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RESENHA CRÍTICA PSICOLOGIA DAS MASSAS E ANÁLISE DO EU

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Universidade Estadual de Feira de Santana
Disciplina: CHF988 - Subjetividade e Cultura
Docente: João Gabriel Lima Da Silva
Discente: Bruno Brito Andrade
RESENHA CRÍTICA: PSICOLOGIA DAS MASSAS E ANÁLISE DO EU
Em sua célebre obra Psicologia das Massas e Análise do Eu, escrita em 1921, Freud debruça-se sobre a concepção de que a Psicologia Individual é concomitantemente uma Psicologia Social. Para ele, mesmo estando fora de algum grupo, no indivíduo há sempre a presença do outro, portanto, este sujeito é indissociável do âmbito social; para analisa-lo é essencial analisar também o meio social em que este está inserido.
Freud inicia o seu texto trazendo à lume os postulados de Le Bon, importante sociólogo, onde é argumentado que o sujeito adquire uma grande extensão de poder ao estar associado à algum tipo de grupo; e em consequência disso, é teorizado que tal sujeito passa a sentir uma espécie de segurança ao inserir-se na massa. Freud afirma que este sentimento de segurança que o indivíduo ganha ao fazer parte da massa é consequência de outro sentimento, o de pertencimento; porém tal sentimento acaba levando a uma perda da consciência dentro desta massa. 
Se um sujeito afastar-se da massa e isolar-se, seu comportamento seria inteiramente distinto de como ele reagiria se ainda estivesse dentro dela. Desta forma, todos os sentimentos que surgem na massa têm a tendência de espalhar-se e ter grande influência sobre todos os integrantes desta. Os sentimentos que são passados para quaisquer sujeitos da massa, por conseguinte, são ampliados e retornados à toda a massa a qual faz parte. 
Primeiramente, o autor explicita como a massa apresenta-se como algo onde é presente uma certa harmonia em sua forma, e sendo assim, apenas um único evento inconveniente dentro desta espalharia-se nela toda e a massa seria influenciada por tal acontecimento. Em seguida é levantado o argumento, baseando-se em Le Bon, onde a formação da massa está a serviço de um determinado propósito.
Freud foca também em seu texto no processo de identificação, processo este que se mostra completamente interligado ao que se refere às nossas escolhas amorosas. Ao desenvolver mais profundamente a teoria da identificação, o autor demonstra ao mesmo tempo como o complexo de Édipo é relevante de forma geral em seus postulados, já que ele, a partir de então, configura-se como o modo de constituição do desejo sexual pela via da identificação. É por meio deste complexo que se pensa acerca do narcisismo e de como se constituem as leis da escolha de objeto.
Com base nos escritos freudianos, fica evidente que a identificação é a forma primordial de conexão afetiva no nosso desenvolvimento e também de extremo valor para a formação do complexo de Édipo nos seres humanos. A identificação constrói-se de maneira ambivalente, existindo a possibilidade de ocorrer tanto de forma afetuosa como de forma agressiva. Freud explicita que a identificação pode tomar o lugar da escolha do objeto e a escolha do objeto pode retornar à identificação, que é o que acontece quando o sujeito adquire uma ou mais qualidades do outro em forma de sintoma. 
O que é apontado por Freud é que, por meio de observações, ele constata que o termo “amor” é utilizado e atribuído à inúmeros tipos de relações, e sendo assim, é viável colocar em questão o que seria esse “amor” e se aquilo que é assim denominado o seja de fato. O autor então passa a falar sobre o enamoramento e, em seguida, realiza uma comparação deste com a hipnose. 
O que Freud nomeia como enamoramento, é o que chamamos de “amor comum” no nosso dia a dia, o que sentimos por nossos parceiros e parceiras; para ele, este enamoramento é um investimento objetal – ou mais de um – da ordem dos instintos sexuais e o seu papel está associado a satisfação sexual direta, deixando de existir quando esta é adquirida. Contudo, é necessário que haja uma certeza de que a necessidade antes existente, agora satisfeita, retorne e seja direcionada ao mesmo objeto sexual, formando um investimento efetivamente duradouro. Dessa forma, o objeto sexual permanecerá sendo amado, mesmo quando houver intervalos onde o desejo não estiver presente.
Este enamoramento também apresenta o fenômeno onde o sujeito excetua o objeto amado de seu senso crítico, valorizando características que anteriormente, quando este objeto ainda não era amado, não eram valorizadas. Desta forma, uma ilusão poderá der originada sobre o objeto que pode acabar emprestando valores da satisfação sexual e sendo confundido como objeto que é amado sensualmente, conceito que, essencialmente, sugere a definição do que é a idealização. O enamoramento pode ser enxergado também por uma perspectiva vinculada ao narcisismo, onde o sujeito escolheria em suas relações amorosas indivíduos que apresentem características que ele deseja para si mesmo ou como forma de substituir um ideal não atingido por ele, assim satisfazendo o seu narcisismo. 
A seguir, uma comparação entre o enamoramento e a hipnose é efetuada, já que nos dois casos, o enamorado ou o hipnotizado demonstram grande humildade com relação ao outro e ambos também renunciam suas iniciativas pessoais, contudo, no caso da hipnose, não existe satisfação das aspirações sexuais que no enamoramento é apresentada como uma hipótese de ser satisfeita futuramente. A maior distinção destes dois casos é que na hipnose as características de submissão, docilidade e falta de senso crítico são apresentadas mais claramente. É possível perceber que nos dois casos ocorre uma abdicação dos desejos do ideal do Eu, porém no enamoramento isso ocorre de forma temporária. Na hipnose, por exemplo, existem pessoas que não se deixam hipnotizar e também existem aquelas que se mostram excessivamente receptivas ao procedimento da hipnose. 
Com base no que foi supracitado, Freud explicita sobre a constituição das massas e como essa relação dos indivíduos com um líder tem bastante semelhança com o processo da hipnose. Na formação das massas, vários indivíduos abandonam seus ideais do Eu e o posicionam em um único sujeito e então identificam-se uns com os outros nessa organização que torna seus ideais do Eu um objeto em comum para todos. 
É interessante notar que, apesar de este texto ter sido escrito há quase uma década, ainda se faz extremamente atual. As teorizações de Freud podem ser utilizadas para analisar e explicar as presentes alienações e comportamentos da nossa sociedade contemporânea, principalmente no que diz respeito a ideologias políticas. O que o autor realiza é um postulado atemporal, que fornece em sua escrita a certeza de como o social pode influenciar o indivíduo e que, a partir disso, cabe a nós tirarmos proveito deste conhecimento e o utilizar de forma benéfica para a sociedade como um todo.
REFERÊNCIA:
FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do eu [1921, In: Psicologia das massas e análise do eu e outros textos (1920-1923); tradução Paulo César de Souza – São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

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