evoluiu bem. Júlia Morais Imagem Posicionada Complicações no COVID-19 Síndrome respiratória aguda grave (SRAG) – 17 a 29% Lesão cardíaca aguda – 12% Infecção secundária (principalmente pneumonia) – 10% Síndrome Gripal Febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse, dor de garganta ou dificuldade respiratória. Podendo apresentar também cefaleia, mialgia e artralgia. Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) É um indicativo de piora do quadro de síndrome gripal, aparecendo seus sintomas em torno de 7 a 8 dias. Entre 95-100% dos casos apresenta alteração na tomografia de tórax. Saturação de SpO2 < 95% em ar ambiente. Sinais de desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória avaliado de acordo com a idade adulto FR>24. Piora nas condições clínicas de doença de base. Hipotensão (PA < 90x60 mmHg). Indivíduo de qualquer idade com quadro de insuficiência respiratória. Fatores de Risco: Paciente maior que 60 anos; presença de cardiopatia; DM; DPOC ou asma e HAS. Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA) Complicação da SRAG, apresentado alterações no exame de imagem. Análise de imagem: Infiltrado bilateral com diagnóstico diferencial com ICC. Deve ser feito pedido de gasometria arterial (aferição química da quantidade de gases existentes em uma mistura) para ver a FiO2 (fração inspirada de oxigênio, sendo ela em ar ambiente de 21%). Com resultado da gasometria devemos pegar a PaO2 e dividir pela FiO2 (O2 que está sendo ofertado ao paciente). Classificação em Adultos Leve: PaO2/FiO2 > 200 e < 300 Moderada: PaO2/FiO2 > 100 e < 200 Grave: PaO2/FiO2 < 100 Diagnósticos Diferenciais de COVID-19 #1 Paciente homem de 62 anos, previamente hígido, apresentando febre de 38ºC, tosse, dispneia e mialgia há 5 dias. FR 26 ipm, SpO2 94%, PA 110x70 mmHg e ausculta pulmonar normal. Hipótese diagnóstica de síndrome respiratória aguda grave (SARG). Pedido de painel viral, hemocultura, sorologia e tomografia de torácica. Iniciado Ceftriaxona 1g EV 12/12h, Azitromicina 500mg VO dia e Oseltamivir 75mg VO 2x dia. Análise de Tomografia: Alterações em vidro fosco com acometimento bilateral, multilobar, com predomínio periférico. Resultados dos exames: COVID-19 e Influenza negativos. Sendo positivo para pneumonia por Mycoplasma pneumoniae. Suspenso oseltamivir. A SRAG com padrão de vidro fosco na tomografia de tórax é indicativo para doenças como COVID-19, Influenza, Pneumonia bacteriana e Pneumopatia intersticial (eusinofílica aguda e hipersensibilidade aguda). A tomografia apresentando o quadro de vidro fosco é totalmente inespecífica, podendo ser visualizada em várias doenças distintas. No padrão vidro fosco temos uma espécie de “mancha acinzentada” onde ainda podemos ver os vasos e brônquios. Em COVID-19 ela se apresenta perifericamente, bilateral, multilobar e em 75% dos casos acomete todos os lobos. Padrão Tomográfico de COVID-19 O exame de tomografia deve ser realizado em pacientes suspeitos que apresentam quadro clínico mais grave, para descartar diagnósticos diferenciais e em casos de análise de complicações de acordo com a evolução do paciente. A radiografia não deve ser utilizada, servindo apenas para descartar diagnósticos diferenciais, tendo baixa sensibilidade e especificidade, pois só apresenta mudanças quando o paciente já com o quadro clínico avançado. No caso de COVID-19 a tomografia vai mostrar imagens contendo alterações bilaterais em vidro fosco, bilaterais, multilobar, predominantemente periféricas. Podendo futuramente o vidro fosco evoluir para consolidação. Quadro Evolutivo Fase Inicial: 4 dias após o início dos sintomas, predomina o padrão de opacidades em vidro fosco. Fase Intermediária: Entre 5 a 8 dias, há um aumento da extensão do acometimento pulmonar, com consolidação e mosaico. Fase Tardia: Entre 9 e 12 dias, nota-se o predomínio de consolidações. TC em caso de SARA #1 Paciente com PaO2 62 mmHg e SpO2 93%, FiO2 21%, PaO2/FiO2 295 indicando uma SARA leve, com PCR positivo para COVID-19. Análise de tomografia: Apresenta partes em vidro fosco na região periférica, tendo consolidações evidentes, sendo ambos bilaterais e multilobar. #2 Paciente com PaO2 60 mmHg e SpO2 91%, FiO2 70%, PaO2/FiO2 85 indicando uma SARA grave, com PCR positivo para COVID-19. Já estava em ambiente de UTI, em ventilação mecânica, quando realizado esses exames e foi a óbito. Análise de tomografia: Comprometimento do pulmão supera 50%, apresentando infiltrados e consolidações em grande parte do órgão.
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