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Resumo NP1 e NP2 - Psicologia Comunitária

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Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 
1 Gabriela Gomes da Silva – Resumo P1 e P2 – PSI COMUN 
RESUMO P1 E P2 
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA 
 
A PSICOLOGIA COMUNITÁRIA NO 
BRASIL 
Esse segmento da psicologia surge no Brasil a partir do 
movimento de uma série de psicólogos que iam contra 
o viés positivista e hegemônico da psicologia social até 
então vigente no país, que buscavam construir 
propostas de transformação social que aproximassem o 
trabalho do psicólogo com as necessidades da maioria 
da população. 
Junto ao desenvolvimento da psicologia comunitária, 
aconteciam também mudanças no cenário das políticas 
públicas brasileiras, que aumentavam as possibilidades 
de atuação do psicólogo no campo público do bem-
estar social. 
AS POLÍTICAS SOCIAIS 
Elas têm origem no contexto de Revolução Industrial no 
século XIX, quando o Estado precisa se organizar para 
dar conta das consequências sociais negativas que o 
sistema capitalista resultou. 
 
 
 
 
 
No Brasil, é o desgaste causado pela ditadura militar 
mais o surgimento de movimentos sociais que dão início 
à luta pela regulamentação da assistência a pessoas que 
viviam em situação de vulnerabilidade social. Em 1988 
é promulgada a Constituição Federal, e com ela, a 
afirmação da assistência social como direito do cidadão 
e dever do Estado, o que compôs o tripé da seguridade 
social: previdência social – assistência social – saúde. 
Mas infelizmente, mesmo com a regulamentação em 
lei, muito do que foi proposto não foi cumprido, pois a 
assistência social é a política com mais dificuldade de se 
materializar como política pública e grande parte da 
população ainda não tem acesso a esses direitos. 
ASSISTÊNCIA X ASSISTENCIALISMO 
A assistência social é um direito do cidadão assegurado 
pela Constituição Federal que visa amparar grupos 
marginalizados, garantindo sua sobrevivência, e se 
realiza a partir da iniciativa privada, pública e da 
sociedade civil. Já o assistencialismo não se preocupa 
efetivamente em eliminar a causa do problema. O 
Terceiro Setor (ONGs e instituições filantrópicas) acaba 
por assumir uma responsabilidade que é do Estado. Um 
dos desafios da psicologia comunitária é justamente 
superar o assistencialismo, pois ele sustenta relações de 
dominação, e além disso, desprofissionaliza as 
intervenções. Uma das propostas é, por exemplo, a 
formação de grupos em rodas de conversa, o que 
possibilita a troca de vivências reais, o diálogo e o 
incentivo ao senso crítico, e a consequente 
emancipação dos cidadãos. 
 
O QUE É UMA POLÍTICA PÚBLICA? 
É um conjunto de diretrizes e leis para dar conta das 
demandas da sociedade, o que inclui todas as pessoas, 
adotado pelo Estado. E mais do que isso, é a resposta 
do Estado frente a um problema manifestado. 
 
Política de Estado Política de Governo 
É pública (para todos); 
está na Constituição 
Federal 
É proposta pelo governo 
atual (de um município 
específico, por exemplo, 
ou seja, não se aplica à 
toda sociedade) 
A LOAS E O SUAS 
A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) surge em 
1993, cinco anos após a promulgação da Constituição, 
e não foi suficiente para desvincular a assistência social 
das práticas de assistencialismo. É nesse período que há 
grande crescimento do terceiro setor, e isso mostra 
uma inversão de papéis: é transposto para a sociedade 
a função de prover, enquanto que o Estado se exime 
cada vez mais. Além disso, a LOAS não dava conta de 
toda a demanda, já que focava mais em 
vulnerabilidades físicas do que sociais, e tinha caráter 
contributivo: para ter acesso, era necessário contribuir 
com a previdência $ocial. 
Em 2004 surge a atual Política Nacional de Assistência 
Social (PNAS) e, em 2005, o Sistema Único de 
Assistência Social (SUAS) a partir da LOAS, em uma 
tentativa de tornar viáveis e efetivas essas políticas no 
Brasil. O SUAS é um sistema descentralizado e 
participativo (se organiza a partir da realidade de cada 
local) e a proteção social oferecida é não contributiva. 
 
AÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 
A PNAS organiza a assistência social em dois níveis: 
Proteção Social Básica (PSB) – “caracteriza-se pelo 
atendimento a pessoas e grupos que estejam ‘em 
situação de vulnerabilidade social e destina-se ao 
desenvolvimento de ações que visam ao fortalecimento 
de vínculos sociais e ao desenvolvimento de 
potencialidades’”, e Proteção Social Especial (PSE) – 
“responsável pelo atendimento a pessoas que estão ‘em 
situação de risco pessoal e social, por ocorrência de 
abandono, maus-tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso 
sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de 
medidas socioeducativas, situação de rua, situação de 
trabalho infantil, entre outras’”. 
“São voltadas para a redistribuição dos benefícios sociais 
visando à diminuição das desigualdades estruturais 
produzidas pelo desenvolvimento socioeconômico”. 
 
 
Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 
2 Gabriela Gomes da Silva – Resumo P1 e P2 – PSI COMUN 
PSB 
Os projetos da PSB devem ser desenvolvidos, 
sobretudo, nos Centros de Referência de Assistência 
Social (CRAS), que são a porta de entrada para se inserir 
em algum programa de assistência (onde é feito o 
CadÚnico). O CRAS é uma entidade pública municipal, 
territorial, intersetorial (de assistência não isolada, os 
serviços se integram – educação, saúde, etc). 
PSE 
A Proteção Social Especial se divide em: 
Média complexidade: quando os vínculos familiares não 
foram rompidos; 
Alta complexidade: para famílias e indivíduos sem 
referência e/ou situação de ameaça, necessitando ser 
retirados de seu núcleo familiar e/ou comunitário. 
Uma das unidades responsáveis por cuidar da PSE é o 
Centro de Referência Especializado de Assistência Social 
(CREAS), que é uma unidade pública estatal que oferece 
apoio especializado, acompanhando indivíduos ou 
famílias em situação de ameaça e violação de direitos. 
Também é intersetorial, trabalhando com o setor 
judiciário, Conselho Tutelar, etc. 
Outra unidade pública responsável é o Centro POP, com 
atendimento direcionado às pessoas em situação de rua 
(higiene, alimentação, documentação), promovendo a 
socialização e a participação social desses indivíduos. 
 
O CONCEITO DE COMUNIDADE 
É um termo que surge na década de 60 e é empregado 
mais tarde em trabalhos de saúde mental. Comunidade 
é uma associação na linha do ser, por uma participação 
dos membros do grupo em que as relações primárias 
são colocadas em comum, como por exemplo a própria 
vida, o conhecimento mútuo, a amizade, os 
sentimentos, etc. 
Uma relação não acontece de forma isolada, são 
vínculos diversos, e é nas relações que nossa identidade 
se constrói. Uma alteração basta para alterar toda essa 
dinâmica. 
Já sociedade, é uma associação que se dá na linha do 
haver, então os membros colocam em comum aquilo 
que eles têm, como o dinheiro, capacidade técnica, 
esportiva, etc. 
Para Marx a comunidade é um tipo de vida em 
sociedade em que todos são chamados pelo nome, o 
que inclui o respeito da identidade e singularidade, 
necessita dos outros para sua plena realização, 
possibilita que tenham voz, sejam seres políticos e 
sociais, e em que há democracia. 
Um grupo é definido justamente pelas relações 
existentes, não por objetivos em comum. 
Já uma multidão ou massa é um amontoado de pessoas 
que não se conhece, ocupando o mesmo espaço físico, 
mas sem relações entre si. Geralmente são pessoas 
movidas pelo id. Ex: estádio de futebol. 
 
 
 
 
Público são multidões sem contiguidade física, já que 
estão espalhadas por diversos lugares. Ex: 
telespectadores de um mesmo reality show. 
RELAÇÕES DE DOMINAÇÃO 
Dominação é definida como uma relação entre pessoas, 
entre grupos, ou entre pessoas e grupos, através da 
qual uma das partes se apropria do poder do outro, se 
constituindo como uma relação injusta e desigual. 
É a partir das ideologiasque se constroem relações, ou 
seja, a partir de símbolos que sustentam e reproduzem 
certos tipos de relação. Ex: dominação econômica, 
política, cultural, religiosa, etc. 
RELAÇÕES COMUNITÁRIAS 
São relações igualitárias, em que as pessoas têm 
direitos e deveres iguais, todos possuem voz e são 
reconhecidos e respeitados em sua singularidade, e há 
a existência de uma dimensão afetiva. 
 
TENSÕES NO TRABALHO COMUNITÁRIO 
Falar em trabalho comunitário é trazer à tona 
problemáticas que passam como naturais em alguns 
contextos, como a pobreza e a violência. O foco do 
trabalho é produzir ações conjuntas e trazer visibilidade 
das injustiças junto à população. É um processo longo 
que preconiza a eliminação das problemáticas 
conjunturais (crianças fora da escola, violência 
doméstica, falta de comida), em que o psicólogo tem o 
papel de problematizar essas condições coletivamente. 
Há tensões, contudo, que comprometem a realização 
desse trabalho, como os agentes internos e externos da 
comunidade e as relações entre seus membros. 
4 ELEMENTOS QUE INTERFEREM NA 
DINÂMICA EM COMUNIDADE 
O trabalhador comunitário 
 Identidade psicossocial (de onde viemos e para onde 
queremos ir); 
 A ação (que compreenda aspectos pessoais, sociais 
e políticos - é o fazer psicossocial); 
 A relação entre os trabalhadores comunitários e a 
comunidade (estabelecendo uma relação dialógica, 
não unilateral); 
 Prática de intervenção e sua relação com a vida 
cotidiana (promova a visibilidade de aspectos tidos 
como naturais, uma prática pautada nas condições 
de vida da população. Não deve ser uma prática que 
“A certeza da impunidade constitui a 
irresponsabilidade das pessoas”. 
 
 
Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 
3 Gabriela Gomes da Silva – Resumo P1 e P2 – PSI COMUN 
mantenha essas condições ou que adapte a 
população a elas). 
 
 
 
As ações devem estar pautadas numa lógica de 
prevenção. Ex: situação de uso e abuso de drogas por 
jovens - ampliação de espaços socioeducativos, oficinas 
profissionalizantes, atividades de lazer, etc. Na maioria 
das vezes são oferecidas práticas curativas ao invés de 
preventivas. 
DESAFIOS E TENSÕES PARA OS 
TRABALHADORES COMUNITÁRIOS 
 Pessoas resistentes que não possibilitam o contato, 
ou que já chegam com alguns preconceitos; 
 Devemos nos instrumentalizar para atender cada 
demanda e realidade; 
 Levar o conceito de conscientização (pessoas 
conscientes daquilo que estão vivendo, se 
instrumentalizam para a mudança, em contraponto 
à naturalização e psicologização da vida cotidiana); 
 Confronto: nem sempre uma ação proposta pelo 
psicólogo é a melhor alternativa para aquela 
demanda, por isso é preciso saber negociar. Ex: uma 
mulher que sofre violência doméstica do marido, 
mas se recusa a denunciar por depender dele 
financeiramente. Ao invés de persistir na denúncia, 
o psicólogo pode ajudá-la a investir em um projeto 
de trabalho. Ela gosta de cozinhar? Então ele poderá 
incentivá-la a vender comida para fora, por exemplo; 
 Compreender as implicações de todos os atores 
envolvidos e as dimensões sociopolíticas e éticas 
(conflitos de interesse). 
 
PRÁTICAS LIBERTADORAS NA 
AMÉRICA LATINA 
A principal premissa da psicologia da libertação é 
compreender a psicologia das comunidades oprimidas 
e abordando conceitualmente e de maneira prática a 
estrutura sociopolítica opressiva em que elas existem. 
No princípio, a psicologia foi muito criticada pela sua 
naturalidade de valor, pela afirmação de universalidade 
e por não ser relevante para a sociedade. Diante disso, 
os psicólogos se reuniram para criar uma psicologia que 
desse conta de desigualdades sociais, na teoria e 
prática, e que levasse em conta a perspectiva do 
oprimido. 
MARTIÍN-BARÓ 
Foi o principal nome da psicologia da libertação. Em sua 
pesquisa social, abordou vários temas, como: a 
identidade social, o fatalismo, a violência e a guerra, a 
mulher, o machismo, a família e a psicologia política. 
Dedicou-se à defesa dos direitos humanos, da igualdade 
e da justiça social em El Salvador. Foi assassinado em 16 
de novembro de 1989 por uma seção das Forças 
Armadas salvadorenhas. 
PEDAGOGIA DA LIBERTAÇÃO DE 
PAULO FREIRE 
Paulo Freire defendia o diálogo coletivo como canal de 
libertação, de modo a problematizar a vida e as relações 
de opressão. 
 
 
 
 
 
CONSCIENTIZAÇÃO 
É um conceito muito importante para a psicologia da 
libertação, trazido a priori por Paulo Freire, que remete 
à “elevação da consciência político-social”. 
No processo de conscientização, as pessoas se tornam 
mais conscientes de si e de sua realidade estruturada 
em um sistema opressor, se tornando assim atores 
sociais. 
A LUTA CONTRA O FATALISMO 
O fatalismo nasce de uma inquietação provocada pelas 
explicações dadas aos resultados de pesquisas e 
estudos realizados pelas ciências sociais, que 
apontavam a atitude fatalista ora como parte 
integrante da identidade latino-americana, ora como 
estrutura do caráter do latino americano pobre. 
O fatalismo é essa ideia de destino pré-concebido e 
inevitável, então se você é pobre, vai passar fome, não 
vai ter acesso à educação, vai sucumbir às drogas e ao 
crime, e não há nada que se possa fazer, porque esse é 
o destino do pobre, de acordo com uma ideia fatalista. 
A libertação desse fatalismo consistiria então, em um 
povo que percebe o sentido de “ser mais”. Essa 
libertação se realiza com os outros, para si e para os 
outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É importante termos uma visão de totalidade histórica 
“Quando a educação não é 
libertadora, o sonho do oprimido é se 
tornar o opressor” (Paulo Freire). 
“Libertação é a concepção que reconhece a 
liberdade do outro, deixando de ser um sujeito 
“sujeitado”, para ocupar um lugar de igualdade, 
ativo enquanto ator social fundamental, 
proprietária de habilidades e conhecimentos 
específicos, de uma índole particular”. 
 
Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 
4 Gabriela Gomes da Silva – Resumo P1 e P2 – PSI COMUN 
A PSICOLOGIA NO PROCESSO DE 
LIBERTAÇÃO 
 Reconhecimento dos saberes populares e grupais; 
 Dar voz as massas populares oprimidas, 
incorporação real e política de seus saberes e 
necessidades pela psicologia; 
 Potencializar as virtudes populares; 
 Exploração de novas formas de consciência; 
 Um trabalho pautado na transformação e 
ressignificação das potencialidades negadas 
das pessoas e comunidades; 
 A desalienação pessoal e social; 
 Superação do fatalismo; 
 Estudar as relações de poder; 
 Dedicar-se aos problemas urgentes que 
assolam as sociedades. 
 
FORTALECIMENTO 
“É um processo em que os membros de uma 
comunidade desenvolvem juntos capacidades e 
recursos para controlar sua situação de vida, atuando 
de maneira comprometida, consciente e crítica para 
alcançar a transformação de seu entorno segundo suas 
necessidades e aspirações, transformando, ao mesmo 
tempo, a si mesmos”. 
O fortalecimento tem um caráter político no sentido de 
trazer conscientização sobre o lugar que o cidadão ou 
grupo ocupa na sociedade. 
OBJETIVOS 
 Fortalecer capacidades e potencialidades das 
pessoas para que possam ter um papel protagonista 
no mundo; 
 Buscar superação das condições desiguais, 
opressoras e submissas em que as pessoas estão 
submetidas, buscar libertação, sair da condição de 
sofrimento. 
PROCESSOS FORTALECEDORES 
 Tem sempre caráter coletivo e libertador; 
 Problematização produz a desalienação; 
 Aumento da capacidade e atividade organizadoras; 
 Protagonismo; 
 Validade psicopolítica: processo é fortalecedor 
quando o profissional e a comunidade conseguem 
dar vazão para que as pessoas ocupem papéis de 
protagonismo; 
 É um movimento de todos; 
 Tem a ver com a postura do psicólogo e 
receptividade da comunidade; 
TENSÕES 
Diferentes tempos de trabalho entre agentesexternos 
e internos, diferentes ritmos de trabalho (o psicólogo 
deve respeitar isso - às vezes chega com um trabalho 
pronto, mas que não pode ser imposto), diferentes 
concepções. 
USO ASSIMÉTRICO DO PODER 
Psicólogo precisa ter cuidado com a postura. Muitas 
vezes o que ocorre é a criminalização da pobreza 
quando, por exemplo, o Conselho Tutelar retira criança 
da família por ficarem sozinhas em casa para a mãe 
trabalhar.

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