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Artigo GADAMER- Eliomar

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1 
 
TEORIA DO CONHECIMENTO EM GADAMER: ENTENDENDO O 
CONCEITO DE HERMENÊUTICA. 
 
Eliomar Osias Rezende Sarmento1 
Prof. MSc. Jeane Torres2 
 
 
RESUMO: Este artigo visa apresentar o conceito de hermenêutica e, possíveis contribuições de 
Hans-Georg Gadamer para a Teoria do Conhecimento. Aqui se entende a “teoria do conhecimento” 
como aquele que nos ajuda a compreender quando buscamos interpretar determinados textos, que 
articula a consciência histórica. O motivo do trabalho presente foi o propósito de entender melhor o 
contexto histórico e a importância da hermenêutica em Gadamer, sempre com intuito de 
compreender os fundamentos filosóficos da Teoria do Conhecimento em Gadamer e, por fim, 
apresentar caminhos, fatos ou situações que demonstrem a linha que norteiam a epistemologia da 
Teoria do Conhecimento em Gadamer. O objetivo geral do nosso artigo é demonstrar a 
hermenêutica em Gadamer como um caminho da pesquisa científica, seja na experiência da 
filosofia, da arte ou da própria história. A metodologia usada será a partir de pesquisas 
bibliográficas e artigos voltados ao campo do conhecimento, trazendo esclarecimentos de forma 
coerente alcançando o objetivo do nosso trabalho. Com o fito de mostrar a contribuição de 
Gadamer, este artigo argumenta que, por meio dos conceitos gadamerianos de tradição, 
compreensão e formação, é possível concluir que a hermenêutica pode efetivamente contribuir para 
uma compreensão mais profunda da consciência histórica e da dimensão estética da experiência 
histórica, mas como toda teoria do conhecimento este também nos provoca através dificuldades ao 
lidar com alguns aspectos decisivos da metodologia histórica. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Conhecimento, Hermenêutica, Consciência. 
 
 
Este artigo desenvolve sobre o conceito da hermenêutica segundo pensamento de Gadamer 
onde o mesmo explica como método que analisa textos de forma coerente quando buscamos 
conhecer os textos através de métodos especiais. “Nós interpretamos um texto à luz de nossos 
preconceitos; e se uma interpretação nossa se choca contra o texto, devemos substituí-la por outra 
interpretação, a mais adequada. A tarefa hermenêutica possível e infinita”. (REALE, 2008, p.258). 
Vários motivos levaram a aprofundar o conceito da Hermenêutica segundo pensamento de 
Gadamer, uma delas foi a complexibilidade da hermenêutica, surgindo assim várias indagações: o 
que é o conhecimento hermenêutico? Como se adquire? O que temos implícito quando dizemos que 
conhecemos determinado assunto? Em que consiste a prática científica? Que relação existe entre o 
conhecimento científico e o mundo real? Quais as consequências práticas e éticas das descobertas 
 
 1 Acadêmico do 3º período curso de Licenciatura em Filosofia-FSDB-UNIDADE LESTE. 
sarmentoeliomar6@gmai.com 
2 Professora orientadora do curso de Filosofia da Faculdade Salesiana Dom Bosco- Unidade Leste. 
Mestra em Educação em ciência, Graduada em Filosofia. 
 jeanetorres3@gmail.com 
mailto:sarmentoeliomar6@gmai.com
 
2 
 
científicas? Estes são alguns dos problemas com os quais nos deparamos frequentemente. Diante 
desses questionamentos, este trabalho realiza um apanhado geral acerca da Teoria do Conhecimento 
a partir de hermenêutica de Gadamer, de modo que se torne mais fácil a sua compreensão. 
O objetivo geral do nosso artigo é, então, demonstrar a hermenêutica em Gadamer como um 
caminho da pesquisa científica, seja a experiência da filosofia, da arte ou da própria história. Desta 
forma, para facilitar a nossa pesquisa traçaremos os caminhos ou objetivos específicos para haver 
uma coerência dentro do artigo. Primeiramente será apresentado o contexto histórico, o significado 
e a importância da hermenêutica em Gadamer para o fenômeno do conhecimento. Prosseguindo 
adentramos na compreensão dos fundamentos filosóficos da teoria do conhecimento de Gadamer, 
fazendo conexões com suas principais ideias. E, por fim, apresentamos exemplos de fatos ou 
situações que demonstrem conhecimentos a partir da Teoria do conhecimento em Gadamer. 
 
1. ORIGEM DA HERMENÊUTICA DE GADAMER 
Hermenêutica, segundo Gadamer (2002, p. 349) significa atividade filosófica da qual “o 
diálogo são esquemas pré-formados de discurso, ao qual entendemos espontaneamente e que nos 
leva a uma infinitude não só do diálogo, mas consequentemente do ato de compreender. Assim, se 
obtém a universalidade do que é dito e compreendido através da linguagem”. O termo hermenêutico 
deriva do verbo grego hermeneuein e do substantivo hermeneia, que significam, em sua extensão 
semântica, algo que “é tornado compreensível”, “levado à compreensão”. 
Muitos autores correlacionam o termo ao Deus grego Hermes, o mensageiro dos deuses, a 
quem se atribui a origem da linguagem e da escrita, que tinha o dom de permitir às divindades 
falarem entre si e também aos homens. De uma forma ou de outra, o fato é que o termo está 
diretamente associado à ideia de compreensão de algo antes ininteligível. Hermenêutica na teologia 
bíblica é a compreensão das Escrituras, para entender o sentido como revelação (AUTOR, ANO). 
A hermenêutica está presente na filosofia e na área jurídica, cada um com seu significado. 
Na filosofia, é a ciência que estuda a arte e a teoria da interpretação surgida na Grécia Antiga. Dessa 
forma, faz diversas abordagens acerca de assuntos em diversas áreas tais como literatura, religião e 
direito. Na filosofia, a hermenêutica é fundamentada por Hans- Georg Gadamer, na obra titulada 
Verdade e Método II (Vozes, 2002) em que trata do modo de explicar e analisar textos de forma 
coerente, através de métodos especiais. 
Hans-Georg Gadamer (1900-2002) foi um dos grandes filósofos contemporâneo alemão do 
século XX. Interprete refinado e arguto, sobretudo da filosofia antiga, mas também de Hegel e dos 
historicistas, assim fundou a hermenêutica contemporânea, a filosofia da compreensão por meio da 
 
3 
 
interpretação de textos, o que o filósofo descreveria mais tarde como "um método de interpretação, 
mas também da elucidação da existência" (REALE, 2008, p.250). Gadamer expõe o conceito 
central da sua filosofia, a compreensão, uma atitude fundamental a ter e que passa por colocar 
permanentemente em questão a nossa herança cultural. Para Gadamer, a hermenêutica é uma forma 
de compreender as ciências espirituais e a história, através de uma interpretação da tradição. 
Segundo Reale (2008), as questões técnicas como as perspectivas filosóficas da 
hermenêutica fundam-se em um todo coerente. Para este autor, Gadamer parte da descrição que 
Martin Heidegger, na obra Ser e Tempo (Vozes, 1927), faz do círculo hermenêutico, interpretando-
a assim: 
O circulo não deve ser degredado a círculo vitiosus e tampouco considerado inconveniente 
ineliminável. Nele se oculta uma possibilidade positiva do conhecer mais originário, 
possibilidade que só pode ser captada de modo genuíno se a interpretação compreende que 
sua função primeira, permanente e última é a de não se deixar nunca impor pré-
disponibilidade, pré-vidências e pré-cognições do caso ou das opiniões comuns, mas faze-
lo emergir das próprias coisas, garantindo, assim a cientificidade do próprio tema (REALE, 
2008, p. 251). 
 
1.1. CONTEXTO FILOSÓFICO 
 
Hans-Georg Gadamer nasceu em Marbug na Alemanha, em 11 de fevereiro de 1900 morreu 
com 102 anos em 2002, após uma vida prodigiosamente longa. O início da vida de Gadamer foi 
rodeado de tragédias domésticas e familiares. Apesar de considerado como o Grande Velho Homem 
da filosofia e das letras em Alemanha nativa, quando morreu, ele havia alcançado algo semelhante 
na Europa e América do Norte, porém era conhecido somente por número limitado de filósofos 
anglófonos, teoristas sociais e críticos literários. Como filósofo mundialmente conhecido renomado, 
não é nome a ser constantemente invocado; ele não é páreo para os gigantes já aclamados do século 
XX, como Wittgenstein ou Heidegger.O surgimento da hermenêutica de Gadamer se inicia a partir de uma controversa do discurso 
otimista da modernidade, pois a filosofia moderna considerava correto, o método como uma rota 
para a certeza absoluta. Assim, o trabalho de Gadamer parte especialmente em sua obra-prima, 
intitulada Verdade e Método (Vozes, 2005), fazendo uma reavaliação à ideia da tradição, da qual o 
pensamento iluminista se distanciou alegando que a “tradição” e a “razão” não podem ser 
facilmente consideradas dicotômicas. 
Segundo Gadamer (2002), a tradição não pode ser um objeto de questionamento racional 
“puro”, desta forma relaciona sua ideia de “tradição” à reelaborada noção de “preconceito”, que ele 
 
4 
 
entende como pré-conceito ou pré-julgamento, em outras palavras, como aquilo que torna possível 
qualquer tipo de discriminação. O preconceito não é uma forma distorcida de pensamento que 
precisa ser antes de vermos o mundo corretamente. Para Gadamer (idem), os preconceitos estão 
presentes em todos os entendimentos. Contra as reivindicações do Iluminismo de que a razão é 
separada da perspectiva histórica e cultural, representa um teste para verdade. 
Para Gadamer (idem), a verdade não é um método, mas simplesmente aquilo que acontece 
no diálogo. Atos de interpretação são dialógicos, uma conversação constante, dentro da tradição. 
Basicamente, o autor alega que os significados nunca podem ser completos. Se todo o entendimento 
é diálogo, então é tanto uma conversa com o passado quanto com o futuro. 
Portanto, o questionamento de Gadamer do método racional rejeita a opinião de que a razão 
existe por trás da linguagem. Os produtos culturais (incluindo a arte) e o mundo natural não são 
objetos para investigação racional, mas sim vozes dentro da fábrica de uma conversação 
interminável. Para Gadamer, existe basicamente somente uma cultura ou tradição e deveria ser 
sempre possível, para suas partes discrepantes, encontrarem um idioma comum e alcançar um 
entendimento, não importando quão limitado e provisional tal entendimento possa ser. 
(Compreender Gadamer, 2007). 
 
 
1.2. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA HERMENÊUTICA 
 
Schleiermacher, no início do século XIX, fundamentou a Hermenêutica dando importância 
com pensamento diferente. Avaliou, a partir da distinção entre os contextos (em que a mesma se 
daria) e os métodos científicos (que proporcionariam direção objetiva ao entendimento), que era 
aplicável não só ao conhecimento científico, mas a todos os domínios em que se fizesse necessária 
uma compreensibilidade através da palavra (SCHLEIERMACHER, 1998). Para este autor a 
hermenêutica reduzia-se à técnica da boa interpretação de um texto falado ou escrito (idem). 
Dilthey (1911) sugere que a hermenêutica é o alicerce de sustentação epistemológica das 
ciências do espírito. Ainda que limitadamente às humanidades, teve o mérito de assentar a 
Hermenêutica dentro do mundo histórico, divergindo daqueles que achavam ser possível importar 
métodos das ciências naturais para interpretar fenômenos vivenciais. 
Já Heidegger inova completamente os estudos sobre a hermenêutica quando afirma que as 
coisas correntes no mundo não são compreensíveis a partir da apropriação intelectiva do homem via 
dicotomia sujeito/objeto, mas a partir da perspectiva de que são fenômenos que, independentemente 
 
5 
 
do subjetivo humano, possuem a potencialidade de se apresentar como são (HEIDEGGER,1924). A 
hermenêutica, assim, se torna um modo de existência, algo anterior e mais profundo do que a 
atividade interpretativa, e passa a ser compreendida, pois, como fenomenologia da existência. 
A fundação da hermenêutica contemporânea é atribuída a Gadamer no qual contrapõe toda 
definição que havia no século XIX sobre o tema, afirmando ser a Hermenêutica uma disciplina 
filosófica que, além de possuir um foco epistemológico, também estuda o fenômeno da 
compreensão por si mesmo, isto é, tem como preocupação não apenas o fenômeno em tese, mas 
também a operação humana do compreender (Compreender Gadamer, 2007). Ao proceder ao que 
ficou conhecido como giro hermenêutico inaugurou a Hermenêutica como Hermenêutica 
Filosófica. 
Gadamer atribuiu ao fenômeno do compreender nova conotação. Para ele, a compreensão 
não apresenta uma estrutura tipicamente circular (se assim fosse o intérprete sairia do movimento 
do mesmo modo que entrou), e, sim, espiral. Segundo seu entendimento, a análise do texto, com as 
pré-compreensões do intérprete, tem como resultado um primeiro significado que precisa ser 
continuamente revisto à base de penetrações mais profundas no texto, até que, naturalmente, com o 
passar do tempo, sejam descobertos novos sentidos que superam as pressuposições anteriores, um 
elemento continua dialeticamente a determinar-se e formar-se no outro (idem). 
O intérprete deve deixar que o texto lhe diga algo (alteridade do texto) e não querer que se 
adapte aos próprios preconceitos, porque o texto adquire vida autónoma e sequer depende daquilo 
que o autor tencionou dizer (efeitos do texto). Gadamer jamais negou o método como aferição da 
verdade, muito embora quisesse ser o atingimento da verdade impossível. Contudo, acreditando 
estar a Hermenêutica posicionada antes de qualquer método científico, presumia que a aferição da 
verdade necessariamente dependeria da situação hermenêutica do intérprete aplicador do método. 
A hermenêutica filosófica tem como “gesto filosófico de base” o reconhecimento das 
condições históricas em que se insere a compreensão, entendendo a historicidade como finitude; a 
crítica das ideologias parte de um gesto crítico, desafiador, contra as dissimulações da dominação e 
da violência que ocorrem no âmbito da comunicação. O filósofo questiona se não conviria sua 
proposta é voltar à “problemática do texto, da exegese e da filologia”. Isso significa negar o 
fundamento dialógico da hermenêutica tal qual Gadamer propunha. O texto ganha “autonomia”, isto 
é, transcende-se o destinatário original. Uma série ilimitada de leituras se torna possível e é nesta 
liberação que se insere uma “instância crítica” no ato da interpretação (COIMBRA,2010). 
 
6 
 
Ricoeur questiona a autoridade que Gadamer confere às tradições na interpretação, mas não, 
como em Habermas, em favor de um “poder da reflexão”. Reale (2008, p 251) interpreta ente 
conflito descrevendo que: 
[...] no circulo hermenêutico, o intérprete é um indivíduo que no decorrer de sua vida 
absorveu (da linguagem comum, das leituras, de conversas, etc.) um patrimônio cultural, 
reelaborando, aquilo que Gadamer chama de Vor-vertandnis ou pré-compreensão; pré-
compreensão entendida como tecido das ideias, pressuposições, teorias O procedimento 
descrito é, exatamente, o círculo hermenêutico: a compreensão de um texto realiza-se 
propondo hipóteses sobre aquilo que o texto diz, sobre seu significado ou mensagem; 
hipóteses serem colocadas no crivo sobre o texto e o contexto; e se a nossa interpretação se 
choca com o texto ou contexto, isto é, se for contradita por alguma parte do texto. 
 
A hermenêutica filosófica, como fundamento e o ato de refletir sobre a dimensão 
metodológica, mais especificamente sobre o aspecto hermenêutico que não pode limitar-se, pois às 
ciências hermenêuticas da arte e da história, nem ao trabalho com os “textos”, nem sequer, como 
uma ampliação, à própria arte. É inevitável que a linguagem da filosofia não se mova em sistemas 
de enunciados cuja formalização lógica e exame crítico, baseados na educação lógica e na 
univocidade, poderiam aprofundar o conhecimento filosófico. 
 
 
2. TEORIA DO CONHECIMENTO DE GADAMER 
 
Na introdução da obra Verdade e Método (Vozes, 2005), Gadamer trata de uma verdade que 
não pode ser verificada através de uma metodologia científica. É aquela verdade que surge com a 
experiência, seja a experiência da filosofia e da arte ou da própria história. A partir disso, o autor 
critica a pretensãode universalidade da metodologia científica e busca um conceito de 
conhecimento e de verdade que esteja relacionado ao todo da experiência do ser humano no mundo, 
que é a experiência hermenêutica ela mesma. 
Nesse universo verdadeiramente hermenêutico, entram ingredientes como o modo como 
experimentamos uns aos outros, como experiências das tradições históricas, as ocorrências naturais 
de nossa existência e de nosso mundo. E nele não estamos fechados, separados do outro e do 
mundo. “Estamos sempre abertos, a eles ligados pela linguagem e pelo pensamento” (2005 p.29-
34). 
Para Gadamer a hermenêutica tem o caráter de um diálogo, assim a sua estrutura é, então, a 
da questão e da resposta. A “abertura” que a relação com os textos da tradição implica, leva o 
intérprete a formular questões. Entretanto, neste ponto, o ideal metodológico se frustra: não existe 
método para se aprender a questionar, pois todo questionamento pressupõe um ‘saber do não saber’, 
‘uma ignorância precisa que conduz a uma questão precisa’ Segundo Gadamer (2002), ocorre em 
 
7 
 
todo fenômeno hermenêutico o ‘primado’ da questão, isto é, o texto interpretado é interpelado pela 
questão que lhe é posta e seu sentido depende disso. Da mesma forma, o interprete também é tocado 
pela questão apresentada pelo texto. Gadamer concorda que entender um texto é entender a questão 
que este nos apresenta. Essa tarefa pressupõe a aquisição do ‘horizonte hermenêutico’, o horizonte 
da questão da qual o texto é uma das respostas possíveis. Em outras palavras, compreender a 
questão que está em jogo em um texto não se limita a entender a questão do autor no ato da escrita. 
As tendências de sentido ultrapassam em muito essa problemática historicista. O sentido de 
um texto normalmente ultrapassa o que um autor tinha em vista. Gadamer (2005) chama a atenção 
para o papel fundamental da temporalidade histórica no estabelecimento do sentido dos textos. Este 
carácter dialógico que Gadamer reivindica para a compreensão e para a ciência histórica é 
fundamental para entendermos o papel ético-social que pretende conferir a todo tipo de 
conhecimento. 
Gadamer (2002), denuncia nossa época atual como um momento que a ciência é a palavra 
de ordem absoluta, um fim em si mesmo. Cada vez mais a ciência é vista como instância suprema 
de decisão das questões humanas. Em resposta a essa ‘consciência científica exacerbada’, o filósofo 
propõe o retorno ao diálogo com vistas ao entendimento entre os homens, povos e nações. Sua 
aposta está num saber, não mais monológico, como na ciência, mas num saber dialógico, uma 
‘razão prática’ geral, que venha em auxílio do homem em sua busca por novas perspectivas e 
possibilidades de futuro. 
Nesse sentido, a hermenêutica pode ser encarada como a arte do entendimento. Parece 
especialmente difícil entender-se sobre problemas da hermenêutica, pelo menos enquanto conceitos 
não claros da ciência, de crítica e de reflexão dominarem a discussão. E isso porque vivemos numa 
era em que a ciência exerce um domínio cada vez maior sobre a natureza e rege a administração da 
convivência humana, e esse orgulho de nossa civilização, que corrige incansavelmente as faltas de 
êxito e produz constantemente novas tarefas de investigação científica, onde se fundamentam 
novamente o progresso, o planejamento e a remoção de danos, desenvolve o poder de uma 
verdadeira cegueira. No enrijecimento desse caminho rumo a uma configuração progressiva do 
mundo pela ciência perpetua-se um sistema resignada e cegamente ou então se rebela revoltosa, e 
isso significa, não menos cega (GADAMER, 2002). 
Segundo o próprio autor, esse contexto envolvendo a estranheza e o mal-entendido enquanto 
elemento universal é o que determina a ideia de uma hermenêutica universal. Segundo o filósofo, a 
interpretação não tem apenas um sentido cognitivo ou histórico, mas também prático e normativo, 
 
8 
 
como muito bem o testemunham a hermenêutica jurídica e a teológica, de raiz protestante. Nos dois 
casos a compreensão não visa o reconhecimento gnosiológico do tema do texto, o tomar posse dele, 
mas parte, pelo contrário, de outra atitude (COIMBRA, 2010). Começa, então, por corresponder à 
exigência de sentido do texto, aceita o carácter vinculativo do seu conteúdo, isto, quer dizer; 
reconhece-o na sua validade de orientação essencial ao modo humano habitar ao mundo. 
“O esforço da compreensão surge toda vez que não se dá uma compreensão imediata, e 
assim toda vez que se deve contar com a possibilidade de um mal-entendido” (GADAMER, 2005, 
p. 247). Compreender nesta perspectiva é aplicar, não mecanicamente, como quem segue regras 
normalizadas para a produção de algo, mas traduzir o assunto do texto para a própria linguagem da 
sua situação concreta. O procedimento seguido é o diálogo de horizontes diferentes, que exige a 
aplicação para que não seja um momento ulterior e eventual da compreensão, mas justamente 
aquele que determina, desde o princípio, na sua totalidade. Compreender, então, é realizar em ato o 
compreendido e aplicar. Este tipo de aplicação hermenêutica nada tem a ver com a aplicação 
mecânica e automática do saber fazer técnico; com efeito, esta última nada acrescenta ao modo de 
ser e à situação do intérprete, é a pura habilidade automática e eficaz. 
Nessa perspectiva, na linha da teoria de conhecimento a hermenêutica de Gadamer pretende 
definir o conceito de aplicação, é questionar a ligação da compreensão do mundo do texto com os 
modelos da imagem pontual e da percepção. A hermenêutica não tem como objetivo a posse de 
conhecimentos e coisas, mas pretende simplesmente trazer a consideração dos filósofos algo que foi 
esquecido: a necessidade de pensar a forma de mediação que efetuam os ideários comuns 
transmitidos pela tradição histórica e literária (VERDADE E MÉTODO, 1997). Segundo Gadamer 
(2005), tal mediação, porque faz pensar e transmite práticas de relacionamento e de comunicação, 
exige execução criativa e pode ajudar a ultrapassar a redução do homem ao agir mecânico dos dias 
atuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
2.1. MAPA CONCEITUAL 
 
 
 
10 
 
 
3. COMO PODEMOS CONHECER HERMENÊUTICA POR MEIO DAS TEORIAS? 
 
Segundo a hermenêutica filosófica o processo de conhecer, de pensar e de ensinar não é 
predeterminado por uma força causadora a priori, nem por uma teleologia que lhe seja externa. 
Mais importante que a produção de uma certeza, é o processo interativo, experiencial e dialógico de 
um modo relacional ao procurarem compreender a totalidade a partir da finitude, a qual carrega 
aquela ânsia inesgotável de buscar compreender o todo, isto é, o desejo natural de conhecer. 
É importante apresentar que algumas áreas de estudos sejam no ensino superior ou no ensino 
médio, têm de alguma forma o ‘privilégio’ de não precisar se submeter ao método interpretativo e 
compreensivo, uma vez que se colocam como ciências empírico-matemáticas. Essas ciências se 
utilizam de métodos pré- determinados e têm objetos para serem estudados objetivamente. Por outro 
lado, já as ‘ciências’ sociais, filosofia e história, se submetem a uma espécie de subjetivação do 
conhecimento, ou seja, aquele que não se verifica através dos sentidos e podem ser experimentados 
em tempo e espaço, mas através da interpretação. 
Cada um de nós atribui um significado às nossas vivências construindo a nossa biografia 
individual, que é o que permite que eu me reconheça quando olho as fotos de minha infância, por 
exemplo. É também a minha biografia individual que permite que eu estabeleça uma conexão entre 
a vivência individual e a existência coletiva, o que possibilita que eu compreenda os outros da 
mesma forma com que compreendo e interpreto as minhas próprias vivências. 
Por exemplo, se estivesse no lugar de outra pessoa em uma determinada situação teria feito 
isto ou aquilo. Ao observar o modo de agir de alguém, eu posso compreender nãosó o que ele está 
fazendo, mas também o sentido possível, de sua ação, isto é, o que o sujeito pretende ao realizar tal 
ação. Da mesma forma, quando observo a expressão de alguém, posso inferir se ela está triste, 
preocupada. 
Além do agir e da expressividade, a linguagem constitui o principal meio para se 
compreenderem as manifestações vitais. É através dela que as vivências se exteriorizam permitindo 
que se tornem comuns, constituindo nosso mundo cultural. Além do agir e da expressividade, a 
linguagem constitui o principal meio para se compreenderem as manifestações vitais. É através dela 
que as vivências se exteriorizam permitindo que se tornem comuns, constituindo nosso mundo 
cultural. 
Desta forma, podemos entender que estamos no mundo e nele experimentamos as 
ocorrências da nossa existência, experimentando também uns aos outros. As nossas tradições 
 
11 
 
históricas não se fecham, separando uns dos outros e do mundo, mas mantendo sempre abertos, a 
eles ligados pela linguagem e pelo pensamento. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Procuramos, neste artigo, explicitar o conceito da Hermenêutica: em primeiro lugar, 
mostrando surgimento da Hermenêutica, buscando suas origens e sua contribuição dentro da 
filosofia, mas também apresentando o contexto filosófico da Hermenêutica de Gadamer. O nosso 
objetivo do trabalho além de apresentar o conceito foi descrever os principais aspectos históricos 
que motivaram o surgimento Hermenêutica de Gadamer. Este modo de filosofar tematiza a 
compreensão da experiência humana no mundo, um mundo que, desde já, se oferece interpretado. 
Por isto, o seu problema central é mostrar que a verdade, enquanto experiência e vivência, é 
interpretação, é um ato histórico-cultural. 
Portanto o presente trabalho possibilitou um estudo panorâmico da teoria do conhecimento 
de Gadamer apresentando abordagens conceituais acerca da importância da teoria do conhecimento 
e da hermenêutica para os estudos filosóficos, de grande relevância para o processo de nosso ensino 
aprendizado. De fato a pesquisa nos levou a aprofundar a importância da hermenêutica dentro do 
ramo de filosofia em vários momentos nos levando a indagar o quanto a hermenêutica se faz 
presente dentro do contexto histórico e da nossa cotidianidade, colaborando sempre com a arte de 
relacionamento ou diálogo, assim surgindo uma forma de compreender e interpretar o nosso 
contexto. Finalmente, com a pesquisa da Hermenêutica, podemos amadurecer para ampliar nosso 
horizonte conhecimento filosófico em relação aos estudos e convivência com a sociedade, 
sobretudo, do nosso contexto histórico e atual, por outro lado, o presente artigo nos possibilita e 
enriquece nosso conhecimento particular. 
 
 
REFERÊNCIAS 
BASTISTA, Micheline. Hermenêutica filosófica e o debate Gadamer-Habermas. Revista de 
Cultura e Política. Pernambuco, n°.1, v. 2, p. 101-118, jan./jun. 2012. Disponível em: 
<https://www.researchgate.net/publication/258028596_Hermeneutica_filosofica_e_o_debate_Gada
mer-Habermas> Acesso em 28 mai. 2018. 
 
 
12 
 
BONFIM, Vinícius Silva. Gadamer e a experiência hermenêutica. Revista CEJ. Brasília, n°. 49, 
p. 76-82, abr./jun. 2010. Disponível em: 
<https://www.google.com.br/search?q=Gadamer+experiência+hermenêutica > Acesso em 30 mai. 
2018. 
 
GADAMER, Hans- Georg. Trad. Ênio Paulo Giachini. Verdade e Método II. Petrópolis:Vozes, 
2002. 
 
LAWN, Chris. Trad. Hélio Magri Filho Compreender Gadamer. Petrópolis: Vozes, 2007. 
 
ROZEK, Marlene. As contribuições da hermenêutica de Gadamer para a formação de 
professores. Educação. Porto Alegre n° 1, vol. 36, p. 115-120 jan./abr. 2013. 
 
GADAMER, Hans Georg. Verdade e Método. 3.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1997. Disponível em: 
<https://marcosfabionuva.files.wordpress.com/2011/08/verdade-e-metodo-i.pdf> Acesso em: 14 
jun. 2018. 
 
REALE,GIOVANE. “TEMA”. In: REALE, Giovane. História da Filosofia: de Nietzsche à escola 
de Frankfurt. São Paulo: Paulus, v. 6. p. 249-263. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.google.com.br/search?q=Gadamer+experiência+hermenêutica
 
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PROJETO BÁSICO DE PESQUISA 
Planejamento para produção de Artigo de Revisão 
 
Identificação 
Componente: Teoria de conhecimento 
Acadêmico: Eliomar Osias Rezende Sarmento 
Área de investigação TEORIA DO CONHECIMENTO 
TEMA DA PESQUISA Teoria do Conhecimento em Gadamer 
Problemática ou Questões 
norteadoras (Pergunta que instiga a 
investigação. Problemática surge das 
inquietudes percepção e conhecimentos 
do pesquisador, não há resposta 
imediata, necessita de análise e 
discussão para sua possível solução. 
Questão norteadoras são dúvidas que 
emergem de outras pesquisas, servem de 
guias ou orientação para a pesquisa, 
estão em sintonia com os objetivos 
específicos) 
Questões norteadoras: 
 
 Quais as circunstâncias que motivaram o surgimento do método hermenêutico 
de Gadamer. 
 
- Quais os fundamentos teóricos de Gadamer 
 a respeito do conhecimento? 
 
- Como podemos conhecer o método hermenêutica de Gadamer 
OBJETIVOS 
(DIRECIONAR a pesquisa e traçar 
caminhos a serem percorridos para 
alcançar as metas da pesquisa. Objetivos 
específicos: detalhar o objetivo geral, 
apresentar em ordem crescente as metas 
que planeja alcançar) 
 
Objetivo geral: 
Demonstrar a hermenêutica em Gadamer como um caminho da Pesquisa 
Científica. 
 
 
Objetivos específicos: 
1. Entender o contexto histórico, o significado e a importância do 
hermenêutica em Gadamer para o fenômeno do conhecimento. 
 
2. Compreender os fundamentos filosóficos da teoria de conhecimento de 
Gadamer. 
 
3. Apresentar exemplos de fatos ou situações que demonstrem conhecimentos 
Teoria de conhecimento em Gadamer. 
JUSTIFICATIVA 
(É O PORQUÊ da pesquisa: breve texto 
para convencer, descrever as motivações 
e importância da pesquisa). 
O presente trabalho escolhido consiste em entender a hermenêutica em 
Gadamer, buscando compreender os fundamentos filosóficos da Teoria de 
Conhecimento e por fim apresentar caminhos ou exemplos de fatos ou situações 
que demonstrem a linha que norteiam a conhecimentos de teoria em verdade. 
 
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METODOLOGIA 
Descrever COMO será realizada a 
pesquisa. Apresente a 
classificação da pesquisa: 
- Natureza da pesquisa (básica ou 
aplicada). 
- Tipo de pesquisa ( qualitativa, 
quantitativa, mista ou quali-
quanti) 
- Finaliadade de dos objetivos 
(exploratória, descritiva ou 
explicativa) 
 
Indicar o(s) método(s) de 
abordagem ou procedimento. 
Fundamente teoricamente o 
método a ser utilizado na 
pesquisa. 
 
Descreva os procedimentos 
técnicos, como pesquisa 
bibliográfica, documental, estudo 
de caso, pesquisa participante etc. 
 
Se for pesquisa de campo deve 
indicar os instrumentos e a técnica 
para coleta de dados, como 
questionário, entrevista, análise 
documental, roda de conversa, 
oficina pedagógica etc., bem 
como local, a amonstragem, o 
público alvo ou população a ser 
pesquisada). 
Classificação da Pesquisa 
Pesquisa de natureza básica que visa analisar e compreender conceitos universais, 
bem como interpretar o fenômeno do conhecimento, seu significado e processo, por isso 
nossa pesquisa é qualitativa. Para atingir as finalidades dos nossos objetivos iremos 
realizar pesquisa bibliográfica utilizando literatura filosófica clássica e comentadores 
contemporâneos, com o intuito de contextualizar a teoria analisada com exemplos de fatos 
e situações vivenciadas ou conhecidas pelo pesquisador. 
 
 
Método (s): Neste trabalho irei usar a hermenêutica filosófica de Gadamer considera que 
“o método não é o caminho para a verdade. compreensão não se concebe como um 
processo subjetivo do homem face a um objeto, mas sim como o modo de ser do próprio 
homem ” (PALMER, 1996). Gadamer firma que a hermenêutica é uma tentativa filosófica 
que avalia a compreensão, como processo ontológico, seu método nãovisa alcançar a 
verdade, mas sim entender que a busca pela verdade universalmente válida ameaça 
ofuscar a realidade da compreensão, direcionando o entendimento para um ideal de 
conhecimento. No entanto a hermenêutica de Gadamer pretende esclarecer o próprio 
fenômeno da compreensão, seu desafio é entender “como é possível à compreensão, não 
só nas humanidades, mas em toda a experiência humana sobre o mundo?” 
 
 
 
 
 
Procedimento (s): O presente trabalho será realizado a partir do método bibliográfico 
onde visa trabalhar em meio de documentos impressos, como livros artigos, teses etc. 
Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e 
devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. 
 
REFERÊNCIA 
(bibliográficas e virtuais; indicar 
de acordo com as normas da 
ABNT).

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