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FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DO ESPÍRITO SANTO – PIO XII BIOMEDICINA Cristiane Gonçalves da Cruz Julia Ferreira Lopes Kamila Gonçalves da Silva Lorenzo Almeida Viana Vitor Marun Vicente ACIDOSE/ALCALOSE RESPIRATÓRIA E GASOMETRIA Cariacica/ES 2020 Cristiane Gonçalves da Cruz Julia Ferreira Lopes Kamila Gonçalves da Silva Lorenzo Almeida Viana Vitor Marun Vicente ACIDOSE/ALCALOSE RESPIRATÓRIA E GASOMETRIA Trabalho acadêmico, apresentado a disciplina de Bioquímica Clínica, como requisito para obtenção de nota parcial para aprovação. Orientado pelo Prof.: Dr. Afrânio Côgo Destefani. Cariacica/ES 2020 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo dissertar sobre os distúrbios do equilíbrio ácido-base, focando em seus distúrbios relacionados à alcalose e acidose respiratória. A fim de mostrar a nível bioquímico, as mudanças fisiológicas e compensações que o metabolismo tenta realizar para manter a homeostase. Mostrando com detalhes quais situações constam como alcalose e alcalose respiratória, suas respectivas consequências e tratamentos, mostrando seus respectivos pontos de origem, além de citar qual a influencia no controle do pH sanguíneo. A metodologia aplicada foi revisão bibliográfica, buscando o assunto tema em livros e plataformas. Como resultados obteve-se que para o diagnóstico e tratamento corretos adequados, se faz necessário a avaliação de alterações nos valores da gasometria associados a casos clínicos. Conclui-se então que, é extremamente necessário o conhecimento sobre os distúrbios do equilíbrio ácido- base, pois somente a partir disso pode-se conduzir o tratamento correto para o paciente. Palavras-chave: acidose/alcalose respiratória, pH, equilíbrio ácido-base, distúrbios do equilíbrio ácido-base. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .........................................................................................6 2. OBJETIVO ...............................................................................................8 2.1. Objetivo Geral ..............................................................................................8 2.2. Objetivo Específico ..................................................................................... 8 3. METODOLOGIA ......................................................................................9 4. REFERÊNCIAL TEÓRICO ....................................................................10 4.1. Conceitos Gerais .......................................................................................10 Alcalose Respiratória .....................................................................................10 Fisiopatologia .................................................................................................11 Diagnostico .....................................................................................................11 Acidose Respiratória .....................................................................................12 Fisiopatologia..................................................................................................13 Diagnostico......................................................................................................13 4.2. CAUSAS DA ACIDOSE/ALCALOSE RESPIRATÓRIA (Alterações da Fisiologia) .........................................................................................................14 4.3. QUADRO LABORATORIAL ......................................................................17 Valores Gasometria .......................................................................................17 4.4. COMPENSAÇÃO DA ACIDOSE/ALCALOSE RESPIRATÓRIA ...............19 Compensação da Acidose Respiratória ......................................................19 Sistema Tampões ..........................................................................................19 Mecanismo Renal ..........................................................................................20 Mecanismo Respiratório ...............................................................................20 Compensação da Alcalose Respiratória .....................................................20 Sistema Tampões ..........................................................................................21 Mecanismo Renal ..........................................................................................21 Mecanismo Respiratório ...............................................................................21 4.5. TRATAMENTO DA ACIDOSE/ALCALOSE RESPIRATÓRIA ..................22 Tratamento da acidose respiratória ..............................................................22 Tratamento da alcalose respiratória .............................................................22 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................23 6. CONCLUSÃO.........................................................................................25 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS......................................................26 6 1. INTRODUÇÃO Burtis et al (2008) definem que o equilíbrio ácido-base, é a homeostasia de ácidos e bases no corpo, para obter um pH fisiológico de aproximadamente, 7,40. Quando o pH sanguíneo arterial apresenta valores > 7,45 o corpo esta em estado de alcalemia, se apresentar valores de pH sanguíneo arterial < 7,35 esta em estado de acidemia. A acidose e alcalose respiratória de acordo com Piva et al (1998), são consequências do desequilíbrio de componentes bioquímicos do corpo humano, que por fatores de compensação vai tentando se reajustar e garantir a fluidez sem nenhum dano, onde são classificados de acordo com a causa inicial que podem vir de origem metabólica ou respiratória e tem como principal consequência resultantes em insuficiência do sistema respiratório e mudanças em componentes reguladores de pH, esse controle de pH se deve ao fato de que as células do corpo humano produzem dióxido de carbono (CO2) continuamente no metabolismo final, onde parte deste produto de dissolve no sangue, estabelecendo um equilíbrio iônico mantendo o pH estável. Burtis et al (2008) descrevem que alcalose respiratória é causada por hiperventilação, um processo patológico que elimina em excesso o CO2 diminuindo a PCO2 e aumentando o pH. Já a acidose respiratória é descrita como o contrario, pelo acúmulo de CO2, aumentando a PCO2 e diminui o pH, uma hipoventilação. A correção desses desequilíbrios pelos mecanismos compensatórios como tampões, ação renal, e pulmonar, mas podem nem sempre ser adequadas. Existem condições que favorecem acidose respiratória, de acordo com Burtis et al (2008), que são fatores relacionados diretamente com o centro respiratório como: drogas, traumas do sistema nervoso central, hipoventoilação central primaria. Além de condições que afetam o aparelho respiratório, como doença pulmonar obstrutriva crônica, fibrose pulmonar e muitos outros fatores. Bem como a acidose, a alcalose respiratória também tem seus fatores que predispõem o corpo a desenvolvê-la, como os fatores relacionado à estimulação não pulmonar do centro respiratório, como ansiedade, histeria, estados febris, e os fatores associados a distúrbios pulmonares como pneumonia asma, embolia 7 pulmonar, além de outras condições associadas (BURTIS; ASHWOOD; BRUNS, 2008). Os distúrbios do equilíbrio ácido-base são, muitas vezes considerados como difícil compreensão e bastante complexos, bem como seus princípios fisiopatológicos. Mas é de fato, extremamente importante conhece-los a fim de determinar suas causas e possíveis problemas futuros. A identificação de cada distúrbio através de seu diagnóstico de maneira correta é fundamentalpara uma boa conduta de tratamento (CARLETTE, 2012). 8 2. OBJETIVO 2.1. Objetivo Geral Dissertar sobre os distúrbios do equilíbrio ácido-base. 2.2. Objetivo Específico Dissertar, explicar e entender, sobre o distúrbio do equilíbrio ácido-base relacionado à acidose respiratória, alcalose respiratória e valores referentes à gasometria, bem como suas ações fisiológicas destes distúrbios, tratamentos e consequências para o organismo. 9 3. METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizado um estudo de revisão bibliográfica, buscando o assunto tema em livros de fisiologia e bioquímica, e utilizando as plataformas SciELO, PubMed e Google Acadêmico, utilizando as palavras-chave “distúrbios do equilíbrio ácido-base”, “alcalose respiratória” e “acidose respiratória”. 10 4. REFERENCIAL TEÓRICO 4.1. Conceitos Gerais Se a formação metabólica de CO2 permanecer estável, a pCO2 (pressão parcial de CO2) é o único fator a ser afetado, pois quanto maior a ventilação alveolar, maior eliminação de CO2, consequentemente, redução da pCO2 (GUYTON e HALL, 2017). Ainda de acordo com Guyton e Hall (2017), as pressões parciais são utilizadas para apresentar os gases na respiração; a pressão realizada por um gás qualquer em uma mistura de gases (pressão parcial do gás) é igual à pressão total da quantidade total de gás que ele equivale. A pressão de um gás é proporcional a sua temperatura e ao numero de moles ocupando um volume específico. Alcalose Respiratória A alcalose respiratória de acordo com Burtis et al (2008), se dá pela hipocapnia, (diminuição da pCO2), na corrente sanguínea e alterações da concentração de íons H+ no sangue, resultante de eliminação constante e excessiva de CO2 pelos alvéolos pulmonares; ocorre a velocidade e profundidade aumentada da respiração (hiperventilação). Não só a eliminação excessiva de CO2 influencia no aumento da concentração de H+ (isso ocorre para que os valores normais voltem ao normal – controle por feedback negativo), mas também, o aumento da concentração de H+ afeta a ventilação alveolar (GUYTON e HALL, 2017). Figura 1: controle por feedback da concentração de H+ pelo sistema Fonte: Guyton e Hall, 2017. 11 Quando a concentração de H+ aumenta, o sistema respiratório estimula a ventilação alveolar, o que consequentemente diminui a concentração de pCO2; para que os valores normais voltem, é preciso que ocorra a diminuição da concentração de H+, assim, o centro respiratório é inibido, a ventilação alveolar diminui e a concentração de H+ aumenta para seu valor de origem (GUYTON e HALL, 2017). Guyton e Hall (2017) complementam ainda que, as concentrações de H+ são reduzidas e o pH sanguíneo aumenta. Essa alteração, conhecida como alteração compensatória, resulta na diminuição de HCO3 -, tornando o sistema tampão HCO3/CO2 equilibrado. De acordo com Gluck, S.L., (1998), quando ocorre uma redução aguda, há uma pequena diminuição, da concentração plasmática de HCO3 -, essa redução é imediata, e resultante da captação celular de HCO3 - em troca por Cl-. Na alcalose respiratória crônica, a reabsorção do HCO3 - pelos rins é inibida, o que leva à bicarbonatúria, e diminuição, após minutos a horas, da concentração de HCO3 - no plasma sanguíneo, levando de 2 a 3 dias para retornar a um estado de equilíbrio. Fisiopatologia De acordo com Carlotti (2012), o mecanismo de fisiopatologia em casos de alcalose respiratória ocorre, pois, a redução aguda da PCO2 causa uma diminuição da concentração plasmática de HCO3 -, que apensar de ser pequena, esta é imediata (devido a captação de HCO3 -). Essa condição, também leva a captação de K+ e de fosfato, diminuindo suas concentrações e aumentando a ligação do Ca+ com albumina sérica. Já na alcalose respiratória crônica, há uma inibição da reabsorção de HCO3 - resultando em bicarbonatúria, e diminuição da concentração de HCO3 -, atingindo um um novo estado de equilíbrio plasmático, após 2 a 3 dias. A hipocapnia causa redução correspondente da PCO2 e queda da concentração de HCO3 -, corrigido então o pH. Diagnóstico Carlotti (2012) ressalta ainda que para que se investigue a presença de uma doença associada com a alcalose respiratória crônica, se faz necessário a anamnese e exame físico. Além de uma avaliação da gasometria, que leva em conta a relação do estado ácido-base e a resposta fisiológica esperada, relacionado a 12 PCO2, determinando se está compensada ou não, e verificando ainda se há um distúrbio ácido-base misto ou não (Fluxograma 1). Fluxograma 1: Abordagem diagnostica para alcalose respiratória. Fonte: Carlotti, 2012. Ravel (2009) aponta como causas para esse distúrbio a síndrome da hiperventilação, que pode, por exemplo, ser causada pela ansiedade ou por histeria, febre alta e a estimulação direta do centro respiratório pelo uso de drogas. Uma alta dosagem de aspirina pode induzir a alcalose respiratória. Acidose Respiratória A acidose respiratória é caracterizada, segundo Gowrishankar M., (2007) e Halperin M.L., (2010) pelo aumento da pCO2 e da concentração de íons H + no plasma, causado pelo desequilíbrio entre a produção de CO2 no metabolismo e a eliminação do mesmo pelos alvéolos pulmonares. Para Constanzo (2007) a acidose é causada pela hipoventilação, o que resulta numa maior retenção de CO2. Essa obstrução pode ser causada pela falha na troca de CO2 entre o sangue dos capilares pulmonares e o gás alveolar. O perfil do sangue arterial, observado em casos de acidose respiratória é: pH↓ [HCO3 -]↑ PCO2↑ 13 Constanzo (2007) descreve ainda que para que ocorra esse perfil sanguíneo, ocorre a retenção de CO2 e aumento da pCO2. Esse aumento é o distúrbio primário que tem como consequência o aumento a concentração de HCO3 -. Fisiopatologia Carlotti (2012) descreve que existem dois tipos de acidose respiratória: a tecidual e a ventilatória. A acidose respiratória do tipo tecidual é causada pela diminuição da pCO2 resultante da diminuição do volume sanguíneo arterial efetivo. Quando algum órgão tem seu fluxo sanguíneo diminuído, há aumento da pCO2, tornando o sistema tampão de bicarbonato intracelular ineficiente e permitindo a ligação de íons H+ às proteínas celulares. (CARLOTTI, 2012). A acidose respiratória do tipo ventilatório ocorre por eliminação ineficiente, por parte dos pulmões, do CO2 produzido pelo metabolismo. O acúmulo de CO2 pode ser resultado de hipoventilação ou doença pulmonar. Na acidose aguda, há um pequeno aumento da concentração de CO2 no plasma sanguíneo, resultado do tamponamento intracelular de H+, causando a saída de HCO3 - em troca de Cl-. Na acidose crônica, a hipercapnia prolongada causa acidemia, resultando na excreção de NH4 + e reabsorção indireta de HCO3 - pelos rins, causando aumento da concentração plasmática de HCO3 -, levando de 3 a 5 dias para retornar ao estado de equilíbrio plasmático. (CARLOTTI, 2012). Diagnóstico Carlotti (2012) descreve que o diagnóstico para acidose respiratória, tem os mesmos princípios já citados no diagnóstico para alcalose respiratória. O que difere um do outra é a importância de mensurar a pCO2 venosa, para verificar a eficácia do sistema tampão do bicarbonato, no caso da acidose respiratória (Fluxograma 2). Fluxograma 2: Abordagem diagnóstica para acidose respiratória. 14 Fonte: Carlotti, 2012. Guyton e Hall (2017) resumem que na acidose respiratória, a causa é a respiração deprimida. Ravel (2009) ressalta que,para que esse distúrbio ocorra, estão incluídas algumas condições como, uso excessivo de medicamentos como a morfina, doença pulmonar primária como o enfisema grave e/ou fibrose pulmonar. 4.2. CAUSAS ACIDOSE/ALCALOSE RESPIRATÓRIA (alterações fisiológicas) De modo geral, em base dos conceitos de BAYNES et al (2015), a acidose é conceituado pelo acumulo de H+ e a alcalose é causada pela perda da concentração de H+; acidemia e alcalemia são termos utilizados para descrever o pH sanguíneo. O pH do sangue oscila entre 7,35 e 7,45. Havendo aumento das concentrações de H+, o pH ficará acidótico, ficando abaixo de 7,35; assim como, diminuindo as concentrações de H+ no sangue, o pH ficará acima de 7,45, configurando alcalose (FURONI, et al, 2010). Conforme FURONI, et al, 2010, valores alterados caracteriza a fase primária do equilíbrio ácido-base (EAB), demonstrado na tabela 1. Tabela 1: Equilíbrio ácido-base. 15 Fonte: Banes, et al, 2015. A tabela representa o perfil ácido-base do sangue arterial, demonstrando as alterações das atividades do organismo, resultando em variações do pH. As principais causas de distúrbios do equilíbrio ácido-base (EAB) são classificadas por sua localização da causa primária nos componentes respiratórios, respectivamente. Alterações da concentração da pCO2 é categorizada como respiratória. Acidose respiratória é desenvolvida pelo aumento da pressão parcial de CO2 (pCO2); Alcalose respiratória é quando a pCO2 está reduzida. Como descrito anteriormente, a acidemia é o excesso de H+ no sangue, alcalemia é a diminuição de H+ no sangue. Nas células teciduais, acidose é o acumulo de H+ e a alcalose é a perda de H+ (BAYNES, et al, 2015). O pulmão e os rins atuam em conjunto para minimizar alterações do pH no sangue. Tal ação é chamada de compensação dos distúrbios ácido-base (BAYNES, et al, 2015). Anormalidades na respiração podem causar mudanças na concentração de H+. O comprometimento da função pulmonar reduz a eliminação de CO2 pelos pulmões (GUYTON E HALL, 2017). A acidose respiratória é acometida com mais frequência em doenças pulmonares que afetam as trocas gasosas (expiração excessiva de CO2 e baixa inspiração de O2), como a DPOC – doença pulmonar obstrutiva crônica. A doença leva a uma redução na ventilação pulmonar, pois, em uma crise de asma grave pode resultar em uma constrição nos brônquios, o que leva a uma acidose respiratória acompanhada de uma hipoxia; com um aumento da pCO2, ocasiona uma redução da pO2 (BAYNES, et al, 2015). Neste caso, a ação compensatória da pCO2 é reduzida e o único mecanismo a retomar o pH ao normal é o bicarbonato formado nos rins (GUYTON E HALL, 2017). 16 Quando acontece da cetoacidose diabética diminuir a concentração de bicarbonato no sangue, o CO2 aumenta, ou seja, a taxa de ventilação aumenta e a pCO2 no sangue diminui, desregulando o quociente bicarbonato/ pCO2 (BAYNES, et al, 2015). Conforme Évora et al (2008), na acidose respiratória, é definido como fase aguda o comprometimento do SNC (poliomielite anterior aguda, intoxicações do meio externo, além de comas e traumas), danificação funcional e anatômica da caixa torácica, como ossos e músculos. Uma alcalose respiratória é acometida pela hiperventilação durantes esforços físicos, em casos de febre, ataques de ansiedade ou na gravidez (Baynes, et al, 2015). Na fase aguda, ocorre à estimulação do centro respiratório bulbar, como encefalite, infecções sistêmicas, intoxicação por ácidos (salicilato), hipoxemia e estimulação de receptores torácicos. Já no período crônico, consiste de vários mecanismos, incluindo a falta de oxigenação (hipoxia), carência hepática e carência de amônio (sintetizada e eliminada pelos rins na mesma proporção, porem, em casos de alcalose, quebrando esta homeostase, a excreção cai para 18%), incluindo assistência respiratória e lesões no SNC (ÉVORA, et al, 2008). Na tabela 2 mostra a ação da compensação respiratória e metabólica dos distúrbios ácido-base. Tabela 2: Compensação dos distúrbios ácido-base FONTE: Baynes, et al (2015) Como observado na tabela acima, distúrbios respiratórios levam a compensações metabólicas agirem, do mesmo modo, distúrbios metabólicos levam a compensações respiratórias regularem o equilíbrio ácido-base. 17 Existem outras situações importantes prováveis de acontecer pela alteração do equilíbrio ácido-base, entre elas, uma parada cardíaca, ocasionada pela acidose metabólica e respiratória, respectivamente, pela parada de oxigênio nos tecidos e ventilação pulmonar (ÉVORA, et al, 2008). 4.3. QUADRO LABORATORIAL Valores Gasometria Quando falamos de quadro laboratorial em relação aos valores gasométricos de acidose e alcalose respiratória, existem alguns principais pontos a serem analisados. Utilizam-se amostras de sangue para medir os principais parâmetros desta síndrome (ROCHA, 2011). A gasometria permite analisar os gases sanguíneos (O2 e CO2), pH, saturação de O2, pCO2 e valores de alguns eletrólitos presente no sangue. O diagnóstico faz o acompanhamento de doenças respiratórias, fornecendo informações confiáveis sobre oxigenação do paciente, ventilação pulmonar e o equilíbrio ácido-base (VIEGAS, 2002). A obtenção dessa leitura é realizada pela comparação dos parâmetros da amostra com padrões do gasômetro. A leitura pode ser tanto de amostras do sangue arterial, quanto venoso, porém, para uma interpretação correta dos resultados, é importante saber qual a origem da amostra. Por exemplo, se o intuito do exame é somente analisar a medição do pH, a gasometria venosa é a mais convencional; avaliação da função pulmonar é adquirida através do sangue arterial, permitindo avaliar a quantidade de oxigênio presente nos tecidos (VIEGAS, 2002). Os valores de gasometria são expressos em diferentes parâmetros, do sangue arterial e venoso, relatadas no quadro abaixo: Tabela 3: valores de gasometria arterial e venosa Fonte: Adaptado de Foroni et al, 2010. 18 Pacientes com distúrbios ácido-básicos, avaliados através da gasometria, tende a ser realizadas em três etapas: (PIVA, et al, 1999). Na primeira etapa consiste na realização da leitura e interpretação do pH sanguíneo. A normalidade situa-se entre 7,35 e 7,45, porém, é relativamente considerável o valor de 7,40; valores abaixo de 7,40 são considerados acidóticos e valores acima, são chamados de alcaloses. São definidos como distúrbio primário (PIVA, et al, 1999). A segunda é realizar a leitura e interpretação da pCO2 para definir a causa do distúrbio primário. A faixa de normalidade está entre 35 e 45 mmHg, mas para identificar os prováveis mecanismos primários, o valor de 40 mmHg é utilizado; qualquer valor acima é interpretado como acidose respiratória, e abaixo desse valor, alcalose respiratória. Com base na leitura e interpretação do pH, da para saber se a alteração na pCO2 é primária ou é um fenômeno de compensação (PIVA, et al, 1999). A terceira etapa inclui a leitura e interpretação do HCO3 -. Sua concentração situa-se entre 22 e 26 mEq/l e para uma identificação provável de mecanismo primário e compensatório, seu valor é de 24 m Eq/l. Assim, valores acima de 24 mEq/l é conhecido como alcalose metabólica, inferior a esse valor, acidose metabólica. Da mesma forma, com a leitura e interpretação do pH, é possível entender se a alteração no HCO3 é primária ou compensatória (PIVA, et al, 1998). O exame também utiliza como base para determinação de acidose/alcalose uma fórmula criada por Henderson-Hasselbach (figura 2), fundamental para o entendimento do equilíbrio: Figura 2: Equação de Henderson-Hasselbach Fonte: Constanzo (2007) Assim, podemos definir que, para o funcionamento correto e adequado do pH depende da função renal e respiratória (ROOTH G, 1978). 19 4.4. COMPENSAÇÃO DAACIDOSE/ALCALOSE RESPIRATÓRIA Compensação da Acidose Respiratória O mecanismo compensatório para a acidose respiratória ocorre de imediato via tampões, depois pelos rins, e quando possível através dos pulmões (BURTIS; ASHWOOD; BRUNS, 2008). Sistema Tampões De acordo com Aires (2008), quando há a junção de um ácido fraco e de um sal de base forte (ou o contrário, base fraca e sal de ácido forte) chamamos de sistema tampão. Pois diminui a alteração do pH de uma solução frente à adição tanto de um ácido forte quanto de uma base forte. Burtis et al (2008), complementam que se as concentrações dos componentes do ácido e da base de um tampão forem iguais, o pH e o pK serão iguais. Burtis et al (2008), afirmam que, este é o primeiro mecanismo compensatório para acidose metabólica. O excesso de ácido carbônico pode ser tamponado pelos sistemas tampão de hemoglobina e proteína. Aires (2008) descreve que o tampão de hemoglobina, bem como de qualquer proteína, tem sua capacidade tamponante ligada à presença de radicais nos ácidos fracos e de bases fracas. Dependendo do pH as proteínas podem funcionar tanto como cátions (+) ou como ânions (-). Em pH normal (7,0) estas funcionam como ânions. A hemoglobina deve sua capacidade tamponante ao átomo de ferro que esta contido em sua molécula, que se ligado ao oxigênio ou se reduzido, causa uma distribuição de elétrons, em especial no grupo da histidina. Então, os radicais imidazólicos da histidina (figura 3) removem o oxigênio da molécula, o que transforma este grupo em um ácido mais fraco, reduzindo então seu grau de dissociação do íon H+ do grupo. Assim este grupo vai, após a dissociação do oxigênio da molécula de hemoglobina, ao nível dos tecidos, ser transformado em ácido não dissociado, tamponando então, ions H+. A este efeito, dá-se o nome de reciproca de Bohr, caracterizado pela maior afinidade da molécula de hemoglobina por oxigênio em meio alcalino (pCOz baixa) e redução dessa afinidade em baixo pH, (pCOz alta). Figura 3: Grupos imidazólicos da histidina, agindo como tampão. 20 Fonte: Aires, 2008. Mecanismo Renal Os rins segundo Burtis et al (2008), respondem a acidose respiratória, com a troca de Na+H+ aumentada, formação de amônia aumentada, e com o reaproveitamento de bicarbonato também aumentado. Em casos de acidose respiratória crônica, quando esta parcialmente compensada, em estado estável, o pH plasmático volta ao seu estado de quase normalidade, isso se comparada ao estado de acidose respiratória aguda, (não compensada). Mecanismo Respiratório O mecanismo de compensação respiratória, inicia-se alguns minutos após a alteração ácido-básica, sendo o segundo mecanismo a ser ativado para variações de pH (FORONI et al, 2010). Para o mecanismo respiratório, Burtis et al (2008) afirmam que há um aumento em PCO2, estimulando o centro respiratório, aumentando então a velocidade e profundidade da respiração pulmonar. A eliminação de CO2 resulta em uma diminuição do mesmo. Assim, a razão de HCO3 -/ CO2 e do pH fica próximo ao normal. Já para Constanzo (2007), por se tratar de um distúrbio respiratório, não há compensação respiratória. Compensação da Alcalose Respiratória Para Burtis et al (2008), os mecanismos respondem a alcalose respiratória em dois estágios: no primeiro, os tampões de hemácia e tecidual, fornecem ions H+ que 21 por sua vez, consomem pouco HCO3 -. Já no segundo estagio, depende da compensação renal, pois há um reaproveitamento diminuído de HCO3 -. Constanzo (2007), afirma que bem como a acidose respiratória a compensação da alcalose respiratória pode ser dividida em fases. São elas: Sistema Tampões O tamponamento, neste caso, ocorro única e exclusivamente no líquido intracelular (LIC), em especial nas hemácias, então o CO2 sai das células, e como consequência o pH intracelular aumenta. (CONSTANZO, 2007). Mecanismo Renal Constanzo (2007), afirma que esta compensação se baseia no fato de que ocorre uma menor excreção de H+, o que resulta numa diminuição da síntese e da reabsorção de novas moléculas de HCO3 -. Assim, a diminuição de absorção de HCO3 -, diminui a sua concentração no sangue. Na alcalose respiratória aguda, a compensação renal ainda não ocorreu, o que faz com que o pH seja alto. Já quando se trata de alcalose respiratória crônica, a compensação renal esta acontecendo, o que como consequência causa uma diminuição ainda maior da concentração de HCO3 -, e tende a normalizar a razão HCO3 -/ CO2 normalizando também o pH (CONSTANZO, 2007). Mecanismo Respiratório Bem como na acidose respiratória, Constanzo (2007), afirma não existir mecanismos compensatórios neste caso, por se tratar de um distúrbio respiratório. A tabela (4) trás um resumo de como os mecanismos compensatórios funcionam, bem como a ordem em que são ativados. Tabela 4: Fatores regulatórios alcalose e acidose respiratória. Fonte: http://www.ufrgs.br/leo/site_ph/compensacao.htm. Acesso em: 25 maio 2020. 22 4.5. TRATAMENTO ACIDOSE E ALCALOSE RESPIRATÓRIA Mota e Queiroz (2010) ressaltam que antes de destacar sobre os tratamentos específicos, é importante atentar-se que a gasometria e um exame subsidiário, que deve ser analisado com diversos fatores clínicos do paciente. Observando que: o tratamento fundamenta-se em dosagens frequentes e seriado dos gases e do pH sanguíneo. Tratamento da Acidose Respiratória Para o tratamento do diagnóstico, Mota e Queiroz (2010) destacam como alternativas, a oxigenação e ventilação adequadas. Isso se da pela manutenção das vias aéreas livres, correção da hipóxia e hipercapnia. Um erro frequentemente cometido é a administração de bicarbonato de sódio com base somente no valor do pH. Etges (2005) complementa que o tratamento dependerá da causa primaria. O tratamento para os casos de acidose respiratória crônica, torna-se mais complicado, pois muitas etiologias são consideradas irreversíveis. Nos casos de pneumonia deve-se usar broncodilatadores e antibióticos. Casos como convulsões e arritmias cardíacas são complicações das alterações rápidas da PCO2. A orientação é hiperventilar somente em casos extremos, para que não haja a inibição do estimulo a hipóxia. Não se deve usar bicarbonato no tratamento de acidose respiratória, pois a utilização do bicarbonato eleva a PCO2 causando narcose. Tratamento da Alcalose Respiratória De acordo com Mota e Queiroz (2010) Combater a hiperventilação com sedação em pacientes ansiosos e histéricos. A diminuição da hipoventlação pode ser tentada e que tem por característica a normalização da PCO2, uma vez que permite a respiração espontânea, intercalada pelo auxílio do respirador. Além disso, são necessárias ações que tratem as causas dos distúrbios. Reduzindo a temperatura corporal, por exemplo. Em casos de anemia e hiperventilação, se faz necessário observar a formação de acido lático. ETGES (2005). 23 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO A acidose e alcalose respiratória são síndromes que tem o diagnóstico e resultados precisos devido à alta especificidade do exame gasométrico. São desenvolvidas, quase sempre por fatores respiratórios ou problemas similares, onde são envolvidos fatores regulatórios, chamados de compensação, para o equilíbrio ácido-base. As alterações nos valores gasométricos são sempre associadas a dados clínicos, (PIVA et al, 1998). O mecanismo de compensação trabalha com parâmetros opostos, por exemplo, a pCO2 nos distúrbios metabólicos e a concentração de HCO3 - nos distúrbios respiratórios. Essa compensação tende a manter o valor do pH o mais normal possível (FURONI, et al, 2010). Piva et al (1998) ressalta que existe uma grande dificuldade para interpretar o que se trata de um evento causador (primário), e o que é um evento compensatório (secundário). Um exemplo é no caso onde um pacienteapresenta retenção de CO2 e elevação de bicarbonato, o caso se trataria de uma alcalose metabólica, como causa primaria ou e acidose respiratória como causa secundaria. Ou se trataria do contrario? Pois a depender da interpretação desses dados e valores, o tratamento será totalmente diferente. Distúrbio na acidose respiratória é gerado pelo excesso de H+ e hipoventilação, onde são compensados pelo aumento da formação de HCO3 - nos rins, aumentando a concentração dele no plasma e aumento da ventilação pulmonar; a alcalose respiratória é desencadeada pela baixa Pco2, acometida pela eliminação de CO2. Sua compensação é na administração de H + na forma de ácido clorídrico ou cloreto de amônio (CONSTANZO, 2007). Vale ressaltar ainda que, é importante ressaltar que existem diferenças importantes ao realizar o exame com amostras de sangue venosa ou arterial. Como os distúrbios podem ser de origem renal ou respiratória, com analise na função respiratória, o ideal é fazer a coleta do sangue arterial, devido ao sangue venoso não permitir a analise dessa função. O índice de erros são extensos. A realização da amostra de sangue arterial tende a entregar um diagnostico completo, com analise dos desvios ácido-básicos de origem respiratória ou metabólica (TIERNEY, 1993). Alguns fatores são predisponentes a danificar e/ou influenciar o resultado o exame de gasometria: hipervetilação do paciente na hora da realização do exame, 24 leucocitose em grande escala, alterando os valores da pO2, levando a um resultado falso-positivo de hipoxemia. O resfriamento inadequado da amostra pode elevar o pH e diminuir a pO2 (TIERNEY, 1993). 25 6. CONCLUSÃO Conclui-se então, que os distúrbios do equilíbrio ácido-base causam diversos danos ao organismo. Há uma necessidade de conhecer a fundo cada um desses distúrbios, sua etiologia e seu tratamento, para seguir a melhor conduta nesse tratamento. A alcalose e a acidose respiratória podem ser consideradas tanto a causa primária, ou a causa secundária (causa e compensação, respectivamente). Além de suas causas estão diretamente associadas a casos de acidose e alcalose metabólicas, sendo compensadas umas pelas outras. Dessa maneira, a avaliação dos valores de gasometria, e a interpretação correta desses valores são de extrema importância, visto que associa no diagnostico. Vale ainda ressaltar, que valores como o pH sanguíneo, por si só não pode ser usado como única chave para fechar o diagnostico, e que este deve ser associado tanto a valores gasométricos como a fatores clínicos apresentados pelo paciente. Assim, associando de maneira correta, os fatores clínicos, valores de pH e a interpretação correta da gasometria, fecha-se o diagnostico, e a conduta para o tratamento será definida da melhor maneira possível. 26 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GUYTON E HALL, Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro: Centro, 2017. BAYNES, J. W., et al, Bioquímica Médica. 4ª ed. , 2015. BARRETT, K. E. et al. Fisiologia médica de Ganong. 2014. Porto Alegre: AMGH, 2014. BURTIS, Carl A.; ASHWOOD, Edward R.; BRUNS, David E.. Tietz: Fundamentos de química clínica. 6.ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2008. 959 p. FURONI, Renato Marinho et al. Distúrbios do equilíbrio ácido- básico. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, v. 12, n. 1, p. 5-12, 2010. ÉVORA, Paulo Roberto Barbosa; GARCIA, Luis Vicente. Equilíbrio ácido- base. Medicina (Ribeirão Preto), v. 41, n. 3, p. 301-311, 2008. GUYTON, Arthur Clifton. Tratado de fisiologia médica. Elsevier Brasil, 2006. COSTANZO, Linda S. 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