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APLICAÇÕES DO DIAGNOSTICO POR IMAGEM EM ONCOLOGIA- Profº Edgar Neoplasia de pulmão e metástases mais frequentes INTRODUÇÃO: Aumento da prevalência na sociedade atual – devido a fatores: – Aumento da expectativa de vida/ Controle das doenças infectocontagiosas – antigamente matava pessoas novas e hoje em dia com o advento da descoberta de antibiótico e outras drogas/ Alimentação/ Sedentarismo. O controle do câncer e consequentemente a melhora do prognostico e qualidade de vida do paciente passa por uma tríade que é: o rastreamento, detecção precoce e melhor prognostico. A maioria dos pacientes com doença inicial não tem sintomas e esse é o principal problema do câncer. Então a detecção precoce quase que obrigatoriamente passa por exames de imagens, pois exames de imagens conseguem ver o problema antes de causar os sintomas e se faz o diagnóstico precoce, consequentemente tem mais probabilidade de cura. EPIDEMIOLOGIA DAS NEOPLASIAS: Tipos mais comuns/ mais prevalentes/ incidência de câncer (2º causa mais comum de morte no Brasil / Em 1º DCV): Pele (não melanoma), Próstata, Mama, Colorretal, Pulmão, Estomago e Colo de útero. NEOPLASIA DE PULMÃO: Causa mais comum de óbitos relacionados ao câncer em todo mundo e uma das principais causas de morte evitável. > de 80% relacionado a tabagismo. Risco em tabagistas – 20 a 30 vezes maior. Interrupção do tabagismo reduz o risco, mas ainda assim 50% dos casos ocorrem em ex fumantes. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE PARA O RASTREAMENTO DE CÂNCER DE PULMÃO: o Idade: 55 - 74 anos, sem sinais de CA de pulmão (idade mais comum de início de quaisquer neoplasias – idade de risco para esse desenvolvimento – recomendado fazer rx 1 vez/ano de rastreamento); o Carga tabágica: 30 anos – maço; o Fumantes: Devem; o Ex-fumantes: Devem ter cessado há menos de 15 anos; o Saúde geral (fatores de exclusão): Comorbidades, implantes metálicos na região torácica e necessidade de oxigenioterapia domiciliar. Atenção: Mais do que pedir exames, devemos orientar o paciente que é tabagista a fazer a radiografia de tórax 1 vez por ano, para avaliar possíveis avaliações ainda assintomáticas SINTOMAS DO CA PULMÃO: Não causa sintomas na fase inicial. Apenas 20% dos ca de pulmão tem critério de operabilidade (cirurgia curativa – 1 em 5) no momento do diagnóstico. Sobrevida em 5 anos, por causa disto, desta baixa operabilidade, não ultrapassa 12% em países em desenvolvimento e varia entre 13 – 20% em países desenvolvidos. Maioria dos pacientes são assintomáticos – detecção do tumor ocorre por radiografia ou tomografia computadorizada “acidental” (Incidentaloma) – (Fez por causa da medicina do trabalho que pede radio todo ano, ou por causa de uma dor torácica que não tem relação com a neoplasia, ou suspeita de pneumonia). Sintomas locais: tosse, hemoptoicos, dispneia, dor (comprometimento da parede torácica). Metástases (não obrigatoriamente nessa ordem): Ossos, Fígado, Cérebro, Adrenais – mais comum, Pode ainda dar metástase no próprio pulmão, seja no mesmo lado ou no lado oposto – mais comum. Obs.: Uma vez com metástase, o prognóstico e o estadiamento do paciente muda. Secreção hormonal tumoral e reação imunológica (síndromes paraneoplásicas), ou seja, algumas neoplasias de pulmão podem produzir hormônios e dar algumas síndromes paraneoplásicas, podendo até causar algumas reações imunológicas. Exemplos: Síndrome de Cushing – com produção de corticoide – oat cell. Sintomas gerais – Síndrome consumptiva (“consumido pelo tumor”): Fadiga, anorexia e perda de peso (acentuada e rápido). Tumor de pulmão é a principal causa de Síndrome da veia cava superior - Lembrar que a Veia Cava Superior faz a drenagem venosa dos MMSS e da parte superior (pescoço, cabeça e cérebro), quando o tumor invade a VCS, geralmente uma neoplasia do pulmão direito, ele pode causar uma redução do retorno venoso e dar os sintomas: Descrição: RX – PA apresenta opacidade de aspecto parenquimatoso, comprometendo predominantemente o lobo superior do pulmão direito. Lembrar que o contorno superior direito do mediastino tem: ázigos, veia cava superior e aorta ascendente. Na TC é observada uma grande massa na seta acometendo o lobo superior do pulmão direito com encarceramento ou comprometimento parcial da VCS. A VCS tem um calibre, e quando o tumor entra, ela fica afilada. Isso prejudica o retorno venoso e consequentemente irá apresentar os sintomas da Síndrome da veia cava superior, citados acima. Sendo um tumor inoperável. DIAGNOSTICO POR IMAGEM – RADIOGRAFIA: Barata e útil. 10 a 30% dos casos podem não ser detectados no RX - Limitada para detecção de nódulos < 2 cm. Não confiável para avaliação de potencialidade de ressecção, não permite dizer se o tumor é operável ou não, sempre pede uma TC. MANIFESTAÇÕES RADIOGRÁFICAS MAIS COMUNS: o Nódulos pulmonares (até 3 cm de diâmetro – tem chance de cura); o Massas pulmonares (> que 3 cm – pior prognóstico); o Atelectasia – colapso pulmonar: o tumor cresce, comprime o brônquio, falta ventilação pulmonar e ele murcha; o Pneumonite obstrutiva; o Pneumonia recorrente ou persistente; o Linfonodomegalia hilar ou mediastinal; o Derrame pleural; o Padrão intersticial (linfangite carcinomatosa – quando o tumor invade o linfático do pulmão) o Metástases para o próprio pulmão. NÓDULOS PULMONARES: Pode não ser detectado (RX) antes de atingir 1 cm (Obs: para um nódulo crescer, demora de 8 a 10 meses). Margens espiculadas ou lobuladas (mais sugestivas de neoplasias). Pode ocorrer escavação. Descrição: RX -PA de tórax com visualização de nódulo em pulmão em lobo superior do pulmão esquerdo. Atenção: Toda vez que encontrarmos um nódulo pulmonar, a conduta radiológica correta é solicitar uma TC para melhor avaliação. Na TC ao lado do RX observa-se melhor o nódulo → Devemos agora avaliar se é benigno ou maligno. Descrição: Observamos um nódulo pulmonar com margem irregular, localizada no lobo superior do pulmão direito. Esse nódulo é maligno, pois vemos ele enraizado, sendo com certeza uma neoplasia pulmonar. MESMO O RADIOLOGISTA FAZENDO O DIAGNÓSTICO DE CÂNCER PULMONAR É NECESSÁRIO FAZER BIÓPSIA, lembrando que a biópsia não serve para fechar diagnóstico de câncer e sim para dizer qual é o tipo histológico é aquele câncer, ou seja, qual quimioterapia vai responder melhor. Portanto, a função da biópsia é fazer o estudo histopatológico e até genético daquele tumor, para saber qual a melhor resposta a uma quimioterapia. Descrição: 1) RX tórax - PA: Derrame pleural intercisural: há líquido entre as folhas viscerais que dividem o pulmão em lobo inferior e lobo médio → Derrame pleural sem causa aparente, devemos pensar em neoplasia pulmonar. 2) RX tórax - PA: Derrame pleural em pulmão direito – linha de Damoiseau. Como conduzir esse caso? Toracocentese para análise de células neoplásicas no líquido (pode dar negativa mesmo tendo tumor). Solicitar TC para avaliar a etiologia desse derrame pleural: se é um tumor, pneumonia (depende da clínica do paciente). TUMOR DO SULCO POSTERIOR = TUMOR DE PANCOAST =CARCINOMA APICAL: 5% dos casos de câncer de pulmão → tumor com grande relevância clínica, se analisar bens as queixas do paciente consegue-se fazer o diagnóstico precoce. Anatomicamente aparece no sulco posterior, que é o sulco criado pela passagem da artéria subclávia até a pleura dos ápices pulmonares. A massa é localizada no ápice do pulmão ou ocorre um espessamento pleural irregular apical. Atenção: o tumor pode acometer os nervos adjacentes causando sintomas de dor → valorizar a queixa e pedir RX de tórax e fazer diagnóstico. Cerca de 30% dos tumores de Pancoast estão associados a destruição da costela e/ou vertebra adjacente – se torna irressecável. QC = dor torácica alta, subclávia e intensa. EF = quase sempre não apresenta alteração na ausculta,expansibilidade e percussão pulmonar. Se o médico não analisar de maneira minuciosa os ápices pulmonares, este carcinoma apical não será diagnosticado e o paciente continuará com dor. 1 2 ATELECTASIA, PNEUMONITE OBSTRUTIVA OU PNEUMONIA RECORRENTE/ PERSISTENTE: Ocorrem devido a obstrução brônquica, com isso há produção de fatores inflamatórios infecciosos de repetição. Pode acometer segmento, lobo ou todo pulmão. Fatores que devem sugerir Ca de pulmão em pacientes fumantes > 45 anos: o Convexidade focal do lobo atectasiado na região hilar (sinal S de Golden: Convexidade focal do lobo geralmente o lobo superior atelectasiado na região hilar); o Pneumonia lobar associada a linfonodomegalia hilar ou mediastinal; o Pneumonia envolvendo somente um lobo ou segmento (sem broncograma aéreo e perda de volume); o Pneumonia recorrente no mesmo lobo. Colapso ou Atelectasia do pulmão esquerdo: existe uma área homogênea de hipotransparência no hemitórax esquerdo. Além de evidencia de perda de volume pulmonar do pulmão esquerdo com desvio do mediastino para a esquerda, aproximação das costelas esquerdas e elevação da hemicúpula diafragmática esquerda. PROVA: Pulmão opaco unilateral à esquerda, a causa pode ser um tumor que cresceu e obstruiu o brônquio fonte esquerdo ou pode ser um derrame pleural (encheu o hemotórax esquerdo do paciente). Como diferenciar um pulmão opaco unilateral opaco entre derrame pleural e atelectasia? O derrame pleural ocupa o espaço e empurra o mediastino para o lado contralateral; atelectasia o pulmão murcha e puxa o mediastino para o mesmo lado. Mas um pulmão opaco unilateral também pode ser por conta de um tumor. Pulmão opaco unilateral a esquerda. O que pode ter produzido esse sinal radiológico: - Tumor Uma neoplasia que cresceu e obstruiu o brônquio fonte esquerdo - Derrame pleural Líquido preencheu o hemitórax esquerdo - Atelectasia pulmão murcha No derrame pleural, o espaço é ocupado pelo líquido e ocorre o desvio do mediastino para o lado contralateral - O mediastino é empurrado para o lado contralateral Na atelectasia, o pulmão murcha e ocorre o desvio do mediastino para o mesmo lado. - O mediastino é puxado para o mesmo lado. Sinal S de Golden é um sinal radiológico clássico. Explicação: CA no lobo superior do pulmão direito vai crescendo, e em um dado momento irá comprimir o brônquio que oxigena. Quando ocorre isso, a ventilação do lobo pulmonar não será realizada. Sendo assim a aeração não feita leva ao colabamento do lobo superior direito (“o pulmão fecha”). Uma vez que ocorre o colabamento deste, o pulmão fica branco/radiopaco, ou seja, atelectasiado → formando a concavidade. Haverá também a formação de uma convexidade por causa do crescimento do tumor, formando um “S”. MASSA HILAR OU PERI-HILAR: 30 – 40% dos casos - Pode representar o tumor primário ou linfonodomegalia (metástase). Sempre suspeitar de Ca se houver linfonodomegalia hilar unilateral ou mediastinal isolada. Além de, suspeitar também se estiver associada a nódulo ou massa pulmonar. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA: Indicação: todos os pacientes com suspeita ou diagnostico de Ca confirmado → Pode confirmar o dx, descartar dx ou mostrar outras possibilidades dx (ex: tb Pseudoglandular). Ajuda a distinguir Nódulos malignos x benignos. Mostra: Lesões endobrônquicas e Linfonodomegalia hilar e mediastinal. A) Nódulo espiculado; B) Nódulo que contorna os lobulados e C) Nódulo com cavitação. ABORDAGEM DOS NÓDULOS PULMONARES SOLITÁRIOS: LESÕES CAVITADAS: Mais comuns nos lobos superiores ou nos segmentos superiores dos lobos inferiores. Espessura da parede indica malignidade: o < 4mm – 95% de lesões benignas; o > 4 e < 15 – biopsia; o > 15 mm 85% de lesões malignas – biopsia. Alguns tipos histológicos de tumores podem se apresentar como doença alveolar (broncogramas aéreos): carcinoma bronquioloaveolar (atualmente chamado de adenoca lepidicos) e linfoma. METASTASES (EM GERAL): o Pulmonares; o Hepáticas; o Coluna vertebral/óssea o Cerebral. A maioria se dissemina por VIA HEMATOGÊNICA. Às vezes, por via linfática. Associar sempre a clínica.
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