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posição de dormir; 3. estrondoso - tão alto a ponto de ser ouvido em toda a casa, entrecortado por apnéias. O ronco pode ser intenso chegando a atingir a intensidade de até 80 decibels. Sem dúvida, o homem ronca mais que a mulher e corresponde a 60% dos casos clínicos acompanhados. Os adultos roncam mais que crianças. O ronco pode ser uma alteração isolada (ronco primário) ou, em muitas circunstâncias (cerca de 30%), uma das manifestações de uma doença mais grave – a apnéia obstrutiva do sono. Em adultos entre 30 e 60 anos de idade, 2% das mulheres e 4% dos homens tem esta doença (2,5). RONCO E APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO Paulo Roberto Lazarini Capítulo XXXI 117 FATORES DE PIORA Entre os fatores que agravam o ronco estão: 1.Diminuição do espaço da vias aéreas: · obesidade; · dormir em decúbito dorsal; · congestão nasal – por rinite alérgica, sinusite ou outra rinopatia; · fumar – causa irritação e edema da mucosa das vias respiratórias. 2. Relaxamento maior dos músculos do palato e da língua: · uso de bebidas alcoólicas; · tranqüilizantes; · medicamentos para tosse contendo codeína. A APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO A apnéia do sono é a parada respiratória com duração acima de 10 segundos durante o período em que o indivíduo está dormindo. Geralmente a apnéia se associa ao ronco intenso e pode gerar quadros clínicos graves com parada respiratória importante que pode chegar até a dois minutos. A apnéia obstrutiva do sono tem como causa os mesmos fatores que levam ao ronco embora nesta condição a obstrução é mais acentuada e leva a cessação do fluxo respiratório. Com a parada respiratória, os níveis de oxigênio sangüíneo diminuem e levam o cérebro a “acordar” o indivíduo a ponto de contrair os músculos para abrir a via respiratória e assim, possibilitar a respiração. Este mecanismo cíclico de apnéia e despertares pode ocorrer centenas de vezes durante uma noite sem que o indivíduo perceba. Tudo isto impede que a pessoa tenha um sono saudável (2-5). COMPLICAÇÕES DA APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO As complicações são dependentes da gravidade da apnéia obstrutiva do sono. São descritos casos de infarto agudo do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, arritmias cardíacas e hipertensão arterial. Em decorrência da sonolência diurna e da desconcentração em atividades de trabalho e ao dirigir, acidentes automobilísticos e acidentes de trabalho são relatados e, em alguns casos, são fatais. IDENTIFICAR O PACIENTE COM APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO Muitas pessoas não sabem que apresentam apnéia. Assim, um familiar ou cônjuge que compartilha o mesmo quarto pode perceber os primeiros sinais da apnéia do sono. Deve-se perguntar a eles sobre o sono do paciente, à procura dos seguintes sinais: · respiração ruidosa e profunda freqüentemente interrompida por silêncio e, às vezes, engasgos; · sonolência diurna durante o dia de trabalho, assistindo à televisão, no carro, entre outras atividades; · perda de energia; · problemas de concentração e esquecimento; · irritabilidade, ansiedade ou depressão; · desinteresse para atividade sexual; · dores de cabeça. EXAMES MÉDICOS PARA QUEM TEM RONCO E APNÉIA DO SONO Polissonografia Este é o mais importante exame a ser realizado pela pessoa portadora de ronco e apnéia do sono. É importante para observar a presença ou não de apnéia e além disto, pode indicar a gravidade da doença. Geralmente é realizado em um laboratório para estudo dos distúrbios do sono. O indivíduo deverá dormir uma noite no laboratório, sob controle de uma equipe médica que irá monitorar uma série de variáveis como a atividade cerebral (como em um eletroencefalograma), a movimentação dos olhos, o fluxo de ar inspirado pelo nariz, a quantidade de oxigênio no sangue, a intensidade do ronco, a posição de dormir, o batimento cardíaco (como em um eletrocardiograma), a movimentação do tórax e abdome, bem como das pernas. Tudo isto é registrado por meio de sensores colocados na pele do indivíduo e gravados em um computador durante toda a noite. Exame otorrinolaringológico Tem a finalidade de visualizar os pontos de obstrução da via respiratória, analisando o nariz, a boca e faringe como também a laringe. O exame é complementado pela nasofibrolaringoscopia. Cefalometria É uma forma de estudo radiológico da face (telerradiografia da face), em posição de perfil. A partir desta radiografia são feitas várias medidas com base em pontos predefinidos. A partir destas medidas, estabelece-se a área, em milímetros quadrados, do palato mole, da faringe e da língua. Com estes dados e desenhos é possível estabelecer os possíveis pontos de obstrução da via respiratória. Exame odontológico e maxilo-facial Muitos pacientes apresentam alterações do desenvolvimento orofacial e odontológico que influenciam o posicionamento da lingua e da mandíbula. 119 Exame neurológico Diversas afecções neurológicas podem determinar quadros de apnéia que não são desencadeados por processo obstrutivo das vias aéreas. Na suspeita de afecção neurológica, a avaliação do médico neurologista é fundamental. Exame clínico geral Doenças respiratórias, distúrbios metabólicos e endócrinos podem ser conseqüência ou causa de apnéia obstrutiva do sono. Exemplo disto é a obesidade decorrente de tumores de hipófise ou disfunções da tireóide. Outros exames médicos Outros exames complementares podem ser necessários e devem ser realizados quando o quadro clínico do paciente assim o sugerir. TRATAMENTOS PARA O RONCO E A APNÉIA DO SONO O paciente deve ter em conta que o tratamento desta doença passa por uma ampla avaliação de cada caso clínico e nem sempre aquele que é melhor tratamento para uma pessoa também o é para outra. Por se tratar de uma doença ocasionada por diversas alterações clínicas, isto é, bloqueios do fluxo respiratório em níveis variados, é recomendável que o paciente receba um acompanhamento por equipe multidisciplinar especializada, envolvendo médicos, dentistas, psicólogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas respiratórios (1,4,5). A recuperação da saúde pode passar um ou mais métodos terapêuticos, utilizados concomitantemente ou em etapas de acordo com cada situação. Abaixo relacionamos os principais métodos utilizadas na prática médica. · Tratamento da obstrução nasal – pode ser realizado com medicamentos nos casos de rinites e sinusites. A cirurgia pode ser indicada nos casos de desvio septal, pólipos nasais, sinusites crônicas e tumores. · Controle da obesidade – orientações dietéticas, uso de medicamentos e cirurgia são algumas das possibilidades para o emagrecimento nos casos necessários. · Tratamento do palato mole flácido: diversas técnicas cirúrgicas podem ser utilizadas visando ampliar a passagem de ar pela via respiratória. · Tratamento da retroposição da língua: poderão ser empregadas técnicas cirúrgicas variadas. · Uso de aparelhos dentários: vários são os modelos e formas destes aparelhos que são indicados para os casos de ronco e apnéia do sono. A indicação e o controle de seu uso deve ser feito por profissionais especializados no tema. · Uso de aparelhos de ventilação: conhecidos com as siglas de CPAP (continuous positive airway pressure), Bi-PAP (bi-level positive airway pressure) e outras, constituem um método não invasivo e eficaz de controle da apnéia obstrutiva do sono. Utilizado com uma máscara nasal, o equipamento insufla o ar para o interior da via respiratória, impedindo que ela tenha áreas de constrição e assim, evitando o ronco e parada respiratória. · Traqueostomia: cirurgia indicada apenas para casos clínicos dos mais graves onde todas as outras medidas foram incapazes de resolver o problema. Consiste em realizar uma abertura na região anterior e inferior do pescoço, fazendo uma comunicação direta com a traquéia e pulmão. RONCO NA INFÂNCIA Algumas crianças apresentam uma respiração oral e ruidosa. Nos